Blog do Fernando Rodrigues

Arquivo : Standard & Poor’s

Levy foi avisado com antecedência sobre rebaixamento do Brasil
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Fernando Rodrigues

Ministros no Planalto só souberam pela mídia

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Joaquim Levy, que esteve no Senado nesta 4ª feira (16.dez.2015)

O ministro da Fazenda, Joaquim Levy, estava a sós com Renan Calheiros pouco depois do meio-dia de hoje (16.dez.2015) quando um assessor entrou com um pedaço de papel. Era a notícia sobre a decisão da Fitch de rebaixar a nota de crédito do Brasil.

O presidente do Senado leu a informação. Mostrou para Levy. E o ministro: “Eu já sabia”. Deu a entender que tinha sido informado mais cedo a respeito do fato.

PLANALTO POR FORA
Ministros palacianos souberam do rebaixamento da Fitch por meio da mídia. Não foi possível apurar se Levy fez a gentileza de avisar Dilma Rousseff com alguma antecedência.

O vice-presidente, Michel Temer, recebeu a informação na hora do almoço, às 12h40 –um assessor mostrou a ele a notícia num celular.

REINCIDENTE
Quando o Brasil foi rebaixado pela Standard & Poor’s, em 9.set.2015, Levy soube às 14h daquele dia. Não contou para Dilma. A presidente só ficou sabendo por volta de 18h.

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Levy soube do ‘downgrade’ às 14h de 4ª feira e não avisou Dilma
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Fernando Rodrigues

Ministro da Fazenda não quis compartilhar informação

Planalto ficou sabendo só após 18h, pela imprensa

Levy-Foto-Foto-JoseCruz-Agencia-Brasil-07.jun.2015

Joaquim Levy: soube às 14h do rebaixamento do Brasil, mas não avisou Dilma

Emergiu mais um aspecto da descoordenação dentro do governo da presidente Dilma Rousseff. O ministro da Fazenda, Joaquim Levy, soube do rebaixamento do grau de investimento do Brasil na 4ª feira (9.set.2015) por volta de 14h. O czar da economia não compartilhou a informação nem com sua chefe no Palácio do Planalto.

Dilma e vários ministros palacianos só souberam do fato depois das 18h, quando várias agências de notícias começaram a noticiar a decisão da Standard & Poor’s.

Na 4ª feira, houve grande mal estar no Palácio do Planalto pelo fato de o ministro da Fazenda ter mantido o assunto em reserva. Um dos argumentos para o sigilo seria não permitir vazamentos enquanto o mercado financeiro ainda estivesse em funcionamento –mas ministros ouvidos pelo Blog consideraram extravagante deixar a presidente da República desinformada.

O fato é que Joaquim Levy já sabia desde a semana anterior, quando jantou com empresários em São Paulo, que a Standard & Poor’s estava para tomar uma decisão sobre o grau de investimento do país. O Planalto acha que o ministro da Fazenda errou ao não traçar uma estratégia previamente para o caso de confirmação do downgrade.

Nessas ocasiões o governo tenta preparar outras notícias para se contrapor ao fato negativo. É uma guerra de marketing difícil de ser vencida. Mas estar desprevenido degrada ainda mais o ambiente político.

Pior do que não planejar o governo internamente para reagir à notícia, Levy enclausurou-se na sede do Ministério da Fazenda em São Paulo na última 4ª feira. Quando soube do downgrade, Dilma Rousseff havia determinado que ele falasse à imprensa. A grande preocupação do Planalto nessas horas é saber como o “Jornal Nacional”, da TV Globo, vai noticiar o assunto –trata-se do telejornal de maior audiência no país.

No início da noite de 4ª feira, uma equipe do “Jornal Nacional” estava em frente ao Ministério da Fazenda em São Paulo tentando entrar no edifício para entrevistar Levy. Os jornalistas não tiveram sucesso. Telefonaram para pedir ajuda ao Palácio do Planalto, que tentou liberar a entrada. Não deu certo. A ordem para impedir a reportagem do telejornal entrar era do próprio ministro.

A nota oficial de Levy sobre o downgrade só ficou conhecida por volta de 22h. Foi quando ele também concordou em conceder a entrevista a outro telejornal da maior emissora do país, o “Jornal da Globo”. Tudo foi improvisado e o resultado (imagem e conteúdo) foi considerado um desastre pelo governo.

