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Arquivo : SwissLeaks

Ex-delegado da Polícia Civil de SP aparece com US$ 194 milhões no HSBC
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Fernando Rodrigues

Detetive e concessionários de serviços públicos no Rio também tinham conta na Suíça

Cento e noventa e quatro milhões e novecentos mil dólares. Este é o saldo que, segundo o HSBC da Suíça, constava na conta relacionada ao delegado aposentado da Polícia Civil de São Paulo e empresário do ramo de segurança Miguel Gonçalves Pacheco e Oliveira entre os anos de 2006 e 2007.

Mesmo com esse valor guardado nos cofres de Genebra —o que faz dele um dos dez brasileiros com mais dinheiro no banco suíço—, Oliveira não abriu mão de brigar na Justiça por uma aposentadoria mais robusta. Nos últimos anos, entrou com pelo menos oito ações para pedir revisão de seus vencimentos. Ganhou em parte delas e recorre naquelas em que perdeu. De acordo com o site de transparência do governo de São Paulo, ele recebe R$ 10 mil líquidos pelos serviços prestados à Polícia Civil.

Levantamento feito pelo UOL em parceria com o jornal “O Globo” encontrou Oliveira e outros quatro servidores públicos ou de concessionárias de serviços públicos na lista de 8.667 correntistas do HSBC da Suiça. São eles um inspetor da Polícia Civil do Rio de Janeiro, um engenheiro da Secretaria Municipal de Obras carioca, um conselheiro da concessionária do Aeroporto de Cabo Frio e um ex-diretor da antiga concessionária do metrô do Rio, a Opportrans.

Todos os citados que foram localizados negaram ter contas no banco suíço, assim como qualquer irregularidade financeira. Oliveira não respondeu aos pedidos de entrevista.

Ao longo de sua carreira, Miguel Oliveira foi delegado-assistente do Departamento de Polícia Judiciária (Decap), órgão responsável pelas 93 delegacias da capital paulista. Como parte de seu trabalho, chegou a ser enviado a Miami e a Nova York para conhecer algumas experiências de combate ao crime organizado.

 

APARTAMENTO E CARRO DE LUXO
Em 1998, ele virou notícia pela primeira vez —numa meticulosa reportagem de Mario Cesar Carvalho— por conta dos bens e imóveis que possuía e pelo fato de, apesar de estar na ativa, ser dono de duas empresas privadas de segurança: a Vanguarda Segurança e Vigilância e a Nacional. A reportagem descreveu uma rotina de luxo, que começava num caro apartamento no bairro dos Jardins e que incluía um automóvel Volvo preto.

Além de delegado e empresário da segurança, Oliveira também teve incorporadoras. De 1994 a 2003, foi dono de pelo menos três: a MGPO, que fazia “locação, arrendamento, loteamento e incorporação de imóveis”, a Ibiuna Marina Golf Club, que construiu condomínios de luxo em Ibiúna (SP) e a Esplanada Pinheiros Empreendimentos Imobiliários. Em 2011, migrou para o setor de limpeza, fundando a Interativa Service.

Oliveira também tem também muitos imóveis em seu nome. Em São Paulo são pelo menos 5, segundo pesquisa feita em cartórios da cidade e na Junta Comercial. Um de seus apartamentos fica no prédio da senadora Marta Suplicy no Jardins e é justamente o endereço que aparece nos documentos do HSBC. O imóvel tem 633 metros quadrados e cinco vagas na garagem. Há 12 anos, custou-lhe R$ 1,1 milhão.

Mas esse não é o imóvel mais vistoso do delegado. Em 2010, ele informou à Junta Comercial de São Paulo um endereço na vila suíça de Montagnola, que fica perto da fronteira da Itália. Entre 2010 e 2012, Oliveira morou por lá.

O delegado ainda tem em seu currículo a fundação da ONG SOS Itupararanga, da qual é conselheiro fiscal. Criada em 2000, em Ibiúna, ela tem por objetivo preservar a represa e “ajudar no desenvolvimento sustentável da região”, informa seu site.

Segundo levantamento feito nos documentos do HSBC da Suíça, Oliveira aparece relacionado a duas contas numeradas. A primeira foi aberta no dia 10 de novembro de 2005 e a segunda, em 29 de dezembro daquele ano. Em 2006/2007, as duas estavam ligadas a três empresas offshores, que não apareciam relacionadas a mais ninguém dentro do banco. Trata-se da Hollowed Turf, com endereços na Suíça, em Liechtenstein, Ilhas Virgens Britânicas e Seychelles, da Hallowed Ground Foundation e da Springside Corporation.

Na tabela abaixo, dados sobre as contas de Pacheco e Oliveira e de outros servidores e ex-concessionários de serviços públicos (clique na imagem para ampliar):

Arte

Pelo menos mais um policial aposentado foi encontrado nas planilhas do HSBC: o inspetor da Polícia Civil do Rio Fernando Henrique Boueri Cavalcante. Segundo registros oficiais, ele ingressou na corporação em 1982 e se aposentou há dois anos, como inspetor de quarta classe, o que antigamente era conhecido como detetive. De acordo com o Sindicato dos Policiais Civis, um agente deste tipo recebe em torno de R$ 5 mil por mês ao fim de sua carreira. A conta relacionada a ele no banco de Genebra foi aberta em 11 de abril de 2000, e o saldo, em 2006/2007, era de US$ US$ 697 mil.

 

AEROPORTO DE CABO FRIO
Mauro Chagas Bonelli é outro servidor que surge na lista do HSBC. Desde 1986, ele consta como servidor da Secretaria de Obras da Prefeitura do Rio. Ao longo de sua carreira, participou da construção da Linha Amarela e do Parque de Madureira. Entre 1997 e 2000, foi coordenador geral de obras da cidade. Em 2013, trabalhou na reurbanização do entorno do Maracanã, com vistas à Copa do Mundo e aos Jogos Olímpicos. Naquele ano, concluiu mestrado em Engenharia Urbana e Ambiental na PUC-Rio, com uma dissertação intitulada “Sustentabilidade em Obras Públicas: O Caso do Parque Madureira”.

Nos registros do HSBC, Bonelli aparece relacionado a uma conta numerada aberta no dia 14 de dezembro de 1999 e que, em 2006/2007, tinha US$ 105 mil.

