Blog do Fernando Rodrigues

Arquivo : Miguel Torres

Paulinho promete neutralidade sobre impeachment à frente da Força Sindical
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Fernando Rodrigues

“A Força nasceu plural e será plural” diz deputado

Em dezembro, ele usou a central para ameaçar governistas

Volta repentina de Paulinho desagradou Miguel Torres

“Estou magoado. Eu sei que estava fazendo um bom trabalho”

Paulinho da Força (esq.) ao lado de Miguel Torres, que deixou a presidência da Força Sindical

O deputado Paulinho da Força (SD-SP) se comprometeu a respeitar a neutralidade da Força Sindical em relação ao impeachment da presidente Dilma Rousseff.

Com um discurso de aceitação da pluralidade dos sindicatos filiados, o congressista reassumiu o comando da Força Sindical na 3ª feira (12.jan), durante reunião da executiva nacional da entidade.

“Alguns companheiros têm dúvidas sobre essa questão da pluralidade. Pra mim, é um princípio. A Força nasceu plural e será plural”, afirmou o deputado no encontro da direção da Força na 3ª feira.

As informações são do repórter do UOL, Luiz Felipe Barbiéri.

A volta de Paulinho à presidência pegou parte da direção da central de surpresa. Inclusive Miguel Torres, que ocupava a presidência interina da Força Sindical desde out.2013.

Em conversa com Blog, Torres diz estar magoado. “Não tem uma crítica à minha atuação nesses últimos 2 anos como presidente. Mas, ali, ninguém iria peitar a atitude dele. Está no estatuto”.

[Contexto: Paulinho da Força é um ferrenho opositor do governo no Congresso. Presidente e fundador do Solidariedade, é membro da chamada “tropa de choque” do presidente da Câmara, Eduardo Cunha, e defende o impeachment da presidente Dilma Rousseff. Embora tenha adotado discurso em respeito à pluralidade da Força Sindical, ele é visto com alguma desconfiança por parte dos dirigentes da organização. No dia 5.dez.2015, Paulinho tentou arrastar a central para o debate sobre o impedimento da presidente. Anunciou que a Força Sindical usaria carros de som e panfletos para constranger congressistas contrários ao impeachment em frente às suas respectivas residências. O líder do PMDB na Câmara, Leonardo Picciani (RJ), seria o primeiro da lista. A informação era falsa. Os dirigentes da Força Sindical ficaram furiosos. Esclareceram que a central mantinha-se neutra na questão, mas respeitava a posição do deputado e do Solidariedade].

 A seguir, trechos de entrevista do Blog com Miguel Torres:

O senhor é próximo ao deputado Paulinho, mas ficou sabendo pela mídia do retorno dele à presidência da Força. Ficou chateado?
É lógico, magoa. Eu sei que estava fazendo um bom trabalho. Não tinha motivo administrativo nenhum. Mas ele se beneficiou de um direito estatuário dele.

O Paulinho atua em favor do impeachment da presidente no Congresso. O senhor acredita que a Força pode abandonar a neutralidade com o deputado no comando?
Ficou muito claro que a Força é neutra. O Paulinho inclusive precisou assumir isso no final da reunião [da executiva nacional]. Temos dirigentes sindicais de todos os espectros. Não tem condições de a central sair do seu DNA. Um DNA plural. Ela nasceu plural e vai continuar plural.

O senhor foi pego de surpresa com a decisão do deputado de voltar à presidência da Força?

Fui. Eu fiquei sabendo por outras pessoas que ele voltaria. Oficialmente, eu recebi a carta às 7h de 3ª feira (12.jan). Pegou todo mundo de surpresa. Eu, principalmente. Mas, de acordo com o estatuto, é um direito dele.

Quais as consequências desse episódio?
Eu estou trabalhando. Sou metalúrgico de base, presidente do Sindicato dos Metalúrgicos de São Paulo e vou continuar trabalhando por uma agenda positiva, para termos propostas e tirar o Brasil da crise. Bola pra frente. É lógico que eu estou magoado, mas agora é trabalhar.

Por que o Paulinho decidiu voltar agora?
Ele acredita que o momento da crise no Brasil é muito grave e que ele poderia ajudar muito dentro da Força nesse período, na articulação do movimento sindical. Foi esse o discurso dele.

