Blog do Fernando Rodrigues

Arquivo : Dilma Rousseff

Aécio perdeu por ter sido derrotado em Minas Gerais, seu próprio Estado
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Fernando Rodrigues

Tucano é o candidato do PSDB mais bem votado num 2º turno

Dilma venceu, mas é a petista reconduzida com menor taxa de apoio

Dilma Rousseff (PT) foi reeleita presidente da República com 54,3 milhões dos votos. Aécio Neves (PSDB) teve 50,9 milhões de votos. A diferença entre ambos foi de 3,4 milhões de votos.

Dois fatos a serem registrados: 1) apesar da derrota, o tucano é o candidato do PSDB mais bem votado numa disputa de 2º turno; 2) a petista venceu, mas está sendo reconduzida com menor taxa de apoio desde 2002, quando se estabeleceu a polarização PT-PSDB no plano nacional (com a realização de segundo turno).

Eis os dados (clique na imagem para ampliar):

SegundoTurno-2002-2014

Sobre Aécio Neves, vale registrar que se ele tivesse conseguido fazer cumprir a profecia propagada no começo da disputa a respeito de Minas Gerais, o resultado teria sido diferente.

Em Minas Gerais, seu Estado natal, Aécio perdeu para Dilma (52,4% a 47,6%). A diferença entre ambos foi de 550 mil votos. Seriam insuficientes para o tucano ter invertido o resultado.

Só que no começo da atual corrida presidencial, o que todos ouvíamos dos tucanos era que o candidato Aécio Neves iria destroçar qualquer adversário em solo mineiro. Sua vitória seria com 70% ou mais dos votos válidos. Até na última sexta-feira (24.out.2014), a cúpula tucana vendia nos bastidores a ideia de que teria ocorrido uma grande virada pró-PSDB em Minas Gerais. Os tais “trackings” (pesquisas diárias e secretas das campanhas) apontariam nessa direção. Estava tudo errado.

Se essas previsões tucanas tivessem se confirmado, a história teria também sido outra –até porque o total de votos válidos em Minas foi de quase 11,5 milhões; uma vitória acachapante entre os mineiros teria dado a Aécio o Palácio do Planalto.

Só que Aécio tomou todas as decisões políticas erradas em seu próprio quintal. Negligenciou o processo de escolha do candidato a governador de Minas Gerais. Escolheu um político que há muito estava afastado do Estado, Pimenta da Veiga. O PSDB mineiro fez uma campanha com uma cara de passado –isso em pleno século 21. Acabou perdendo o Palácio da Liberdade para o PT, que elegeu Fernando Pimentel, amigo pessoal de Dilma.

No segundo turno, o tucano teria de ter se concentrado muito em seu Estado para reverter o cenário. Mas de novo só acordou para o problema depois que as propagandas petistas já o trucidavam na TV, martelando o slogan “quem conhece Aécio não vota em Aécio”, tendo como pano de fundo a gestão tucana em Minas Gerais.

O desempenho de Aécio em Minas Gerais, é bem verdade, foi bem melhor do que o de outros tucanos nos segundos turnos de 2002, 2006 e 2010. Mas essa informação serve para duas especulações. Primeiro, que em disputas anteriores o próprio Aécio poderia ter ajudado mais seus companheiros em seu Estado natal. Segundo, que o eleitor mineiro realmente desenvolveu um pendor maior por presidentes do PT do que do PSDB desde 2002.

Eis as votações dos segundos turnos em Minas Gerais, desde 2002 (clique na imagem para ampliar):

SegundoTurno-MG-2002-2014

É claro que outras explicações vão surgir para a vitória de Dilma e para a derrota de Aécio. Mas todas as teorias terão de incluir necessariamente a derrota tucana em Minas Gerais.

 

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Dilma consegue no TSE direito de resposta à “Veja”
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Fernando Rodrigues

Campanha foi abalada pelo texto da revista sobre envolvimento da petista na corrupção da Petrobras

Dilma Rousseff conseguiu na Justiça o direito de responder à revista “Veja”, que neste fim de semana publicou uma reportagem na qual afirma que a presidente e seu antecessor, Luiz Inácio Lula da Silva, ambos do PT, souberam das operações ilegais na Petrobras.

O PT ficou abalado com a reportagem de “Veja”. Há dúvidas agora no comando da campanha de Dilma a respeito da chance de sucesso na disputa do segundo turno neste domingo (26.out,2014).

A busca do direito de resposta na Justiça foi uma tentativa de minimizar o impacto da acusação. Houve uma certa comemoração entre os petistas pelo fato de a decisão do Tribunal Superior Eleitoral, por meio do ministro Admar Gonzaga, ter sido proferida no final do dia. O PT ficou então com a expectativa de que o fato seja noticiado pelos telejornais que mencionarem o episódio na noite deste sábado (25.out.2014).

Eis a íntegra da decisão do TSE e o texto que o Tribunal determinou que seja publicado no site da revista “Veja”:

Forte nesses argumentos, CONCEDO a liminar para a veiculação do direito de resposta requestado e, assim, determinar à Editora Abril S.A. que insira, de imediato, independentemente de eventual recurso, no sítio eletrônico da Revista Veja na internet (www.veja.com.br), no mesmo lugar e tamanho em que exibida a capa do periódico, bem como com a utilização de caracteres que permitam a ocupação de todo o espaço indicado.

Com relação à resposta pretendida pelos Representantes, entendo que os textos apresentados não se ajustam ao exercício desse direito, porquanto impregnados de expressões impertinentes, e que assim merecem decotes para não render ensejo a novo pedido de direito de resposta.

Isso posto, determino a veiculação do seguinte texto:

DIREITO DE RESPOSTA

Veja veicula a resposta conferida à Dilma Rousseff, para o fim de serem reparadas as informações publicadas na edição nº 2397 – ano 47 – nº 44 – de 29 de outubro de 2014.

A democracia brasileira assiste, mais uma vez, a setores que, às vésperas da manifestação da vontade soberana das urnas, tentam influenciar o processo eleitoral por meio de denúncias vazias, que não encontram qualquer respaldo na realidade, em desfavor do PT e de sua candidata.

A Coligação “Com a Força do Povo” vem a público condenar essa atitude e reiterar que o texto repete o método adotado no primeiro turno, igualmente condenado pelos sete ministros do Tribunal Superior Eleitoral (TSE), por terem sido apresentadas acusações sem provas.

A publicação faz referência a um suposto depoimento de Alberto Youssef, no âmbito de um processo de delação premiada ainda em negociação, para tentar implicar a Presidenta Dilma Rousseff e o ex-Presidente Luiz Inácio Lula da Silva em ilicitudes. Ocorre que o próprio advogado do investigado, Antônio Figueiredo Basto, rechaça a veracidade desse relato, uma vez que todos os depoimentos prestados por Yousseff foram acompanhados por Basto e/ou por sua equipe, que jamais presenciaram conversas com esse teor.

A Editora deverá ainda juntar aos autos comprovação do cumprimento desta decisão, na forma prevista no art. 58, § 3º, alínea e, da Lei nº 9.504/97.

Notifique-se a Representada para que se defenda, no prazo improrrogável de 24 (vinte e quatro) horas, nos precisos termos do art. 58, § 2º, da Lei nº 9.504/97 e do art. 8º, caput, parte final, da Res.-TSE nº 23.398/2013.

P.R.I.

Brasília – DF, em 25 de outubro de 2014.

Ministro Admar Gonzaga
Relator

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Dilma ou Aécio, ganhe quem for, terá vitória inédita
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Fernando Rodrigues

Se reeleita, presidente dará ao PT o período mais longo de poder democrático a um partido

Tucano, se vitorioso, será o primeiro a derrotar um presidente que tentava a reeleição no cargo

O cenário de disputa apertada entre Dilma Rousseff (PT) e Aécio Neves (PSDB), segundo pesquisas do Datafolha e do Ibope, indica que o segundo turno presidencial deste domingo (26.out.2014) está indefinido.

O leve favoritismo de Dilma não é suficiente para cravar um resultado. Isso significa que tanto a petista como o tucano estão prestes a conquistar –ou não– um fato inédito.

A vitória de Dilma Rousseff dará ao PT o poder central até 2018. Ou seja, a legenda ficará governando o Brasil por 16 anos consecutivos (começou em 2003, com Luiz Inácio Lula da Silva). Nunca um único partido ou grupo político na vida democrática brasileira ficou tanto tempo no comando.

A própria Dilma também aumentará o número de anos que uma mulher ficará no Palácio do Planalto. Ela foi a primeira a ser eleita, em 2010. Se vencer agora, poderá ficar 8 anos na Presidência, o que aumentará o ineditismo de sua conquista.

Já Aécio Neves, em caso de vitória, ficará conhecido com “o tucano que venceu o PT”. Vários candidatos a presidente pelo PSDB tentaram. Eram todos paulistas: José Serra (2002 e 2010) e Geraldo Alckmin (2006).

Se vencer, o mineiro Aécio Neves terá apresentado um desempenho superior ao dos colegas paulistas. Mas com um paradoxo, pois o PSDB continua soberano na política paulista, enquanto o candidato de Aécio ao governo de Minas Gerais (Pimenta da Veiga) perdeu a disputa para governador justamente para um adversário petista (Fernando Pimentel).

Aos 54 anos, Aécio também será, em caso de vitória, o primeiro presidente brasileiro cuja carreira política foi construída sobretudo num momento pós-ditadura militar. Representará uma troca geracional na política brasileira como nunca se viu em muitas décadas.

E haverá o recorde maior, em 1º de janeiro de 2015, quando tomará posse o presidente eleito pelo voto direto na 7ª eleição consecutiva. Esse fato nunca ocorreu antes no Brasil, como mostrado nesta coluna na Folha no início deste ano.

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Aécio e Dilma correm para conquistar parte dos 10% de “não-voto”
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Fernando Rodrigues

Candidatos tentam pescar apoios no grupo dos que não escolheram ainda em quem votar

Teorias sobre comportamento desse grupo do eleitorado não decifram o que pode acontecer no domingo

Os 10% de votos em branco, nulo ou indecisos na disputa para presidente que o Datafolha aferiu nesta 5ª feira (23.out.2014) se tornaram alvo das campanhas de Dilma Rousseff (PT) e Aécio Neves (PSDB) nesses últimos dias de campanha.

Com 6 pontos percentuais de diferença entre ambos, um naco desses indecisos ou o convencimento dos que pretendem anular ou votar em branco teria, em tese, potencial para assegurar a vitória de Dilma ou dar oxigênio para um “sprint” de Aécio.

Nesse cenário, prosperam teorias comparativas com outras eleições presidenciais sobre como se comporta no segundo turno o eleitorado que votou em branco, nulo ou se absteve no primeiro.

É temerário apostar em qualquer uma das teorias disponíveis. Por diversos motivos.

O primeiro refere-se ao tamanho da amostra, ainda muito modesta na jovem democracia brasileira. Esta é somente a quinta eleição presidencial pós-redemocratização com segundo turno.

Em segundo lugar, há eleições de natureza diversa nessa amostra, como a de 1989. Naquele ano, os brasileiros foram às urnas apenas para escolher seu presidente (foi uma “eleição solteira”) e o país estava em comoção pelo fim do regime militar.

A adoção da urna eletrônica, que alcançou todos os municípios somente a partir do ano de 2000, também mudou a relação do eleitor com o voto em branco e nulo. Antes, quem queria votar nulo fazia um rabisco qualquer, escrevia um palavrão ou o nome de um candidato fictício. Hoje, o voto nulo é um mistério para a maioria dos eleitores. O Tribunal Superior Eleitoral não ensina como o eleitor deve proceder se quiser votar nulo (digitando “99”, por exemplo, o número de um candidato que não existe).

Há quem defenda a tese de que a maioria dos votos nulos é resultado de erro de uma parcela do eleitorado que não soube teclar corretamente na urna eletrônica. Pouquíssimos seriam os eleitores que entram na cabine de votação decididos a votar nulo e que sabem como proceder nesse caso.

Feita essas ressalvas, há algumas conclusões que ajudam a revelar a dinâmica do chamado “não-voto” (a soma da abstenção e dos votos brancos e nulos) entre os dois turnos.

Em geral, a abstenção no segundo turno costuma ser maior que no primeiro. Isso ocorre desde 1989 no Brasil. Um dos motivos seria o menor número de políticos incentivando (ou até conduzindo) o eleitor a votar.

No primeiro turno, candidatos a deputado estadual ou federal exercem um incentivo direto para o eleitor comparecer à urna. No segundo, essa influência desaparece.

Outra dinâmica verificada é que os votos em branco e nulo para presidente costumam cair entre o primeiro e o segundo turno. Dois motivos explicariam o fenômeno: 1) o eleitor indeciso tem mais tempo para formar opinião sobre os candidatos e; 2) é menor a chance de o eleitor errar na hora de digitar os números na urna –pois há menos candidatos a escolher.

No primeiro turno, com 5 cargos em disputa, há eleitores que podem se confundir, errar ou desistir até chegar ao número presidente, o último voto a ser digitado na urna. No segundo turno, há apenas 1 ou 2 números a serem memorizados.

Em 2010, a queda numérica dos votos em branco e nulo não foi suficiente para compensar o aumento da abstenção. Naquele ano, o “não-voto” (soma de brancos, nulos e abstenções) cresceu 1,6 ponto percentual entre o primeiro e o segundo turnos.

Abaixo, a tabela com as taxas de abstenção e de votos em branco e nulo desde 1989. (clique na imagem para ampliar).

naovotov2

Quando se observa de maneira mais detalhada o que se passa com a abstenção entre o primeiro e segundo turnos, nota-se que esse grupo de eleitores cresce mais nas unidades da Federação nas quais a disputa pelo governo foi decidida já no primeiro turno. A razão para esse fenômeno ocorrer é simples: menos candidatos, menor o interesse em votar.

Isso ocorreu nas eleições de 2010, mas com pouca magnitude. As 18 unidades da Federação que não tiveram segundo turno para governador registraram, em média, aumento de 4,3 pontos percentuais na taxa de abstenção. Nas 9 unidades da Federação onde houve segundo turno da disputa estadual, a abstenção cresceu 3,9 pontos percentuais. Diferença de 0,4 ponto percentual.

No Estado de São Paulo, com eleição estadual definida no primeiro turno, o feriado do dia do servidor público, comemorado na 3ª feira (28.out.2014), foi adiado para 6ª feira (31.out.2014). Isso ajuda a evitar que os servidores emendem a data com o fim de semana de eleição –e aproveitem o feriado para viajar e deixem de votar. Mas beneficiará diretamente Aécio Neves (PSDB), que vence Dilma Rousseff (PT) no Estado? Difícil afirmar.

Bahia, Rio Grande do Sul, Paraná e Pernambuco também adiaram o feriado para 6ª feira. Os dois primeiros são governados por petistas e os dois últimos, por aliados de Aécio.

Nestas eleições há uma particularidade sobre os votos brancos e nulos que deve ser levada em conta, apontada pelo jornal “O Globo” nesta 5ª feira (23.out.2014).

Comparados os primeiros turnos de 2010 e 2014, houve uma migração geográfica desses votos, do Nordeste para regiões metropolitanas do Sudeste, onde eclodiram os principais protesto de junho de 2013.

Por fim, as taxas de abstenção não revelam necessariamente, de maneira exata, o número exato de pessoas não estão indo votar. Alguns eleitores cadastrados simplesmente não aparecem porque já morreram, mas o cartório não informou o óbito à Justiça Eleitoral. Outros se mudaram e não transferiram o título.

Essa imprecisão poderia ser mitigada pelo recadastramento constante dos eleitores, operação custosa e de logística complexa.

O Distrito Federal é um exemplo de como as taxas de abstenção podem cair após a atualização do cadastro. A capital federal fez neste ano o recadastramento de todos os seus eleitores, para incluí-los no sistema biométrico. A abstenção caiu de 15,4% no primeiro turno de 2010 para 11,7% no primeiro turno deste ano de 2014.

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Aécio precisa de “bala de prata” para inverter tendência das pesquisas
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Fernando Rodrigues

Neste momento, Dilma tornou-se a favorita para ficar mais 4 anos no Planalto

Escrever sobre o desfecho desta eleição presidencial foi temerário desde o início. Já houve quase de tudo e muitas reviravoltas. Por essa razão é necessário analisar com cautela as pesquisas sobre intenção de voto presidencial divulgadas por Datafolha e Ibope nesta quinta-feira (23.out.2014).

Feita a ressalva inicial, cabe então uma afirmação mais peremptória: só um fato de proporções inauditas, uma “bala de prata”, para reverter o quadro até domingo. Neste momento, Dilma Rousseff (PT) tornou-se a favorita para vencer a disputa e ficar mais 4 anos no Palácio do Planalto.

A petista tem 53% dos votos válidos no Datafolha, contra 47% de Aécio Neves (PSDB). No Ibope, os percentuais são 54% a 46%, respectivamente.

O tucano adotou o discurso clássico nessas horas, duvidando da exatidão das pesquisas. É sempre uma opção. Mais do que isso, uma estratégia necessária para que a tropa de militantes não desanime na última hora, o que seria fatal para Aécio.

O fato é que nem o analista mais crítico das pesquisas negará que o Datafolha mostrou claramente na última semana de campanha antes do 1º turno a virada que estava em curso, com Aécio passando Marina Silva (PSB). Aliás, no final, essas ondas de virada apenas se intensificam –e dificilmente refluem.

É isso o que deve ser observado: a tendência apontada pelos levantamentos de intenção de voto.

Tanto Datafolha como Ibope indicam que a tendência é clara: Dilma está alta; Aécio, em baixa.

Só uma bomba, uma “bala de prata”, como dizem os marqueteiros, para tirar a tendência dos eleitores do prumo. As duas campanhas vão usar todos os recursos disponíveis. Há o debate na TV Globo na noite de sexta-feira (24.out.2014). No 1º turno, esse encontro global teve impacto positivo para Aécio Neves –mas naquela época ele já estava em alta, não em queda.

Vale registrar também que as reviravoltas anteriores ocorreram ao longo de duas ou três semanas. Só que a eleição é domingo. O tempo é curtíssimo para difundir uma nova ideia, esperar que os eleitores processem o fato e mudem de opinião.

Em suma, impossível é claro que não é. Mas parece ter ficado muito difícil a vitória de Aécio e do PSDB no domingo. As urnas darão a resposta no domingo (26.out.2014), às 20h, quando saem os primeiros relatórios da votação.

A seguir, os gráficos divulgados, pela ordem, por Datafolha e Ibope sobre as suas pesquisas mais recentes:

Datafolha-23out2014

Ibope-23out2014

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Institutos Datafolha e Ibope divulgam mais 2 pesquisas cada um nesta semana
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Fernando Rodrigues

Datafolha mostrará também intenção de votos para presidente nos principais Estados

Datafolha-Ibope-logos

Os institutos de pesquisa Datafolha e Ibope divulgam mais duas pesquisas de intenção de voto presidencial cada um até sábado.

Hoje (23.out.2014), Datafolha e Ibope finalizam as suas penúltimas pesquisas. O Ibope deve divulgar os seus dados às 18h. No caso do Datafolha, o instituto ainda não informou o horário exato da publicação.

A novidade na pesquisa Datafolha é que o campo será ampliado para que o número maior de entrevistados permita uma leitura detalhada da intenção de voto para presidente em alguns Estados com mais eleitores, como São Paulo, Minas Gerais e Rio de Janeiro.

A partir do Datafolha desta quinta-feira (23.out.2014) será possível saber, por exemplo, se Aécio Neves (PSDB) conseguiu (ou não) reverter sua situação de desvantagem para Dilma Rousseff (PT) em Minas Gerais. O tucano perdeu para a petista em seu Estado natal no 1º turno.

As últimas pesquisas do Datafolha e do Ibope serão divulgadas no sábado (25.out.2014), véspera do 2º turno. Desta vez, o Datafolha vai concentrar mais entrevistas no próprio sábado –para tentar minimizar eventuais distorções. No 1º turno (5.out.2014), o instituto havia realizado a maioria das entrevistas na sexta-feira e só uma parte menor no sábado –isso pode ter impedido o levantamento de captar algumas mudanças da véspera da disputa.

A expectativa é que Datafolha e Ibope divulguem as suas pesquisas no final da tarde de sábado.

Por enquanto, como mostra o post abaixo, Dilma e Aécio estão empatados tecnicamente –e ambos têm um desempenho inédito nesta fase da campanha: o tucano é o candidato mais bem colocado de seu partido à véspera do 2º turno; a petista é a pior candidata da legenda desde 2002.

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Dilma e Aécio têm hoje percentuais iguais aos de Collor e Lula em 1989
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Fernando Rodrigues

Resultados no Datafolha a uma semana do 2º turno são idênticos nas disputas de 2014 e de 1989

Diferenças se dão nas regiões do país, pois agora o PT mudou seus redutos para regiões menos ricas

O Brasil pós-redemocratização conclui no domingo (26.out.2014) sua sétima eleição presidencial. Será a quinta disputada até o 2º turno.

A comparação dos percentuais de intenção de voto a uma semana do 2º turno indica que a eleição deste ano de 2014 tem uma grande coincidência –numérica, pelo menos– com a de 1989.

Em 1989, na primeira disputa presidencial direta no Brasil pós-ditadura militar (1964-1985), Fernando Collor (então candidato pelo PRN e hoje senador pelo PTB de Alagoas) registrava 52% de intenções de votos válidos em pesquisa Datafolha realizada a uma semana da disputa. Seu adversário, Luiz Inácio Lula da Silva (PT), pontuava 48%.

Essa pesquisa de 1989 foi realizada pelo Datafolha em 8 de dezembro daquele ano, a 9 dias do segundo turno. É que naquela época as disputas eram em datas diferentes das atuais.

Essas taxas de intenção de voto de 1989 são exatamente as mesmas que têm hoje Dilma Rousseff (PT) e Aécio Neves (PSDB): 52% X 48% dos votos válidos, de acordo com o Datafolha de 2ª feira (20.out.2014).

Em 1989, ao longo da última semana do segundo turno, Collor cresceu um pouco e venceu com 53,03% dos votos válidos. Lula marcou 46,97% no dia da eleição e perdeu. O país, como se dizia à época, estava rachado ao meio. Como parece ser o cenário de hoje.

REGIÕES
As coincidências entre 1989 e 2014 terminam quando são analisadas as diferentes regiões do país.

Em 1989, a uma semana do pleito, Lula vencia Collor no Sudeste por 54% a 46% das intenções de votos válidos e perdia no Nordeste, de 45% a 55%. Hoje a situação é inversa para a petista Dilma Rousseff. Ela ganha de Aécio Neves (PSDB) no Nordeste de 70% a 30% e perde no Sudeste, de 44% a 56%.

Naquela época, parte da elite intelectual carioca e paulistana apoiava o candidato petista. Era “cool” votar no PT quando a legenda exalava um tom novidadeiro e parecia imune a desvios éticos ou corrupção. Por outro lado, o voto do Nordeste era mais ligado aos antigos coronéis locais, todos ligados à candidatura de Collor.

Agora, 25 anos depois, o PT passa calor para conseguir votos da população urbana do Sudeste, insatisfeita com a sequência de escândalos de desvios de verba e a péssima qualidade dos serviços públicos. A imagem do petismo de hoje guarda poucas semelhanças com a de 1989.

Já no Nordeste, beneficiado por políticas sociais bem-sucedidas do governo petista (o Bolsa Família, por exemplo), o voto em Dilma significa a continuidade de um projeto que reduziu a miséria extrema.

CURIOSIDADES
A disputa de 2º turno de 2014 é a primeira em que o candidato a presidente pelo PT, a uma semana do pleito, perde para seu adversário no Sudeste. Lula nesta época estava à frente de Collor, em 1989, de José Serra (PSDB), em 2002, e de Geraldo Alckmin (PSDB), em 2006. A própria Dilma também vencia Serra em 2010. Os dados estão na tabela a seguir (clique na imagem para ampliar):

2014-repete-1989-vale-este

Em 1994 e 1998, Lula nem chegou a ir ao 2º turno. Fernando Henrique Cardoso (PSDB) saiu-se vitorioso em turno único.

O Sul é a região do país onde o PT historicamente vai pior. Lula, a uma semana da eleição, vencia ali apenas em 2002. Nas outras oportunidades em que houve 2º turno, o candidato do PT cativava nesta época a minoria dos moradores de Rio Grande do Sul, Santa Catarina e Paraná.

Nota-se também que o PT mantém desde 2002 a mesma média de intenção de votos no Nordeste. Em 2002 e 2010, o percentual a esta altura da disputa era o mesmo do aferido pela última pesquisa Datafolha: 70% para o candidato petista e 30% para o nome tucano.

Não é possível comparar o atual desempenho eleitoral de Dilma Rousseff e de Aécio Neves nas regiões Centro-Oeste e Norte, pois até 2010 o Datafolha contabilizava os votos dessas 2 regiões em um mesmo lote.

CORREÇÃO: a tabela inserida no post foi corrigida às 14h30 de 21.out.2014. O partido de Fernando Collor era o PRN (e não o PRTB como estava inicialmente anotado no quadro). No texto, o PRN já estava mencionado como o partido de Collor em 1989.

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Facebook será o grande campo de batalha virtual entre Dilma e Aécio
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Fernando Rodrigues

Faltam poucos dias para o Brasil definir quem será seu presidente nos próximos 4 anos. No mundo das redes sociais na internet, o grande campo de batalha será, de longe, o Facebook. O “Fêice”, como se diz no Brasil.

A rede social criada por Mark Zuckerberg tem 96 milhões de usuários no Brasil. Desses, 47% estão concentrados em São Paulo, Minas Gerais e Rio de Janeiro. É nesse bioma cibernético do “Fêice” que as campanhas de Dilma Rousseff (PT) e de Aécio Neves (PSDB) terão conquistar apoios –ou disseminar ataques, o que é mais provável pela natureza da internet.

Para Manoel Fernandes, sócio e diretor executivo da consultoria Bites, “o Facebook vai concentrar os principais debates da semana, desmentidos e boatos”.

Aécio está na liderança no Facebook. Na segunda-feira (20.out.2014), o tucano atingiu 3.025.000 fãs (crescimento de 18% em uma semana). Já Dilma reúne 1.693.606 fã, uma variação de 15% na semana.

O Twitter, rede social preferida de jornalistas, é muito menor do que o Facebook. O Twitter tem estimados 22 milhões de usuários no Brasil. Dilma cresceu 7,7% na semana no microblog e foi para 2,9 milhões de seguidores. Aécio variou 21% e chegou a 185.418 seguidores.

Manoel Fernandes acha que, “diante dessas circunstâncias, é natural que Aécio concentre esforços no Facebook. O Twitter para Dilma será muito importante no debate da TV Globo em função da característica de essa rede social se transformar em uma ‘segunda tela’ para muitos telespectadores”.

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Vantagem numérica no Datafolha, mesmo mínima, incendiará militância petista
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Fernando Rodrigues

Pesquisa mostra Dilma com 52% e Aécio com 48%

Está em jogo qual campanha negativa será mais eficaz

Petista tenta agora usar crise hídrica de SP contra tucano

Datafolha-20out2014

O cruzamento das curvas e a inversão de posições entre Dilma Rousseff (PT) e Aécio Neves (PSDB) na pesquisa Datafolha desta segunda-feira (20.out.2014) deve incendiar a militância petista nesta reta final de campanha.

Segundo o Datafolha, numa pesquisa com 4.389 eleitores e realizada integralmente nesta segunda-feira, Dilma aparece com 52% dos votos válidos contra 48% de Aécio. Nas duas pesquisas anteriores, o tucano liderava numericamente com 51% contra 49% da petista.

É evidente que do ponto de vista estatístico nada mudou. Ambos, Dilma e Aécio, continuam empatados no limite da margem de erro –que é de 2 pontos percentuais, para mais ou para menos.

Mas nessas horas, numa eleição que será aparentemente decidida “nos detalhes”, como dizem os técnicos de futebol, o aspecto psicológico vale muito. O PT é tido como o partido com a militância mais aguerrida em retas finais de campanha. Os pontinhos a mais que Dilma recebeu hoje no Datafolha serão vitais para motivar os ativistas pró-PT.

É claro que do ponto de vista estritamente objetivo é necessário olhar com cautela esses percentuais do Datafolha. Sobretudo numa campanha com tantas reviravoltas como esta de 2014. Nada impede que ocorram mais inversões de posição até o dia da eleição, domingo, 26.out.2014.

O certo ainda é apenas registrar que o desfecho da corrida presidencial continua indefinido.

Feitas as ressalvas, é preciso também mencionar dois fatos a serem considerados.

Primeiro, a eficácia da campanha negativa de parte a parte.

Aécio falou basicamente em corrupção, Petrobras e incompetência gerencial da atual administração federal. A não ser um brasileiro que tenha chegado agora de Marte, todos já conheciam as histórias de corrupção envolvendo o PT e a Petrobras.

Já Dilma introduziu de maneira viral para o grande público casos considerados novos para parte do eleitorado. Por exemplo o episódio em que Aécio foi barrado por uma blitz, no Rio, e se recusou a fazer o teste do bafômetro –além de estar dirigindo sem carteira de motorista. A petista também enfatizou ao máximo a imagem de elitista do PSDB/Aécio, que não se preocupa com os mais pobres.

Quem foi mais eficaz na campanha negativa? Aécio ou Dilma?

O outro aspecto a ser mencionado a respeito dos últimos dias é o destaque dado à crise hídrica de São Paulo. As emissoras de TV que durante o primeiro turno tratavam com cuidado o assunto (temendo serem partidárias, pois ainda havia uma disputa pelo governo paulista), agora rasgaram a fantasia.

Nesta segunda-feira, 20.out.2014, o “Jornal Nacional” da TV Globo fez longa reportagem sobre a falta de água entre os paulistas. Ontem, 19.out.2014, o programa “Fantástico” também martelou sobre o tema. E todas as outras TVs estão indo na mesma linha.

Para complicar, o Brasil e o Estado de São Paulo enfrentaram um calor incomum nos últimos dias. A vida de milhões de paulistas se degradou. E todos estão se vendo agora –diferentemente do que ocorria no primeiro turno– nos telejornais noturnos.

Dilma Rousseff e sua equipe de marketing estão tentando surfar nessa onda desde domingo, quando o programa da petista falou em tom grave para se solidarizar com os paulistas que sofrem uma situação “muito triste e preocupante”.

De maneira esperta, Dilma não cita o governador paulista Geraldo Alckmin (PSDB), que foi reeleito no primeiro turno. A petista só fala no “modelo de gestão tucana” que o “adversário [Aécio] defende e representa”.

