Blog do Fernando Rodrigues

Arquivo : Gim Argello

Vídeo: Ex-senador Gim Argello chora em depoimento a Sérgio Moro
Comentários Comente

Fernando Rodrigues

Gim Argello, do PTB de Brasília, falou durante cerca de 2 horas

Ex-senador foi ouvido na manhã da última 6ª feira em Curitiba

Ele confirma reuniões com empreiteiros, mas nega ter feito ameaças

2gim_argello-WaldemirBarreto-AgSenado12abr2016 

O ex-senador Gim Argello (PTB-DF) foi ouvido na manhã da última 6ª feira (26.ago) pelo juiz federal Sérgio Moro, responsável pela Lava Jato em Curitiba. Em mais de duas horas de depoimento, Argello negou ter pressionado empreiteiros investigados na Lava Jato e até chorou.

As informações são do repórter do UOL André Shalders.

Argello está preso em Curitiba desde 12 de abril de 2016. É acusado por delatores da Lava Jato de ter “achacado” empreiteiros. Em troca de supostos pagamentos, ele teria deixado de convocar os empresários a depor em uma CPI do Senado e em uma CPI Mista (com deputados e senadores) sobre o escândalo na Petrobras. Argello foi vice-presidente desta última comissão.

A única chance que eu tenho, sua excelência, é o senhor [Moro]. É a sua inteligência, e o seu senso de Justiça. Meu caso está sendo julgado por causa do cargo que exerceu [sic]. Porque a Lava Jato precisa de ter um senador. Mas eu tenho certeza que o senhor é justo”, diz Gim.

Senhor Argello, o senhor vai ser julgado segundo as provas e os processos. Não precisa ter essa preocupação de que se procura um senador para condenar, porque não existe isso”, responde Moro.

EMPREITEIROS AGIRAM POR VINGANÇA, DIZ GIM
A Sérgio Moro, Argello sustentou que os empreiteiros que o acusam de cobrar propina se ressentem por terem sido indiciados pelas comissões da qual ele fez parte.

Todas essas pessoas que hoje me acusam, excelência, foram indiciadas [pela CPMI da Petrobras]. (…) Nós pedimos o indiciamento por vários crimes e eu comuniquei ao senhor [Moro]”, disse ele.

Argello também admite ter se reunido com os empreiteiros os quais teria achacado, mas diz que foi apenas para pedir doações de campanha. Em São Paulo, reuniu-se com Otávio Marques Azevedo (da Andrade Gutierrez), com Léo Pinheiro (da OAS) e o hoje ministro do TCU Vital do Rêgo.

Excelência, eu não vim aqui para mentir, não. Fui até ele com a expectativa de pedir a ele doação eleitoral. Ele era presidente da Andrade Gutierrez, era meu amigo. Ele disse que podia ir e eu fui. Fui pra lá com o Vital [do Rêgo], fui na casa dele [Otávio Marques]. Cheguei na casa dele estava o Léo Pinheiro [ex-presidente da OAS]. Foi mais ou menos uma hora (…). O que você está pensando para a CPI?’ [perguntaram os empreiteiros]. ‘Vamos avaliar o que está errado. O que tiver errado, meu amigo, não tem perdão’. Foi essa a expressão que eu usei”.

O depoimento de Gim Argello foi tornado público na tarde de 6ª feira (26.ago). Está dividido em 5 partes. Assista clicando nos links abaixo:

Parte 1

Parte 2

Parte 3

Parte 4

Parte 5

O Blog está no Facebook, Twitter e Google+.


CPMI engavetou convocações de Camargo e Pessoa, corroborando Delcídio
Comentários Comente

Fernando Rodrigues

Júlio Camargo, Ricardo Pessoa e Pinheiro não foram chamados

Em delação, Delcídio diz que eles foram achacados pela CPMI

Empreiteiros monitoraram colegiado, que terminou em 2014

gim_marco_CPMI_ag-senado

O senador Gim Argello (dir.) e o deputado Marco Maia (esq.) durante a CPMI da Petrobras em 2014

A CPI Mista da Petrobras de 2014 terminou sem votar as convocações do lobista Júlio Camargo e dos empreiteiros  Ricardo Pessoa (UTC) e Léo Pinheiro (OAS). O fato está presente na delação de Delcídio do Amaral, que afirma que os 3 teriam “pago pedágio” a congressistas para não serem convocados.

