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Arquivo : HSBC

Profissionais do mundo do direito negam irregularidades ou não comentam
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Fernando Rodrigues

Todos os nomes vinculados a contas no HSBC na Suíça foram procurados

Jayme Queiroz Lopes Filho, desembargador da 36ª Câmara de Direito Privado do Tribunal de Justiça do Estado de São Paulo (TJ-SP), enviou por e-mail a seguinte frase ao UOL: “Desconheço por completo a existência das contas referidas em sua mensagem”.

Paulo Eduardo Razuk, desembargador da 1ª Câmara de Direito Privado do TJ-SP, foi contatado na 6ª feira (27.mar.2015) por meio da assessoria do Tribunal, mas não respondeu até a publicação deste texto.

Ney de Mello Almada, advogado e desembargador aposentado do TJ-SP negou, por telefone, que tenha ou teve conta no HSBC na Suíça. “Deve haver algum engano. Não tenho ideia do que seja isso”, disse. Ele confirmou a data de nascimento e o endereço residencial que constam nas fichas em seu nome do HSBC da Suíça.

Carlos Antonio da Silva Navega, ex-procurador-geral de Justiça do Estado do Rio de Janeiro de 1987 a 1991, negou que teve ou que tenha contas no HSBC da Suíça. Ele enviou a seguinte nota à reportagem: “Jamais abri ou mantive, isoladamente ou em conjunto com qualquer pessoa, conta corrente no HSBC na Suíça. Os bens de minha propriedade no exterior, assim como a conta corrente que possuo em outro país, estão devidamente inscritos e informados em minha declaração anual de Imposto de Renda, assim como comunicados anualmente ao Banco Central do Brasil, na forma da lei. Ressalto que tais informações são, do mesmo modo, comunicadas anualmente à Corregedoria do Ministério Público do Estado do Rio de Janeiro”.

Marta Maria de Brito Alves Freire, defensora pública-geral de Pernambuco de 2010 a 2014, afirmou ao UOL por telefone desconhecer qualquer depósito vinculado a seu nome no HSBC da Suíça.

Em nota enviada por e-mail, Marta disse que “encontra-se rigorosamente em dia com todas as suas obrigações fiscais” e que ficou “surpresa e indignada” com a aparição de seu nome na listagem do HSBC. Ela afirmou que “adotará as providências cabíveis com o intuito de elucidar definitivamente os reais motivos pelos quais o seu nome está sendo trazido ao caso”.

Marta é casada em comunhão de bens com Marcos Freire Filho desde 1972, relacionado à mesma conta. Ele confirmou a data de nascimento e o endereço residencial que constam nas fichas em seu nome do HSBC da Suíça, mas disse que nunca teve ou tem conta no HSBC da Suíça. Informado sobre o saldo que havia em 2006 e 2007 em seu nome, na agência de Genebra do banco (US$ 1,01 milhão), disse ter ficado surpreso. “É um saldo que jamais eu tive. Minha conta (no exterior) é modesta, normalmente declarada”, afirmou.

Ele disse ter contas fora do Brasil, no Citibank dos Estados Unidos, e que “toda a movimentação financeira correspondente a estas contas foi e é por ele oficialmente declarada à Receita Federal e ao Banco Central do Brasil.

Kevin Altit, advogado do escritório Mattos Filho, no Rio, falou com o UOL por telefone. Ele afirmou que manteve conta fora no Brasil em uma única oportunidade, quando era estudante na Califórnia (EUA), no início da década de 90, para custeio de suas despesas. “Jamais tive conta no HSBC na Suíça”, disse. Informado que a conta também estava relacionada a outros membros de sua família, Altit disse desconhecer se seu pai, já morto, manteve dinheiro no exterior. “Posso responder por mim, eu não tenho 1 centavo do meu dinheiro fora do país”. Ele também reafirmou, por e-mail, que todo o seu patrimônio é declarado à Receita Federal.

Paul Altit, irmão de Kevin e presidente da Odebrecht Realizações Imobiliárias, contatado por meio da assessoria de imprensa da empresa, enviou a seguinte nota ao UOL: “Paul Altit nega a existência de conta no exterior”. Ele não fez comentários sobre a offshore Nimford Financial Assets Ltd ou sobre a vinculação do nome de sua mulher, Heloisa Vilain Altit, à mesma conta.

José Roberto Opice, sócio do Machado, Meyer, Sendacz e Opice Advogados, afirmou em nota enviada ao UOL que “jamais teve conta na Suíça”. Ele diz que o titular da conta no HSBC era seu pai, Roberto Opice, morto em 2013.

Valter Uzzo, advogado em São Paulo, disse que os valores em sua conta no HSBC “foram recebidos há mais de 20 anos, à guisa de honorários advocatícios, em razão de assistência jurídica, em rescisão de contrato de dois altos executivos de empresa multinacional, que, embora prestassem serviços no Brasil, mantinham contratos de trabalho aqui e no exterior. O recebimento foi em dólares, e foram observados todo os trâmites legais”. Indagado se teria comprovantes de que a conta foi declarada à Receita Federal e ao Banco Central, Uzzo respondeu que o fato ocorreu “há mais de 20 anos” e não mantinha mais os registros. A conta vinculada ao seu nome continuava ativa em 2006 e 2007, segundo os dados do HSBC.

O advogado Pedro Helfenstein Prado Filho, ex-sócio do escritório Machado, Meyer, Sendacz e Opice, confirmou ter conta no HSBC da Suíça e disse que ela é declarada anualmente à Receita Federal e ao Banco Central. Ele optou por não enviar à reportagem comprovantes das declarações, mesmo com o compromisso que os documentos não seriam reproduzidos nesta reportagem. “Não gostaria de mostrar a minha declaração. Se um dia o Fisco bater aqui, tenho todos os documentos”, disse. Prado Filho manifestou preocupação com a segurança de sua família e disse que sua conduta está dentro da lei e de “todas as regras morais”.

Sua mulher, Cláudia Farkouh Prado, advogada do escritório norte-americano Baker & McKenzie, ex-sócia do Trench, Rossi e Watanabe, afirmou à reportagem que Pedro falaria por ela.

Moshe Sendacz, sócio do escritório Machado, Meyer, Sendacz e Opice, afirmou, por meio da assessoria de imprensa da banca, que “todos os seus bens são declarados”.

O advogado Arnaldo Malheiros Filho disse, por e-mail, que nunca teve conta no HSBC da Suíça. “Mesmo que tivesse, jamais comentaria produto de furto”, acrescentou. Ele não comentou a vinculação do nome do seu pai, o também advogado Arnaldo Malheiros, à mesma conta.

Raul de Paula Leite Filho afirmou que a conta no HSBC da Suíça estava relacionada aos nomes dos seus pais, foi devidamente declarada à Receita Federal e ao Banco Central e já estava encerrada. Indagado se enviaria os comprovantes, não respondeu.

O escritório Levy e Salomão, de Jorge Eduardo Prada Levy, Eduardo Salomão Neto e Bolívar Barbosa Moura Rocha, confirmou, por meio de sua assessoria de imprensa, que a conta existiu e era “legalizada”. O UOL perguntou se o escritório poderia enviar os comprovantes da declaração à Receita e ao Banco Central, mas não houve resposta.

Calixto Salomão Filho, ex-sócio do Levy e Salomão e professor da Faculdade de Direito da USP, disse em e-mail que não integra a banca de advogados “há mais de dez anos” e que informações sobre o período seriam prestadas pela assessoria de imprensa da empresa.

