Blog do Fernando Rodrigues

Chalita parado confirma embate PSDB-PT

Fernando Rodrigues

Além da alta de Fernando Haddad (PT), a maior notícia da pesquisa Datafolha divulgada neste domingo (17.jun.2012) é que empacou (e até oscilou negativamente, dentro da margem de erro) a candidatura de Gabriel Chalita (PMDB) a prefeito de São Paulo.

A pesquisa Datafolha na cidade de São Paulo foi realizada nos dias 13 e 14 de junho. José Serra (PSDB) ficou com 30%, mesmo percentual que tinha na primeira semana de março. Aqui, todas as pesquisas disponíveis em disputas municipais pelo país.

O 2º colocado é Celso Russomanno (PRB), que oscilou de 19% em março para 21% agora. Russomano é uma personagem midiática. O seu percentual é em grande parte “recall” de suas participações passadas em eleições e em programas de TV. Em tese, a curva de intenções de voto do candidato do PRB poderá descrever uma descendente a partir de agora –como ocorreu na última eleição na qual ele foi candidato.

Em 2010, Russomano foi candidato a governador. Esteve em parte da campanha na redondeza dos 10% ou até um pouco acima. Na semana da eleição, segundo o Ibope, a taxa havia caído para 5% dos votos válidos. Nas urnas ele teve 5,42%.

Há também outro aspecto a ser considerado: o PRB tem apenas alguns segundos de tempo de rádio e de TV durante o horário eleitoral.Em eleições no Brasil, tempo de propaganda é quase sempre vital. Ou seja, são respeitáveis os 21% de Russomano, mas ele deve enfrentar dificuldades para manter essa taxa quando a campanha começar para valer.

Embolados em terceiro lugar, dentro da margem de erro, estão os seguintes candidatos:

 

Soninha Francine (PPS) – 8% (tinha 7% em março)

Fernando Haddad (PT) – 8% (tinha 3% em março)

Netinho de Paula (PC do B) – 7% (tinha 10% em março)

Gabriel Chalita (PMDB) – 6% (tinha 7% em março)

Paulinho da Força (PDT) – 5% (tinha 8% em março)

 

Que Fernando Haddad subiria nas pesquisas de opinião ninguém duvidava. Ele pertence ao partido hegemônico no plano federal e tem o apoio explícito do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva. É normal portanto que Haddad tenha chegado aos atuais 8%.

Uma surpresa moderada fica por conta de Gabriel Chalita, do PMDB. Ele é filiado ao maior partido brasileiro, aparece bem na TV e teve ampla exposição nas propagandas da sua legenda neste semestre –mais do que Haddad, pois o PT perdeu muitos minutos na Justiça. Não obstante suas aparições, Chalita não saiu do lugar. Oscilou negativamente de 7% para 6%.

O que isso significa? Que possivelmente a campanha paulistana pode mesmo afunilar entre o tucano José Serra e o petista Fernando Haddad. Havia até agora uma dúvida sobre se Chalita poderia crescer e ofuscar Haddad. A pesquisa Datafolha mostra que esse cenário parece ser cada vez mais inviável.

Apoiadores de Soninha Francine (PPS), Netinho de Paula (PC do B) e Paulinho da Força (PDT) poderão indagar: por que está sendo dada como inevitável a polarização PSDB-PT.

É uma boa pergunta. De fato, não está gravado em pedra que só Serra e Haddad têm condições de ir ao segundo turno. Mas o fato é que eles são os candidatos que têm à disposição as maiores estruturas partidárias e o maior tempo no rádio e na TV.

Soninha, Netinho e Paulinho –assim como Chalita– podem surpreender, mas são claramente “zebras” a esta altura da disputa.

No caso de Chalita, a se confirmar a sua desidratação nas próximas pesquisas, será mais uma história de decepção no PMDB ao buscar se renovar. O partido que foi tão importante na reconstrução da democracia está em constante agonia na cidade de São Paulo. Se Chalita fracassar, esse cenário só tende a piorar –e será uma derrota pessoal do vice-presidente da República, Michel Temer, o grande patrocinador do “projeto Chalita”.

Netinho de Paula também é um caso à parte. O candidato do PC do B está sendo pressionado a desistir já para que sua legenda possa apoiar Fernando Haddad no primeiro turno. A pesquisa Datafolha reforça a posição dos integrantes do PC do B que pretendem empurrar Netinho para fora da disputa.

Tudo considerado:

1) José Serra (PSDB) parece ter chegado ao seu limite de pontuação (30%) nesta fase da campanha. Oscilações (positivas ou negativas) mais robustas para ele podem vir com a propaganda no rádio e na TV;

2) Fernando Haddad (PT) cumpre a profecia há muito anunciada de subir nas pesquisas.

3) Gabriel Chalita (PMDB) apareceu muito na TV, mas não saiu do lugar.

4) candidatos de partidos médios e pequenos (Soninha Francine, Netinho de Paula e Paulinho da Força) terão dificuldades daqui para frente para reagir. E Netinho será pressionado a desistir para que o PC do B possa apoiar Haddad.

5) Celso Russomano (PRB) vive do seu recall e tende a desidratar a partir da propaganda eleitoral.

 

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