Blog do Fernando Rodrigues

Arquivo : Alexandre Tombini

Equipe econômica vai debater se deve elevar meta de inflação anual
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Fernando Rodrigues

Hoje, o percentual é de 4,5%, com tolerância de 2 pontos

Assessores da presidente querem subir até 5,5% ao ano

Essa elevação, argumentam, seguraria a alta dos juros

Brasília - O presidente do Banco Central, Alexandre Tombini, fala na Comissão de Assuntos Econômicos (CAE) do Senado, sobre as diretrizes e perspectivas da política monetária (Antonio Cruz/Agência Brasil)

O presidente do Banco Central, Alexandre Tombini

A reunião de Dilma Rousseff na semana que vem com seus principais ministros para traçar os rumos da economia terá um tema espinhoso sobre a mesa: o centro da meta de inflação deve permanecer em 4,5% ao ano ou ser elevado?

É consenso no Palácio do Planalto que a taxa de juros (Selic) deve, no máximo, ficar no atual patamar, de 14,25% ao ano. Esse recado será dado ao Banco Central de forma clara. Mas não há garantia de que o BC atenda a esse apelo.

Ocorre que o Banco Central está inclinado a subir o juro em 19 e 20 de janeiro, quando o Comitê de Política Monetária se reúne pela primeira vez em 2016. A inflação na casa de 10,70% em 2015, bem acima da meta, disparou o gatilho para o BC pensar numa Selic mais alta.

É exatamente para tentar evitar a alta de juros que assessores próximos a Dilma Rousseff acreditam que seria o momento de um choque de realidade: aumenta-se de uma vez o centro da meta de inflação –fala-se no Planalto em 5,5% ao.

Como a margem de tolerância é de 2 pontos, para mais ou para menos, a taxa poderia variar até 7,5%.

Com essa alteração na meta de inflação, acreditam assessores palacianos, o BC ficaria mais à vontade para não elevar os juros.

Mas há 2 problemas grandes: 1) a meta de 2016 já está fixada e haveria dificuldade política para alterar a resolução do Conselho Monetário Nacional, pois seria necessário modificar também o decreto presidencial de 1999 que estabeleceu o atual sistema; 2) o mercado poderia apostar contra o real, achando que o governo está flexibilizando o controle da inflação.

O fato é que esse assunto está em fermentação no Planalto. A decisão será tomada ao longo das próximas semanas. Ninguém pretende falar sobre o assunto em público antes de haver um mínimo consenso interno no governo.

A AUSÊNCIA DE TOMBINI
Apesar de integrar a equipe econômica, o presidente do Banco Central, Alexandre Tombini, estará em férias durante a reunião da semana que vem, quando serão traçados os planos para 2016.

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Se Tombini ficar sem “status de ministro”, BC perde parte de sua autonomia
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Fernando Rodrigues

Decisão sobre taxa de juros ficaria ligada à Fazenda

Ações contra decisões do BC iriam para a 1ª instância

BancoCentral

Sede do Banco Central, em Brasília – foto: EBC – divulgação

A presidente Dilma Rousseff anunciou nesta semana que vai cortar 10 dos seus 39 ministérios. Algumas pastas simplesmente perderiam o “status” e continuariam inalteradas do ponto de vista funcional –inclusive o Banco Central. Apenas deixariam de ser “ministérios”.

Ocorre que no caso do BC há um problema objetivo: parte da autonomia operacional da autarquia (hoje ministério) decorre do fato de haver status de ministro para o presidente do órgão –atualmente, Alexandre Tombini.

A extinção do cargo de ministro de Estado para o presidente do Banco Central tornará mais vulnerável –e menos independente– o processo decisório sobre política econômica.

SUBORDINAÇÃO À FAZENDA
Hoje, o presidente do BC responde à presidente da República. Sem o status de ministro, seu superior imediato será o ministro da Fazenda.

Numa reunião sobre o que fazer com a taxa de juros, abre-se uma janela a mais para interferência dentro do Banco Central.

O BC é o regulador e o supervisor do sistema financeiro nacional. Haverá um conflito de interesses se o presidente do órgão estiver subordinado ao ministro da Fazenda –que vem a ser o controlador dos bancos oficiais.

O poder de polícia exercido pelo BC permite a punição de bancos e de banqueiros sem ter de pedir autorização a ninguém.

Banco do Brasil e Caixa Econômica Federal, para citar os dois bancos estatais federais de maior porte, são ligados ao Ministério da Fazenda. Se o Banco Central também ficar subordinado hierarquicamente à Fazenda, perderá naturalmente parte da autonomia para fiscalizar e punir os entidades bancárias oficiais.

QUESTIONAMENTOS JUDICIAIS
Há também o aspecto relacionado à instância judicial na qual o BC pode ter suas ações questionadas. Até 2004, qualquer cidadão insatisfeito com ações tomadas pelo Banco Central podia protocolar processos em órgãos da Justiça de 1a Instância. Depois que o BC passou a ter status de ministério, só é possível questionar o órgão no STJ (Superior Tribunal de Justiça).

As decisões do BC estão hoje menos expostas a questionamentos na primeira instância da Justiça, cujas sentenças ocorrem de maneira difusa e, muitas vezes, descoordenada.