Otávio Uchôa da Veiga Filho, sócio do escritório Mattos Filho, afirmou que a conta 1759 MK no HSBC da Suíça, ao qual seu nome aparece vinculado, pertencia a Marina Hungria Kieffer, sua sogra, morta em 2009.

Gilberto Fraga e Roberto Bekierman, sócios do escritório Fraga, Bekierman & Cristiano, no Rio, enviaram respostas idênticas ao UOL: “As contas que tenho e tive sempre foram declaradas às autoridades competentes”. A reportagem perguntou se eles poderiam enviar os comprovantes de declaração, mas não houve resposta até a publicação deste texto.

Waldir Troncoso Peres morreu em 2009. Seu filho, Moacir Andrade Peres, desembargador do TJ-SP, disse ao UOL que nunca teve conhecimento de contas na Suíça em nome de seu pai e destacou que ele “sempre se comportou ao longo da vida com absoluta correção”. E prosseguiu: “Jamais tive acesso a declarações de Imposto de Renda dele, motivo pelo qual nada posso esclarecer. Se vivo fosse, certamente meu pai daria as explicações cabíveis”, afirmou.

O advogado Sérgio Mazzillo disse que as informações sobre contas vinculadas ao seu nome no HSBC da Suíça eram “incorretas e inverídicas”. Ele afirmou possuir conta na Suíça, em outro banco, mas não quis revelar qual, devidamente declarada à Receita Federal e ao Banco Central.

Ele enviou ao UOL cópias de trechos de declarações à Receita e ao Banco Central nos quais informa possuir ativos em moeda estrangeira na Suíça. O nome do banco e os valores correspondentes estavam apagados.

Mazzillo também fez críticas a Hervé Falciani, o ex-funcionário do HSBC que extraiu as informações da agência em Genebra. “Isso é produto de roubo. Ele é um ladrão. Você não pode usar provas de um ladrão”, disse.

O UOL usa dados que foram repassados por Hervé Falciani diretamente ao governo da França, que por sua vez considerou os dados íntegros para investigar possíveis casos de sonegação fiscal e de evasão de divisas. As informações do HSBC de Genebra foram obtidas pelo jornal francês “Le Monde”, que compartilhou o acervo com o ICIJ (Consórcio Internacional de Jornalistas Investigativos), uma ONG nos EUA que coordena a investigação da série SwissLeaks.

O advogado José Maurício Machado confirmou possuir conta no HSBC da Suíça em seu nome, devidamente declarada à Receita Federal e ao Banco Central. Ele enviou cópias das declarações ao UOL. Os documentos comprovam que sua participação na offshore Lafton Business Inc. e os ativos no exterior foram devidamente declarados à Receita e ao Banco Central.

Participam da apuração da série de reportagens SwissLeaks os jornalistas Fernando Rodrigues e Bruno Lupion (do UOL) e Chico Otavio, Cristina Tardáguila e Ruben Berta (do jornal “O Globo”).

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Entenda o critério de apuração sobre os operadores do direito no SwissLeaks
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Fernando Rodrigues

O UOL, por meio deste Blog e em parceria com o jornal “O Globo”, faz a apuração da série SwissLeaks seguindo um critério que considera dois conceitos interligados: a relevância jornalística e o interesse público.

A agência de “private bank” do HSBC em Genebra, na Suíça, tem 8.667 clientes relacionados ao Brasil. No início da investigação, procurou-se descobrir quantos desses 8.667 clientes declararam suas contas à Receita Federal do Brasil. Seria de interesse público divulgar todos os nomes de quem não estivesse em dia com o Fisco.

Essa apuração resultou infrutífera. Depois de cerca de 5 meses, o governo federal brasileiro não demonstrou interesse em fazer uma checagem dessa natureza.

Como é impossível saber quem declarou ou não à Receita Federal ter contas na Suíça, o caminho da reportagem passou a ser identificar os clientes que devem –dentro do critério da relevância jornalística e do interesse público– ser questionados publicamente quando há suspeita da existência de uma conta bancária numerada na Suíça.

Não é crime ter conta no exterior. Mas uma conta numerada na Suíça, muitas vezes conectada a empresas sediadas em paraísos fiscais do Caribe, é um indício de que pode estar ocorrendo sonegação fiscal ou evasão de divisas.

As pessoas que devem ser questionadas são as que desempenham uma função de relevo na sociedade –e estão expostas a um escrutínio maior do público. Encaixam-se nessa categoria, entre outras, as celebridades (que vivem de sua exposição pública e muitas vezes recebem subsídio estatal), as empresas de mídia jornalística e os jornalistas (pois uma de suas funções é justamente a de apontar o que está certo ou errado no cotidiano do país), empresários que fazem doações para campanhas políticas, funcionários públicos e políticos em geral. E há os casos ainda mais explícitos: empreiteiros citados em grandes escândalos, doleiros e bicheiros e traficantes.

 

JUÍZES E ADVOGADOS
Mas e no caso de operadores do direito? Onde está a relevância jornalística e o interesse público?

Para magistrados, a explicação é a mais simples. São servidores do Estado. Têm o dever de prestar contas sobre seus atos. Juízes aposentados também se encaixam nessa categoria, bem como defensores públicos, procuradores de Justiça e outros operadores do direito.

No caso dos advogados, trata-se da categoria profissional do setor privado mais citada na Constituição –23 vezes, de maneira direta ou indireta. O artigo 133 da Carta estabelece garantias especiais para os advogados: “O advogado é indispensável à administração da Justiça, sendo inviolável por seus atos e manifestações no exercício da profissão, nos limites da lei”. É importante frisar a parte final: “Nos limites da lei”.

Os advogados têm prerrogativas especiais e justificam esses direitos como algo necessário para o funcionamento do Estado Democrático de Direito. Segundo a OAB, os advogados exercem “um papel de serviço público” . Por essa razão, os advogados devem também prestar contas quando seus nomes aparecem em vazamentos como no caso do SwissLeaks.

 

É ILEGAL TER CONTA NA SUÍÇA?
Ter uma conta bancária na Suíça ou em qualquer outro país não é ilegal, desde que seja declarada à Receita Federal. Os titulares também devem informar ao Banco Central quando o saldo for superior a US$ 100 mil.

Durante a investigação do SwissLeaks, todos os citados até agora (quase duas centenas) puderam mostrar provas de que declararam à Receita Federal suas contas bancárias no HSBC de Genebra. Quando há documentos comprobatórios, o UOL informa de maneira destacada na reportagem que a conta daquela determinada pessoa está declarada e cumpre das determinações legais vigentes.

Até agora, apenas cerca de 5% das quase duas centenas de investigados mostraram documentos comprovando a legalidade de suas contas no HSBC de Genebra. Foram 7 os casos:

Armínio Fraga, ex-presidente do Banco Central, Fabio Chimenti Auriemo, da incorporadora JHSF, o escritor Paulo Coelho, Tiago, Gabriel e Juliana Nascimento de Lacerda, filhos de Márcio Lacerda, prefeito de Belo Horizonte, e o advogado José Maurício Machado, sócio do escritório Machado Associados.

 

POR QUE NÃO SE PUBLICA TUDO DE UMA VEZ?
Se o critério é o da relevância jornalística e o do interesse público, por que o UOL e “O Globo” não publicam de uma vez todos os nomes que se encaixam nessa descrição?

E mais: se a investigação está em curso desde 2014 e a data inicial da série foi 8 de fevereiro, por que tudo demora tanto para ser divulgado?

A razão de a série SwissLeaks ter começado a ser publicada em 8 de fevereiro de 2015 foi porque houve necessidade de triar e tabular os dados de aproximadamente 106 mil clientes do HSBC em Genebra –ali estão contidos os 8.667 brasileiros.

Esse trabalho, técnico e minucioso, tomou cerca de 6 meses. Basicamente, durou quase todo o segundo semestre de 2014. Embora alguns nomes já começassem a emergir das análises de dados no ano passado, só no final de 2014 e início de 2015 é que foi possível ter uma noção mais clara de tudo o que precisava ser apurado.

Fixou-se a data de 8 de fevereiro de 2015 para que todos os parceiros mundiais do ICIJ (Consórcio Internacional de Jornalistas Investigativos), que coordena a apuração, pudessem se preparar para o início do processo.

A partir de 8 de fevereiro, cada repórter e cada veículo parceiro do ICIJ ficou livre para adotar um cronograma próprio na divulgação do material relevante jornalisticamente em cada país. Esses cronogramas variam bastante.

No caso do Brasil, é necessário levar em conta que se trata do 4º país em número de clientes do HSBC de Genebra. A triagem dos nomes é trabalhosa e exige muita pesquisa.

Seria muito fácil identificar os cerca de 50 ou 100 mais famosos na lista e divulgar os seus nomes. Uma publicação indiscriminada de nomes poderia satisfazer a curiosidade de muitas pessoas e de ativistas políticos que fazem campanha na internet pela liberação geral dos dados. Mas essa prática nada teria a ver com jornalismo. Pior: injustiças poderiam ser cometidas. Faz uma grande diferença para alguém ser classificado como “titular de conta secreta na Suíça” ou como “titular de conta bancária na Suíça, devidamente declarada à Receita Federal do Brasil”.

O UOL, que faz uma parceria com o jornal “O Globo” nesta investigação, busca apurar tudo da maneira mais responsável possível, dando amplo espaço para que as pessoas eventualmente citadas possam explicar do que se trata a menção a seus nomes nos arquivos do HSBC.

O critério de relevância jornalística e de interesse público será sempre o principal enquanto durar a apuração da série SwissLeaks.

Participam da apuração da série de reportagens SwissLeaks os jornalistas Fernando Rodrigues e Bruno Lupion (do UOL) e Chico Otavio, Cristina Tardáguila e Ruben Berta (do jornal “O Globo”).

26 profissionais renomados do mundo do direito estão na lista do HSBC

Profissionais do mundo do direito negam irregularidades ou não comentam

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3 agentes Fifa e 2 empresários ligados a Ricardo Teixeira na lista do HSBC
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Fernando Rodrigues

Empresários que trabalham com jogadores mundialmente conhecidos ou que já fizeram negócios com dirigentes da CBF (Confederação Brasileira de Futebol) estão na lista de brasileiros relacionados a contas numeradas no HSBC da Suíça.

Levantamento feito pelo UOL, em parceria com o jornal “O Globo”, com base nas planilhas vazadas por um ex-técnico de informática do banco indica que, entre os 8.667 nomes, há ao menos 5 ligados ao futebol nacional. São eles os agentes Reinaldo Pitta, Eduardo Uram e Richard Alda –todos listados pelo site da Fifa como aptos a gerenciar a carreira de jogadores no Brasil– e os empresários Renato Tiraboschi e Octavio Koeler, que foram sócios e amigos do ex-presidente da CBF Ricardo Teixeira e aparecem no relatório da CPI do Futebol, realizada nos anos 2000.

Na última semana, a reportagem procurou todos os citados. Aqueles que foram localizados negaram ter mantido conta na Suíça, assim como qualquer irregularidade em suas movimentações financeiras.

Pitta foi o primeiro empresário do ex-atacante Ronaldo Fenômeno e, atualmente, agencia o goleiro Paulo Victor (Flamengo) e o atacante Emerson Sheik (Corinthians).

Uram é um dos nomes mais influentes do futebol carioca. Tem em sua carteira atletas como o lateral direito Léo Moura (ex-Flamengo, hoje nos Estados Unidos).

Alda, que teve grande influência nas divisões de base do Fluminense, cuidou da carreira de jogadores como o lateral esquerdo Marcelo (Real Madrid). Até hoje, ele agencia o volante Arouca (Palmeiras).

Na tabela abaixo, os dados das contas dos agentes da Fifa e de empresários ligados a Ricardo Teixeira (clique na imagem para ampliar):

Arte

Os chamados “agentes Fifa” são credenciados pela entidade para representar e atuar em negociações de transferências de jogadores. Para receber essa autorização, fazem prova e depositam uma caução. Nesta 4ª feira (1º.abr.2015), a função será extinta. Qualquer um poderá atuar no mercado.

Tiraboschi e Koeler intermediaram contratos e fizeram câmbio para a CBF. Eles foram sócios numa corretora de valores que, em 2006, vendeu uma mansão de Búzios por uma soma bem abaixo do valor de mercado. O imóvel, logo em seguida, foi repassado a Ricardo Teixeira.

Ter uma conta bancária no exterior não é considerado ilegal. A legislação brasileira determina que o contribuinte deve declará-la à Receita Federal e ao Banco Central

Participam da apuração da série de reportagens SwissLeaks os jornalistas Fernando Rodrigues e Bruno Lupion (do UOL) e Chico Otavio, Cristina Tardáguila e Ruben Berta (do jornal “O Globo”).

Empresários do futebol citados na lista do HSBC negam ser correntistas

Os ex-sócios e amigos de Ricardo Teixeira, o voo da muamba e o HSBC

Os agentes de Ronaldo, Léo Moura e Marcelo no SwissLeaks

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Empresários do futebol citados na lista do HSBC negam ser correntistas
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Fernando Rodrigues

“Estou cagando e andando”, diz Reinaldo Pitta

Todos os empresários ligados ao futebol localizados pela reportagem negaram ter contas no HSBC da Suíça ou haver cometido qualquer irregularidade em suas movimentações financeiras.

O agente Reinaldo Pitta disse que nunca teve conta no banco. Por telefone, lembrou que foi gerente do Bamerindus, banco extinto no fim dos anos 1990 e incorporado pelo HSBC, e afirmou que a chance de seu nome estar nas planilhas do HSBC suíço “é a mesma de ser imortal”.

“Quando você me ligou, achei que fosse alguma coisa importante. Mas estou cagando e andando para isso [a lista do HSBC]. Isso é história de vocês [jornalistas]. E é por isso que, às vezes, Papai do Céu castiga”, declarou Pitta.

O advogado Ricardo Cerqueira, que representa Pitta no processo referente ao propinoduto, afirmou que um acórdão do STJ, publicado no último dia 16, extinguiu as penas de seu cliente por evasão de divisas, restando atualmente apenas uma condenação por formação de quadrilha. Cerqueira afirmou que não há condenação transitada em julgado contra o empresário.

Por telefone, Eduardo Uram disse que nunca teve conta no HSBC da Suíça e que considera a informação “um absurdo”. Por e-mail, o agente reforçou que nunca foi detentor de conta no HSBC e que não tem conhecimento da existência dos documentos que o relacionam a uma das contas de brasileiros no banco suíço.

No texto de seu e-mail, Uram ainda acrescenta: “Estou tomando todas as providências necessárias no sentido de obter uma certidão de inexistência de conta corrente naquele banco”. Até a conclusão desta edição, o documento não foi encaminhado.

Richard Alda foi procurado na FP Marketing Esportivo e por e-mail, mas não respondeu.

Por telefone, Octavio Koeler negou ter tido conta no HSBC e disse que “nunca ouviu falar” da empresa Geriba ZKR. Informou que teve “relações sociais e comerciais por um breve período” com o ex-presidente da CBF Ricardo Teixeira.

Ao longo da semana, a reportagem ligou para todos os telefones que aparecem ligados a Renato Tiraboschi. Também enviou-lhe e-mails, mas não obteve resposta.

