Núcleo político de Dilma é inábil, diz André Vargas
Fernando Rodrigues
O deputado federal André Vargas (PT-PR), primeiro vice-presidente da Câmara, criticou ontem numa mesma entrevista a atuação dos chefes do Poder Executivo e do Poder Judiciário.
Estrela em ascensão no PT, Vargas, 50 anos, disse à ''Folha'' e ao UOL que ''tem havido um pouco de inabilidade do governo'' para negociar com o PMDB um acerto que acomode esse aliado na reforma ministerial promovida pela presidente Dilma Rousseff.
Indagado sobre quem é inábil, Vargas aponta o ''staff político'' do Palácio do Planalto, hoje comandado pela ministra das Relações Institucionais, Ideli Salvatti, e pelo ministro da Casa Civil, o recém-nomeado Aloizio Mercadante.
Por que haveria essa inabilidade política do Planalto? ''Acho que nós temos uma articulação ainda ineficiente, e quando digo isso assumo a responsabilidade'', responde o deputado. Mas por que a articulação é ineficiente e por que a presidente não introduz mudanças? ''Aí é uma questão da presidenta. Ela toma as decisões. Não me parece que é uma questão de nomes; me parece mais uma questão de estilo. Nós, parlamentares, não somos acionados para ajudar nessa interlocução'', reclama o petista.
Esse ruído entre os congressistas e o Palácio do Planalto tem sido comum desde o início do mandato de Dilma Rousseff, em 2011. No momento, há um clima ruim pelo fato de estar em curso um processo de reforma ministerial –muitos deputados e senadores sentem-se desatendidos pela presidente.
Consultado pela reportagem, o Palácio do Planalto não quis comentar as declarações de André Vargas.
Durante a entrevista, o deputado falou sobre seu gesto de erguer o braço com o punho cerrado quando estava sentado ao lado do presidente do Supremo Tribunal Federal, Joaquim Barbosa, na sessão solene de abertura do Congresso no último dia 3. Para o petista, sua atitude foi ''um direito de opinião''. Negou ter a intenção de ofender o magistrado.
Mas André Vargas fez duras críticas ao presidente do STF, que teria cometido ''um equívoco grande'' ao ter revogado nesta semana uma decisão do ministro Ricardo Lewandowski sobre um pedido de José Dirceu, réu do mensalão que deseja autorização para trabalhar fora do presídio durante o dia.
Lewandowski havia determinado que o pedido de autorização para trabalho externo fosse analisado com urgência. Barbosa suspendeu o processo. ''O ministro Joaquim Barbosa não aposta na unificação do Poder. Estou dando minha opinião. Ele não está à altura de ser presidente de um Poder. Não se comporta como presidente de um Poder. Ele se comporta como um ministro polêmico, o ministro que mais divide do que une'', declarou André Vargas.
Procurada, a assessoria de Barbosa disse que o ministro não comentaria os ataques de Vargas.