Atraso para alterar lei do Orçamento mostra fragilidade política de Dilma
Fernando Rodrigues
Tucano Aécio Neves reaparece e fala em ''crime de responsabilidade''
Teste do Planalto será na quarta-feira, com nova votação no Congresso
Foi um sinal de grande fragilidade política da presidente Dilma Rousseff não conseguir votar o projeto que alteraria a regra de cálculo do superávit primário deste ano (2014) na sessão do Congresso desta terça-feira (25.nov.2014).
O presidente do Senado (e também do Congresso), Renan Calheiros (PMDB) preferiu ter mais um dia de articulações para tentar votar o projeto numa nova sessão de deputados e senadores na quarta-feira (26.nov.2014).
O relatório com a alteração na lei orçamentária, autorizando o governo federal a diminuir as suas economias, já havia passado com muita dificuldade na Comissão Mista de Orçamento na noite de segunda-feira (24.nov.2014).
A demonstração de força do Palácio do Planalto se daria no plenário do Congresso. Mas não veio a vitória desejada.
A nova votação na quarta-feira é vital para pavimentar o caminho para a nomeação oficial do novo ministro da Fazenda, possivelmente Joaquim Levy, que já tomaria posse nesta semana para começar a comandar a economia do país.
O candidato derrotado a presidente pelo PSDB em 2014, Aécio Neves, deu uma entrevista e afirmou nesta que se a lei orçamentária for modificada, ficará conhecida como “a lei da anistia da presidente Dilma”. E se a mudança não for aprovada, segundo o tucano, estará configurado um “crime de responsabilidade” por parte da presidente da República.
Aí um repórter perguntou: “Esse crime de responsabilidade fiscal pode levar ao impeachment da presidente?”
Aécio foi comedido ao responder, mas o assunto ficou no ar: “Olha, eu não quero falar essa palavra ainda, mas é uma das sanções, não que nós queiramos isso. O que questiono é a capacidade deste governo de cumprir aquilo que a legislação determina”.
Trata-se de momento político delicado para o Palácio do Planalto. É evidente que o mais lógico é imaginar que a alteração na lei orçamentária acabará aprovada. Ainda assim, o preço a ser pago pelo Planalto deve estar ficando cada vez mais alto (e inconfessável).
Tudo considerado, nunca um presidente da República reeleito teve tantas dificuldades na transição para o segundo mandato como Dilma Rousseff.