Na 6ª feira (27.mar.2015), a reportagem procurou os advogados de Teixeira para que ele comentasse o caso. José Mauro Couto de Assis, titular do escritório, estava viajando. Seus assessores disseram que ele seria informado e que entraria em contato se houvesse interesse de seu cliente em responder –o que não aconteceu.

3 agentes Fifa e 2 empresários ligados a Ricardo Teixeira na lista do HSBC

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Os agentes de Ronaldo, Léo Moura e Marcelo no SwissLeaks

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Os agentes de Ronaldo, Léo Moura e Marcelo no SwissLeaks
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Fernando Rodrigues

Reinaldo Pitta já foi considerado um dos agentes mais influentes do Brasil. Dono da RP4 Football Management, entrou para a história como o homem que pagou US$ 7,5 mil para tirar Ronaldo Fenômeno do São Cristóvão, quando ele tinha 14 anos. Em seguida, vieram Amoroso, Ricardinho e Vampeta.

Josemar Gonçalves/Folhapress - 24.abr.2001

Reinaldo Pita pagou US$ 7,5 mil para tirar Ronaldo  do São Cristóvão, quando ele tinha 14 anos

Seu nome já foi ligado a diversos escândalos. Em 1999, veio à tona a informação de que Pitta havia feito empréstimos, sem garantia, ao presidente do Vasco, o então deputado Eurico Miranda (R$ 320 mil), a seu filho Mário Ângelo (R$ 110 mil) e ao técnico Carlos Alberto Parreira (R$ 60 mil). Por isso, ele foi investigado na CPI do Futebol. Em 2001, teve o indiciamento sugerido ao Ministério Público Federal, que o denunciou à Justiça por suposto falso testemunho. O Tribunal Regional Federal não acatou a denúncia.

Dois anos depois, Pitta foi detido no escândalo do propinoduto –esquema de corrupção com fiscais da Receita, auditores e empresários. Na época, o MP denunciou 32 pessoas. Pitta foi acusado de sonegação fiscal, fraude na contabilidade, lavagem de dinheiro, auxílio em manutenção de conta no exterior e formação de quadrilha. Neste mês de março de 2015, o Superior Tribunal de Justiça arquivou as acusações, com exceção da última, contra a qual ele continua recorrendo.

Em 2005, Pitta foi preso uma outra vez, pela Polícia Federal. Seu grupo foi acusado de remeter ilegalmente para o Brasil US$ 24 milhões referentes a comissões pela venda de atletas no exterior. Após cerca de dois meses, foi solto por um habeas corpus concedido pelo TRF.

Nas planilhas do HSBC, Pitta aparece relacionado a uma conta aberta e fechada no mesmo dia: 20 de julho de 2000.

Eduardo Uram, formado em Engenharia Civil, trabalha desde 1997 agenciando jogadores. É dono da Brazil Soccer, sediada no Rio. Um de seus primeiros clientes foi o lateral Léo Moura, quando ele ainda estava no Botafogo. Léo passou pelo Flamengo e, recentemente, fechou com o Fort Lauderdale Strikers. Ainda estão na carteira de Uram jogadores como Obina (Matsumoto Yamaga) e Nixon (Flamengo).

Reprodução/SilvanAlves

Eduardo Uram é dono da Brazil Soccer, no Rio. Lateral Léo Moura foi um de seus primeiros clientes

Nas planilhas do HSBC, Uram está relacionado a uma conta compartilhada com outras três pessoas de mesmo sobrenome. De acordo com o banco, ela foi aberta em 14 de junho de 1989 e, em 2006/2007, tinha US$ 343 mil.

Richard Alda é o terceiro agente Fifa brasileiro na lista do HSBC suíço. Ele é dono da FP Marketing Esportivo Ltda, com sede na Barra da Tijuca. Seu nome aparece nos documentos do banco relacionado a uma conta numerada ativa entre março de 1995 e maio de 2005.

Reprodução/LinkedIn

Richard Alda é dono da FP Marketing Esportivo, também sediada no Rio

Alda já agenciou o lateral Marcelo, hoje no Real Madrid. Em novembro de 2007, ele e a FP Marketing Esportivo intermediaram a venda de Marcelo do Fluminense para o Real. A comissão teria girado em torno de 1,6 milhão de euros. Em janeiro, negociou a transferência de Arouca do Santos para o Palmeiras

Participam da apuração da série de reportagens SwissLeaks os jornalistas Fernando Rodrigues e Bruno Lupion (do UOL) e Chico Otavio, Cristina Tardáguila e Ruben Berta (do jornal “O Globo”).

3 agentes Fifa e 2 empresários ligados a Ricardo Teixeira na lista do HSBC

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Os ex-sócios e amigos de Ricardo Teixeira, o voo da muamba e o HSBC

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Ex-delegado da Polícia Civil de SP aparece com US$ 194 milhões no HSBC
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Fernando Rodrigues

Detetive e concessionários de serviços públicos no Rio também tinham conta na Suíça

Cento e noventa e quatro milhões e novecentos mil dólares. Este é o saldo que, segundo o HSBC da Suíça, constava na conta relacionada ao delegado aposentado da Polícia Civil de São Paulo e empresário do ramo de segurança Miguel Gonçalves Pacheco e Oliveira entre os anos de 2006 e 2007.

Mesmo com esse valor guardado nos cofres de Genebra —o que faz dele um dos dez brasileiros com mais dinheiro no banco suíço—, Oliveira não abriu mão de brigar na Justiça por uma aposentadoria mais robusta. Nos últimos anos, entrou com pelo menos oito ações para pedir revisão de seus vencimentos. Ganhou em parte delas e recorre naquelas em que perdeu. De acordo com o site de transparência do governo de São Paulo, ele recebe R$ 10 mil líquidos pelos serviços prestados à Polícia Civil.

Levantamento feito pelo UOL em parceria com o jornal “O Globo” encontrou Oliveira e outros quatro servidores públicos ou de concessionárias de serviços públicos na lista de 8.667 correntistas do HSBC da Suiça. São eles um inspetor da Polícia Civil do Rio de Janeiro, um engenheiro da Secretaria Municipal de Obras carioca, um conselheiro da concessionária do Aeroporto de Cabo Frio e um ex-diretor da antiga concessionária do metrô do Rio, a Opportrans.

Todos os citados que foram localizados negaram ter contas no banco suíço, assim como qualquer irregularidade financeira. Oliveira não respondeu aos pedidos de entrevista.

Ao longo de sua carreira, Miguel Oliveira foi delegado-assistente do Departamento de Polícia Judiciária (Decap), órgão responsável pelas 93 delegacias da capital paulista. Como parte de seu trabalho, chegou a ser enviado a Miami e a Nova York para conhecer algumas experiências de combate ao crime organizado.

 

APARTAMENTO E CARRO DE LUXO
Em 1998, ele virou notícia pela primeira vez —numa meticulosa reportagem de Mario Cesar Carvalho— por conta dos bens e imóveis que possuía e pelo fato de, apesar de estar na ativa, ser dono de duas empresas privadas de segurança: a Vanguarda Segurança e Vigilância e a Nacional. A reportagem descreveu uma rotina de luxo, que começava num caro apartamento no bairro dos Jardins e que incluía um automóvel Volvo preto.

Além de delegado e empresário da segurança, Oliveira também teve incorporadoras. De 1994 a 2003, foi dono de pelo menos três: a MGPO, que fazia “locação, arrendamento, loteamento e incorporação de imóveis”, a Ibiuna Marina Golf Club, que construiu condomínios de luxo em Ibiúna (SP) e a Esplanada Pinheiros Empreendimentos Imobiliários. Em 2011, migrou para o setor de limpeza, fundando a Interativa Service.

