Para ler no fim de semana: “PasadÊna” ou “PasadÍna”?
Fernando Rodrigues
Há um efeito colateral divertido no chatíssimo noticiário sobre a tal CPI da Petrobras: assistir aos locutores de TV e de rádio se esforçando para pronunciar o nome da cidade dos EUA na qual está a refinaria comprada pela estatal brasileira.
Às vezes falam “PasadÊna”. Mas também se ouve “PasadÍna”, a forma preferencial usada pelos locutores da TV Globo. Ou, na versão mais brasileira, “Pasa-DJI-na”.
Qual é o jeito certo? Qualquer um. Mas pronunciar “PasadÍna” ou “Pasa-DJI-na”, com todo respeito, é sinal de um certo caipirismo renitente. A pessoa deseja parecer ilustrada, mas produz o efeito inverso. Faz lembrar o que dizia aquele grande antropólogo belga sobre os paulistas: “Pensam que são europeus. Agem como se fossem europeus. Mas não sabem como são típicos”.
Os norte-americanos pronunciam algo próximo a “PasadÍna” porque o inglês é a língua local. O “e” em algumas palavras em inglês soa como o “i” em português. Só que o Texas, onde está localizada essa cidade, é uma região que no passado pertenceu ao México. Inúmeros municípios por lá têm nomes espanhóis. Muitos habitantes locais pronunciam os nomes como se fossem espanhóis.
Ao que tudo indica, Pasadena é uma palavra de origem indígena (há diferentes versões a respeito). A cidade texana teria também seu nome inspirado em uma outra, homônima, na Califórnia.
O fato é que no Brasil fala-se “São Francisco” e “Nova York”. Aqui também se fala “ParÍs” e não “ParrÍ” (à moda francesa) nem “PÁris”, como os americanos.
Enfim, os que optam por falar “PasadÍna” ou “Pasa-DJI-na” devem se sentir cosmopolitas. Mas talvez devessem então pensar em passar a pronunciar apenas “New York” e “San Francisco”. Ou “ParrÍ”. #ficaadica