Blog do Fernando Rodrigues

Arquivo : Roberto Requião

Planalto e líderes no Senado isolam Renan e lei de abuso de autoridade
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Fernando Rodrigues

Reunião nesta 2ª deve produzir projeto alternativo

Alexandre de Moraes (Justiça) coordena a operação

PMDB, PSDB e DEM pressionam para adiar votação

Sen Renan Calheiros, ministro do STF Gilmar Mendes e o juiz federal Sérgio Moro, durante debate do PL 280/2016, sobre abuso de autoridade o plenário do Senado. Brasilia, 01-12-2016 (Foto: Sérgio Lima/PODER 360).

O presidente do Senado, Renan Calheiros

Uma aliança de Palácio do Planalto, integrantes do Poder Judiciário, Ministério Público e líderes dos principais partidos governistas articula o adiamento da votação do projeto de lei que altera os crimes por abuso de autoridade.

A reportagem é do Poder360.

Na impossibilidade de adiar, o governo está finalizando um texto alternativo ao apresentado pelo relator do projeto, senador Roberto Requião (PMDB-PR). O presidente do senado, Renan Calheiros, que apóia o texto de Requião, está sendo isolado por esta operação.

Nesta 2ª feira (5.dez) o ministro da Justiça, Alexandre de Moraes, tem reunião às 15h30 com 1 grupo de juízes e procuradores. Vão elaborar 1 texto substitutivo ao projeto de Requião.

O substitutivo pode ser apresentado em plenário, se Renan insistir em colocar seu projeto em votação. Outra possibilidade é servir de subsídio para uma discussão mais aprofundada, caso o presidente do Senado aceite adiar a votação, marcada para amanhã (6.dez).

QUEM PARTICIPA DAS NEGOCIAÇÕES
O Planalto pretende pacificar o ambiente político e a animosidade entre os Três Poderes. Por essa razão, participarão da reunião das 15h30 de hoje no Ministério da Justiça integrantes de entidades ligadas ao Judiciário e ao Ministério Público: AMB (Associação dos Magistrados Brasileiros), Conamp (Associação Nacional dos Membros do Ministério Público), ANPR (Associação Nacional dos Procuradores da República) e Colégio de Procuradores Gerais dos MPE.

Deve também estar presente o novo presidente da AMB, Jayme Martins de Oliveira Neto, que toma posse no dia 15 de dezembro.

Alvo das conversas entre o governo, o Judiciário e o Ministério Público, o projeto de Requião deve ser alterado nos seguintes pontos:

  • Parágrafo único do artigo 1: define o que pode ser excluído da tipificação de crime de abuso de autoridade.
  • Parágrafo 5, do artigo 3: permite a uma parte de fora do Ministério Público apresentar uma denúncia quando o responsável pelo caso demorar mais de 15 dias.
  • Parágrafo único do artigo 9: pune juízes que deixarem de “relaxar a prisão manifestamente ilegal”, entre outras.
  • Artigo 29: pune quem instaura investigação “em decorrência da simples manifestação artística, de pensamento e de convicção política ou filosófica, assim como de crença, culto ou religião, ausente qualquer indício da prática de crime”.
  • Artigo 40: pune quem “requerer vista de processo” (mais tempo para análise) “com o intuito de procrastinar seu andamento ou retardar o julgamento”.
  • Artigo 32: considerado vago, teria de ser mais específico. Fala apenas em punir quem iniciar ou “proceder à persecução penal, civil ou administrativa, com abuso de autoridade”.
  • Artigo 33: também é considerado “muito aberto”. Fala em “estender a investigação sem justificativa, procrastinando-a em prejuízo do investigado ou fiscalizado”. A pena é detenção, “de 6 meses a 2 anos, e multa”. O parágrafo único determina que “incorre nas mesmas penas quem, quando inexistir prazo para execução ou conclusão do procedimento, estendê-lo de forma imotivada, procrastinando-o em prejuízo do investigado ou do fiscalizado”.

OS POLÍTICOS E A VOZ DAS RUAS
As manifestações deste final de semana não foram tão grandes como os organizadores esperavam. Mas tiveram críticas a Renan, ao presidente da Câmara, Rodrigo Maia (DEM-RJ), e aos políticos em geral. A tentativa de tornar mais rígida a lei de abuso de autoridade foi entendida como uma manobra para abafar a Lava Jato. Isso está sendo decisivo na tomada de decisão dos líderes.

Os principais líderes governistas no Congresso perceberam que o momento não é propício para tentar aprovar uma atualização da lei de abuso de autoridade. O tema é muito complexo e o consenso que seria melhor discutir o assunto por mais tempo.

Um adiamento da votação desta semana, na realidade, deixará o projeto sem condições de ser aprovado neste ano. A nova data ficará, então, a critério do próximo presidente do Senado. Renan deixa o cargo após o recesso de fim de ano.