Oliveira também tem também muitos imóveis em seu nome. Em São Paulo são pelo menos 5, segundo pesquisa feita em cartórios da cidade e na Junta Comercial. Um de seus apartamentos fica no prédio da senadora Marta Suplicy no Jardins e é justamente o endereço que aparece nos documentos do HSBC. O imóvel tem 633 metros quadrados e cinco vagas na garagem. Há 12 anos, custou-lhe R$ 1,1 milhão.

Mas esse não é o imóvel mais vistoso do delegado. Em 2010, ele informou à Junta Comercial de São Paulo um endereço na vila suíça de Montagnola, que fica perto da fronteira da Itália. Entre 2010 e 2012, Oliveira morou por lá.

O delegado ainda tem em seu currículo a fundação da ONG SOS Itupararanga, da qual é conselheiro fiscal. Criada em 2000, em Ibiúna, ela tem por objetivo preservar a represa e “ajudar no desenvolvimento sustentável da região”, informa seu site.

Segundo levantamento feito nos documentos do HSBC da Suíça, Oliveira aparece relacionado a duas contas numeradas. A primeira foi aberta no dia 10 de novembro de 2005 e a segunda, em 29 de dezembro daquele ano. Em 2006/2007, as duas estavam ligadas a três empresas offshores, que não apareciam relacionadas a mais ninguém dentro do banco. Trata-se da Hollowed Turf, com endereços na Suíça, em Liechtenstein, Ilhas Virgens Britânicas e Seychelles, da Hallowed Ground Foundation e da Springside Corporation.

Na tabela abaixo, dados sobre as contas de Pacheco e Oliveira e de outros servidores e ex-concessionários de serviços públicos (clique na imagem para ampliar):

Arte

Pelo menos mais um policial aposentado foi encontrado nas planilhas do HSBC: o inspetor da Polícia Civil do Rio Fernando Henrique Boueri Cavalcante. Segundo registros oficiais, ele ingressou na corporação em 1982 e se aposentou há dois anos, como inspetor de quarta classe, o que antigamente era conhecido como detetive. De acordo com o Sindicato dos Policiais Civis, um agente deste tipo recebe em torno de R$ 5 mil por mês ao fim de sua carreira. A conta relacionada a ele no banco de Genebra foi aberta em 11 de abril de 2000, e o saldo, em 2006/2007, era de US$ US$ 697 mil.

 

AEROPORTO DE CABO FRIO
Mauro Chagas Bonelli é outro servidor que surge na lista do HSBC. Desde 1986, ele consta como servidor da Secretaria de Obras da Prefeitura do Rio. Ao longo de sua carreira, participou da construção da Linha Amarela e do Parque de Madureira. Entre 1997 e 2000, foi coordenador geral de obras da cidade. Em 2013, trabalhou na reurbanização do entorno do Maracanã, com vistas à Copa do Mundo e aos Jogos Olímpicos. Naquele ano, concluiu mestrado em Engenharia Urbana e Ambiental na PUC-Rio, com uma dissertação intitulada “Sustentabilidade em Obras Públicas: O Caso do Parque Madureira”.

Nos registros do HSBC, Bonelli aparece relacionado a uma conta numerada aberta no dia 14 de dezembro de 1999 e que, em 2006/2007, tinha US$ 105 mil.

Murilo Siqueira Junqueira foi presidente da Flumitrens entre 1995 e 1998. Logo depois, Junqueira passou a trabalhar na operadora Costa do Sol, concessionária que até hoje administra o aeroporto de Cabo Frio. Formada por empresários que passaram por diversas empresas públicas do Estado, a Costa do Sol ganhou a concessão do aeroporto por 22 anos a partir de 2001. Junqueira foi presidente do conselho e presidente executivo do grupo. Hoje atua como conselheiro da Costa do Sol.

Nos documentos do HSBC, ele aparece associado a duas contas numeradas. A primeira foi aberta em 30 de abril de 2003 e ficou ativa até 22 de dezembro de 2003. Em 2006/2007, seu saldo estava zerado. A segunda foi aberta em 14 de março de 2003 e, em 2006/2007, tinha US$ 895 mil.

Hamilton de Souza Freitas Filho foi diretor administrativo e financeiro do Consórcio Opportrans, que era encabeçado pelo Grupo Opportunity, do banqueiro Daniel Dantas. Em dezembro de 1997, o Opportrans adquiriu, na Bolsa de Valores do Rio, o direito de explorar o serviço metroviário da capital fluminense.

O nome de Freitas Filho surge nas planilhas do HSBC relacionado a uma conta numerada que foi aberta em setembro de 1989 e que, em 2006/2007, tinha um saldo de US$ 10,2 milhões.

 

VALORES NO EXTERIOR DEVEM SER DECLARADOS
Enviar e manter dinheiro no exterior não é crime. Isso só acontece quando o contribuinte não declara à Receita Federal e ao Banco Central que mantém valores fora do país.

Nesse caso, o cidadão brasileiro pode ser processado por evasão de divisas e por sonegação fiscal. Se tiver cometido outro crime anteriormente, também pode responder por lavagem de dinheiro.

A Receita, o Coaf (Conselho de Controle de Atividades Financeiras), a Polícia Federal e uma Comissão Parlamentar de Inquérito aberta no Senado já investigam o caso.

Desde o dia 8 de fevereiro, o ICIJ (Consórcio Internacional de Jornalistas Investigativos), composto por 185 jornalistas de mais de 65 países, publica reportagens com base nas planilhas vazadas em 2008 pelo ex-técnico de informática do banco Hervé Falciani. No Brasil, a apuração é feita com exclusividade pelo UOL e pelo jornal “O Globo”.

Participam da apuração da série de reportagens SwissLeaks os jornalistas Fernando Rodrigues e Bruno Lupion (do UOL) e Chico Otavio, Cristina Tardáguila e Ruben Berta (do jornal “O Globo”). Nesta reportagem também participaram Tiago Dantas e Leonardo Guandeline (de “O Globo”).

Ex-delegado em SP não responde; demais citados negam conta no HSBC

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Ex-delegado em SP não responde; demais citados negam conta no HSBC
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Fernando Rodrigues

A reportagem tentou, ao longo da última semana, diversos caminhos para ouvir o delegado Miguel Gonçalves Pacheco e Oliveira. Débora Monte Biltge, advogada que o defende nas ações relativas ao valor de sua aposentadoria, disse que tentaria entrar em contato com ele e que lhe repassaria as perguntas sobre o HSBC da Suíça. Ela, no entanto, não respondeu até a publicação deste texto.

No telefone associado ao nome de Oliveira, atendeu Cláudia Gomes Lima e Oliveira, que se identificou como sua esposa. Ela também informou ao UOL e ao “Globo” que repassaria ao delegado o pedido de entrevista sobre o caso SwissLeaks, mas não respondeu no prazo estabelecido. Na ONG SOS Itupararanga foi deixado um recado para Oliveira, e a empresa de segurança Vanguarda informou que o responsável por atender aos jornalistas não estava disponível.

O inspetor aposentado Fernando Henrique Boueri Cavalcante não foi localizado. As assessorias de imprensa da Polícia Civil e do Sindicato dos Policiais Civis informaram não ter nenhum contato do agente. Também não há disponível na internet qualquer referência a endereço ou telefone do servidor.

Por e-mail, o engenheiro Mauro Chagas Bonelli disse que acredita que exista algum equívoco, pois nunca teve conta na Suíça. A Secretaria Municipal de Obras do Rio, por sua vez, informa que Bonelli “está sendo afastado de suas funções de chefia até que os fatos sejam apurados e esclarecidos”.

