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Arquivo : eleições 2018

No clã Gomes, sai Ciro e entra Cid como candidato a presidente em 2018
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Fernando Rodrigues

Cid Gomes saiu do Ministério da Educação “atirando” contra o Congresso

Nas redes sociais, seu nome foi associado a adjetivos como “herói” e “corajoso”

CidGomes-8mar2015-Foto-AgCamara

O episódio da saída espalhafatosa do Ministério da Educação teve muito de cálculo político para a família Gomes. O irmão mais novo, Cid Gomes, deve ser o escolhido para representar o clã numa eventual disputa presidencial em 2018.

A família já teve Ciro Gomes, 57 anos, duas vezes candidato ao Palácio do Planalto (1998 e 2002). Agora, Cid, de 51 anos entrou na fila.

A ideia é simples e tem passado na cabeça de inúmeros políticos: a) O PT está desgastado com o governo de Dilma Rousseff se segurando pelas tabelas até 2018; b) o PSDB está em constante crise de personalidade e não consegue de fato incorporar o desejo de mudança que existe na sociedade; c) finalmente teria chegado a hora de haver uma terceira via.

Marina Silva (ex-PT, ex-PV, momentaneamente no PSB e a caminho do Rede Sustentabilidade) já tenta ocupar esse espaço.

Para os Gomes, a ex-senadora pelo Acre e candidata duas vezes a presidente (2010 e 2014) não preenche no imaginário do eleitor todos os requisitos para ocupar o Palácio do Planalto –entre outras razões por nunca ter sido eleita para exercer função executiva.

Cid Gomes (ex-PMDB, ex-PSDB, ex-PPS, ex-PSB e hoje no minúsculo Pros) pretende preencher a demanda falando o que acredita que os eleitores querem ouvir: críticas fortes ao sistema político, como as que fez recentemente ao Congresso, dizendo que ali há de 300 a 400 achacadores.

Cid estava ministro da Educação e perdeu o cargo na última quarta-feira (18.mar.2015). Ele foi até o plenário da Câmara e reiterou suas críticas aos deputados. Apontou o dedo para o presidente da Câmara, Eduardo Cunha (PMDB-RJ).

No micromundo da política, em Brasília, Cid foi visto como intempestivo e irresponsável. Para os eleitores que frequentam a internet, a avaliação foi diversa.

Do dia 18 até 13h de ontem, sexta-feira (20.mar.2015), o ex-governador do Ceará Cid Gomes “conseguiu 78.518 menções no Twitter, 2.138 em sites de notícias, 1.699 em blogs e 83 em fóruns abertos”, segundo levantamento da consultoria Bites.

“Apenas no Twitter foram 616 milhões de impressões (número de vezes que o assunto foi exibido nas contas do usuário do serviço no Brasil)”, diz a Bites. Cid Gomes teve uma exposição muito maior até do que a Operação Lava Jato, que no mesmo período de tempo produziu 188 milhões de impressões no Twitter.

Segundo esse estudo da Bites, “na nuvem de palavras formada em torno das referências a Gomes, citações como corajoso, herói e ‘macho’, expressão nordestina utilizada para definir aqueles que não têm medo de falar a verdade e enfrentar situações adversas, apareceram de maneira recorrente”.

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Marta Suplicy disse em público que o governo Dilma está nu
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Fernando Rodrigues

Demissão da ministra da Cultura mostra o PT fracionado

2015 será o pior ano do partido desde sua chegada ao poder

Petistas estão sem rumo para alinhar a sucessão de 2018

Aaron Cadena Ovalle/Efe - 9.set.2014

Desde a chegada de Luiz Inácio Lula da Silva ao Palácio do Planalto, em 1º.jan.2003, nunca um ministro do PT saiu da cadeira chutando tantas portas como Marta Suplicy, que entregou sua carta de demissão nesta terça-feira (11.nov.2014).

No trecho mais explosivo de sua carta, Marta escreveu: “Todos nós, brasileiros, desejamos, neste momento, que a senhora [Dilma Rousseff] seja iluminada ao escolher sua nova equipe de trabalho, a começar por uma equipe econômica independente, experiente e comprovada, que resgate a confiança e credibilidade ao seu governo e que, acima de tudo, esteja comprometida com uma nova agenda de estabilidade e crescimento para o nosso país”.

