Lançado “PAC privado” para estimular pequenas empresas
Fernando Rodrigues
Portal estreou em 23.nov.2012 e oferece consultores para ajudar com financiamentos.
Site estimula pequenos e médios empresários a atuarem na internet.
Um conjunto de grandes empresas e associações quer levar adiante uma iniciativa para estimular as pequenas e médias: o PAC-PME (Programa de Aceleração do Crescimento para Pequenas e Médias Empresas). Com o nome inspirado no programa do governo federal, o programa oferece de dicas a consultores para ajudar empresários menores com suas ideias e necessidades –inclusive financiamento.
O PAC da iniciativa privada teve seu portal colocado no ar na última 6ª feira (23.nov.2012). Segundo o material de divulgação, estão à frente do programa o Movimento Brasil Competitivo (MBC), comandado pelo empresário Jorge Gerdau –um dos mais influentes conselheiros econômicos da presidente Dilma– e a BRAiN, associação de gigantes como Anbima, Febraban e Fecomércio. Também aparecem associados ao PAC-PME grandes bancos –como Bradesco, Banco do Brasil, Itaú e Santander– e escritórios de advocacia –como Pinheiro Neto e Marrey Quiroga.
A seção destacada pelos organizadores na divulgação do projeto é a que estimula pequenos e médios a terem “presença digital” –pois esse tipo de comunicação teria uma relação custo benefício adequada às empresas menores.
No menu de dicas sobre internet, o site se propõe a responder perguntas como “por que ter presença digital?” e “como divulgar minha empresa?”, além de argumentar que a web ajuda a “turbinar vendas da empresa e o relacionamento”. Entre as soluções, afirma um texto de apresentação do programa, estão links patrocinados, sites com foco em desempenho e redes sociais.
Outras partes do portal apresentam vídeos e textos que pretendem ajudar a, por exemplo, criar um plano de negócios ou encontrar boas oportunidades. Outra página oferece o trabalho de consultores para tirar dúvidas: “para solicitar ajuda dos consultores do PAC-PME sobre quais as melhores oportunidades de acesso a capital de crescimento no seu caso específico, favor entrar em contato conosco”, e direciona o internauta para um formulário de contato.
Para cadastrados no site fica disponível também a seção que se propõe a colocar empresas com contato com investidores e vice-versa –o Blog fez cadastro informando nome e e-mail, sem pagar nenhuma taxa.
Analogia
A inspiração da iniciativa privada no PAC (Programa de Aceleração do Crescimento) do governo federal tem a ver com a ideia de expectativa de crescimento e também com a atuação conjunta dos setores privado e público. Jorge Gerdau, do Movimento Brasil Competitivo e entusiasta da mescla, preside da Câmara de Políticas de Gestão, Desempenho e Competitividade da Presidência da República, um órgão consultivo do governo.
Além disso, o PAC é uma das maiores apostas do governo de Dilma Rousseff para reativar a economia. Depois de o PIB ter crescido 7,5% em 2010, último ano de Luiz Inácio Lula da Silva no comando do país, houve uma grande retração nas atividades. Em 2011, o PIB cresceu só 2,7%. Neste ano de 2012, a expectativa é que o percentual fique em torno de 1,5%, no máximo.
Criado em 2007, no governo do ex-presidente Luís Inácio Lula da Silva, o PAC inclui obras de infraestrutura e medidas de estímulo ao crédito e à desoneração tributária. Foi uma das principais bandeiras eleitorais em 2010 da então candidata Dilma Rousseff –que chefiou a Casa Civil e coordenou o programa no governo anterior.
O governo afirma que a 1ª fase do PAC (de 2007 a 2011) ajudou a criar 8,2 milhões de empregos e também a elevar o percentual do PIB empregado em investimentos públicos de 1,62% em 2006 para 3,27% em 2010. O último balanço da 2ª e atual fase, divulgado na semana passada (em 19.nov.2012), afirmou que desde o início desta segunda etapa foram investidos R$ 272 bilhões.
O otimismo do governo, no entanto, esbarra no atraso das obras do PAC: de 2010 a 2012, o PAC cumpriu 40% dos gastos programados até 2014 e tem grandes projetos, como refinarias, ferrovias, canais de irrigação e estradas, com mais de dois anos de atraso, registrou reportagem da Folha de S.Paulo publicada em 20.nov.2012. “Caso emblemático das mudanças é o trem-bala. Os balanços do PAC 1 apontavam que a licitação seria concluída em 2010. A concorrência não tem sequer edital -a previsão é que seja publicado no dia 26- e o governo mantém o sinal de adequado na obra”, exemplificou o jornal.