Queda do preço do petróleo obrigará empresas a rever negócios, diz Dilma
Fernando Rodrigues
Presidente destaca “situação complexa” enfrentada pelo mercado de petroleiras
Brasil manterá política de partilha e conteúdo nacional mínimo no pré-sal
A presidente Dilma Rousseff afirmou nesta 2ª feira (22.dez.2014), durante café da manhã com jornalistas, que a queda mundial no preço do petróleo, hoje em US$ 58 o barril, obrigará todas as empresas do setor no mundo a fazerem uma “revisão” de seus negócios –a Petrobras incluída, no raciocínio de Dilma.
“Estamos numa situação complexa”, disse a presidente. “Os Estados Unidos estão produzindo ‘tight oil’ [petróleo extraído do folhelho, um ripo de rocha no subsolo] numa quantidade nunca dantes vista, e alterou a situação do preço”, afirmou.
“Alterou a situação do preço. Se vai ficar por um longo tempo, nós não sabemos. Agora, que isso altera o mercado de petróleo no mundo, altera. E vai alterar a cotação das empresas de petróleo”, disse.
O baixo preço no mercado mundial de petróleo e a devassa provocada pela Operação Lava Lato não impede que Dilma se coloque de forma otimista sobre a Petrobras, que teria hoje melhor saúde financeira que seus concorrentes mundiais. “É irônico, mas ela [a Petrobras] está numa situação bem mais confortável do que muitas dessas empresas”, disse. “Ela tem várias vantagens, tem todo o pré-sal”.
O discurso de Dilma em relação à Petrobras emula, em certa medida, o do ministro da Fazenda, Guido Mantega, que passou os últimos meses apontando o mercado internacional como o maior responsável pelas agruras econômicas do Brasil.
“Estão dizendo que o preço vai ficar em US$ 60. Eu não sei, pode ficar em US$ 50, pode ir pra US$ 80, sei lá para quanto vai o preço. Mas neste momento o preço não nos preocupa. Tem outros países onde essa questão do preço ter caído é gravíssima”, disse a presidente.
PRÉ-SAL INALTERADO
Dilma afirmou que manterá na exploração do pré-sal o modelo de partilha e conteúdo nacional mínimo para a exploração da Petrobras.
O regime de partilha estabelece que a União é dona do petróleo produzido e concede à empresa exploradora parcela do óleo, ao contrário da concessão, no qual a empresa exploradora detém todo o petróleo produzido. A política de conteúdo local mínimo determina que no pelo menos 60% dos serviços e equipamentos usados no pré-sal têm que ser brasileiros.
“A investigação [da Operação Lava Jato] é fundamental. Isso não significa que a gente, ao punir, vai destruir a Petrobras –não vai, não. Não vai acabar com o modelo de partilha –não vai, não. Nem o de conteúdo nacional –não vai, não”, afirmou Dilma.
Leia a transcrição da entrevista.
(Bruno Lupion)