Murilo Siqueira Junqueira foi presidente da Flumitrens entre 1995 e 1998. Logo depois, Junqueira passou a trabalhar na operadora Costa do Sol, concessionária que até hoje administra o aeroporto de Cabo Frio. Formada por empresários que passaram por diversas empresas públicas do Estado, a Costa do Sol ganhou a concessão do aeroporto por 22 anos a partir de 2001. Junqueira foi presidente do conselho e presidente executivo do grupo. Hoje atua como conselheiro da Costa do Sol.

Nos documentos do HSBC, ele aparece associado a duas contas numeradas. A primeira foi aberta em 30 de abril de 2003 e ficou ativa até 22 de dezembro de 2003. Em 2006/2007, seu saldo estava zerado. A segunda foi aberta em 14 de março de 2003 e, em 2006/2007, tinha US$ 895 mil.

Hamilton de Souza Freitas Filho foi diretor administrativo e financeiro do Consórcio Opportrans, que era encabeçado pelo Grupo Opportunity, do banqueiro Daniel Dantas. Em dezembro de 1997, o Opportrans adquiriu, na Bolsa de Valores do Rio, o direito de explorar o serviço metroviário da capital fluminense.

O nome de Freitas Filho surge nas planilhas do HSBC relacionado a uma conta numerada que foi aberta em setembro de 1989 e que, em 2006/2007, tinha um saldo de US$ 10,2 milhões.

 

VALORES NO EXTERIOR DEVEM SER DECLARADOS
Enviar e manter dinheiro no exterior não é crime. Isso só acontece quando o contribuinte não declara à Receita Federal e ao Banco Central que mantém valores fora do país.

Nesse caso, o cidadão brasileiro pode ser processado por evasão de divisas e por sonegação fiscal. Se tiver cometido outro crime anteriormente, também pode responder por lavagem de dinheiro.

A Receita, o Coaf (Conselho de Controle de Atividades Financeiras), a Polícia Federal e uma Comissão Parlamentar de Inquérito aberta no Senado já investigam o caso.

Desde o dia 8 de fevereiro, o ICIJ (Consórcio Internacional de Jornalistas Investigativos), composto por 185 jornalistas de mais de 65 países, publica reportagens com base nas planilhas vazadas em 2008 pelo ex-técnico de informática do banco Hervé Falciani. No Brasil, a apuração é feita com exclusividade pelo UOL e pelo jornal “O Globo”.

Participam da apuração da série de reportagens SwissLeaks os jornalistas Fernando Rodrigues e Bruno Lupion (do UOL) e Chico Otavio, Cristina Tardáguila e Ruben Berta (do jornal “O Globo”). Nesta reportagem também participaram Tiago Dantas e Leonardo Guandeline (de “O Globo”).

Ex-delegado em SP não responde; demais citados negam conta no HSBC

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Ex-delegado em SP não responde; demais citados negam conta no HSBC
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Fernando Rodrigues

A reportagem tentou, ao longo da última semana, diversos caminhos para ouvir o delegado Miguel Gonçalves Pacheco e Oliveira. Débora Monte Biltge, advogada que o defende nas ações relativas ao valor de sua aposentadoria, disse que tentaria entrar em contato com ele e que lhe repassaria as perguntas sobre o HSBC da Suíça. Ela, no entanto, não respondeu até a publicação deste texto.

No telefone associado ao nome de Oliveira, atendeu Cláudia Gomes Lima e Oliveira, que se identificou como sua esposa. Ela também informou ao UOL e ao “Globo” que repassaria ao delegado o pedido de entrevista sobre o caso SwissLeaks, mas não respondeu no prazo estabelecido. Na ONG SOS Itupararanga foi deixado um recado para Oliveira, e a empresa de segurança Vanguarda informou que o responsável por atender aos jornalistas não estava disponível.

O inspetor aposentado Fernando Henrique Boueri Cavalcante não foi localizado. As assessorias de imprensa da Polícia Civil e do Sindicato dos Policiais Civis informaram não ter nenhum contato do agente. Também não há disponível na internet qualquer referência a endereço ou telefone do servidor.

Por e-mail, o engenheiro Mauro Chagas Bonelli disse que acredita que exista algum equívoco, pois nunca teve conta na Suíça. A Secretaria Municipal de Obras do Rio, por sua vez, informa que Bonelli “está sendo afastado de suas funções de chefia até que os fatos sejam apurados e esclarecidos”.

Murilo Siqueira Junqueira, conselheiro do grupo que administra o aeroporto de Cabo Frio, disse, por telefone, que desconhece qualquer registro em seu nome no HSBC da Suíça. Ele afirmou ainda que a empresa Costa do Sol tem contas nas filiais brasileira e nova-iorquina do banco, nas quais chegou a fazer financiamentos. Apesar disso, Junqueira disse nunca ter sido informado sobre qualquer transação feita em seu nome ou da empresa em que trabalha com a filial suíça da instituição.

Hamilton de Souza Freitas Filho foi procurado por meio do telefone do escritório de advocacia informado no site da Ordem dos Advogados do Brasil. A secretária informou que Hamilton mora atualmente em Portugal e indicou um e-mail de contato. A reportagem enviou perguntas ao longo dos últimos dias, mas não obteve resposta até a publicação deste texto.

OUTRO LADO DO GRUPO OPPORTUNITY
Às 16h30 de domingo (29.mar.2015), a assessoria do Grupo Opportunity enviou nota ao UOL e ao “Globo” afirmando ser “descabida” a citação de Daniel Dantas e da Opportans na reportagem.

A assessoria diz que a Opportrans adquiriu a concessão do Metrô Rio de Janeiro em 1997, “10 anos após a alegada abertura da conta no HSBC feita por Hamilton de Souza Freitas Filho”. Abaixo, a íntegra da nota:

“É descabida a citação a Daniel Dantas e ao Opportunity na reportagem “Ex-delegado da Polícia Civil de SP aparece com US$ 194 milhões no HSBC”, editada em 29/3, já que eles não constam da relação de contas externas do banco. Mais: a Opportrans, empresa privada, adquiriu a concessão do Metrô Rio de Janeiro, em 1997, ou seja, 10 anos após a alegada abertura da conta no HSBC feita por Hamilton de Souza Freitas Filho.