Dilma sabe que é quase impossível ganhar em São Paulo. Mas sabe também que pode obter alguns pontos extras ali para não perder feio, como o Brasil foi derrotado para a Alemanha na Copa do Mundo de Futebol. De quebra, a petista sabe que todos os eleitores, de norte a sul, estão assistindo às reportagens da TV Globo e de outras emissoras sobre a falta de água em São Paulo. Vai tentar se aproveitar disso.

Vai dar certo? As próximas pesquisas, e, mais importante, as urnas dirão.

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Debate foi ameno, mas nos comerciais e na web as pancadas continuam
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Fernando Rodrigues

Os casos derrogatórios já foram para a TV nos encontros anteriores

Agora, filmes na TV e acusações na internet farão o resto do serviço

Miguel Schincariol/AFP - 19.out.2014

O 3º debate presidencial entre Aécio Neves (PSDB) e Dilma Rousseff (PT) no segundo turno da corrida presidencial de 2014 foi, de fato, mais ameno. Os dois evitaram se atacar no plano pessoal no encontro promovido pela TV Record na noite de domingo (19.out.2014).

Mas ninguém deve se enganar a respeito desse tom mostrado no debate. Os dois candidatos simplesmente concluíram (com a ajuda de pesquisas qualitativas somadas à análise de seus marqueteiros) que o estrago necessário já estava feito. Agora, os ataques serão “terceirizados”. Comerciais na TV e no rádio e acusações na internet farão o resto do serviço.

Quem lê este post deve saber: tem sido massificante o bombardeio de mensagens vitriólicas nas redes sociais. E na TV, quem assiste aos intervalos comerciais certamente já viu um comercial do PSDB ou do PT fazendo ataque aos adversários.

Tanto Aécio como Dilma seguiram o básico do marketing: massificaram certas acusações pessoais em um uma rede nacional de TV (no SBT). Nesse debate  (16.out.2014), Aécio chamou Dilma de leviana, mentirosa, incompetente e levantou o caso do irmão da presidente que teria sido funcionário fantasma na Prefeitura de Belo Horizonte, sob controle do PT.

No mesmo encontro do SBT, Dilma conseguiu introduzir ao grande público um episódio de 2011, quando Aécio foi barrado em uma blitz, no Rio, e se recusou a fazer o teste do bafômetro –além de estar com a carteira de motorista vencida. A petista também falou recorrentemente sobre o tucano empregar parentes na máquina pública e sobre o caso do aeroporto construído no interior de Minas Gerais, numa propriedade que havia sido da família de Aécio.

O estrago que Aécio e Dilma poderiam ter produzido um contra o outro já está feito. Agora, os comerciais na TV e no rádio farão o restante do serviço, bem como os e-mails e posts virais na internet –e nos aplicativos de comunicação direta, como o WhatsApp (que está completamente fora do controle da Justiça Eleitoral).

É claro que o TSE pode sempre retirar um comercial do ar e punir o candidato que fizer os ataques –vários filmes já foram proibidos. Mas essa é uma ação inútil da Justiça Eleitoral, pois uma vez transmitida a propaganda, o estrago está feito e é irreparável.

Nas redes sociais o ambiente fica incontrolável. Alguém poderá dizer: mas a internet ainda tem impacto limitado no Brasil. Mais ou menos. O ano de 2014 ficará marcado por um fato relevante no mundo digital brasileiro: cerca de metade da população do país já conta com acesso à internet, segundo dados do Índice de Desenvolvimento Humano (IDH) de 2013, divulgado em 24.jul.2014.

Em sociedades desenvolvidas, esse é o “turning point” para a real influência da rede em assuntos gerais da sociedade. Nos Estados Unidos, metade da população passou a ter acesso à internet há cerca de 15 anos. Quando isso aconteceu por lá, a rede decolou e passou a ser relevante na política e na reformatação dos meios de comunicação. No Brasil, isso está acontecendo agora.

Em suma, ninguém se engane. O debate da TV Record teve um tom mais ameno apenas porque já não era mais necessário que naquele evento Aécio e Dilma partissem para o ataque frontal. A estratégia deletéria de ambos já estava aplicada e sendo usada em outras plataformas.

E para concluir, uma pergunta: é ruim a campanha negativa? Depende. É claro que mentiras devem ser repudiadas. Mas nada há de errado quando um candidato apontar o que considera de negativo no outro (seja do ponto de vista da capacidade de administração ou sobre aspectos pessoais que tenham interesse público). Até porque, o eleitor deve conhecer quem vai merecer seu voto.

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