Como reagiram os demais dirigentes da central?
Não tem uma crítica à minha atuação nesses últimos 2 anos como presidente. Pelo o contrário. Mas, ali, ninguém iria peitar a atitude dele. Está no estatuto. É uma constituição. Ninguém vai contra. Ficou claro que ele não vai parar nada do que estamos negociando e fazendo. Independente de governo ou de apoio de governo.

Como o senhor avalia a presença de um deputado na direção da 2ª maior central sindical do País em ano de eleições?
No nosso estatuto não tem nada que proíba a participação de um dirigente parlamentar. O Paulinho é um deputado muito ativo. É o deputado mais atuante em defesa dos trabalhadores no Congresso. Ele dá de lavada em qualquer um. É polêmico, mas está sempre presente.

O Paulinho é réu em uma ação penal no Supremo Tribunal Federal. O senhor acredita que isso prejudique a imagem da Força Sindical?
Isso aí é Justiça. Ele pode até ser absolvido, caso tenha argumento para isso. É uma questão dele, de tentar provar sua inocência. Por enquanto não tem nada de definitivo. A gente precisa dar esse tempo.

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Centrais sindicais atacam ideia de fusão de Trabalho e Previdência
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Fernando Rodrigues

CUT e Força Sindical se unem contra reforma de Dilma

Leia aqui, em primeira mão, nota conjunta que será divulgada na 3ª

Miguel Torres (dir.) e Vagner Freitas, presidentes da Força e da CUT

Além de estar com dificuldades para acomodar os políticos governistas na Esplanada dos Ministérios com um corte de 10 pastas, agora a presidente Dilma Rousseff terá de enfrentar também o descontentamento do movimento sindical. Uma nota oficial de 6 centrais, a ser divulgada nesta terça-feira (29.set.2015), faz duras críticas à possível fusão dos Ministérios do Trabalho e da Previdência Social.

O Blog teve acesso ao conteúdo da nota (aqui). Dilma Rousseff conseguiu unir centrais normalmente antagônicas, como CUT e Força Sindical. Os trabalhadores classificam a aglutinação de Trabalho com Previdência Social de “retrocesso”. Aproveitam para falar que é “nefasta” a proposta de unir vários ministérios de áreas sociais em um só, como tem sido maquinado dentro do Planalto.

O texto é  assinado pelos presidentes da UGT, Ricardo Patah; da CTB, Adilson Araújo; da NCST, José Calixto Ramos; e da CSB, Antonio Neto. Pela CUT e Força, assinam os respectivos presidentes, Wagner Freitas e Miguel Torres.

Juntas, essas 6 centrais controlam 78% dos sindicatos do país, segundo a última aferição do MTE, divulgada em abril. Colaborou com este post o repórter do UOL André Shalders.

No texto, as centrais consideram um “grave retrocesso” a possível fusão do Ministério do Trabalho e Emprego (MTE) com qualquer outro ministério. Cobram ainda o fortalecimento da pasta.  “(…) Não nos parece razoável qualquer tipo de fusão do MTE com outros Ministérios, o que constituiria grave retrocesso. Assim como também é nefasta a tentativa de fusão de outros Ministérios, voltados para o desenvolvimento social, que visam desenvolver políticas aos menos favorecidos”, diz um trecho.

O Ministério do Desenvolvimento Social (MDS) também está cotado para ser “fundido” na reforma. Pastas voltadas para mulheres, negros e direitos humanos devem ser aglutinadas em uma só.

As centrais ressaltam ainda que o MTE é o “órgão de interlocução” do governo com os “representantes dos trabalhadores”. “A ideia da fusão (do MTE com a Previdência) já foi levantada antes, resultando, por força da realidade, no modelo atual, com dos Ministérios distintos”, continua a nota. Os sindicalistas avaliam julgam que a fusão prejudicará a atuação dos dois ministérios, e “não trará benefícios” para a sociedade.

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Apoio a Eduardo Cunha racha Força Sindical
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Fernando Rodrigues

Paulinho-Foto-SergioLima-Folhapress-25set2013

Paulinho que articulou apoio da Força Sindical para Eduardo Cunha

Dirigente culpa Paulinho da Força por “cena lamentável”

Secretário-geral, Juruna, pede que deputado “siga seu caminho”

Presidente da Força nega divisão e lamenta opinião divergente

Uma parte dos dirigentes da Força Sindical ficou insatisfeita com a manifestação de apoio que a central deu ao presidente da Câmara dos Deputados, Eduardo Cunha (PMDB-RJ), na última 6ª feira (21.ago.2015).