Hamilton Freitas trabalhou, portanto, em várias outras companhias antes da Opportrans e após ter deixado a empresa, em abril de 2002. E essas companhias não tiveram seus nomes citados na matéria.

A Opportrans, sob a gestão indicada pelos fundos do Opportunity, não fez depósitos para seus diretores em contas no exterior.”

Ex-delegado da Polícia Civil de SP aparece com US$ 194 milhões no HSBC

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Preso da Galvão Engenharia tinha US$ 4 milhões no HSBC na Suíça
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Fernando Rodrigues

 conta numerada “22666 ED” era operada a partir de offshore nas Ilhas Virgens Britânicas

Preso na manhã desta sexta-feira (27.mar.2015) pela Política Federal, o diretor-presidente e membro do conselho de administração do Grupo Galvão, Dario de Queiroz Galvão Filho, tinha uma conta numerada na Suíça com saldo de US$ 4.062.429,71 em 2006/07.

Os dados fazem parte do acervo de informações da agência de “private bank” do HSBC, em Genebra, na Suíça. A conta de Dario é identificada pelo código alfanumérico “22666 ED” e tem vinculação como outros integrantes de sua família. O saldo era compartilhado por todos.

O diretor-presidente e membro do conselho de administração do Grupo Galvão administrava seus recursos na Suíça, à época em que os dados foram extraídos dos arquivos do HSBC, por meio de duas empresas “offshore, Fipar Assets Ltd. e Montitown United Ltd., ambas com sede em Tortola, nas Ilhas Virgens Britânicas –um conhecido paraíso fiscal do Caribe.

Além de Dario de Queiroz Galvão Filho, outros integrantes da família mantinham contas no HSBC. Os dados foram revelados pela investigação conduzida pelo ICIJ (Consórcio Internacional de Jornalistas Investigativos) numa parceria com o jornal francês “Le Monde”. A apuração foi batizada de SwissLeaks (vazamentos suíços) porque teve origem no maior furto de dados bancários da história, numa agência do HSBC, em Genebra.

No Brasil, as reportagens são realizadas com exclusividade pelo UOL, por intermédio do jornalista Fernando Rodrigues (integrante do ICIJ), e pelo jornal “O Globo”.

Eis os dados das contas na Suíça mantidas em 2006/07 pela família Queiroz Gal;vão:

Arte-QueirozGalvao-offshores-27mar2015

OUTRO LADO
Por meio de sua assessoria, a empreiteira Queiroz Galvão negou irregularidade na existência das contas na Suíça. A empresa não comenta a operação por meio de offshores:

“A Queiroz Galvão afirma que todo o patrimônio dos seus acionistas porventura existente no exterior sempre se submeteu aos registros cabíveis perante as autoridades competentes”.

A Galvão Engenharia, por meio do advogado da família, José Luis Oliveira Lima, disse apenas não ter “nada a declarar”.

Qualquer brasileiro pode ter uma conta na Suíça ou em outro país. Mas para que a operação seja legal é necessário informar sobre a saída do dinheiro ao Banco Central e declarar à Receita Federal a existência da conta no exterior. Quem não procede dessa forma está cometendo uma infração fiscal e também o crime de evasão de divisas –cuja pena varia de 2 a 6 anos de reclusão, além de multa.

Embora a sonegação fiscal prescreva em 5 anos, no caso da evasão o prazo é mais longo, de até 12 anos. Ou seja, não importa que os saldos das contas bancárias sejam de 2006 ou de 2007, como é o caso dessa listagem com dados sobre os correntistas do HSBC na Suíça.

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CPI do HSBC convoca sucessor de Alberto Youssef na Lava Jato
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Fernando Rodrigues

Henry Hoyer foi citado por Paulo Roberto Costa em sua delação premiada

Empresário do Rio teve conta no HSBC da Suíça revelada pelo SwissLeaks

Edilson Rodrigues/Agência Senado

CPI do HSBC no Senado ouviu nesta 5ª feira jornalistas do UOL e do “Globo”

A CPI do HSBC, instalada no Senado para investigar as contas mantidas por brasileiros no banco HSBC na Suíça, decidiu nesta 5ª feira (26.mar.2015) convocar para depor o empresário Henry Hoyer de Carvalho, apontado como substituto do doleiro Alberto Youssef no esquema de desvios de recursos na Petrobras.

Hoyer, que desenvolve suas atividades no Rio, foi citado em fevereiro em depoimentos tomados pela Operação Lava Jato. Ele teria sucedido Youssef na função de repassador de propinas a políticos ligados ao Partido Progressista –a legenda que mais teve integrantes citados pelo Ministério Público até agora no escândalo da Petrobras.

Nos documentos do HSBC em Genebra, Henry Hoyer aparece como titular da conta secreta 7835HH. O saldo está zerado em 2006 e 2007, período ao qual os dados bancários se referem. Sua conta suíça existiu por um breve período: a abertura foi em 20 de julho de 1989; o encerramento, em 29 de agosto de 1990.

No termo de sua delação premiada, Paulo Roberto Costa descreve Hoyer como o “operador financeiro do PP que sucedeu [a] Alberto Youssef”. Costa compromete-se a apresentar provas que possam sustentar essa afirmação, “especialmente a sua relação [de Hoyer] com contratos da Petrobras e empreiteiras, e a relação destas com o PP”.

Num outro trecho do seu depoimento, Costa relata ter ido a “uma reunião na casa de Henry Hoyer, da qual também participaram Ciro Nogueira, Agnaldo Ribeiro, Arthur de Lira e Eduardo da Fonte”.

A CPI também aprovou a convocação do ex-secretário de Obras de Niterói, José Roberto Vinagre Mocarzel, que teve seu nome relacionado a conta no HSBC da Suíça. Mocarzel era braço direito do ex-prefeito de Niterói pelo PDT Jorge Roberto Silveira, também vinculado a conta na agência do banco em Genebra.

Mocarzel é servidor de carreira da Superintendência de Desportos do Estado do Rio de Janeiro, mas está cedido ao gabinete do deputado estadual Paulo Ramos (PSOL-RJ). Segundo o Portal da Transparência, seu salário bruto atual é de R$ 8.502,00.

