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Arquivo : desoneração em folha

Fim da desoneração da folha de salários fica só para 2016
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Fernando Rodrigues

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Joaquim Levy com Renan Calheiros, numa das muitas reuniões sobre o ajuste fiscal

Governo perde, pelo menos, R$ 5 bilhões neste ano

Ajuste fiscal de Joaquim Levy está comprometido

Planalto pressionou pela votação e sairá derrotado

O Senado aplicará uma grande derrota ao Palácio do Planalto nesta semana. Será também um revés para o plano de ajuste fiscal defendido pela equipe econômica comandada pelo ministro Joaquim Levy.

Os senadores vão adiar para agosto, na melhor das hipóteses, a votação do projeto de lei que pretendia eliminar a desoneração nas folhas de salários de empresas de 56 setores da economia.

Esse atraso deve provocar uma reação em cadeia. Haverá alterações no texto. Uma nova votação na Câmara será necessária. Ao final, é preciso cumprir o prazo de 90 dias para a regra entrar em vigor.

Na prática, a nova lei sobre folha de pagamentos das empresas só deve entrar em vigor em 2016. Esse é o objetivo de senadores e de empresários: estender ao máximo esse debate para tentar não criar mais um ruído econômico agora –que poderia resultar num aumento do desemprego. O Congresso não quer ficar com a conta dessa maldade.

O problema é que o prejuízo para o governo será de R$ 5 bilhões a menos de arrecadação neste ano de 2015. A perda compromete ainda mais o ajuste fiscal pretendido pelo ministro da Fazenda, Joaquim Levy.

HISTÓRICO
Esse benefício havia sido adotado a partir 2011. Empresas passaram a recolher menos encargos sobre o número de trabalhadores. A medida estimulou, em parte, a manutenção do emprego no país –mas produziu um rombo nas contas públicas. Em 2014, o prejuízo para os cofres do governo foi de R$ 21,5 bilhões, segundo dados da Receita Federal.

A ideia do governo no início deste ano foi eliminar grande parte dessa benemerência fiscal, aumentando o percentual de contribuição à Previdência Social. A proposta inicial da equipe econômica era para que as empresas que recolhem 1% aos cofres do INSS sobre a receita bruta passassem a pagar 2,5%. As que pagam 2% de alíquota iriam a 4,5%.

Se tudo desse certo, o governo federal arrecadaria estimados R$ 5 bilhões a mais em 2015, considerando-se que entraria em vigor por volta desta época do ano. O cálculo era da equipe do ministro da Fazenda, Joaquim Levy, quando a medida foi anunciada em fevereiro de 2015.

Com o adiamento da votação, os R$ 5 bilhões se evaporaram do esforço de ajuste fiscal do governo.

De fevereiro para cá, a presidente Dilma Rousseff sofreu desventuras em série a respeito desse projeto.

Primeiro, a medida provisória que introduzia as mudanças foi rejeitada em 3 de março pelo presidente do Senado (e do Congresso), Renan Calheiros (PMDB-AL).

O governo então se apressou para reapresentar a proposta por meio de projeto de lei. Ocorre que o texto ficou na Câmara dos Deputados por vários meses (de março a junho). Quando aprovado, a proposta saiu desidratada.

Pelos cálculos da equipe econômica e da Câmara, o projeto votado pelos deputados produzirá uma arrecadação extra anual de R$ 10 bilhões a partir de 2016. O governo no início esperava uma renda extra anual de R$ 12,8 bilhões.

PLANALTO FRACASSA NO SENADO
Na semana passada, o Planalto fez uma ampla movimentação para conquistar o apoio de empresários e do Senado, onde o texto agora está tramitando no momento. Tudo fracassou.

Estava prevista para hoje (13.jul.2015) uma caravana de empresários a Brasília, representando todos os 56 setores atingidos. Seria proposta uma alteração no texto aprovado pela Câmara, que privilegiou só alguns setores. Pela nova ideia, haveria um aumento linear da carga tributária para todos.

O ganho de aproximadamente R$ 10 bilhões, tal como havia saído da Câmara, seria mantido para o governo. Mas a regra seria um pouco mais racional, sem que alguns setores saíssem mais privilegiados do que os demais.

Técnicos da Receita Federal trabalharam com senadores e empresários para fazer os cálculos na semana passada. Hoje ou amanhã seria anunciado um acordo. O vice-presidente da República, Michel Temer, planejava um coquetel para celebrar, recebendo empresários e senadores.

Mas na hora de fechar a proposta, líderes do Senado acharam que não haveria consenso no plenário. Dessa forma, o projeto ficou para ser votado em agosto, na melhor das hipóteses.

É que a partir de 18 de julho o Congresso entra em recesso de duas semanas. Durante esse tempo, não são contados prazos regimentais.

O projeto que trata do fim das desonerações em folha de salários foi enviado ao Congresso em regime de urgência. Isso significa que passaria a trancar a pauta do Senado 45 após o início de sua tramitação. Como no recesso de julho o prazo no conta, a data limite para votação vai cair apenas no final de agosto.

Na prática, a tendência dos senadores é votar esse projeto só em setembro.

Como haverá modificações, a Câmara teria de apreciar o texto novamente. Em teoria, se tudo der certo para o governo, no final de setembro a proposta viraria lei após a sanção presidencial. Ocorre que esse tipo de aumento de tributação obedece à regra da “noventena”: só passa a valer 90 dias após a publicação no “Diário Oficial”.

Tudo considerado, a lei pretendida por Joaquim Levy e pela presidente Dilma Rousseff poderá ser implantada, na prática, apenas a partir de 2016. E os R$ 5 bilhões de arrecadação neste ano de 2015 deixam de entrar nos cofres do governo.

O cálculo para a administração dilmista é desalentador. Todos os projetos relacionados ao ajuste fiscal foram desidratados pelo Congresso. Mas acabaram sendo votados.

No caso da redução da desoneração das folhas de salários, a situação é pior. O texto não anda. Vai demorar quase um ano para virar lei.

O resultado é que o governo contabilizará uma perda de, pelo menos, R$ 5 bilhões neste ano.

Num momento em que Joaquim Levy busca reconquistar a credibilidade para as contas públicas, essa notícia sobre o projeto de redução na desoneração das folhas de salários é um duro golpe nas pretensões do Planalto e da equipe econômica.

LEVY NO SENADO
Quando percebeu que estava perdida a batalha neste ano de 2015 para aprovar a lei que retirava a desoneração sobre a folha de salários das empresas, Joaquim Levy iniciou conversas com senadores. Já sabendo que tudo ficaria apenas para 2016, estimulou senadores a tentar melhorar o texto que saiu da Câmara. A Fazenda prefere que seja uma regra mais linear e racional, sem parecer que algum setor foi mais privilegiado do que outro.

O líder do governo no Senado, Delcídio Amaral (PT-MS), foi um dos que discutiu essa possibilidade com Joaquim Levy. O problema é que o governo não tem músculos políticos para, neste momento, falar em elevação de impostos dentro do Congresso. Por causa do ambiente deteriorado, a proposta vai ser cozinhada lentamente até agosto ou setembro.

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Poder e Política na semana – 15 a 21.jun.2015
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Fernando Rodrigues

Eis aqui um resumo sobre o que você precisa saber sobre a semana que começa.

Dilma Rousseff sanciona ou veta 3 medidas provisórias sobre o ajuste fiscal, inclusive uma que muda o cálculo de aposentadorias.

Na 4ª feira, plenário da Câmara deve votar o projeto de lei que reduz a desoneração em folha de pagamentos.

O Tribunal de Contas da União vota na 4ª feira relatório sobre as contas do governo federal de 2014. Há risco de rejeição.

Luiz Fachin toma posse como ministro do Supremo Tribunal Federal na 3ª feira.

AVISO AOS LEITORES: o drive político da semana completo, com atualizações diárias, está disponível para assinantes. Se desejar assinar e receber a versão completa, escreva para frpolitica@gmail.com.

 

2ª feira (15.jun.2015)
Dilma e a política – presidente Dilma Rousseff comanda reunião de articulação política. Às 9h, no Palácio do Planalto.

Extradição de Pizzolato – Conselho do Estado italiano analisa recurso de Henrique Pizzolato, ex-diretor de marketing do Banco do Brasil condenado no mensalão, contra sua extradição.

 

3ª feira (16.jun.2015)
Dilma e o ajuste fiscal último dia do prazo para que a presidente Dilma Rousseff sancione ou vete pontos da MP 665/2014, que endurece as regras de concessão do seguro-desemprego, abono salarial e seguro-defeso.

Fachin no STF – Luiz Edson Fachin toma posse como ministro do Supremo Tribunal Federal. Às 16h, no STF, com transmissão ao vivo.

Luiz Fachin toma posse nesta 3ª feira no Supremo

 

4ª feira (17.jun.2015)
Dilma e o ajuste fiscal – prazo final para que Dilma sancione ou vete pontos da MP 664/2014, que altera as regras de concessão de auxílio-doença e a pensão por morte. O Congresso também inseriu no texto a flexibilização do fator.

Desoneração da folha – plenário da Câmara dos Deputados deve votar o Projeto de Lei 863/2015, de autoria do Palácio do Planalto, que reduz a desoneração em folha de pagamentos. O texto é um dos pilares do ajuste fiscal.

TCU e as pedaladas Tribunal de Contas da União vota relatório sobre as contas do governo federal de 2014.

Homenagem a Marco Aurélio – STF realiza exposição e lançamento de livro-homenagem ao ministro Marco Aurélio Mello. Às 18h, na Corte.

 

5ª feira (18.jun.2015)
CPI do Carf – comissão ouve o conselheiro Paulo Roberto Cortez, seu sócio Nelson Mallman e o advogado Leonardo Siade Manzann.

Proteção de dados – senador Aloysio Nunes Ferreira (PSDB-SP) participa de seminário sobre marco normativo de proteção de dados pessoais. No IDP, em Brasília.

 

6ª feira (19.jun.2015)
Dilma na Bahiapresidente deve ir a Camaçari (BA) inaugurar complexo de produção de acrílicos da Basf.

Dilma e o ajuste fiscal – prazo final para que a presidente Dilma Rousseff sancione ou vete pontos da MP 668, que eleva as alíquotas do PIS e da Cofins na importação.

Temer em SP – Michel Temer participa de reunião-almoço no Instituto dos Advogados de São Paulo sobre “A reforma política possível”. Às 12h15, em SP.

Inflação – IBGE divulga o Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo 15.

Emprego – IBGE divulga resultado da Pesquisa Industrial Mensal: Emprego e Salário, referente a abril.

 

Sábado (20.jun.2015)
França e SwissLeaks
– prazo final para que o banco HSBC deposite caução de € 1 bilhão (R$ 3,4 bilhões) à Justiça francesa, que será utilizado em caso de multa. As autoridades da França acusam o banco de falhar na vigilância contra evasão fiscal na sua filial suíça. Os nomes dos correntistas franceses vieram à tona no “SwissLeaks”.

 

Domingo (21.jun.2015)
Marina no Paraná – ex-senadora Marina Silva apresenta palestras no Spa Lapinha, no Paraná, sobre ideais de sustentabilidade em diferentes períodos históricos.

Brasil X Venezuela – seleção brasileira de futebol enfrenta a Venezuela em jogo pela Copa América. No Estádio Santiago (Monumental), no Chile. Às 18h30.

 

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Levy concordou em manter desoneração para alguns setores, diz líder do PMDB
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Fernando Rodrigues

Proposta eleva a alíquota em toda a economia, mas em percentual menor para setores selecionados

Ed Ferreira/Folhapress - 19.mai.2015

Leonardo Picciani e Joaquim Levy durante reunião da bancada do PMDB

O líder do PMDB na Câmara, deputado Leonardo Picciani (RJ), afirmou nesta 4ª feira (10.jun.2015) que o ministro Joaquim Levy (Fazenda) concordou em manter o benefício da desoneração em folha para alguns setores da economia.

Segundo o peemedebista, o governo aceitou que setores selecionados –comunicação social, tecnologia da informação, transportes e cesta básica– sofram um impacto menor do que os demais. “A dúvida agora é qual será a alíquota”, disse.

A proposta inicial do Planalto era aplicar um aumento linear do percentual de recolhimento sobre o faturamento bruto: de 1% para 2,5% na indústria e de 2% para 4,5% no comércio e serviços. Já Picciani queria manter as atuais alíquotas para os setores que, segundo ele, fazem uso intensivo de mão de obra e têm grande impacto na inflação.