É comum cidadãos e entidades questionarem na Justiça as decisões do Banco Central. Entre outros temas que são alvo de ações estão a condução do regime de metas de inflação e seu reflexo no endividamento público; o custo de carregamento de reservas internacionais (US$ 370,1 bilhões em 30.jul.2015); a administração de base monetária (R$ 231,9 bilhões em 30.jun.2015); a administração de depósitos compulsórios (R$ 281,3 bilhões em 30.jun.2015) e a gestão do sistema Selic, no qual circulam títulos do Tesouro Nacional num total de R$ 2,4 trilhões (em junho).

Quando se consideram os mandados de segurança impetrados antes e depois da criação do cargo de ministro para o presidente do Banco Central, há o seguinte resultado:

10 anos antes do status de ministro
De agosto de 1993 a agosto de 2004: foram impetrados na primeira instância judicial 168 mandados de segurança. Desses, 125 já estão encerrados. Outros 43 continuam em andamento.

10 anos depois do status de ministro
De agosto de 2004 a agosto de 2015: foram impetrados no Superior Tribunal de Justiça 59 mandados de segurança, sendo que 34 já se encerram. Outros 25 estão em andamento.

Além da redução dos mandados de segurança impetrados contra o presidente do BC (65% a menos quando se comparam os dois períodos citados), há também um aumento do índice de êxito do banco. Hoje, em 94% das vezes o Banco Central tem ganho de causa no STJ. Antes, a taxa era de 83% na primeira instância.

HISTÓRICO
Em 2005, o plenário do Supremo Tribunal Federal (STF) reconheceu que o presidente do Banco Central poderia ter o status de ministro.

Ao julgar duas ações diretas de inconstitucionalidade propostas pelo então PFL (hoje Democratas) e pelo PSDB, o ministro Gilmar Mendes rejeitou pedidos para que fosse declarada inconstitucional uma medida provisória de 2004 que conferiu o status de ministro ao presidente do BC daquela época, Henrique Meirelles.

Como ministro de Estado, o presidente do BC tem a prerrogativa de ser julgado criminalmente apenas no STF. Essa garantia é popularmente conhecida como foro privilegiado. Suas ações administrativas são questionadas no STJ.

Conforme Gilmar Mendes, a prerrogativa é uma garantia voltada não para os titulares dos cargos, mas para as instituições. Segundo ele, os agentes políticos precisam de ampla liberdade funcional e resguardo para exercer suas funções.

“Sabemos que há ministérios com o papel político que, a despeito de sua importância, não se equiparam ao Banco Central”, disse durante o julgamento. O ministro afirmou que há regras semelhantes em outros países. “A necessidade de um sistema legal de proteção às autoridades que possuem o dever de fiscalizar o sistema bancário encontra previsão no direito internacional”, afirmou.

O então ministro do STF Joaquim Barbosa observou que o Banco Central não é tecnicamente subordinado ao Ministério da Fazenda, mas a ele vinculado. “Não há nada de errado em a lei elevar o status de um dirigente da autarquia ao de ministro de Estado”, concluiu.

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PIB em queda aumenta pressão sobre Guido Mantega
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Fernando Rodrigues

Nome de Henrique Meirelles volta a circular com força

Sergio Lima/Folhapress - 19.jun.2013

O anúncio da prévia do PIB, com uma queda de 1,4% em maio sobre abril, aumenta a pressão política em Brasília para que a presidente Dilma Rousseff substitua o seu ministro da Fazenda, Guido Mantega.

Dilma resiste e chegou até a emitir uma nota oficial na semana passada negando que tenha intenção de fazer qualquer tipo de mudança ministerial.

Mas com a economia dando sinal de um perigoso esfriamento, a situação do ministro da Fazenda fica também muito mais frágil. É generalizada a recomendação entre todos os partidos aliados ao governo: é necessário trocar alguns ministros e dar uma “nova partida” na administração federal.

Em geral, o que tem sido sugerido: 1) o fechamento de uns 10 dos 39 ministérios; 2) a nomeação de alguém com respeitabilidade entre os agentes econômicos para o Ministério da Fazenda.

Como se trata de uma emergência (daqui a 12 meses começa a campanha presidencial), não há tempo para experiências com chance de erro. Por exemplo, colocar o presidente do BNDES, Luciano Coutinho, ou o presidente do Banco Central, Alexandre Tombini, no lugar de Mantega.

Ambos, Coutinho e Tombini, são experientes, mas não teriam força para dar o choque de credibilidade que parece faltar ao governo na área econômica. Por quê? Por uma simples razão: Tombini e Coutinho já fazem parte da atual equipe econômica que no momento está sendo considerada fracassada.

O nome mais mencionado até o momento em Brasília é o do ex-presidente do Banco Central, Henrique Meirelles. O Blog já ouviu de mais de um político aliado ao Planalto: “Agora, só haverá recuperação da credibilidade com o Meirelles, pois não há tempo para improvisações”.

A chance de Dilma nomear Meirelles, registre-se, é pequena. Ela nunca se deu bem com ele.

Mas o problema da presidente agora é outro. Precisa dar um jeito de reativar a economia para manter suas chances (ainda boas) de conquistar a reeleição em 2014.

Outra ação simbólica seria fechar 10 (um número redondo) dos 39 ministérios. Mas Dilma também resiste. Isso pode ser notado claramente na fala de seu colaborador mais poderoso no momento, Aloizio Mercadante. Para ele, cortar ministérios “não tem nenhuma importância” (assista abaixo).

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