Acesso aos dados do HSBC
A sessão da CPI do HSBC desta 5ª feira ouviu os jornalistas Fernando Rodrigues, do UOL e membro do ICIJ, e Chico Otávio, do “Globo”, sobre a análise dos dados de correntistas brasileiros relacionados a contas do banco na Suíça.

O senador Paulo Rocha (PT-BA), presidente da CPI, e o relator, senador Ricardo Ferraço (PMDB-ES), solicitaram acesso integral ao acervo de dados do HSBC obtido pelo ICIJ (Consórcio Internacional de Jornalistas Investigativos) relacionado a correntistas brasileiros.

Em 2014, o ICIJ  firmou uma parceria com o jornal francês “Le Monde” para investigar o caso. No Brasil, o UOL e o “Globo” têm exclusividade na apuração.

O pedido foi negado por Fernando Rodrigues –o ICIJ adotou como diretriz não entregar as listas completas em nenhum país envolvido na cobertura do SwissLeaks.

Fernando Rodrigues também ponderou que o risco de uma lista em posse do Congresso vazar não deve ser menosprezado, pela dinâmica das comissões parlamentares de inquérito. Ele sugeriu que o acervo de dados seja solicitado oficialmente ao governo da França, que detém as informações extraídas do HSBC de Genebra por um ex-funcionário do banco.

Depoimentos
Na próxima 4ª feira (1º.abr.2015), a CPI ouvirá o secretário da Receita Federal, Jorge Rachid, e Antonio Gustavo Rodrigues, presidente do Conselho de Controle de Atividades Financeiras, vinculado ao Ministério da Fazenda.

A CPI também decidiu convidar Anthero de Moraes Meirelles, diretor de fiscalização do BC, Ricardo Andrade Saadi, diretor do Departamento de Recuperação de Ativos e Cooperação Jurídica Internacional do Ministério da Justiça, e Murilo Portugal, presidente da Febraban (Federação Brasileira de Bancos), para falarem sobre o vazamento de dados do HSBC da Suíça e providências para recuperar recursos eventualmente sonegados ou enviados para o exterior de maneira ilegal.

Sigilo fiscal e bancário
O senador Randolfe Rodrigues (PSOL-AP) solicitou ao presidente da CPI, senador Paulo Rocha (PT-BA) a quebra de sigilo fiscal e bancário de pessoas citadas em reportagens do UOL e do “Globo” sobre o SwissLeaks. Rocha disse que os requerimentos de quebra de sigilo deverão ser apreciado numa fase posterior dos trabalhos da comissão.

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Políticos do PSDB, PT, PMDB, PDT, PTC e PP ligados a contas do HSBC
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Fernando Rodrigues

PSDB: Márcio Fortes, da Executiva Nacional
PT: vereador no Rio, Marcelo Arar
PMDB: suplente de senador, Lirio Parisotto
PDT: Jorge Roberto, ex-prefeito de Niterói
PTC: Daniel Tourinho, presidente nacional
E duas irmãs de Paulo Maluf, deputado federal do PP-SP

Pelo menos 11 políticos brasileiros ou pessoas ligadas a políticos estão na lista de clientes da agência do HSBC em Genebra, na Suíça.

Entre outros, fazem parte dessa relação o empresário bilionário e suplente de senador Lirio Parisotto (PMDB-AM), o integrante da Executiva Nacional do PSDB Márcio Fortes, o vereador Marcelo Arar (PT-RJ), o ex-prefeito de Niterói Jorge Roberto Silveira e um assessor, o presidente nacional do PTC, Daniel Tourinho, e duas irmãs do deputado federal Paulo Maluf (PP-SP).

Procurados pelo UOL, todos negam irregularidades ou se recusam a comentar. Nos casos de políticos que disputaram eleições recentes, foi possível comprovar que nenhum declarou à Justiça Eleitoral ter contas no banco HSBC no exterior.

As informações para esta reportagem foram obtidas por meio de extensiva análise dos arquivos da agência de “private bank” do HSBC em Genebra, na Suíça. O vazamento dos dados, conhecido como SwissLeaks, refere-se a informações dos anos de 2006 e 2007, extraídas do banco em 2008 por um então técnico de informática da instituição, Hervé Falciani. Em 2014, o ICIJ (Consórcio Internacional de Jornalistas Investigativos) firmou uma parceria com o jornal francês “Le Monde” para investigar o caso. No Brasil, o UOL e o “Globo” têm exclusividade na apuração.

Equipes de reportagem do UOL e do “Globo” fizeram nas últimas semanas uma minuciosa varredura na base de clientes do HSBC na Suíça para verificar a eventual presença de políticos. Entre outros bancos de dados usados nesse cruzamento, foram analisados todos os atuais 513 deputados federais, os 81 senadores titulares, os 162 senadores suplentes, a presidente da República e todos os seus antecessores, o atual vice-presidente da República, os integrantes das Assembleias Legislativas dos Estados de São Paulo, Minas Gerais e Rio de Janeiro, além das Câmaras de Vereadores das cidades de São Paulo, Belo Horizonte e Rio.

Ao fim dessa extensa checagem chegou-se aos nomes citados nesta reportagem. As contas estão relacionados na tabela abaixo (clique para ampliar):

Arte

LIRIO PARISOTTO, SENADOR SUPLENTE (PMDB-AM)

Regis Filho/Valor - 22.set.2011

Listado no ranking da revista “Forbes” como um dos bilionários brasileiros, Lirio Parisotto tem o seu nome relacionado a cinco contas ativas no HSBC na Suíça nos anos de 2006 e 2007, todas abertas no período de 2001 a 2005. Os saldos à época variavam de apenas US$ 1.013 a US$ 45,873 milhões.

Com uma fortuna estimada em US$ 1,6 bilhão, segundo a “Forbes”, o político de 61 anos é dono da Videolar (fábrica de resinas termoplásticas e filmes e chapas plásticas) e um dos principais investidores no mercado de ações no Brasil.

Gaúcho, Parisotto foi eleito em 2010 segundo suplente do senador Eduardo Braga (PMDB-AM). No registro da candidatura, Parisotto declarou à Justiça Eleitoral um patrimônio de R$ 292.520.409,23. Não aparece na relação de bens a descrição de contas no HSBC na Suíça.