Ao todo, 4 requerimentos foram apresentados: 2 para Ricardo Pessoa, 1 para Júlio Camargo e 1 para José Aldemário Pinheiro Filho, o Léo Pinheiro (a atualização sobre Leo Pinheiro foi incluída neste post às 21h20 de 3.mar.2016). Não chegaram a ser votados. Outro pedido de transferência dos sigilos bancário, fiscal e telefônico da OAS, empreiteira de Léo Pinheiro, também ficou sem votação.

A informação é do repórter do UOL André Shalders.

Delcídio acusa os deputados Marco Maia (PT-RS) e Fernando Francischini (SD-PR) e os ex-senadores Gim Argello (PTB-DF) e Vital do Rêgo (PMDB-PB) de “cobrar pedágio” para não permitir que os empreiteiros fossem obrigados a ir à CPI. Vital é hoje ministro do Tribunal de Contas da União (TCU). Gim não se reelegeu em 2014.

O líder do PPS na Câmara, Rubens Bueno (PR), é autor dos requerimentos de convocação de Ricardo Pessoa. Para ele, “faz muito sentido” a acusação levantada por Delcídio.

Durante o andamento da CPI, lembra-se Bueno, empreiteiras investigadas acompanharam de perto a votação de requerimentos de autoria dele. O fato foi comprovado depois por mensagens interceptadas na Lava Jato.

Veja aqui os requerimentos que foram votados e os que ficaram pendentes na CPMI.

Marco Maia foi o relator da CPI Mista da Petrobras. Já Vital do Rêgo presidiu a comissão e Gim Argello foi o vice-presidente. À época, o colegiado aprovou um requerimento de Maia para que a UTC “prestasse informações” ao colegiado.

A 1ª versão do relatório de Marco Maia, apresentada em 10.dez.2014, não pediu o indiciamento de nenhuma pessoa. Uma semana mais tarde, em 17.dez, o deputado apresentou um “complemento” ao relatório, em que requereu o indiciamento de 52 pessoas.

Léo Pinheiro, Julio Camargo e Ricardo Pessoa não estão na lista, embora outras pessoas ligadas à UTC e à OAS tenham sido indiciadas.

OUTRO LADO
O Blog tentou contatar as pessoas citadas nesta reportagem. Gim Argello e Marco Maia não responderam às ligações e às mensagens por SMS. Vital do Rêgo e Francischini divulgaram notas sobre o assunto.

O ex-senador Vital do Rêgo encaminhou nota ao Blog em que “repudia” a “ilação” feita por Delcídio.

Eis a nota de Vital:

“Com relação à suposta delação do Senador Delcídio Amaral noticiada pela imprensa, o Ministro do Tribunal de Contas da União Vital do Rêgo repudia qualquer ilação associada a seu nome.

Enquanto Senador e presidente da CPI da Petrobras, trabalhou em parceria com o Ministério Público e a Polícia Federal em busca da elucidação dos fatos sob investigação.

O Ministro informa que sempre conduziu os trabalhos na Comissão de maneira imparcial e em respeito aos princípios constitucionais, privilegiando as decisões democráticas dos membros do colegiado.

Também esclarece que, como Presidente do colegiado, cumpria as determinações do Plenário e as recomendações do Colégio de Líderes, trabalho que sempre desempenhou com transparência e lisura”.

Já o deputado Fernando Francischini divulgou em sua página no Facebook um ofício encaminhado por ele hoje ao Procurador-Geral da República, Rodrigo Janot, em que responde às acusações.