A entrevista ao “Jornal da Globo” foi ao ar já na madrugada de 5ª feira (10.set.2015). O ministro ficou instalado numa cadeira num nível abaixo da dos apresentadores, numa posição que evocava subserviência e fragilidade. Eis a imagem:

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O ministro da Fazenda numa cadeira em nível mais baixo que o dos apresentadores da TV Globo

Levy e parte de sua equipe continuam descontentes com a condução da política econômica de Dilma Rousseff. Um setor  da mídia tem tentado ajudar o ministro propagando versões edulcoradas da conjuntura, afirmando que ele teve sucesso nos últimos dias em convencer a presidente de que a “ficha caiu” a respeito da crise. Nada disso está acontecendo.

Dilma Rousseff continua sem certeza sobre o tamanho dos cortes que necessita fazer no Orçamento de 2016 para preencher o rombo inicialmente previsto na casa dos R$ 30 bilhões. A posição ortodoxa de Levy sobre mais cortes e alguns impostos continua sendo minoritária no Planalto.

O ministro e o secretário da Receita Federal, Jorge Rachid, estavam demissionários na 4ª feira da semana anterior, dia 2 de setembro. Ficaram em suas cadeiras apenas após o presidente do Bradesco, Luiz Trabuco, conversar com Dilma Rousseff. Foi por essa razão que naquela data houve um jantar com pesos pesados do PIB para recepcionar Levy em São Paulo.

Mas o ministro disse de maneira clara a todos naquele jantar do início do mês: vai tentar mais um pouco a implantação do ajuste fiscal, até por volta do fim do ano. E se não tiver sucesso? Aí terá de sair.

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Levy, um ministro prostrado
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Fernando Rodrigues

Imagem na Globo mostra czar da economia diminuído

Declarações indicam contraste entre discurso e ação

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Em entrevista ao “Jornal da Globo”: Joaquim Levy, o incrível ministro que encolheu

O ministro da Fazenda, Joaquim Levy, apareceu na madrugada desta 5ª feira (10.set.2015) dando uma entrevista ao “Jornal da Globo”, na TV Globo.

A improvisação que marcou a gestão de Levy à frente do Ministério da Fazenda até agora talvez nunca tenha estado tão bem retratada como nas imagens dessa entrevista (reprodução acima), acertada de última hora. Os apresentadores aparecem num patamar mais alto, na bancada do telejornal. O ministro estava sentadinho numa cadeira instalada num nível mais abaixo, com as mãos juntas e os pés obsequiosamente cruzados.

Quem já viu alguma vez a forma como marqueteiros do governo negociam as aparições públicas de autoridades sabe muito bem que a presença de Levy no “Jornal da Globo” foi, do ponto de vista imagético, um desastre. Foi tudo improvisado, pois o titular da Fazenda precisava explicar o que o governo achava da perda do grau de investimento do Brasil segundo a agência S&P.

Mas, para além da imagem, há o que Levy falou. Suas declarações são o epítome dos desencontros entre o que o governo diz fazer e o que faz realmente. Eis dois exemplos marcantes:

1) Cortes de despesas: “A gente vai ter que fazer essas escolhas. Qual vai ser exatamente o imposto, quanto vai ser, qual vai ser exatamente o corte, a gente vai conversar, foi isso o que Congresso pediu para a gente, e depois, eu acho que nas próximas semanas, o governo vai ter que fazer isso com muita clareza. Agora, todo mundo vai ter que estar envolvido nisso e é um desafio para cada um de nós”.
Contexto: Levy participa de um governo que está há 12 anos, 8 meses e 10 dias no Palácio do Planalto. Como é possível que só agora a administração federal tenha pensando em fazer uma análise sobre o que pode ser cortado? Até porque, segundo a presidente da República (em entrevista ao “Valor”), já em novembro do ano passado (2014) ficou claro para todos o tamanho da crise.

2) Meta fiscal (economia a ser feita no Orçamento): “Nós queremos equilíbrio fiscal. A gente quer atingir a meta que é necessária para trazer tranquilidade para a economia brasileira”.
Contexto: mas se é assim, por que foi enviada uma proposta de Orçamento para 2016 ao Congresso prevendo um rombo de mais de R$ 30 bilhões? O governo não teve tempo de pensar no que cortar, apesar de Joaquim Levy estar no comando da Fazenda desde 1º de janeiro de 2015 (aliás, estava no comando informal desde novembro de 2014)?