Em duro artigo enviado ao Blog, o secretário-geral da Força Sindical, João Carlos Gonçalves, o Juruna, descreve como “cena lamentável” o ato no qual militantes gritavam “Cunha, guerreiro, do povo brasileiro”.

O que era para ser “uma atividade institucional e imparcial, para conversar sobre as leis e medidas que estão em tramitação” acabou se transformando em “apoio a um político que está sendo denunciado pelo Ministério Público”, escreve o sindicalista.

Juruna atribui a responsabilidade pela manifestação ao deputado federal Paulo Pereira da Silva (Solidariedade-SP), o Paulinho da Força, que é “presidente licenciado” da central, como mostra o site da entidade.

“Talvez tenha chegado o momento de o companheiro Paulinho seguir o seu caminho” e seguir “exclusivamente pela atividade partidária”, opina o secretário-geral da Força Sindical.

Paulinho é fundador da Força Sindical, uma central que foi articulada no final dos anos 1980s e fundada em 1991 para se opor à CUT, que é historicamente ligada ao PT. Mais pragmática e menos política (adotou desde o início o “sindicalismo de resultados”), a Força sempre procura ter uma atuação menos ideológica do que a rival petista,

Juruna afirma que Paulinho deveria “seguir o (…) exemplo do companheiro Luiz Antônio de Medeiros” e deixar que a central “siga o seu próprio caminho”. Medeiros é outro integrante histórico da Força Sindical, mas que seguiu carreira política e hoje não influi mais na entidade.

O presidente interino da Força Sindical é Miguel Torres, que também é o presidente do Sindicato dos Metalúrgicos de São Paulo. Em seu artigo, Juruna poupa Torres de críticas, embora o ato pró-Eduardo Cunha tenha acontecido num auditório da sede do sindicato.

Apesar de não ter sido atacado, Miguel Torres enviou ao Blog uma nota depois que este post foi publicado (a íntegra está ao final deste texto). O presidente da Força diz que a entidade defende a “pluralidade”. Cita o fato de a central ter recebido em sua sede “o ex-ministro José Dirceu (durante o processo do Mensalão)”.

Sobre Eduardo Cunha, o presidente da Força afirma que “o atual presidente da Câmara tem atuado de forma transparente, e se mostrado sensível à pauta de interesse dos trabalhadores”. E por essa razão foi recebido de “forma carinhosa”. Para Miguel Torres, “não há racha na Força Sindical”.

Eis a seguir a íntegra do artigo do secretário-geral da Força Sindical, João Carlos Gonçalves, o Juruna, exclusivo para o Blog:

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Manter a unidade e a pluralidade da Central

Por João Carlos Gonçalves (*)

O ato de sexta-feira, dia 21 de agosto de 2015, no Palácio do Trabalhador, sede do Sindicato dos Metalúrgicos de São Paulo, quando a Força Sindical recebeu o presidente da Câmara Federal, Eduardo Cunha, descambou para uma cena lamentável: o que era para ser uma atividade institucional e imparcial, para conversar sobre as leis e medidas que estão em tramitação ou que já foram votadas, transformou-se num ato partidarizado, de apoio a um político que está sendo denunciado pelo Ministério Público.

Os gritos de guerra a favor de Cunha, ouvidos no ato, configuraram uma ação deslocada e sem sentido no atual contexto. Isso porque a democracia deve funcionar para todos. Ninguém está acima da justiça e, neste sentido, precisamos aguardar as conclusões do judiciário no processo que envolve o político em questão.

Repito: o que era para ser uma atividade sindical, meramente institucional, com pauta definida pelo presidente Miguel Torres, transformou-se em um ato de apoio político, e isso não estava na pauta.

Nossa central tem tentado buscar o equilibro. O presidente Miguel Torres tem conversado com os principais atores sociais, como os presidentes de centrais sindicais, encontrou-se com o ex-presidente Lula, marcou para conversar também com o ex-presidente Fernando Henrique Cardoso e com o vice-presidente da República, Michel Temer. Visitou os jornais “Folha de S. Paulo”, “O Globo”, e “O Estado de S. Paulo”. Tem publicado artigos em páginas nobres dos principais jornais sempre na defesa dos interesses dos trabalhadores.