Murilo Siqueira Junqueira, conselheiro do grupo que administra o aeroporto de Cabo Frio, disse, por telefone, que desconhece qualquer registro em seu nome no HSBC da Suíça. Ele afirmou ainda que a empresa Costa do Sol tem contas nas filiais brasileira e nova-iorquina do banco, nas quais chegou a fazer financiamentos. Apesar disso, Junqueira disse nunca ter sido informado sobre qualquer transação feita em seu nome ou da empresa em que trabalha com a filial suíça da instituição.

Hamilton de Souza Freitas Filho foi procurado por meio do telefone do escritório de advocacia informado no site da Ordem dos Advogados do Brasil. A secretária informou que Hamilton mora atualmente em Portugal e indicou um e-mail de contato. A reportagem enviou perguntas ao longo dos últimos dias, mas não obteve resposta até a publicação deste texto.

OUTRO LADO DO GRUPO OPPORTUNITY
Às 16h30 de domingo (29.mar.2015), a assessoria do Grupo Opportunity enviou nota ao UOL e ao “Globo” afirmando ser “descabida” a citação de Daniel Dantas e da Opportans na reportagem.

A assessoria diz que a Opportrans adquiriu a concessão do Metrô Rio de Janeiro em 1997, “10 anos após a alegada abertura da conta no HSBC feita por Hamilton de Souza Freitas Filho”. Abaixo, a íntegra da nota:

“É descabida a citação a Daniel Dantas e ao Opportunity na reportagem “Ex-delegado da Polícia Civil de SP aparece com US$ 194 milhões no HSBC”, editada em 29/3, já que eles não constam da relação de contas externas do banco. Mais: a Opportrans, empresa privada, adquiriu a concessão do Metrô Rio de Janeiro, em 1997, ou seja, 10 anos após a alegada abertura da conta no HSBC feita por Hamilton de Souza Freitas Filho.

Hamilton Freitas trabalhou, portanto, em várias outras companhias antes da Opportrans e após ter deixado a empresa, em abril de 2002. E essas companhias não tiveram seus nomes citados na matéria.

A Opportrans, sob a gestão indicada pelos fundos do Opportunity, não fez depósitos para seus diretores em contas no exterior.”

Ex-delegado da Polícia Civil de SP aparece com US$ 194 milhões no HSBC

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Preso da Galvão Engenharia tinha US$ 4 milhões no HSBC na Suíça
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Fernando Rodrigues

 conta numerada “22666 ED” era operada a partir de offshore nas Ilhas Virgens Britânicas

Preso na manhã desta sexta-feira (27.mar.2015) pela Política Federal, o diretor-presidente e membro do conselho de administração do Grupo Galvão, Dario de Queiroz Galvão Filho, tinha uma conta numerada na Suíça com saldo de US$ 4.062.429,71 em 2006/07.

Os dados fazem parte do acervo de informações da agência de “private bank” do HSBC, em Genebra, na Suíça. A conta de Dario é identificada pelo código alfanumérico “22666 ED” e tem vinculação como outros integrantes de sua família. O saldo era compartilhado por todos.

O diretor-presidente e membro do conselho de administração do Grupo Galvão administrava seus recursos na Suíça, à época em que os dados foram extraídos dos arquivos do HSBC, por meio de duas empresas “offshore, Fipar Assets Ltd. e Montitown United Ltd., ambas com sede em Tortola, nas Ilhas Virgens Britânicas –um conhecido paraíso fiscal do Caribe.

Além de Dario de Queiroz Galvão Filho, outros integrantes da família mantinham contas no HSBC. Os dados foram revelados pela investigação conduzida pelo ICIJ (Consórcio Internacional de Jornalistas Investigativos) numa parceria com o jornal francês “Le Monde”. A apuração foi batizada de SwissLeaks (vazamentos suíços) porque teve origem no maior furto de dados bancários da história, numa agência do HSBC, em Genebra.

No Brasil, as reportagens são realizadas com exclusividade pelo UOL, por intermédio do jornalista Fernando Rodrigues (integrante do ICIJ), e pelo jornal “O Globo”.

Eis os dados das contas na Suíça mantidas em 2006/07 pela família Queiroz Gal;vão:

Arte-QueirozGalvao-offshores-27mar2015

OUTRO LADO
Por meio de sua assessoria, a empreiteira Queiroz Galvão negou irregularidade na existência das contas na Suíça. A empresa não comenta a operação por meio de offshores:

“A Queiroz Galvão afirma que todo o patrimônio dos seus acionistas porventura existente no exterior sempre se submeteu aos registros cabíveis perante as autoridades competentes”.

A Galvão Engenharia, por meio do advogado da família, José Luis Oliveira Lima, disse apenas não ter “nada a declarar”.

Qualquer brasileiro pode ter uma conta na Suíça ou em outro país. Mas para que a operação seja legal é necessário informar sobre a saída do dinheiro ao Banco Central e declarar à Receita Federal a existência da conta no exterior. Quem não procede dessa forma está cometendo uma infração fiscal e também o crime de evasão de divisas –cuja pena varia de 2 a 6 anos de reclusão, além de multa.

Embora a sonegação fiscal prescreva em 5 anos, no caso da evasão o prazo é mais longo, de até 12 anos. Ou seja, não importa que os saldos das contas bancárias sejam de 2006 ou de 2007, como é o caso dessa listagem com dados sobre os correntistas do HSBC na Suíça.

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CPI do HSBC convoca sucessor de Alberto Youssef na Lava Jato
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Fernando Rodrigues

Henry Hoyer foi citado por Paulo Roberto Costa em sua delação premiada

Empresário do Rio teve conta no HSBC da Suíça revelada pelo SwissLeaks

Edilson Rodrigues/Agência Senado

CPI do HSBC no Senado ouviu nesta 5ª feira jornalistas do UOL e do “Globo”

A CPI do HSBC, instalada no Senado para investigar as contas mantidas por brasileiros no banco HSBC na Suíça, decidiu nesta 5ª feira (26.mar.2015) convocar para depor o empresário Henry Hoyer de Carvalho, apontado como substituto do doleiro Alberto Youssef no esquema de desvios de recursos na Petrobras.

Hoyer, que desenvolve suas atividades no Rio, foi citado em fevereiro em depoimentos tomados pela Operação Lava Jato. Ele teria sucedido Youssef na função de repassador de propinas a políticos ligados ao Partido Progressista –a legenda que mais teve integrantes citados pelo Ministério Público até agora no escândalo da Petrobras.

Nos documentos do HSBC em Genebra, Henry Hoyer aparece como titular da conta secreta 7835HH. O saldo está zerado em 2006 e 2007, período ao qual os dados bancários se referem. Sua conta suíça existiu por um breve período: a abertura foi em 20 de julho de 1989; o encerramento, em 29 de agosto de 1990.

No termo de sua delação premiada, Paulo Roberto Costa descreve Hoyer como o “operador financeiro do PP que sucedeu [a] Alberto Youssef”. Costa compromete-se a apresentar provas que possam sustentar essa afirmação, “especialmente a sua relação [de Hoyer] com contratos da Petrobras e empreiteiras, e a relação destas com o PP”.

Num outro trecho do seu depoimento, Costa relata ter ido a “uma reunião na casa de Henry Hoyer, da qual também participaram Ciro Nogueira, Agnaldo Ribeiro, Arthur de Lira e Eduardo da Fonte”.

