Mesmo com queda, Dilma ainda supera Lula e FHC com folga
Fernando Rodrigues
Quando sai uma pesquisa de opinião sobre a popularidade presidencial é sempre bom analisar os números em relação ao que se passou no Brasil em anos recentes.
No caso da presidente Dilma Rousseff, que enfrentou uma queda de 8 pontos percentuais na sua taxa de “ótimo e bom”, de 65% para 57%, um dos fatos a ser destacado é que ela ainda está bem melhor do que estavam seus dois antecessores imediatos nesta mesma época –com dois anos e meio no primeiro mandato.
Dilma tem hoje, segundo o Datafolha, 57% de “ótimo e bom” como respostas para a avaliação de seu governo. Outros 33% consideram que a petista faz uma administração regular. E 9% acham o dilmismo no Planalto “ruim ou péssimo”.
Luís Inácio Lula da Silva governou ou Brasil de 2003 a 2010. Em junho de 2005 (2 anos e meio do seu primeiro mandato) tinha 22 pontos percentuais a menos de “bom e ótimo” do que Dilma na atualidade.
Fernando Henrique Cardoso governou de 1995 a 2002. Em junho de 1997, marcava 18 pontos a menos de “bom e ótimo” do que Dilma hoje.
Eis os dados, todos coletados da página de pesquisas deste Blog:
Lula com 2 anos e meio (1º mandato): 35% (bom e ótimo) e 45% (regular) e 18% (ruim e péssimo)
FHC com 2 anos e meio (1º mandato): 39% (bom e ótimo) e 42% (regular) e 16% (ruim e péssimo)
Essa superação de Dilma Rousseff sobre Lula e FHC significa que a presidente deve relaxar e achar que está tudo bem? Não. Mas é um indicador que mostra não haver se instalado uma situação caótica para a atual ocupante do Palácio do Planalto.
O que determinará a competitividade eleitoral de Dilma Rousseff em 2014 não é a queda de sua popularidade agora. Mas sim como será a trajetória daqui para a frente.
Como mostra o Datafolha, a deterioração da imagem de Dilma é um reflexo do aumento do pessimismo dos brasileiros com a situação econômica do país. A população está mais preocupada com a inflação e o desemprego.
Para 51% dos entrevistados, a inflação vai subir. Em março, essa taxa era de 45%. Há também pessimismo sobre desemprego, poder de compra do salário, situação econômica do país e do próprio entrevistado.
Se tudo realmente piorar, as coisas ficarão de fato ruins para Dilma. Mas hoje a queda de popularidade de seu governo não tiram da petista a condição de favorita em 2014 na corrida presidencial.
Segundo o Datafolha, no cenário mais provável da disputa, em que teria como adversários a ex-senadora Marina Silva (Rede), o senador Aécio Neves (PSDB) e o governador de Pernambuco, Eduardo Campos (PSB), Dilma teria 51% das intenções de voto.
Os 51% de Dilma representam uma queda de 7 pontos percentuais em relação a março. Mas é um desempenho ainda suficiente para liquidar a eleição já no 1º turno.
Em segundo lugar, com 16% (igual a março) aparece Marina. Aécio, que teve ampla exposição na TV nos dias anteriores da pesquisa, foi o único a crescer em relação a março: tem 14% (antes, tinha 10%).
Eduardo Campos se manteve com 6% das intenções de voto –o que é, em certa medida, notável, pois ele é um político regional e com pouca exposição no Sul e no Sudeste.
A pesquisa foi realizada nos dias 6 e 7 de junho. Foram feitas 3.758 entrevistas. A margem de erro é de 2 pontos percentuais para mais ou para menos. Eis o gráfico evolutivo: