Temor de políticos é delação premiada de irmão e de ex-assessor de Dirceu
Fernando Rodrigues
Luiz Eduardo de Oliveira e Silva, irmão, e Bob Marques “não aguentam”
Apesar de José Dirceu ser o primeiro preso da Lava Jato que fez parte do alto escalão da administração federal do PT –nos anos de Luiz Inácio Lula da Silva–, a sua detenção já era esperada.
O ex-ministro da Casa Civil foi levado para a sede da Polícia Federal, em Brasília, nesta 2ª feira (3.ago.2015).
A grande apreensão em Brasília no meio político ligado ao PT e ao governo é sobre outras duas pessoas presas também hoje na 17ª fase da Operação Lava Jato, batizada de “Pixuleco”. Muitos estão preocupados com as prisões temporárias de Luiz Eduardo de Oliveira e Silva (irmão e sócio de Dirceu) e Roberto Marques (ex-assessor de Dirceu).
“O Luiz e o Bob não aguentam”
Entre as pessoas que falaram hoje cedo com Dirceu, uma delas disse ao Blog: “O Zé segura a onda. Não vai falar nada. Mas o Luiz e o Bob, não”. Bob é como Roberto Marques é conhecido. Outra observação: “Se o Milton Pascowitch, que era ligadíssimo ao Zé, fez delação premiada… Imagine o Luiz e o Bob”.
Bob é conhecido de todos políticos e jornalistas em Brasília que acompanharam o governo Lula. O então assessor e amigo de Dirceu o acompanhava a todos os lugares e sabia de todos os passos daquele que um dia foi o homem mais forte da administração lulista.
Tanto Bob como Luiz, o irmão preso de Dirceu, são consideradas pessoas sem estrutura psicológica para aguentar muito tempo presos e sem falar o que sabem.
Há duas esperanças citadas hoje por aliados de Dirceu. Primeiro, o fato de Bob e Luiz terem sido presos apenas temporariamente –ou seja, em aproximadamente uma semana podem deixar a cadeia. O segundo ponto é que os dois devem ficar na mesma cela de Dirceu, o que ajudaria a acalmá-los.
O cenário muda se o juiz Sérgio Moro mudar o regime de prisão de Luiz e Bob, de temporária para preventiva. Isso já aconteceu com outros casos na Operação Lava Jato.
STF PRECISA AUTORIZAR
José Dirceu será levado para a carceragem da PF em Curitiba ainda hoje (3.ago.2015), mas só depois de o Supremo Tribunal Federal autorizar essa transferência.
É que o ex-ministro cumpria pena de prisão domiciliar por conta de uma condenação no processo do mensalão –que foi julgado pelo STF. Cabe ao ministro Luís Roberto Barroso conceder a autorização para a remoção de Dirceu de Brasília para Curitiba.
Num caso anterior, de outro preso do mensalão, o ex-deputado federal Pedro Corrêa (PP-PE), o ministro Barroso autorizou a saída dele de Pernambuco para o Paraná, conforme foi solicitado pelas autoridades da Operação Lava Jato.
EXEGESE DE “PIXULECO
Gíria usada no ABC, berço do PT, “pixuleco” é expressão usada para se referir a algo insignificante. Segundo dados da Lava Jato, “pixuleco” era como o ex-tesoureiro do PT João Vaccari Neto (no momento preso) falava sobre propinas.