A CPI também aprovou a convocação do ex-secretário de Obras de Niterói, José Roberto Vinagre Mocarzel, que teve seu nome relacionado a conta no HSBC da Suíça. Mocarzel era braço direito do ex-prefeito de Niterói pelo PDT Jorge Roberto Silveira, também vinculado a conta na agência do banco em Genebra.

Mocarzel é servidor de carreira da Superintendência de Desportos do Estado do Rio de Janeiro, mas está cedido ao gabinete do deputado estadual Paulo Ramos (PSOL-RJ). Segundo o Portal da Transparência, seu salário bruto atual é de R$ 8.502,00.

Acesso aos dados do HSBC
A sessão da CPI do HSBC desta 5ª feira ouviu os jornalistas Fernando Rodrigues, do UOL e membro do ICIJ, e Chico Otávio, do “Globo”, sobre a análise dos dados de correntistas brasileiros relacionados a contas do banco na Suíça.

O senador Paulo Rocha (PT-BA), presidente da CPI, e o relator, senador Ricardo Ferraço (PMDB-ES), solicitaram acesso integral ao acervo de dados do HSBC obtido pelo ICIJ (Consórcio Internacional de Jornalistas Investigativos) relacionado a correntistas brasileiros.

Em 2014, o ICIJ  firmou uma parceria com o jornal francês “Le Monde” para investigar o caso. No Brasil, o UOL e o “Globo” têm exclusividade na apuração.

O pedido foi negado por Fernando Rodrigues –o ICIJ adotou como diretriz não entregar as listas completas em nenhum país envolvido na cobertura do SwissLeaks.

Fernando Rodrigues também ponderou que o risco de uma lista em posse do Congresso vazar não deve ser menosprezado, pela dinâmica das comissões parlamentares de inquérito. Ele sugeriu que o acervo de dados seja solicitado oficialmente ao governo da França, que detém as informações extraídas do HSBC de Genebra por um ex-funcionário do banco.

Depoimentos
Na próxima 4ª feira (1º.abr.2015), a CPI ouvirá o secretário da Receita Federal, Jorge Rachid, e Antonio Gustavo Rodrigues, presidente do Conselho de Controle de Atividades Financeiras, vinculado ao Ministério da Fazenda.

A CPI também decidiu convidar Anthero de Moraes Meirelles, diretor de fiscalização do BC, Ricardo Andrade Saadi, diretor do Departamento de Recuperação de Ativos e Cooperação Jurídica Internacional do Ministério da Justiça, e Murilo Portugal, presidente da Febraban (Federação Brasileira de Bancos), para falarem sobre o vazamento de dados do HSBC da Suíça e providências para recuperar recursos eventualmente sonegados ou enviados para o exterior de maneira ilegal.

Sigilo fiscal e bancário
O senador Randolfe Rodrigues (PSOL-AP) solicitou ao presidente da CPI, senador Paulo Rocha (PT-BA) a quebra de sigilo fiscal e bancário de pessoas citadas em reportagens do UOL e do “Globo” sobre o SwissLeaks. Rocha disse que os requerimentos de quebra de sigilo deverão ser apreciado numa fase posterior dos trabalhos da comissão.

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Políticos do PSDB, PT, PMDB, PDT, PTC e PP ligados a contas do HSBC
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Fernando Rodrigues

PSDB: Márcio Fortes, da Executiva Nacional
PT: vereador no Rio, Marcelo Arar
PMDB: suplente de senador, Lirio Parisotto
PDT: Jorge Roberto, ex-prefeito de Niterói
PTC: Daniel Tourinho, presidente nacional
E duas irmãs de Paulo Maluf, deputado federal do PP-SP

Pelo menos 11 políticos brasileiros ou pessoas ligadas a políticos estão na lista de clientes da agência do HSBC em Genebra, na Suíça.

Entre outros, fazem parte dessa relação o empresário bilionário e suplente de senador Lirio Parisotto (PMDB-AM), o integrante da Executiva Nacional do PSDB Márcio Fortes, o vereador Marcelo Arar (PT-RJ), o ex-prefeito de Niterói Jorge Roberto Silveira e um assessor, o presidente nacional do PTC, Daniel Tourinho, e duas irmãs do deputado federal Paulo Maluf (PP-SP).

Procurados pelo UOL, todos negam irregularidades ou se recusam a comentar. Nos casos de políticos que disputaram eleições recentes, foi possível comprovar que nenhum declarou à Justiça Eleitoral ter contas no banco HSBC no exterior.

As informações para esta reportagem foram obtidas por meio de extensiva análise dos arquivos da agência de “private bank” do HSBC em Genebra, na Suíça. O vazamento dos dados, conhecido como SwissLeaks, refere-se a informações dos anos de 2006 e 2007, extraídas do banco em 2008 por um então técnico de informática da instituição, Hervé Falciani. Em 2014, o ICIJ (Consórcio Internacional de Jornalistas Investigativos) firmou uma parceria com o jornal francês “Le Monde” para investigar o caso. No Brasil, o UOL e o “Globo” têm exclusividade na apuração.

Equipes de reportagem do UOL e do “Globo” fizeram nas últimas semanas uma minuciosa varredura na base de clientes do HSBC na Suíça para verificar a eventual presença de políticos. Entre outros bancos de dados usados nesse cruzamento, foram analisados todos os atuais 513 deputados federais, os 81 senadores titulares, os 162 senadores suplentes, a presidente da República e todos os seus antecessores, o atual vice-presidente da República, os integrantes das Assembleias Legislativas dos Estados de São Paulo, Minas Gerais e Rio de Janeiro, além das Câmaras de Vereadores das cidades de São Paulo, Belo Horizonte e Rio.

Ao fim dessa extensa checagem chegou-se aos nomes citados nesta reportagem. As contas estão relacionados na tabela abaixo (clique para ampliar):

Arte

LIRIO PARISOTTO, SENADOR SUPLENTE (PMDB-AM)

Regis Filho/Valor - 22.set.2011

Listado no ranking da revista “Forbes” como um dos bilionários brasileiros, Lirio Parisotto tem o seu nome relacionado a cinco contas ativas no HSBC na Suíça nos anos de 2006 e 2007, todas abertas no período de 2001 a 2005. Os saldos à época variavam de apenas US$ 1.013 a US$ 45,873 milhões.

Com uma fortuna estimada em US$ 1,6 bilhão, segundo a “Forbes”, o político de 61 anos é dono da Videolar (fábrica de resinas termoplásticas e filmes e chapas plásticas) e um dos principais investidores no mercado de ações no Brasil.

Gaúcho, Parisotto foi eleito em 2010 segundo suplente do senador Eduardo Braga (PMDB-AM). No registro da candidatura, Parisotto declarou à Justiça Eleitoral um patrimônio de R$ 292.520.409,23. Não aparece na relação de bens a descrição de contas no HSBC na Suíça.

Como Eduardo Braga assumiu em janeiro deste ano (2015) o Ministério das Minas e Energia, atualmente a cadeira no Senado é ocupada pela primeira suplente Sandra Braga, que é casada com o titular. Parisotto só fica com a vaga se Sandra também se licenciar.

 

MÁRCIO FORTES (PSDB)

Sérgio Lima/Folhapress - 12.mar.2002
Na relação de clientes do HSBC na Suíça consta ainda o nome do primeiro vice-presidente do PSDB no Rio, Márcio Fortes. Também integrante da Comissão Executiva Nacional do PSDB e deputado federal por 3 mandatos, Fortes, de 70 anos, atuou como presidente do BNDES (Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social) e do Banerj e foi secretário-geral do Ministério da Fazenda.

