Santander vira alvo de petistas após dizer que economia piora com Dilma
Fernando Rodrigues
Prefeito de Osasco cancelou convênio com o banco; militantes pedem boicote
O banco Santander virou alvo de ataques de petistas desde a 6ª feira (25.jul.2014), quando veio a público um texto enviado a clientes ricos dizendo que o eventual sucesso eleitoral da presidente Dilma Rousseff iria piorar a economia do Brasil.
Jorge Lapas (PT), prefeito de Osasco, município na região metropolitana de São Paulo, aproveitou o episódio para anunciar que romperá o convênio com o banco para recolhimento de impostos e taxas municipais. Segundo ele, o Santander já foi notificado e o contrato será encerrado em 30 dias. Osasco tem o 12º maior PIB do país, segundo o último levantamento do IBGE.
Militantes petistas lançaram uma campanha de boicote ao banco. Em redes sociais, defenderam a transferência de contas correntes para o Banco do Brasil e a Caixa, bancos públicos sob controle do governo federal. Na manhã de 6ª feira, o termo “Santander” era o 4º mais citado por usuário do Twitter no Estado de SP. Porém, dada a dificuldade prática de encerrar uma conta em um banco e abrir em outro, é pouco provável que o movimento ganhe magnitude.
Rui Falcão, presidente do PT, classificou o caso como “terrorismo eleitoral” e divulgou que o banco havia enviado um pedido de desculpas à Presidência. O site Muda Mais, vinculado à campanha de Dilma, também definiu o episódio como “terrorismo eleitoral”. O Blog Amigos do Presidente Lula chamou o extrato de “panfletagem política anti-Dilma” (reprodução abaixo).
A versão brasileira do jornal espanhol “El País” publicou reportagem sobre o episódio no sábado (26.jul.2014). O veículo lembrou que o presidente mundial do banco, Emilio Botín, já foi recebido 4 vezes por Dilma Rousseff e tentava cultivar uma relação de proximidade com o governo brasileiro. Segundo o “El País”, a divulgação do texto vinculando a vitória da presidente a uma piora na economia teria caído “como uma bomba” na Planalto.
Botín chegou ao Rio de Janeiro no domingo (27.jul.2014), para um encontro internacional de reitores de universidades promovido pelo Santander, e falou publicamente sobre o tema. O executivo disse que a interpretação contida no texto enviado aos clientes de alta renda “não é do banco”, mas de um analista que o elaborou e enviou “sem consultar” seus superiores. Botín também declarou que a divisão brasileira do Santander tomou “as medidas cabíveis” a respeito e que o presidente da instituição no Brasil, Jesús Zabalza, prestou esclarecimentos a Dilma.
Até às 11h desta 2ª feira (28.jul.2014), o Santander mantinha um grande anúncio em sua página na internet pedindo desculpas pelo episódio. No final de semana, o banco também enviou aos seus clientes mensagem por e-mail, “lamentando profundamente qualquer mal-entendido”, assinado por Conrado Engel, vice-presidente de Varejo do Santander.