Dilma ou Aécio, ganhe quem for, terá vitória inédita
Fernando Rodrigues
Se reeleita, presidente dará ao PT o período mais longo de poder democrático a um partido
Tucano, se vitorioso, será o primeiro a derrotar um presidente que tentava a reeleição no cargo
O cenário de disputa apertada entre Dilma Rousseff (PT) e Aécio Neves (PSDB), segundo pesquisas do Datafolha e do Ibope, indica que o segundo turno presidencial deste domingo (26.out.2014) está indefinido.
O leve favoritismo de Dilma não é suficiente para cravar um resultado. Isso significa que tanto a petista como o tucano estão prestes a conquistar –ou não– um fato inédito.
A vitória de Dilma Rousseff dará ao PT o poder central até 2018. Ou seja, a legenda ficará governando o Brasil por 16 anos consecutivos (começou em 2003, com Luiz Inácio Lula da Silva). Nunca um único partido ou grupo político na vida democrática brasileira ficou tanto tempo no comando.
A própria Dilma também aumentará o número de anos que uma mulher ficará no Palácio do Planalto. Ela foi a primeira a ser eleita, em 2010. Se vencer agora, poderá ficar 8 anos na Presidência, o que aumentará o ineditismo de sua conquista.
Já Aécio Neves, em caso de vitória, ficará conhecido com “o tucano que venceu o PT”. Vários candidatos a presidente pelo PSDB tentaram. Eram todos paulistas: José Serra (2002 e 2010) e Geraldo Alckmin (2006).
Se vencer, o mineiro Aécio Neves terá apresentado um desempenho superior ao dos colegas paulistas. Mas com um paradoxo, pois o PSDB continua soberano na política paulista, enquanto o candidato de Aécio ao governo de Minas Gerais (Pimenta da Veiga) perdeu a disputa para governador justamente para um adversário petista (Fernando Pimentel).
Aos 54 anos, Aécio também será, em caso de vitória, o primeiro presidente brasileiro cuja carreira política foi construída sobretudo num momento pós-ditadura militar. Representará uma troca geracional na política brasileira como nunca se viu em muitas décadas.
E haverá o recorde maior, em 1º de janeiro de 2015, quando tomará posse o presidente eleito pelo voto direto na 7ª eleição consecutiva. Esse fato nunca ocorreu antes no Brasil, como mostrado nesta coluna na Folha no início deste ano.