No seu relatório, o peemedebista pretende indicar o aumento da alíquota em toda a economia. E o governo, diz ele, concordou em aplicar uma alta menor a esses setores. Faltaria definir os percentuais.

A votação do projeto de lei 863/15, de autoria do Palácio do Planalto, estava prevista para esta 4ª feira, mas foi adiada para a 4ª feira da próxima semana (17.jun.2015). A chance de o tema ir a votação nesta 5ª feira é “zero”, diz Picciani.

A proposta do peemedebista não é considerada ideal pelo Ministério da Fazenda. Desde que assumiu a pasta, Levy tem se empenhado em combater assimetrias na concessão de benefícios econômicos.

O Blog solicitou uma posição do Ministério da Fazenda sobre a declaração de Picciani, mas não obteve resposta até a publicação deste texto.

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PMDB desidrata lei da desoneração e mantém benefício em alguns setores
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Fernando Rodrigues

Medida é um dos pilares do ajuste fiscal pretendido pelo Planalto

Transporte urbano, alimentos, tecnologia e call centers devem ser poupados

Leonardo Picciani, relator do texto, propõe excluir setores sensíveis da alta

Texto deve se votado no plenário da Câmara nesta quarta-feira

Picciani sugere ao governo buscar dinheiro taxando mais o lucro de bancos

O deputado Leonardo Picciani (RJ), líder do PMDB na Câmara, pretende manter a desoneração na folha de pagamento para setores da economia de uso intensivo de mão-de-obra e com grande impacto na inflação. Seriam beneficiadas empresas de transporte urbano, produtores de alimentos da cesta básica, serviços de tecnologia de informação e call centers, entre outros.

Picciani é relator do projeto de lei 863/15, de autoria do Palácio do Planalto, que reduz a desoneração em folha e integra um dos pilares do ajuste fiscal. O texto deve ser votado no plenário da Câmara nesta quarta-feira (20.mai.2015)

A proposta original do governo eleva o percentual de recolhimento sobre o faturamento bruto de 1% para 2,5% na indústria e de 2% para 4,5% no comércio e serviços. Nesses termos, a mudança significaria aumento de arrecadação de R$ 5,3 bilhões neste ano e R$ 12,8 bilhões a partir de 2016.

O valor exato do impacto da proposta de Picciani ainda está sendo apurado pelo governo. A lista completa dos setores que manteriam a desoneração nos atuais percentuais, sem prazo para acabar, deve ser divulgada pelo peemedebista na quarta-feira.

A desoneração em folha de pagamentos foi implementada em 2012, no primeiro mandato da presidente Dilma Rousseff, para estimular a economia. O ministro da Fazenda, Joaquim Levy, considera a medida grosseira e ineficiente.

O relatório do pemedebista, se aprovado, beneficiará empresários de alguns setores e deixará outros com o pires na mão.

 

NEGOCIAÇÃO
A decisão de Picciani já embute uma negociação prévia com o Palácio do Planalto. O líder peemedebistas, braço direito do presidente da Câmara, Eduardo Cunha (PMDB-RJ), queria que o aumento da mordida no faturamento bruto das empresas fosse escalonado em diversas parcelas, para diluir o impacto da alta.

O governo foi contra –Levy insistiu que as novas alíquotas entrassem em vigor ainda neste ano, para ajudar a cumprir a meta de superávit fiscal.

Na tarde desta terça-feira (19.mai.2015), Picciani foi chamado para uma reunião na Vice-Presidência da República, ocupada por Michel Temer, que comanda a articulação política do Planalto. Após a conversa, saiu com o texto que livra alguns setores da alta na desoneração.

Se o projeto for aprovado dessa forma, o governo terá 2 alternativas para compensar a perda: aumentar o corte no Orçamento (estimado entre R$ 70 bilhões e R$ 80 bilhões) ou os impostos em outras áreas.

Picciani tem uma sugestão ao Planalto. Para ele, chegou a hora de o governo incluir os lucros do sistema financeiro no ajuste fiscal. “Todo mundo já deu sua parte, os trabalhadores, o setor industrial. Faltam os bancos”, diz.

(Bruno Lupion)

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