Como Eduardo Braga assumiu em janeiro deste ano (2015) o Ministério das Minas e Energia, atualmente a cadeira no Senado é ocupada pela primeira suplente Sandra Braga, que é casada com o titular. Parisotto só fica com a vaga se Sandra também se licenciar.

 

MÁRCIO FORTES (PSDB)

Sérgio Lima/Folhapress - 12.mar.2002
Na relação de clientes do HSBC na Suíça consta ainda o nome do primeiro vice-presidente do PSDB no Rio, Márcio Fortes. Também integrante da Comissão Executiva Nacional do PSDB e deputado federal por 3 mandatos, Fortes, de 70 anos, atuou como presidente do BNDES (Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social) e do Banerj e foi secretário-geral do Ministério da Fazenda.

Conforme os dados do SwissLeaks, o tucano tinha o seu nome relacionado a 3 contas no HSBC em Genebra em 2006 e 2007, sendo que uma delas ainda estava ativa naquela época –com um saldo de US$ 2.413.260,28. Fortes é do ramo de construção civil e é um tradicional doador para campanhas eleitorais.

No ano 2000, por exemplo, Fortes foi a pessoa física que mais doou dinheiro ao PSDB –o equivalente a 21% do total arrecadado pela legenda nessa modalidade de financiamento.

Em 2010, Fortes concorreu ao cargo de vice-governador do Rio na chapa encabeçada por Fernando Gabeira (PV). À Justiça Eleitoral, o tucano comunicou que tinha na época um patrimônio de R$ 4.442.412,71, sendo 13 imóveis, um carro e R$ 117.342,03 na CEF. Assim como Lirio Parisotto, o peessedebista não declarou possuir conta no HSBC.

Na eleição de 2010, Fortes fez uma doação de R$ 500 mil para a campanha ao governo do Rio. Dias antes, Gabeira havia dito que os partidos aliados o apoiavam “muito mal” e que, por esse motivo, poderia “dar uma banana” se fosse necessário.

Em 2006, Fortes concorreu a deputado federal pelo PSDB fluminense. À época, sua conta identificada como “Aframfran Holdings Limited” tinha um saldo de US$ 2,413 milhões no HSBC da Suíça. Esse bem, entretanto, não aparece na declaração de patrimônio que o tucano entregou à Justiça Eleitoral.

 

MARCELO ARAR (PT)

Marcelo Arar Reproducao:Facebook
O petista Arar aparece ligado a duas contas no HSBC. Uma havia sido aberta em 1990 e fechada em 1998. A outra, identificada pelo código alfanumérico “29821 BB” foi criada em 23 de março de 1998 e permanecia ativa até 2007, com saldo de US$ 247.812. Também estavam ligados a essa conta André Arar e Eliane Bagrichevsky Arar, parentes do vereador.

No ano seguinte, em 2008, Marcelo Arar disputou o cargo de vereador na cidade do Rio de Janeiro, filiado então ao PSDB. Na sua declaração de bens entregue à Justiça Eleitoral não consta uma conta no HSBC da Suíça.

Quatro anos depois, na eleição de 2012, Marcelo Arar declarou à Justiça Eleitoral um patrimônio de R$ 251.395,29, composto de imóvel, carro, depósitos em instituições financeiras brasileiras e R$ 30 mil em espécie . Não foi feita menção a contas no exterior. Antes de ingressar na política, Arar atuou como promotor de eventos e radialista.

 

JORGE ROBERTO SILVEIRA (PDT)

Bruno Dias/Folhapress - 2.fev.2009
O ex-prefeito de Niterói pelo PDT Jorge Roberto Silveira e o ex-secretário de Obras do município José Roberto Vinagre Mocarzel também tiveram seus nomes relacionados a contas do HSBC na Suíça. No entanto, em 2006/2007, os seus saldos estavam zerados.

Jorge Roberto Silveira e José Roberto Vinagre Mocarzel mantiveram contas no HSBC de Genebra por períodos semelhantes. O ex-prefeito de Niterói começou a fazer depósitos em julho de 1993 e encerrou sua relação com o banco em abril de 2003. Morcazel abriu sua conta um pouco antes, em janeiro de 1991 e a fechou também em abril de 2003.

O pedetista Jorge Roberto Silveira ocupou a Prefeitura de Niterói em 4 períodos: 1989 a 1992; 1997 a 2000; 2001 a 2002; 2009 a 2012.

Mocarzel é servidor de carreira da Superintendência de Desportos do Estado do Rio de Janeiro (Suderj), mas está cedido ao gabinete do deputado estadual Paulo Ramos (PSOL-RJ). Segundo o Portal da Transparência, seu salário bruto atual é de R$ 8.502,00.

Em janeiro de 2009, Mocarzel assumiu o cargo de secretário de Obras de Niterói. Ao final da gestão do prefeito Jorge Roberto Silveira, em 2012, já era secretário de Serviços Públicos, Trânsito e Transporte.

 

DANIEL TOURINHO, PRESIDENTE DO PTC

Joel Rodrigues/Folhapress - 2.jun.2014

O presidente do Partido Trabalhista Cristão, Daniel Sampaio Tourinho, está nos arquivos do HSBC por um período muito curto: só de 2 de março a 6 de novembro de 1992. Nesses menos de nove meses, teve duas contas relacionadas ao seu nome, identificadas como “18532 AB” e “Manzua”.

Como as contas de Tourinho estavam encerradas, o saldo que aparece para ambas é zero. Embora presida um partido pequeno (o PTC tem só 2 deputados e nenhum senador), o baiano Tourinho tem uma ativa participação na vida nacional, apoiando partidos de diversas orientações. Em 2010, sustentou a campanha presidencial de Dilma Rousseff (PT). No ano passado, 2014, o PTC apoiou Aécio Neves (PSDB) para o Palácio do Planalto.

Tourinho já foi do PT (em 1981) e em 1985 fundou o (hoje extinto) Partido da Juventude. Quatro anos depois, em 1989, “o PJ adotou o nome de Partido da Reconstrução Nacional (PRN), partido pelo qual Fernando Collor de Mello elegeu-se presidente da República”, relata o presidente do PTC no seu perfil na página da legenda na internet.

