Blog do Fernando Rodrigues

Análise: novo normal na política é tentar ser rejeitado por menos de 50%

Fernando Rodrigues

Pesquisa CNI-Ibope mostra Michel Temer desaprovado por 39%

Dilma Rousseff, em março, era rejeitada por 69% dos brasileiros

Resultado é ruim para Temer, mas há certa boa vontade da população

Dilma-Temer-Foto-MarceloCamargo-AgenciaBrasil-01jan2015

Dilma (ao fundo) e Temer na posse do 2º mandato, em 1º.jan.2015

Políticos de todos os principais partidos estão encrencados nas investigações sobre corrupção. A rejeição é geral.  A pesquisa CNI-Ibope divulgada nesta 6ª feira (01.jul.2016) mostra algo que tem sido visível em cada canto do país: o novo normal para quem está no governo (qualquer governo) é tentar ser rejeitado por menos de 50% dos eleitores.

O levantamento do Ibope foi realizado de 24 a 27 de junho. Para 39% o governo Temer é ruim ou péssimo. Em março, outra pesquisa Ibope mostrava que a administração Dilma Rousseff era ruim ou péssima para 69% dos brasileiros.

Não há como dizer que o resultado da pesquisa divulgada hoje seja bom para Michel Temer. Ter o governo aprovado por apenas 13% da população não é algo para ser festejado. Mas a rejeição menor do que a de Dilma Rousseff indica uma certa boa vontade de parte da população.

Outro sinal de tempos de mudança: os que estão no meio do caminho e acham o governo Temer regular são 36%. Quando Dilma estava no Planalto, o percentual era de 19%.

Tudo considerado, parece claro que Michel Temer não é o presidente dos sonhos dos brasileiros, mas está mais bem posicionado na comparação com Dilma Rousseff.

No fundo, o Brasil passa por um momento de lusco-fusco, quando o velho ainda não acabou e o novo ainda não chegou. Esta é a hora do “interregno”, como o Blog já analisou em abril, citando a célebre definição do italiano Antonio Gramsci (1891-1937):

A crise consiste precisamente no fato de que o velho está morrendo e o novo ainda não pode nascer. Nesse interregno, uma grande variedade de sintomas mórbidos aparecem”.

A morbidez atual é vista nas notícias diárias sobre corrupção que emerge da Lava Jato. Também há desalento na incapacidade de grupos políticos se organizarem para tirar, de fato, o país do atual sistema viciado que produz um Congresso com incríveis 27 partidos representados.

Nas próximas semanas nada deve mudar –salvo novas revelações da Lava Jato e algumas prisões. O ''novo'' (se houver) poderá tomar contornos mais claros só após o Senado definir o que fará no julgamento final de Dilma Rousseff, daqui a 2 meses, no final de agosto. Até lá, vamos aguardar.

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