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Rebaixamento do Brasil: governistas minimizam, oposição fala em impeachment
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Fernando Rodrigues

Cúpula da Câmara em verde; a do Senado, em amarelo

Cúpula da Câmara em verde; a do Senado, em amarelo

Governistas tentaram minimizar a decisão da Standard & Poor’s de rebaixar o grau de investimento do Brasil nesta 4ª feira (10.set.2015). Congressistas de oposição  acham que a crise econômica e política vai se agravar, o que pode reforçar a tese de afastamento da presidente Dilma Rousseff.

A seguir, as opiniões coletadas pelo Blog:

Renan Calheiros (PMDB-AL), presidente do Senado:
“É preciso fazer o dever de casa para reverter essa expectativa. E é preciso que o governo tome a iniciativa”.

senador Delcídio Amaral (PT-MS), líder do governo no Senado:
O petista acha que o anúncio da S&P deve servir de “alerta” para o enfrentamento dos problemas econômicos do país. Delcídio contesta a credibilidade das análises produzidas pela agência de classificação de risco: “Não é o fim do mundo. Também temos de ficar atentos aos equívocos cometidos pelas agências de classificação. Veja o que a Standard & Poor’s fez durante a crise de 2008 nos Estados Unidos. Não temos de encarar a avaliação como verdade absoluta”.

Bruno Araújo (PSDB-PE), líder da minoria na Câmara:
O tucano classificou o corte da nota de crédito do país como um “desastre”. Cobrou uma resposta do ex-presidente Lula. “Em abril de 2008, o ex-presidente Lula disse que o país demonstrava respeito ao receber o título de grau de investimento. E agora? Também deve falar sobre essa herança e o respeito perdido”.

José Guimarães (PT-CE), líder do governo na Câmara:
O petista disse que, apesar do rebaixamento, o país tem grau de investimento muito maior do que o do governo Fernando Henrique. “A situação para investimento do país hoje é 10 vezes melhor do que da época do FHC. Não vamos enfrentar problemas como o aumento de juros e financiamentos”.

deputado Rubens Bueno (PPS-PR), líder do PPS na Câmara:
O deputado acha que a presidente Dilma é responsável pela situação econômica do país. “Dilma traçou uma meta, conseguiu dobrá-la, só que fez para pior. O que aconteceu hoje, vem acontecendo, a corrupção, as chances de impeachment tornam-se cada vez maiores. É um processo crescente”, afirmou.

deputada Jandira Feghali (PC do B-RJ), líder do PC do B na Câmara:
Aliada ao governo, Jandira coloca em dúvida a capacidade das agências de classificação de risco para emitir juízo sobre o estado da economia de um determinado país.  “Era inevitável. O governo acertou ao enviar um orçamento realista com o déficit. Agora, não podemos ficar reféns das análises dessas agências porque sabemos o interesse que há por trás.”

deputado Mendonça Filho (DEM-PE), líder do DEM na Câmara:
O demista afirma que a crise se agrava com a perda na nota de crédito.  Segundo ele, “o rebaixamento serve como um combustível a mais para o enfrentamento deste desgoverno sem condições políticas de tomar medidas que solucionem a crise. Agrava a recessão, o desemprego e a inflação”.

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Com rebaixamento do Brasil, Dilma perdeu junto o “grau de governabilidade”
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Fernando Rodrigues

Lulistas pedem troca de equipe palaciana

Mercadante, Rossetto e Cardozo estão na mira

Pressão por reforma ministerial fica mais forte

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Dilma: agora, mais frágil com a perda do grau de investimento do Brasil

Bastou a agência de avaliação de risco Standard & Poor’s (S&P) cortar hoje (9.set.2015) a nota de crédito brasileira para petistas-lulistas sugerirem trocas imediatas na equipe da presidente Dilma Rousseff.

Para a ala lulista do PT, a perda do grau de investimento do Brasil representa também uma grande derrota para a presidente Dilma Rousseff e sua equipe, que teriam perdido o “grau de influência na própria administração”, como ouviu o Blog.

Uma corrente no PT acha que os indicadores econômicos e financeiros devem se degradar nesta 5ª feira (10.set.2015). “O dólar vai a R$ 4 amanhã?”, perguntou um ex-ministro dilmista. A pressão por uma reforma ministerial será mais forte do que o usual.

O desejo dos lulistas neste momento é trocar a trinca de ministros que mais apoia a presidente: Aloizio Mercadante (Casa Civil), Miguel Rossetto (Secretaria-Geral da Presidência) e José Eduardo Cardozo (Justiça).

“Ela tem de entregar o governo para o Lula, trocar esses ministros e se contentar em ser uma rainha da Inglaterra. Se não fizer isso, não termina o governo”, foi a frase de um graduado petista.