O que aconteceu na última sexta-feira, dia 21, com a transformação de uma atividade sindical em uma ação partidária, não condiz com o caminho que temos tomado. Milhares de sindicalistas filiados à Força Sindical em todo Brasil foram pegos de surpresa pelo noticiário gerando um grande constrangimento para a central.

Esse tipo de envolvimento pode levar à desqualificação e vulgarização de nosso presidente, que nunca pode perder de vista que representa uma entidade grandiosa em números quantitativos, mas sujeita a “testes de qualidade” diariamente.

A Força Sindical para ser levada em conta cada vez com mais seriedade pelos atores que decidem no país –representações de trabalhadores, empresários, intelectuais, universidades, grandes entidades da sociedade civil, Igrejas dignas, Congresso Nacional, Poder Judiciário e Governos–, deve se dar o respeito como entidade sindical multipartidária, como está colocado desde a fundação, e não joguete e instrumento de partidos ou pessoas, como tem se caracterizado os companheiros da CUT ao longo de sua história.

Nós somos diferentes deles desde a nossa fundação.

Talvez tenha chegado o momento de falarmos com muita franqueza e sempre com lealdade, se já não é a hora de o companheiro Paulo Pereira da Silva, o Paulinho, que por sua própria vontade e decisão optou exclusivamente pela atividade partidária, seguir o seu caminho e a exemplo do companheiro Luiz Antônio de Medeiros, no passado, continuar ao nosso lado, nos apoiando, nos ajudando com a sua experiência e bagagem, mas deixando que a central siga o seu próprio caminho, tenha a sua posição permanente em defesa de políticas democráticas, do respeito a institucionalização do Estado de Direito Democrático a duras penas conquistado e, sobretudo, de uma coerente e combativa política sindical em defesa dos trabalhadores e suas famílias, que é o nosso objetivo maior.
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(*) João Carlos Gonçalves, o Juruna, é secretário-geral da Força Sindical.

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A seguir, íntegra da nota da Força Sindical enviada ao Blog às 14h49 de hoje (24.ago.2015):

Nota de esclarecimento

A Força Sindical sempre defendeu a pluralidade. E sempre acreditou que o debate de ideias é um dos pilares da democracia.

No entanto, gostaríamos de esclarecer que o texto publicado no blog do jornalista Fernando Rodrigues, intitulado “Apoio a Eduardo Cunha racha a Força Sindical”, diz respeito a uma opinião extremamente pessoal do secretário-geral da Central.

Vale ressaltar que a Força Sindical já recebeu, em sua sede, políticos das mais diversas tendências e partidos. Como exemplo, podemos citar o ex-ministro José Dirceu (durante o processo do Mensalão); os ex-presidentes da Câmara dos Deputados Severino Cavalcanti, Marco Maia e Aldo Rebelo; o governador de São Paulo, Geraldo Alckmin, e dezenas de ministros de Estado.

A visita do então presidente da Câmara dos Deputados, Eduardo Cunha, faz parte do processo democrático que visa fortalecer o diálogo com todas as instâncias públicas.

Destacamos que o atual presidente da Câmara tem atuado de forma transparente, e se mostrado sensível à pauta de interesse dos trabalhadores. E isto se refletiu na forma carinhosa com que militantes e sindicalistas receberam Eduardo Cunha na última sexta-feira, ocasião em que sindicalistas do PDT, do PSDB e do Solidariedade, entre outros, fizeram uso da palavra em defesa de Cunha.

Também queremos destacar o trabalho voltado à defesa dos trabalhadores realizado pelo deputado federal Paulinho da Força, que é uma referência no Congresso em matérias de interesse da classe trabalhadora.

Lamentamos que, uma opinião pessoal de um integrante da direção da Força Sindical tenha causado tal desconforto a ponto de o citado jornalista tê-la interpretado como um ”racha político”.

Reafirmamos que não há racha na Força Sindical. Continuamos, como sempre, unidos na defesa dos interesses dos trabalhadores.

Miguel Torres – presidente da Força Sindical

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