Aliados recomendam a Dilma fortalecer narrativa do “golpe” em discurso
Fernando Rodrigues
Senadores farão perguntas explorando lado emocional da petista
Ex-presidente Lula defende depoimento estritamente político
Dilmistas se reuniram na noite de domingo (28) para definir estratégia
Dilma ficou no Alvorada finalizando o texto que pretende ler na 2ª
Sem a esperança de reverter votos de senadores favoráveis ao impeachment, aliados da presidente afastada, Dilma Rousseff, querem que a presença da petista no Senado nesta 2ª feira (29.ago) sirva para fortalecer a tese de que o país enfrenta um “golpe”.
Apoiadores de Dilma farão perguntas para explorar o lado emocional da presidente afastada. A estratégia é a mesma defendida pelo ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva. O petista entende que o momento terá “forte impacto” na sociedade. Para isso, Dilma teria de fazer um discurso estritamente político, sem abordar aspectos técnicos do processo.
O discurso da petista não deve seguir à risca os conselhos de seus aliados. Dilma faz questão de se defender. Argumentará que não cometeu crime de responsabilidade. Vai tratar das chamadas ''pedaladas fiscais'' e dizer que não representaram um desrespeito à Lei de Responsabilidade Fiscal.
Aliados também sugeriram à presidente afastada que faça um discurso mais improvisado, seguindo alguns tópicos, mas tentando “falar com o coração”, como ouviu o Blog. Até a noite de domingo (28.ago), entretanto, a petista mantinha a intenção de discursar lendo um texto que estava sendo finalizado por ela no Palácio da Alvorada.
Lula estará presente à sessão em que senadores ouvirão e farão perguntas a Dilma nesta 2ª feira. A interlocutores, o ex-presidente demonstra um certo desconforto com a situação.
As informações são dos repórteres do UOL Victor Fernandes e Gabriela Caesar.
ENCONTRO PARA DEFINIR ESTRATÉGIA
No domingo (28.ago) à noite, um grupo de 13 senadores discutiu estratégias sobre como abordar a petista durante o julgamento. O encontro foi realizado no apartamento da senadora Lídice da Mata (PSB-BA), em Brasília.
Na tentativa de fazer com que a sessão seja pautada por discussões políticas, dilmistas farão comparativos entre o momento atual do país e governos anteriores. Defenderão que há uma espetacularização na crise apontada por opositores.
Durante o encontro, a senadora Gleisi Hoffmann (PT-PR) ligou para Dilma Rousseff. A petista, pelo celular, em viva voz, conversou com os senadores presentes e agradeceu o apoio recebido. Disse estar confiante para a sessão de 2ª feira (29.ago).
A presidente afastada mostrou-se disposta a, se necessário, entrar pela madrugada respondendo a questionamentos dos senadores. Quer passar a imagem de luta e disposição em meio a um processo em que é colocada, segundo aliados, como vítima.
PERGUNTAS A DILMA
A primeira a fazer uma pergunta para a presidente afastada será a senadora Kátia Abreu (PMDB-TO), amiga pessoal da petista. O senador Lindbergh Farias (PT-RJ) afirma que o histórico de Kátia, mulher e ex-ministra da Agricultura de Dilma, servirá para constranger outros 8 senadores que também ocuparam cargos em governos petistas.
A senadora Kátia Abreu (PMDB-TO) não participou do jantar neste domingo. Estava reunida com Dilma no Palácio da Alvorada. Instruiu a presidente afastada quanto a pontos técnicos do Plano Safra, um dos itens citados no pedido de afastamento.
Outra ausência foi a do senador Telmário Mota (PDT-RR). O pedetista sinalizou que pode votar a favor da cassação por causa de divergências com o PT nas eleições municipais. Os petistas de Roraima são opositores de Mota na disputa pela prefeitura de Boa Vista.
Os aliados da presidente afastada dizem que esperam respeito e cordialidade na sessão desta 2ª feira, apesar dos desentendimentos no plenário na 6ª feira passada (26.ago). O petista Jorge Viana (AC) ficou encarregado de tentar um acordo com os senadores favoráveis ao afastamento definitivo para haver mudanças na ordem dos inscritos que questionarão Dilma. Uma estratégia seria intercalar senadores favoráveis e contrários ao impeachment.