“Entregar o governo para o Lula”, no caso, significa deixar que o ex-presidente nomeie pessoas de sua confiança para cargos relevantes no Planalto, a começar pela Casa Civil –com a saída de Mercadante.

Outro que tem sua permanência considerada difícil é o ministro da Fazenda, Joaquim Levy. Ele entrou para o governo justamente para tentar evitar a perda do grau de investimento.

Pode-se argumentar que o czar da economia foi sabotado por integrantes do governo, inclusive pela própria Dilma. Mas o “job description” de um ministro da Fazenda é também ter a habilidade para construir consensos e fazer política. Levy foi incapaz de construir consensos e absolutamente incompetente quando tentou fazer política.

A presidente prometeu fazer uma reforma em setembro, cortando de 39 para 29 o número de ministérios. Havia dúvidas sobre a exequibilidade dessa ideia –entre outras razões porque várias personagens importantes do governo, inclusive Dilma, têm viagens internacionais marcadas para este mês.

No próximo sábado (12.set.2015), o vice-presidente Michel Temer embarca para uma viagem internacional (Rússia e Polônia). Leva junto vários ministros do PMDB. Deve estar de volta a Brasília só em 21.set.2015

Mas aí é a presidente quem viaja: embarca para os EUA em 25.set. Ela discursa na abertura 70ª Assembleia Geral da ONU, em Nova York, em 28.set. A petista deve estar de volta ao Brasil em 29.set.

PRESIDENTE TEMER
A propósito: Michel Temer assume o comando do Planalto de maneira interina por até 5 dias, durante a viagem de Dilma a Nova York.

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Rebaixamento é mais um arranhão na imagem de “gerentona” de Dilma
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Fernando Rodrigues

Pedro Ladeira/Folhapress- 12.fev.2014

Individualmente, o rebaixamento da nota de risco do Brasil não tem impacto eleitoral certo. Ocorre que essa é mais uma notícia ruim no front econômico para a presidente Dilma Rousseff. É outro arranhão na imagem cultivada pela petista, qual seja a de ser uma boa gerente, uma boa administradora. A “gerentona” que Luiz Inácio Lula da Silva e o marketing oficial venderam aos brasileiros em 2010.

Agora, na campanha eleitoral, não será com a mesma facilidade de quatro anos atrás que Dilma Rousseff poderá ser apresentada como a gestora pública infalível.

É claro que o governo vai minimizar a notícia do rebaixamento anunciado pela agência de classificação Standard & Poor’s (S&P). Faz parte do “job description” da presidente e de seus ministros sempre ter um discurso mais otimista do que a realidade permita. Mas em 2011, quando a S&P anunciou um aumento da nota do Brasil, o discurso foi outro. Naquela ocasião, o ministro da Fazenda, Guido Mantega, soltou uma nota na qual dizia: “É um reconhecimento de que a política econômica encontra-se na direção correta, e de que são sólidos os fundamentos macroeconômicos do país”. Ele afirmou também: “O anúncio da agência de rating evidencia o sucesso da gestão da economia brasileira em seu objetivo de fortalecer o país”.

“Mutatis mutandis”, Mantega poderia hoje muito bem dizer o que o anúncio da Standard & Poor’s “é um reconhecimento de que a política econômica não se encontra na direção correta, e de que não são sólidos os fundamentos macroeconômicos do país”. E também que “o anúncio da agência de rating evidencia o fracasso da gestão da economia brasileira em seu objetivo de fortalecer o país”.

[Atualização às 21h50: Como se sabe, nada como um dia após o outro. Guido Mantega soltou nota na noite desta segunda-feira (25.mar.2014) na qual diz que a decisão da agência Standard & Poor’s de rebaixar a nota de avaliação do Brasil de ‘BBB’ para ‘BBB-’ é “inconsistente com as condições da economia brasileira” e “contraditória com a solidez e os fundamentos do Brasil”. Como se vê, a S&P só serve quando traz notícias boas para o governo brasileiro].

É claro que esse rebaixamento da nota do Brasil não significa o fim do mundo e uma situação de total descontrole econômico. Mas é um tijolo a menos na parede da credibilidade de Dilma Rousseff e de sua suposta competência gerencial.

Em resumo, esse tipo de notícia não ajuda na composição da imagem que Dilma gostaria de vender ao longo da campanha presidencial que está prestes a começar. Para complicar, há o caso mal explicado da Petrobras, que também ajuda a trincar a ainda mais a reputação de “gerentona” da presidente.

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