Apoio formal a Dilma cresce no Congresso em 2013, mas infidelidade é alta
Fernando Rodrigues
Número de deputados oficialmente pró-Dilma aumentou 14%
Na prática, PMDB e PSB reduziram alinhamento ao governo
O número de congressistas que oficialmente apoia o governo federal cresceu durante o 3º ano de mandato da presidente Dilma Rousseff, mas diminuiu o alinhamento às orientações do Planalto. As mudanças mais significativas se deram Câmara. No Senado, houve certa estabilidade.
Segundo a Liderança do governo na Câmara, 14 partidos estão hoje na base dilmista, somando 360 deputados. Dessas legendas, 8 comandam ministérios (PT, PMDB, PP, PC do B, PRB, PDT, PR, PSD). Em 3.abr.2012, 317 deputados de 10 partidos apoiavam o governo. O número formal de deputados pró-Dilma cresceu de 317 para 360. Esses 43 nomes extras representam um aumento de quase 14%.
O PR responde pela maior parte dessa mudança na Câmara. Com 33 deputados, o partido se realinhou a Dilma após a nomeação de Cesar Borges para o ministério dos Transportes, em abril de 2012.
No Senado, o número de apoiadores do governo ficou praticamente inalterado desde o início da era dilmista. Em fevereiro de 2011, 62 senadores estavam da base da presidente. Hoje, são 63. A oposição mingou de 18 senadores para 16 no período. Compare a evolução na tabela abaixo.
O apoio registrado em planilhas oficiais não se materializou em votações mais fáceis. Oito das 14 legendas da base do governo foram menos fiéis em 2013 do que no ano anterior. A dificuldade para aprovar a MP dos Portos e o impasse sobre o Marco Civil da Internet atestam esse panorama.
Os partidos que mais modificaram seu comportamento neste ano foram PMDB e PSB. As legendas, que eram a 4ª e a 5ª mais fiéis ao governo em 2012, respectivamente, estão hoje empatadas em 9º lugar. O Blog estimou a fidelidade dos partidos às orientações do governo a partir de dados oficiais da Câmara.
No PMDB, quem encarna o desafio a Dilma é o líder Eduardo Cunha (RJ), mentor de rebeliões na base em 2013. Cunha aproveita fragilidades do governo para medir forças e arrancar concessões. Sensível às demandas de deputados do baixo clero, reelegeu-se na última 4ª feira (4.dez.2013) líder do partido para 2014. O PMDB reduziu sua taxa de governismo de 85% em 2012 para 74% neste ano.
Entre os socialistas, a decisão do governador de Pernambuco Eduardo Campos de se lançar à Presidência da República é o pano de fundo do afastamento do PSB do governo. A legenda entregou seus cargos da administração federal e Campos vem fazendo críticas abertas ao Planalto. Formalmente, seus deputados continuam na base, mas a taxa de governismo caiu de 88% para 74% em 1 ano.
Fidelidade
Fiéis mesmo ao governo, apenas o próprio PT da presidente Dilma e o PC do B –ambos votaram com o Planalto em mais de 90% das situações em 2013.
Os outros 12 partidos da base estão na faixa de 70% a 89%, que poderia ser chamada de “governista titubeante”. O PMN e o PSD são “ambíguos”, com taxa de 50% a 69%.
Abaixo disso, a oposição, que vota com o governo em menos de 50% dos casos.
Compare esses dados na tabela abaixo, ao longo dos 3 anos do mandato de Dilma.
A instabilidade da base já havia sido reconhecida pelo próprio líder governista na Câmara. Em junho, Chinaglia colocou o PMDB fora do núcleo duro de apoio ao governo: a legenda “ajuda” e “atrapalha às vezes”, disse, sem fazer nenhum reparo ao comportamento dos deputados do PSB. Na suas contas, o governo tinha à época apenas 150 deputados fiéis. Assista ao vídeo da entrevista abaixo.