Marina vai tirar R$ 1,3 tri da educação e da saúde sem pré-sal, diz Dilma
Fernando Rodrigues
Propaganda repete discurso do medo usado em filme sobre autonomia do Banco Central
Em mais um comercial de ataque, a campanha de Dilma Rousseff (PT) à reeleição agora faz críticas a respeito de como seria conduzida a exploração do pré-sal num eventual governo que tenha Marina Silva (PSB) como presidente.
A propaganda de Dilma diz que a proposta de Marina para o pré-sal ''significaria que a educação e a saúde poderiam perder 1 trilhão e 300 bilhões de reais''. E que ''milhões de empregos estariam ameaçados em todo o país''.
O filme de 30 segundos repete a fórmula simples de outro já veiculado no início desta semana a respeito da autonomia do Banco Central.
Na propaganda desta quinta-feira (11.set.2014), o marqueteiro João Santana também começa com uma mesa rodeada por homens em um ambiente empresarial, aparentemente discutindo negócios. O locutor fala que Marina Silva, se eleita, ''vai reduzir a prioridade do pré-sal''.
Na cena seguinte, um mulher está com várias crianças estudando em torno de uma mesa. Quando o locutor fala que sem os recursos do pré-sal haverá menos dinheiro para educação, gradualmente vão desaparecendo os conteúdos dos livros. Uma criança se ''surpreende” com as páginas que ficaram em branco.
Ao final, os empresários parecem felizes com o desfecho da história. A mulher e as crianças ficam com aparência de desolação e não há mais mais nada à mesa.
Esse comercial sobre o pré-sal e o que tratava de Banco Central fazem parte de uma série de propagandas de 30 segundos que visam a desconstruir a imagem de Marina Silva. A mensagem da campanha de Dilma pretende difundir a ideia de que as propostas de Marina Silva serão ruins para o Brasil. Outros filmes serão veiculados nos próximos dias e semanas.
O objetivo é fazer com que Dilma termine o 1º turno à frente de Marina, mas também que a petista possa entrar no 2º turno com alguma vantagem sobre a pessebista —hoje, a situação é de empate técnico entre ambas no Datafolha.
A estratégia de usar propagandas para tentar desconstruir adversários não é nova nas disputas políticas no Brasil e em outros países. Às vezes, tem resultado. Em maio deste ano, um comercial com o discurso do medo ajudou Dilma a se manter acima de 30% das intenções de voto.
A seguir, a íntegra do roteiro do comercial:
[cenário: homens discutem em torno de uma mesa, evocando um ambiente empresarial]
Locutor: ''Marina tem dito que, se eleita, vai reduzir a prioridade do pré-sal. Parece algo distante da vida da gente, né? Parece, mas não é…''
[música incidental de tom grave, quase fúnebre]
[corte para uma cena de crianças estudando em torno de uma mesa]
Locutor: ''…Isso significaria que a educação e a saúde poderiam perder 1 trilhão e 300 bilhões de reais. E que milhões de empregos estariam ameaçados em todo o país…''
[corte para os empresários apertando as mãos e comemorando]
Locutor: ''…Ou seja, os brasileiros perderiam uma oportunidade única de desenvolvimento…''
[neste momento, as páginas do livro usado por uma criança ficam em branco]
Locutor: ''…É isso que você quer para o futuro do Brasil?''
[câmera volta para as crianças, agora sem mais nenhum livro à mesa]