Eduardo Jorge: Dilma, Aécio e Campos agem como Pilatos ao condenar aborto
Fernando Rodrigues
O candidato a presidente da República pelo Partido Verde, Eduardo Jorge, afirma que os três principais concorrentes ao Palácio do Planalto lavam as mãos quando condenam uma flexibilização da lei do aborto no país.
Dilma Rousseff (PT), Aécio Neves (PSDB) e Eduardo Campos (PSB) “usando uma linguagem bíblica, estão entrando como [Pôncio] Pilatos na história. Estão lavando as mãos, porque não é essa a posição pessoal deles. Eles sabem muito bem do drama das mulheres”, disse o político do PV que terá sua candidatura oficializada neste fim de semana, em Brasília.
Dilma, Aécio e Campos então mentem em público porque têm medo de perder votos? “Exatamente. É isso. Ou mentem ou se omitem. Não sei o que é pior”, responde Eduardo Jorge em entrevista ao programa Poder e Política, do UOL e da “Folha”.
Para o verde, os principais candidatos trabalham para agradar a uma parcela conservadora do eleitorado. O mesmo vale, afirma, quando o assunto é descriminalizar o uso da maconha: “Aí é uma questão de marqueteiro fazendo as contas”.
Em 2010, o PV teve Marina Silva como candidata a presidente. Religiosa, ela sempre se posicionou contra liberar drogas ou descriminalizar o aborto. Agora, deve retomar o seu curso.
Aos 64 anos, médico sanitarista, militante de esquerda que fez história no PT e foi para o PV em 2003, Eduardo Jorge é um dos poucos candidatos a presidente neste ano que defenderá de maneira aberta uma plataforma liberal.
Pelas ideias e pelo jeito despojado de se vestir (deu entrevista com uma camiseta com uma inscrição pregando alimentação vegetariana), ele emula um pouco o presidente do Uruguai, José Mujica, que também introduziu uma agenda mais liberal no país vizinho.
Eduardo Jorge diz não ter uma meta para o resultado do primeiro turno. Seu objetivo, se não passar ao segundo turno, é reunir uma quantidade de votos que fortaleça o discurso ambientalista e o posicione para influenciar o candidato mais competitivo.
Entre Dilma, Aécio e Campos, afirma não ter preferências. Define o PT como um partido do século 20, vinculado às montadoras de automóveis e ao petróleo. “Basta qualquer espirro de São Bernardo [do Campo] para abalar Brasília –para dar subsídio, dar ajuda, dar socorro”, diz.
O PV também aproveitará a campanha para defender uma alimentação “menos carnívora” e com mais vegetais. Para Eduardo Jorge, trata-se de um tema pertinente à disputa presidencial. Segundo ele, a dieta vegetariana é “mais humana” do ponto de vista da relação com as outras espécies, ambientalmente mais adequada e protege a saúde das pessoas.
Ele questiona a prioridade à exportação de carne bovina, mercado no qual o Brasil é líder global. Diz que o boi para corte é um dos principais fatores de destruição e desmatamento no país e questiona o tratamento dispensado aos animais de avicultura e pecuária. “Na época em que nós éramos feras entre feras, na época das cavernas, era uma questão de sobrevivência. Isso não é mais necessário. Não é mais necessário que você torture os animais como a gente tortura”, diz.