 

DUAS IRMÃS DE PAULO MALUF
Duas irmãs do deputado federal Paulo Maluf (PP-SP) estavam ligadas a contas existentes na agência de Genebra. Therezinha Maluf Chamma e Nelly Maluf Jafet eram clientes do HSBC em 2006/2007.

O nome de Therezinha, que tem 86 anos, surge relacionado a 4 contas, com saldos variando de US$ 20.741 a US$ 1.737.251, à época em que os dados foram extraídos, 2006/07. Essas contas foram abertas em datas diferentes, de 1990 a 1996.

Já a conta ligada a Nelly estava com saldo zero nos anos de 2006/07. Nelly morreu no ano passado (2014), aos 89 anos.

 

CONTAS LEGAIS E DECLARADAS
Três filhos do prefeito de Belo Horizonte, Márcio Lacerda (PSB), estão nos arquivos do HSBC de Genebra: Tiago Nascimento de Lacerda, de 34 anos, Gabriel Nascimento de Lacerda, 37, e Juliana Nascimento de Lacerda, 36. As contas foram devidamente declaradas à Receita Federal e a saída do dinheiro está informada ao Banco Central, como determina a lei brasileira.

Ao serem informados a respeito desta reportagem, Tiago, Gabriel e Juliana mostraram suas declarações de Imposto de Renda e os documentos que comprovam o registro no Banco Central da saída dos recursos.

Tem sido raro na apuração das contas do HSBC na Suíça pessoas citadas apresentarem algum documento informando de maneira objetiva a legalidade dos depósitos. Os irmãos Tiago, Gabriel e Juliana mostraram documentos dessa natureza, indicando que o dinheiro ficou na conta no exterior até 2008, quando voltou oficialmente ao Brasil.

 

É LEGAL TER CONTA NA SUÍÇA?
Não é ilegal um brasileiro abrir e manter uma conta bancária na Suíça ou em qualquer outro país. Mas é necessário declarar à Receita Federal. Os titulares das contas também devem informar ao Banco Central quando o saldo for superior a US$ 100 mil.

 

Participam da série de reportagens SwissLeaks os jornalistas Bruno Lupion (do UOL) e Chico Otavio, Cristina Tardáguila e Ruben Berta (do jornal “O Globo”).

Políticos citados negam irregularidades ou não comentam

UOL cruzou dados de mais de 700 políticos com a lista do SwissLeaks

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Políticos citados negam irregularidades ou não comentam
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Fernando Rodrigues

Todos os políticos relacionados a contas no HSBC na Suíça foram procurados

O empresário e dirigente nacional do PSDB, Márcio Fortes, consultado sobre o fato de seu nome estar no acervo do HSBC, disse: “Essas contas não são minhas”. Ele declara que nunca teve e não tem contas em seu nome no exterior.

Segundo Fortes, entretanto, a data de nascimento registrada nas fichas do HSBC e seu endereço residencial, onde morou até 2003, são verdadeiros.

Fortes especula que as duas contas abertas em 1991, já encerradas e com saldo zerado em 2006/2007, possam estar relacionadas a um trabalho que ele prestou para a organização WBSC (World Business Council for Sustainable Development), sediada em Genebra.

Ele foi contratado pela WBSC para trabalhar nos preparativos da conferência do clima Rio-92, também chamada à época de Eco-92, e diz que a movimentação financeira relativa à organização do evento era feita na Suíça. “Os recursos que usei no meu trabalho eram suíços”, disse. Ele afirma ter sido desligado da WBSC 2 meses após o encerramento da Rio-92.

Indagado sobre a terceira conta relacionada a seu nome, aberta em dezembro de 2003 e ainda ativa em 2006/2007, com saldo de US$ 2,4 milhões, Fortes afirma desconhecê-la. Essa conta está vinculada à offshore Aframfran Holdings Limited, com sede em Tortola, nas Ilhas Virgens Britânicas, um conhecido paraíso fiscal. Além de Fortes, há outros 4 membros de sua família ligados à conta.

“Não declarei essas contas porque elas não são minhas”, afirmou. “Sempre tive muito cuidado com as contas enviadas ao TSE. Minhas declarações de bens à Justiça Eleitoral devem estar certas”, disse.

Fortes pondera que assinou muitos papéis como presidente da João Fortes Engenharia, sua empresa, e não recorda de todos. “Na minha vida de empresário, imagina a quantidade de papéis que eu assinei e não me recordo. Não por irresponsabilidade, mas porque você faz parte do estatuto da empresa e é sempre solicitado a assinar documentos. Não sei quem me enrolou com o HSBC. Não me lembro de ter passado na minha frente qualquer coisa relacionada a HSBC”, disse.

Ele menciona que sua empresa tem uma subsidiária internacional, a JF International, da qual ele foi presidente. Mas reafirma que nunca teve conta em seu nome no exterior: “Dinheiro meu eu nunca tive fora do Brasil”.

Fortes também defendeu sua atuação partidária no PSDB e disse ser “um homem de bem, um radical cumpridor da lei”. Ele continua: “Só fiz trabalhos honestos na vida. Fui tesoureiro de campanhas eleitorais, fui responsável pelas finanças do (José) Serra em 2002 e deixei minha marca, não há nenhum registro de irregularidade”, afirmou.

Lirio Parisotto, segundo suplente do senador e atual ministro das Minas e Energia, Eduardo Braga (PMDB-AM), informou na 3ª feira, por meio da assessoria de sua empresa, a Videolar, que já havia se manifestado sobre suas contas no HSBC da Suíça às revistas “Época” e “IstoÉ Dinheiro”. Naquela ocasião, Parisotto disse que todos os seus bens e valores haviam sido declarados à Receita e ao Banco Central. Ao UOL, Parisotto afirmou: “Fui eleito segundo suplente ao Senado em 2010. Não faço negócios com o governo. Nem eu e tampouco as empresas as quais controlo”.

A reportagem entrou em contato com a Videolar novamente na 4ª feira para indagar Parisotto sobre a ausência de contas no HSBC da Suíça em sua declaração de bens enviada à Justiça Eleitoral em 2010, quando concorreu a segundo suplente de senador. A assessoria de imprensa da companhia preferiu não comentar.