O tucano Aloysio Nunes Ferreira (SP), líder do governo no Congresso, já defende publicamente o adiamento da votação: “Estive estudando a lei atual. É de 1965, mas ainda funciona bastante bem. Qualquer alteração tem que ser profundamente estudada, porque atinge vários pontos do sistema jurídico. Eu defendo que o projeto seja enviado à Comissão de Constituição e Justiça para uma análise mais profunda”.

Líder do partido de Renan, Eunício Oliveira (PMDB – CE) também defende adiamento: “O projeto necessita de ajustes. Como está, dificilmente será aprovado. Não vejo motivo para urgência. A decisão é do presidente Renan, mas creio que ele é um homem flexível”.

O líder do DEM, Ronaldo Caiado (GO), nem vai esperar. Já preparou requerimento à Mesa Diretora do Senado pela derrubada da urgência ao projeto que altera a lei de abuso de autoridade: “Não podemos ter uma pauta provocativa, nem fazer queda de braço com a população”.

CÂMARA
O deputado federal Eduardo Bolsonaro (PSC-SP) entrou com uma ação no STF (eis a íntegra) para anular a aprovação pela Câmara da emenda que incluiu o abuso de autoridade no projeto das medidas contra a corrupção. O relator do processo é o ministro Luiz Fux.

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12 dos 14 congressistas brasileiros deixam reunião do Mercosul em protesto
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Fernando Rodrigues

Presidente do Parlasul disse haver um golpe parlamentar no Brasil

Congressistas brasileiros abandonaram evento após declaração

Apenas Jean Wyllys e Benedita da Silva continuarão participando

Para Requião, protesto foi por causa de cerimonial do evento

RedComSur-jorgeTaiana

O presidente do Parlasul, Jorge Taiana

Um incidente diplomático hoje (2ª feira) cedo provocou a saída de 12 dos 14 congressistas brasileiros que participavam de um evento pela comemoração dos 25 anos do Mercosul, em Montevidéu, no Uruguai.

Segundo o deputado federal Benito Gama (PTB-BA), a maioria dos delegados brasileiros resolveu “protestar contra a opinião do presidente do Parlasul, o argentino Jorge Taiana”.

Ligado à ex-presidente argentina Cristina Kirchner, Taiana falou sobre o processo de impeachment no Brasil numa nota publicada no site oficial do Mercosul. “É um golpe parlamentar e uma utilização forçada da lei do impeachment”, disse ele.

“Não tem cabimento tal declaração no âmbito do Mercosul, ainda mais publicando no site oficial da instituição. Nós todos nos reunimos e decidimos sair do recinto, com o apoio do chefe da nossa delegação, que é o senador Roberto Requião (PMDB-PR)”, relatou Benito Gama, por telefone, de Montevidéu, onde está hoje e amanhã.

Requião telefonou ao Blog às 13h40 para dizer que o protesto, por parte dele, foi por conta do posicionamento dos congressistas brasileiros nos fundos do local onde se realizava o evento. “Foi um desrespeito não apenas com os brasileiros, mas também com os representantes de outros países. Colocaram funcionários nos melhores lugares e nos deixaram no fundo”, afirmou o senador paranaense.

Para Requião, o presidente do Parlasul não poderia ter expressado a opinião sobre o impeachment no Brasil como se fosse a da instituição. “Esse era um assunto para ser debatido por todos e vamos debatê-lo”, declarou o peemedebista.

Nestes 2 dias (25 e 26.abr) haverá várias reuniões do Mercosul. Os congressistas brasileiros pretendem fazer mais protestos. Na manhã desta 2ª feira, o presidente do Uruguai, Tabaré Vázquez, tentou evitar a saída dos brasileiros do recinto, mas não foi bem sucedido.

O chanceler brasileiro Mauro Vieira presenciou a cena, mas não chegou a tentar impedir a saída dos congressistas brasileiros.

Exceto pelos deputados Jean Wyllys (PSOL-RJ), Ságuas Moraes (PT-MT) e Benedita da Silva (PT-RJ), todos os outros representantes do Brasil saíram da sala onde se realizava a cerimônia de hoje.

Wyllys escreveu no Twitter sobre o ocorrido. Segundo ele, os demais congressistas resolveram se retirar depois de terem sido colocados em uma fila no fundo do auditório onde ocorria o evento.

“O cerimonial reservou a fila O para a delegação brasileira, que fica no fundo. Os deputados da oposição de direita mais Requião não gostaram (…) sentiram-se ofendidos e então se retiraram”.

Ao todo, 36 deputados e senadores brasileiros são integrantes do Parlasul. Dentre os 14 que participam dos 14 que participam dos eventos em Montevidéu estão os deputados Arthur Oliveira Maia (PPS-BA), Roberto Freire (PPS-SP), Jean Wyllys (PSOL-RJ), Ságuas Moraes (PT-MT), Benito Gama (PTB-BA), Heráclito Fortes (PSB-PI) e Benedita da Silva (PT-RJ) e os senadores Roberto Requião (PMDB-PR), Lídice da Mata (PSB-BA) e Antonio Carlos Valadares (PSB-SE).

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