Conforme os dados do SwissLeaks, o tucano tinha o seu nome relacionado a 3 contas no HSBC em Genebra em 2006 e 2007, sendo que uma delas ainda estava ativa naquela época –com um saldo de US$ 2.413.260,28. Fortes é do ramo de construção civil e é um tradicional doador para campanhas eleitorais.

No ano 2000, por exemplo, Fortes foi a pessoa física que mais doou dinheiro ao PSDB –o equivalente a 21% do total arrecadado pela legenda nessa modalidade de financiamento.

Em 2010, Fortes concorreu ao cargo de vice-governador do Rio na chapa encabeçada por Fernando Gabeira (PV). À Justiça Eleitoral, o tucano comunicou que tinha na época um patrimônio de R$ 4.442.412,71, sendo 13 imóveis, um carro e R$ 117.342,03 na CEF. Assim como Lirio Parisotto, o peessedebista não declarou possuir conta no HSBC.

Na eleição de 2010, Fortes fez uma doação de R$ 500 mil para a campanha ao governo do Rio. Dias antes, Gabeira havia dito que os partidos aliados o apoiavam “muito mal” e que, por esse motivo, poderia “dar uma banana” se fosse necessário.

Em 2006, Fortes concorreu a deputado federal pelo PSDB fluminense. À época, sua conta identificada como “Aframfran Holdings Limited” tinha um saldo de US$ 2,413 milhões no HSBC da Suíça. Esse bem, entretanto, não aparece na declaração de patrimônio que o tucano entregou à Justiça Eleitoral.

 

MARCELO ARAR (PT)

Marcelo Arar Reproducao:Facebook
O petista Arar aparece ligado a duas contas no HSBC. Uma havia sido aberta em 1990 e fechada em 1998. A outra, identificada pelo código alfanumérico “29821 BB” foi criada em 23 de março de 1998 e permanecia ativa até 2007, com saldo de US$ 247.812. Também estavam ligados a essa conta André Arar e Eliane Bagrichevsky Arar, parentes do vereador.

No ano seguinte, em 2008, Marcelo Arar disputou o cargo de vereador na cidade do Rio de Janeiro, filiado então ao PSDB. Na sua declaração de bens entregue à Justiça Eleitoral não consta uma conta no HSBC da Suíça.

Quatro anos depois, na eleição de 2012, Marcelo Arar declarou à Justiça Eleitoral um patrimônio de R$ 251.395,29, composto de imóvel, carro, depósitos em instituições financeiras brasileiras e R$ 30 mil em espécie . Não foi feita menção a contas no exterior. Antes de ingressar na política, Arar atuou como promotor de eventos e radialista.

 

JORGE ROBERTO SILVEIRA (PDT)

Bruno Dias/Folhapress - 2.fev.2009
O ex-prefeito de Niterói pelo PDT Jorge Roberto Silveira e o ex-secretário de Obras do município José Roberto Vinagre Mocarzel também tiveram seus nomes relacionados a contas do HSBC na Suíça. No entanto, em 2006/2007, os seus saldos estavam zerados.

Jorge Roberto Silveira e José Roberto Vinagre Mocarzel mantiveram contas no HSBC de Genebra por períodos semelhantes. O ex-prefeito de Niterói começou a fazer depósitos em julho de 1993 e encerrou sua relação com o banco em abril de 2003. Morcazel abriu sua conta um pouco antes, em janeiro de 1991 e a fechou também em abril de 2003.

O pedetista Jorge Roberto Silveira ocupou a Prefeitura de Niterói em 4 períodos: 1989 a 1992; 1997 a 2000; 2001 a 2002; 2009 a 2012.

Mocarzel é servidor de carreira da Superintendência de Desportos do Estado do Rio de Janeiro (Suderj), mas está cedido ao gabinete do deputado estadual Paulo Ramos (PSOL-RJ). Segundo o Portal da Transparência, seu salário bruto atual é de R$ 8.502,00.

Em janeiro de 2009, Mocarzel assumiu o cargo de secretário de Obras de Niterói. Ao final da gestão do prefeito Jorge Roberto Silveira, em 2012, já era secretário de Serviços Públicos, Trânsito e Transporte.

 

DANIEL TOURINHO, PRESIDENTE DO PTC

Joel Rodrigues/Folhapress - 2.jun.2014

O presidente do Partido Trabalhista Cristão, Daniel Sampaio Tourinho, está nos arquivos do HSBC por um período muito curto: só de 2 de março a 6 de novembro de 1992. Nesses menos de nove meses, teve duas contas relacionadas ao seu nome, identificadas como “18532 AB” e “Manzua”.

Como as contas de Tourinho estavam encerradas, o saldo que aparece para ambas é zero. Embora presida um partido pequeno (o PTC tem só 2 deputados e nenhum senador), o baiano Tourinho tem uma ativa participação na vida nacional, apoiando partidos de diversas orientações. Em 2010, sustentou a campanha presidencial de Dilma Rousseff (PT). No ano passado, 2014, o PTC apoiou Aécio Neves (PSDB) para o Palácio do Planalto.

Tourinho já foi do PT (em 1981) e em 1985 fundou o (hoje extinto) Partido da Juventude. Quatro anos depois, em 1989, “o PJ adotou o nome de Partido da Reconstrução Nacional (PRN), partido pelo qual Fernando Collor de Mello elegeu-se presidente da República”, relata o presidente do PTC no seu perfil na página da legenda na internet.

 

DUAS IRMÃS DE PAULO MALUF
Duas irmãs do deputado federal Paulo Maluf (PP-SP) estavam ligadas a contas existentes na agência de Genebra. Therezinha Maluf Chamma e Nelly Maluf Jafet eram clientes do HSBC em 2006/2007.

O nome de Therezinha, que tem 86 anos, surge relacionado a 4 contas, com saldos variando de US$ 20.741 a US$ 1.737.251, à época em que os dados foram extraídos, 2006/07. Essas contas foram abertas em datas diferentes, de 1990 a 1996.

Já a conta ligada a Nelly estava com saldo zero nos anos de 2006/07. Nelly morreu no ano passado (2014), aos 89 anos.

 

CONTAS LEGAIS E DECLARADAS
Três filhos do prefeito de Belo Horizonte, Márcio Lacerda (PSB), estão nos arquivos do HSBC de Genebra: Tiago Nascimento de Lacerda, de 34 anos, Gabriel Nascimento de Lacerda, 37, e Juliana Nascimento de Lacerda, 36. As contas foram devidamente declaradas à Receita Federal e a saída do dinheiro está informada ao Banco Central, como determina a lei brasileira.

Ao serem informados a respeito desta reportagem, Tiago, Gabriel e Juliana mostraram suas declarações de Imposto de Renda e os documentos que comprovam o registro no Banco Central da saída dos recursos.

Tem sido raro na apuração das contas do HSBC na Suíça pessoas citadas apresentarem algum documento informando de maneira objetiva a legalidade dos depósitos. Os irmãos Tiago, Gabriel e Juliana mostraram documentos dessa natureza, indicando que o dinheiro ficou na conta no exterior até 2008, quando voltou oficialmente ao Brasil.

 

É LEGAL TER CONTA NA SUÍÇA?
Não é ilegal um brasileiro abrir e manter uma conta bancária na Suíça ou em qualquer outro país. Mas é necessário declarar à Receita Federal. Os titulares das contas também devem informar ao Banco Central quando o saldo for superior a US$ 100 mil.

 

Participam da série de reportagens SwissLeaks os jornalistas Bruno Lupion (do UOL) e Chico Otavio, Cristina Tardáguila e Ruben Berta (do jornal “O Globo”).

Políticos citados negam irregularidades ou não comentam

UOL cruzou dados de mais de 700 políticos com a lista do SwissLeaks

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