Daniel Sampaio Tourinho, presidente do PTC, foi contatado pelo UOL na 2ª feira, por meio da sede nacional do seu partido. Na 3ª feira pela manhã, sua secretária, Letícia, confirmou o recebimento do e-mail e disse que faria a mensagem chegar a Tourinho. A reportagem voltou a entrar em contato na 4ª feira e reforçou o pedido com a assessoria de imprensa da legenda. Tourinho não respondeu até a publicação desta reportagem.

Nelly Maluf Jafet, irmã do deputado federal Paulo Maluf (PP-SP), morreu em 2014. Therezinha Maluf Chamma, 86 anos, também irmã de Maluf, afirmou ao UOL que nunca teve e não tem dinheiro no HSBC da Suíça. “Se tiver dinheiro lá, o sr. pode ficar com ele”, disse à reportagem.

Ela também afirmou desconhecer a Fondation Alaris, offshore vinculada a seu nome. “Sou parente de político, mas não falo com ele [Paulo Maluf] há mais de um ano. Não tenho negócios com ele”, disse. Therezinha confirmou a data de nascimento que consta em seu registro nos arquivos do HSBC.

O UOL entrou em contato na 3ª feira e na 4ª feira com o PDT do Rio, ao qual o ex-prefeito de Niterói, Jorge Roberto Silveira, ainda é filiado. A assessoria de imprensa da legenda não conseguiu localizá-lo. A reportagem também ligou para o advogado de Silveira, Murilo João do Nascimento Heusi, que se recusou a encaminhar a mensagem a seu cliente ou fornecer seus contatos.

José Roberto Mocarzel, ex-secretário de Obras de Niterói, afirmou por meio de seu advogado, Guilherme Valdetaro Mathias, que desconhece a existência de contas no HSBC da Suíça em seu nome.

Marcelo Arar, vereador do Rio pelo PT, cuja conta no HSBC está vinculada a outros membros de sua família, enviou na 3ª feira a seguinte mensagem ao UOL: “Estou completamente surpreso e desconheço qualquer conta no exterior. Em 1990 eu tinha 15 anos de idade, entrei para política em 2011 aos 36 anos”.

Uma das contas relacionadas a Arar foi aberta em abril de 1990 e encerrada em março de 1998. A outra, aberta em março de 1998, ainda estava ativa em 2006/2007, quando os dados foram extraídos do HSBC em Genebra.

Marcelo Arar disputou sua primeira eleição em 2008, quando concorreu a o cargo de vereador na cidade do Rio de Janeiro, filiado então ao PSDB. Em 2012, disputou novamente, naquela oportunidade já pelo PT. Suas declarações de bens entregues à Justiça Eleitoral em 2008 e em 2012 não mencionam a existência de uma conta no HSBC da Suíça.

O UOL voltou a entrar em contato com Arar, por meio de seu gabinete, na 4ª feira, mas não obteve resposta. Ele não comentou o fato de outras duas pessoas de sua família estarem relacionadas à conta no HSBC de Genebra, André Arar e Eliane Bagrichevsky Arar.

CONTAS DECLARADAS
Tiago
, Gabriel e Juliana Nascimento de Lacerda, filhos de Márcio Lacerda, prefeito de Belo Horizonte pelo PSB, enviaram à reportagem cópias de suas declarações à Receita Federal e ao Banco Central. Os três demonstraram que seus depósitos no HSBC da Suíça haviam sido informados às autoridades brasileiras.

Participam  da série de reportagens SwissLeaks os jornalistas Bruno Lupion (do UOL) e Chico Otavio, Cristina Tardáguila e Ruben Berta (do jornal “O Globo”)

Políticos do PSDB, PT, PMDB, PDT, PTC e PP ligados a contas do HSBC

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UOL cruzou dados de mais de 700 políticos com a lista do SwissLeaks
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Fernando Rodrigues

Nenhum deputado federal nem senador titular está na relação

Presidente da República e antecessores também não aparecem

Para chegar aos pelo menos 11 políticos brasileiros ou pessoas ligadas a políticos relacionados a contas no HSBC em Genebra, na Suíça, o UOL fez nas últimas semanas uma minuciosa varredura em bases de dados. Mais de 700 nomes de políticos foram checados.

Os nomes presentes no acervo vazado do HSBC em 2008 foram cruzados com várias fontes de informação. O trabalho teve de ser feito manualmente, com checagem individual de cada uma das pessoas. Alguns correntistas não forneceram seus nomes completos ao criarem seus registros no banco suíço. Nessas situações, foi necessário verificar a data e o local de nascimento, entre outros dados, para saber de quem exatamente se tratava.

Para localizar políticos dentro do SwissLeaks, o UOL checou as seguintes bases de dados:

Câmara: todos os atuais 513 deputados federais;
Senado: os 81 senadores titulares e os 162 senadores suplentes;
Palácio do Planalto: a presidente da República, todos os seus antecessores no atual período democrático e o atual vice-presidente da República;
Assembleias Legislativas: todos os deputados estaduais de São Paulo, Minas Gerais e Rio de Janeiro;
Câmaras de Vereadores: todos os vereadores das cidades de São Paulo, Belo Horizonte e Rio.

Ao fim dessa extensa checagem chegou-se aos nomes dos políticos relacionados na reportagem publicada no post “Políticos do PSDB, PT, PMDB, PDT, PTC e PP ligados a contas do HSBC”.

O fato de não aparecerem nomes de outros políticos das bases de dados citadas não significa que não possam ter contas no exterior por meio de instituições bancárias diferentes do HSBC.

Não é ilegal um brasileiro abrir e manter uma conta bancária na Suíça ou em qualquer outro país. Mas é necessário declarar à Receita Federal. Os titulares das contas também devem informar ao Banco Central quando o saldo for superior a US$ 100 mil.

Participam da série de reportagens SwissLeaks os jornalistas Bruno Lupion (do UOL) e Chico Otavio, Cristina Tardáguila e Ruben Berta (do jornal “O Globo”).