Como é senadora pelo PT de São Paulo, Marta terá pela frente mais 4 anos de mandato para azucrinar a vida do Palácio do Planalto.

Quem olha de fora e não acompanha política poderá dizer: “Qual é a importância política da saída da ministra da Cultura? Nenhuma”. É um erro pensar dessa forma e minimizar esse fato. Trata-se do sinal mais relevante e eloquente desta fase pós-eleitoral. A saída de Marta sintetiza a seguinte conjuntura:

1) PT fracionado: o partido da presidente da República tem várias alas insatisfeitas a respeito da forma como o governo vem sendo tocado. Marta representa uma dessas facções, de tamanho não desprezível: ela foi eleita senadora em 2010 com 8.314.027 votos.

Marta raramente esteve à vontade para conversar sobre política com Dilma. É verdade que a agora ex-ministra da Cultura cometeu um erro tático ao defender em público, no primeiro semestre deste ano, a volta de Luiz Inácio Lula da Silva.

Só que Dilma venceu a eleição. O que teria custado ter uma atitude magnânima e chamar os petistas que viraram o nariz para ela durante a campanha? Ocorre que a presidente reeleita preferiu se isolar ainda mais após a vitória. Apesar do discurso protocolar de governar com e para todos, sua atitude exalou um recado diferente: “Os incomodados que se retirem”.

Quem governa com o fígado acaba tornando os problemas maiores do que já são. Dilma pode odiar Marta Suplicy. Faz parte. Mas a ministra demissionária pertence ao PT e agora será por muito tempo uma voz discordante no Senado –o Palácio do Planalto poderia ter evitado esse desfecho, mas deixou tudo correr solto.

Como consequência, em 2015, o PT começará seu pior ano (em termos de coesão interna) desde a chegada ao poder, há 12 anos;

2) 2018 em aberto: tudo o que um presidente da República não precisa é começar um novo mandato com a sua sucessão completamente em aberto. Hoje, no PT, não há o menor consenso a respeito de quem poderia ser o nome para disputar o Planalto em 2018. Pior do que isso. Começam a aparecer teses como a do governador do Rio Grande do Sul, Tarso Genro (PT), que sugere uma frente de esquerda escolhendo um candidato presidencial não necessariamente petista.

Nesse ambiente, o partido gastará energia numa disputa interna fratricida em prejuízo do segundo mandato de Dilma Rousseff;

3) Base aliada desarranjada: o PT é o maior partido da Câmara a partir de 2015, mas terá apenas 69 deputados –só 3 a mais do que os 66 do PMDB. Um peemedebista, Eduardo Cunha (RJ), é hoje o candidato mais forte a presidir a Câmara, mesmo sendo um desafeto de Dilma Rousseff.

Em fevereiro de 2015, Dilma terá de enfrentar um cenário que combinará a) uma economia ainda anêmica (ou em recessão) e b) a chegada oficial ao Congresso de todas as acusações contra políticos aliados do governo no escândalo da Petrobras.

Como Dilma Rousseff poderia contornar todo esse cenário adverso? No curto prazo, terá de “obedecer” Marta Suplicy e nomear “uma equipe econômica independente, experiente e comprovada, que resgate a confiança e credibilidade ao seu governo”. Só que o efeito psicológico inicial será diluído ao longo do tempo. Não haverá consequência prática a ser sentida pelos brasileiros, que continuarão a viver num clima de crescimento medíocre da economia (ou até de recessão).

No fundo, resta a Dilma Rousseff torcer para que o país retorne rapidamente a uma rota de crescimento mais acelerado –pois aí terá sua popularidade resgatada e o apoio político no Congresso então se materializa por decantação.

Ocorre que esse cenário mais tranquilo para Dilma só existe nas análises edulcoradas de alguns governistas.

A verdade é a que Marta Suplicy deixou explícita em sua carta: mostrou que o governo de Dilma Rousseff está nu neste momento.

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