No ofício, Francischini afirma que nunca esteve em Brasília às segundas-feiras nos últimos 5 anos, conforme mostram suas passagens aéreas. Diz também que nunca realizou qualquer movimentação financeira atípica. Por fim, argumenta que era adversário político de Delcídio, que estaria tentando prejudicá-lo.

O Blog está no FacebookTwitter e Google+.


Kakay, advogado dos poderosos, terá irmão senador com ida de Gim ao TCU
Comentários Comente

Fernando Rodrigues

Marcos de Almeida Castro é empresário e tem negócios relacionados a governos

A provável nomeação do senador Gim Argello (PTB-DF) para uma vaga de ministro do TCU (Tribunal de Contas da União) entregará uma cadeira do Senado para Marcos de Almeida Castro, irmão de Antônio Carlos de Almeida Castro, o Kakay, influente advogado de Brasília notabilizado na defesa de políticos acusados de corrupção.

A nomeação de Gim tem o apoio do governo e pode ser votada nesta 3ª feira (8.abr.2014) pelo Senado. A vaga no TCU era ocupada pelo ministro Valmir Campelo, que se aposentou na 2ª feira (7.abr.2014).

Como Gim, Marcos não recebeu nenhum voto nas urnas, mas está prestes a se tornar representante do Distrito Federal no Senado. Ambos são suplentes do ex-senador Joaquim Roriz, que renunciou ao mandato em 2007 para escapar de um processo de cassação. O primeiro suplente era Gim, que exerce o mandato há 6 anos. Marcos é o segundo da lista.

Marcos nunca disputou uma eleição. Tem 59 anos, 2 a mais que seu irmão Kakay, e em 2006 declarou um patrimônio de R$ 5 milhões, parte dele em empresas com contratos com governos.

Em 2012, figurava como sócio da Data Traffic, que fornece radares eletrônicos para vias urbanas e estradas e recebeu R$ 30 milhões do governo federal em 2010 a 2012. A empresa teve seu sigilo fiscal, bancário e telefônico quebrado pela CPI do Cachoeira, suspeita de ligação com integrantes do esquema de Carlinhos Cachoeira para vencer um contrato com o governo de Goiás. A CPI terminou sem que ninguém fosse indicado. Ao Blog, Kakay afirmou que seu irmão ainda seria sócio da empresa. Também indagado pelo Blog, Marcos não negou nem confirmou se mantém sociedade na Data Traffic.

Marcos ainda é sócio da C&M Engenharia, uma das proprietárias da usina hidrelétrica de Corumbá IV, em Luziânia (GO). A usina também pertence à CEB (Companhia Energética de Brasília). A barragem tem capacidade instalada de 129 megawatts e fornece energia para cerca de 250 mil moradores do Distrito Federal.

Protesto

A articulação para levar Gim ao TCU provocou incômodo entre os servidores do Tribunal. Eles realizaram na 2ª feira um ato contra sua nomeação. Os funcionários dizem que Gim não teria a “reputação ilibada” exigida para o cargo por responder a 6 inquéritos no STF, segundo levantamento do site “Congresso em Foco” um deles apura suposto desvio de verbas públicas quando Gim presidia a Câmara Legislativa do DF.

O senador, por meio de sua assessoria, afirma que as investigações ainda estão em andamento e que ele não é réu em nenhuma ação penal.

Senadores sem voto

O atual mandato de Gim e a possibilidade de Marcos assumir uma vaga de senador revelam uma cenário antirrepublicano na democracia brasileira: pessoas sem nenhum voto representando seus Estados no Congresso Nacional.

Na composição da chapa, a vaga de suplente acaba servindo para acomodar familiares, agradar a partidos aliados ou atrair empresários que possam ajudar financeiramente na campanha.

Dos atuais 81 senadores, 15 são suplentes –quase 20% do total. Leia abaixo quem hoje ocupa uma cadeira do Senado “de carona” na popularidade de outra pessoa.

suplentes2(Bruno Lupion)

O blog está no Twitter e no Facebook.


< Anterior | Voltar à página inicial | Próximo>