Políticos do PSDB, PT, PMDB, PDT, PTC e PP ligados a contas do HSBC

Pessoas citadas negam irregularidades ou não comentam

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Com plenário quase vazio, CPI do SwissLeaks-HSBC é instalada no Senado
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Fernando Rodrigues

Randolfe quer dados fiscais dos 129 nomes já divulgados pelo UOL

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Randolfe Rodrigues, Paulo Rocha e Ricardo Ferraço, na CPI do HSBC

Foi instalada oficialmente nesta 3ª feira (24.mar.2015) a Comissão Parlamentar de Inquérito do Senado que vai investigar as 8.667 contas de clientes ligados ao Brasil na agência de “private bank” do HSBC em Genebra, na Suíça.

A chamada CPI do HSBC ou CPI do SwissLeaks-HSBC iniciou seus trabalhos com o plenário da comissão quase vazio. Foram escolhidos por aclamação os senadores Paulo Rocha (PT-PA) para presidente e Randolfe Rodrigues (PSOL-AP) como vice-presidente.

O senador Ricardo Ferraço (PMDB-ES) será o relator da CPI.

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Plenário da CPI do HSBC, quase vazio na sessão de instalação

A escolha dos cargos de presidente, vice, relator se dá de acordo com a proporção das bancadas de cada legenda no Senado. Como PMDB e PT são os maiores partidos, ficam sempre com essas posições. Randolfe Rodrigues, do PSOL, só está ocupando a posição de vice-presidente da CPI porque o PT aceitou ceder a vaga. É que Randolfe foi o idealizador do requerimento que coletou assinaturas para formalizar a investigação.

O alinhamento dos dirigentes da CPI mostra o seguinte:

Paulo Rocha: é fiel ao governo federal e integrante da base de apoio ao Palácio do Planalto.

Randolfe Rodrigues: é de oposição e independente. Tentará forçar as investigações em todos os sentidos, tanto sobre os correntistas do HSBC e como sobre o próprio papel do banco no processo de eventualmente ajudar brasileiros a sonegar impostos ou evadir divisas.

Ricardo Ferraço: é um peemedebista considerado de oposição ao Palácio do Planalto.

A partir de agora, a CPI do HSBC deve fazer um plano de trabalho. Mas Randolfe Rodrigues já fez sugestões de requerimentos. Entre outros, deseja que a Receita Federal informe se os 129 nomes de pessoas ligadas a contas no HSBC na Suíça informaram sobre esses depósitos em suas declarações de Imposto de Renda.

O senador Aloysio Nunes Ferreira (PSDB-SP) sugeriu que as primeiras ações da CPI sejam ouvir as autoridades brasileiras que já cuidam da investigação do caso.

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CPI do SwissLeaks-HSBC terá relator do PMDB anti-Planalto
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Fernando Rodrigues

Presidência da comissão cabe ao PT, mas Randolfe Rodrigues (PSOL) tentará a vaga

Ferraço se notabilizou por ser um dos poucos senadores do PMDB que se posiciona contra o Planalto

O relator da CPI que vai investigar as contas de brasileiros no HSBC de Genebra, na Suíça, deve ser o senador Ricardo Ferraço (PMDB-ES).

Ferraço se notabilizou em tempos recentes por ser um dos poucos senadores do PMDB que se posiciona contra o Palácio do Planalto. Em janeiro, ensaiou ser candidato a presidente da Casa em oposição a Renan Calheiros (PMDB-AL), que acabou sendo reeleito.

A CPI do SwissLeaks-HSBC será instalada nesta 3ª feira (24.mar.2015).

O objetivo da investigação é apurar se os 8.667 clientes brasileiros do HSBC em Genebra, na Suíça, declararam suas contas à Receita Federal e se informaram ao Banco Central sobre os valores depositados no exterior. A CPI também vai averiguar o papel do HSBC na captação dos seus clientes e se houve incentivo a práticas vetadas pela lei brasileira –como sonegação e evasão de divisas.

A escolha do presidente da CPI caberá ao PT –pela regra da proporcionalidade das bancadas no Senado. O favorito para ocupar essa vaga é Paulo Rocha (PT-PA), mas a bancada petista pode, eventualmente, ceder o lugar para Randolfe Rodrigues (PSOL-AP), idealizador do requerimento que criou a CPI.

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A apuração do caso SwissLeaks: relevância jornalística e interesse público
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Fernando Rodrigues

entenda o caso das celebridades

Vários textos aqui já explicaram como é realizada a apuração jornalística do caso SwissLeaks:

Entenda como é a apuração do SwissLeaks e a política editorial sobre o caso

Entenda o caso SwissLeaks-HSBC – perguntas e respostas

Entenda as contas numeradas na Suíça e como o Brasil poderá ter acesso: 12 perguntas (e respostas) sobre o caso

Lei permite recuperar os US$ 7 bi na Suíça, diz ex-secretário da Receita

Por que há tantos brasileiros no SwissLeaks

“Há interesse público na revelação de contas do HSBC da Suíça”, diz diretora-adjunta do ICIJ

Muitos, entretanto, têm perguntado: onde está a relevância jornalística e o interesse público na divulgação de nomes e de detalhes sobre celebridades com contas na Suíça? Está em dois aspectos complementares entre si:

1º) quem é celebridade vive de exposição pública. Precisa aparecer. Muitas vezes (quase sempre) se apresenta como exemplo para a sociedade. Em resumo, a régua que mede o direito à privacidade de uma celebridade é diferente da que mede a de um cidadão comum e anônimo;

e/ou

2º) a maioria das celebridades com contas no HSBC recebe dinheiro via Lei Rouanet ou via outros mecanismos de distribuição de dinheiro público. Quem recebe verbas do governo, pagas com recursos de todos os brasileiros, tem obrigação de ser transparente a respeito de suas finanças.

Para completar: todos, absolutamente todos os citados foram extensivamente procurados para explicar seus casos. Alguns se recusaram a falar ou foram evasivos.

Sugestão de esclarecimento: basta mostrar a linha da declaração de bens no Imposto de Renda indicando que o eventual depósito no exterior foi informado à Receita Federal. #ficaadica

Eis o link permanente da reportagem sobe celebridades: http://uol.com/bpfbly

É legal ter contas na Suíça?
Ter uma conta bancária na Suíça ou em qualquer outro país não é ilegal, desde que seja declarada à Receita Federal. Os titulares também devem informar ao Banco Central quando o saldo for superior a US$ 100 mil.

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