“Com 7% de aprovação, fica difícil concluir o mandato”, diz Temer
Fernando Rodrigues
Vice-presidente participou de evento com líderes pró-impeachment
Em encontro com grupos pró-impeachment nesta 5ª feira (03.set.2015), o vice-presidente Michel Temer (PMDB) comentou a baixa avaliação do governo e afirmou que será difícil continuar a governar com o índice de popularidade atual.
“Ninguém vai resistir 3 anos e meio com esse índice baixo. Muitas vezes, se a economia começar a melhorar, se a classe política melhorar, o índice volta a um patamar razoável. (…) se continuar com 7% ou 8% de popularidade, de fato, fica difícil passar 3 anos e meio assim”. As informações são do repórter do UOL Victor Fernandes.
Eis o áudio no qual o vice-presidente fala sobre a baixa popularidade da presidente Dilma Rousseff:
De acordo com o último levantamento do Datafolha, publicado em agosto, apenas 8% dos brasileiros consideraram o governo ótimo ou bom.
O evento foi organizado por Rosangela Lyra, do grupo Política Viva. Lyra trabalhou por muitos anos como diretora da marca Dior no Brasil. É bem relacionada com a sociedade paulistana. Também ganhou notoriedade quando sua filha, Carol Celico, casou-se com o jogador de futebol Kaká.
Rosangela Lyra fez uma longa pergunta que levou depois à reflexão de Michel Temer sobre as dificuldades de Dilma Rousseff. A organizadora do encontro disse o seguinte:
“…E ela sendo uma mulher, com o Congresso sendo amplamente masculino, também isso dificulta, né? De ter pessoas para conversarem com ela… Ela e a mãe dela morando lá no Palácio. Então, é assim, vendo esse cenário todo, como é que a gente faz de fato para ter uma mudança mais rápida, para não deixar sangrar o país. Porque a política… O problema da política… É… As pessoas que perderam os seus empregos, que estão sem perspectivas, pais de família desesperados. Como é que a gente faz para mudar isso o mais rápido possível?”.
Temer começou respondendo com uma defesa do governo e da continuidade do mandato de Dilma. “Eu espero que o governo vá até 2018. Que venham naturalmente eleições. E aí tem uma preocupação sua muito legítima: como é que nós vamos resistir a isso até 2018”, declarou.
O vice-presidente disse não acreditar na hipótese da cassação do mandato de Dilma Rousseff pelo Tribunal Superior Eleitoral (TSE). “Essa eu nem discuto porque é exatamente o que eu estava dizendo: as instituições têm que funcionar normalmente. Se o TSE cassar a chapa, cassou a chapa. Acabou. Eu vou pra casa, feliz da vida. Ela vai pra casa, né? Não sei como (…) Cada um tem a sua avaliação”.
Depois Temer responde sobre a possibilidade de a presidente da República renunciar: “Não me parece que ela [Dilma] seja, digamos, ‘renunciante’ (sic). Não, não me parece que ela seja assim. Agora [inaudível] você tem razão: é preciso melhorar o que está aí”.
Representantes de movimentos favoráveis à saída da presidente Dilma também foram convidados para o evento desta 5ª feira (3.set.2015), entre eles, Danilo Amaral, do Acorda Brasil. Danilo notabilizou-se por hostilizar o ex-ministro da saúde Alexandre Padilha em um restaurante em São Paulo, em maio.
O “Política Viva” promove debates sobre os principais assuntos políticos do país. Oposicionistas como Aloysio Nunes Ferreira (PSDB-SP), José Serra (PSDB-SP) e Ronaldo Caiado (DEM-GO) já participaram dos encontros.