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Arquivo : Luciana Genro

Luciana Genro no 2º turno: “Dilma não nos representa. Nenhum voto em Aécio”
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Fernando Rodrigues

Dilma está distante do desejo de mudanças que tomou as ruas em 2013

Aécio Neves e o PSDB representam classe dominante e imperialismo

Se aderir ao PSDB, Marina Silva será incapaz de representar a “nova política”

Pedro Ladeira/Folhapress - 22.jun.2014

A candidata derrotada a presidente pelo PSOL, Luciana Genro, acaba de soltar nota oficial nesta quarta-feira (8.out.2014) dizendo que nenhum nome no 2º turno é adequado. “Um segundo turno, quando não nos sentimos representados nele, é muitas vezes mais do veto que do voto”, diz o texto, sugerindo voto nulo para os seguidores do PSOL.

Há nuances, entretanto, na nota de Luciana Genro.  A petista, diz o texto, “está distante do desejo de mudanças que tomou as ruas no ano passado. Seu governo atuou contra as bandeiras mais destacadas de nossa campanha (…) Se Dilma vencer o segundo turno, o PSOL seguirá como oposição de esquerda”.

Já Aécio e seu partido, o PSDB, “são os representantes mais diretos dos interesses da classe dominante e do imperialismo na América Latina”. “Recomendamos que os eleitores do PSOL não votem em Aécio Neves no segundo turno das eleições presidenciais. Não é cabível qualquer apoio de nossos filiados à sua candidatura”.

Sobre a decisão da candidata do PSB, que ficou em terceiro lugar corrida presidencial, a nota do PSOL diz: “A provável capitulação de Marina Silva à candidatura tucana demonstra a sua incapacidade de representar legitimamente o desejo de mudanças expresso nas ruas e comprova que a “nova política” não pode ser um atributo daqueles que aderem tão rapidamente ao retrocesso”.

Luciana Genro começa a nota agradecendo a “cada um dos 1.612.186 eleitores” que votaram nela, dando ao PSOL o 4º lugar na disputa pelo Palácio do Planalto. “A militância do PSOL, que fez a diferença e conquistou, com muita dedicação, esse expressivo resultado”, afirma.

A seguir, a íntegra da nota oficial de Luciana Genro e do PSOL:

Nota do PSOL: Seguir lutando para mudar o Brasil. Dilma não nos representa. Nenhum voto em Aécio.

O PSOL cresceu nas eleições de 2014. Dobramos nossa votação em relação a 2010, num cenário ainda mais difícil. Agradecemos a cada um dos 1.612.186 eleitores que destinaram seu voto ao fortalecimento das bandeiras que defendemos durante a campanha eleitoral. Conseguimos dobrar a representação parlamentar do PSOL, que alcançou cinco deputados federais e doze deputados estaduais. Essas bancadas farão a diferença nos seus estados e no Congresso Nacional na luta por mais direitos. Nosso projeto sai fortalecido das urnas, conquistando o quarto lugar em uma eleição marcada pela desigualdade da cobertura da imprensa, dos erros das pesquisas, do impacto do poder econômico e do desequilíbrio no tempo de televisão. Nada disso teria sido possível sem a militância do PSOL, que fez a diferença e conquistou, com muita dedicação, esse expressivo resultado.

Cumprimos o nosso papel, apresentando a melhor candidata e a melhor proposta para o Brasil. Luciana Genro constituiu-se como a principal referência da esquerda coerente e este é um enorme patrimônio de todo o PSOL. O programa que defendemos é o programa necessário para que se avance em direção a um Brasil justo e igualitário, livre da exploração e de todos os tipos de opressão. Esta foi nossa principal missão política nestas eleições, e avaliamos que a cumprimos bem.

Um segundo turno, quando não nos sentimos representados nele, é muitas vezes mais do veto que do voto. Entendemos que Aécio Neves, o seu PSDB e aliados são os representantes mais diretos dos interesses da classe dominante e do imperialismo na América Latina. O jeito tucano de governar, baseado na defesa das elites econômicas e nas privatizações, com a corrupção daí decorrente, significa um verdadeiro retrocesso. A criminalização das mobilizações populares e dos pobres empreendida pelos governos tucanos, em especial o de Alckmin, nos coloca em oposição frontal ao projeto do PSDB e aliados de direita. Assim, recomendamos que os eleitores do PSOL não votem em Aécio Neves no segundo turno das eleições presidenciais. Não é cabível qualquer apoio de nossos filiados à sua candidatura.

A provável capitulação de Marina Silva à candidatura tucana demonstra a sua incapacidade de representar legitimamente o desejo de mudanças expresso nas ruas e comprova que a “nova política” não pode ser um atributo daqueles que aderem tão rapidamente ao retrocesso.

É preciso também afirmar que, diante do que foi o seu governo e sua campanha eleitoral, Dilma está distante do desejo de mudanças que tomou as ruas no ano passado. Seu governo atuou contra as bandeiras mais destacadas de nossa campanha, como a taxação das grandes fortunas, a revolução tributária que taxe os mais os ricos e menos os trabalhadores, a auditoria da dívida pública, contra a terceirização e a precarização das relações de trabalho, fim do fator previdenciário, a criminalização da homofobia e a defesa do casamento civil igualitário, uma nova política de segurança pública que acabe com a “guerra às drogas” e defenda os direitos humanos, a democratização radical dos meios de comunicação, o controle público sobre nossas riquezas naturais, os direitos das mulheres, a reforma urbana, a reforma agrária e a urgentíssima reforma política, que tire a degeneração do poder do dinheiro nas eleições, reiterado neste pleito, mais uma vez. Por tudo isso, se Dilma vencer o segundo turno, o PSOL seguirá como oposição de esquerda e lutando pelas bandeiras que sempre defendemos, inclusive durante a campanha eleitoral.

A partir destas considerações, o PSOL orienta seus militantes a tomarem livremente sua decisão dentro dos marcos desta Resolução, conscientes do significado sobre o voto no segundo turno, dia 26 de outubro, e agradece mais uma vez a todos o(a)s seus/suas eleitores(as) e apoiadores(as) pela confiança recebida nestas eleições.

PARTIDO SOCIALISMO E LIBERDADE – PSOL
São Paulo, 8 de outubro de 2014.
Nos 47 anos da morte do comandante Che Guevara.

P.S. às 19h50 de 8.out.2014: A primeira versão deste post considerou como textos distintos duas notas enviadas pelo PSOL aos jornalistas na tarde desta 4ª feira. O primeiro trazia considerações somente a respeito de Aécio. O segundo, enviado 5 minutos depois, fazia também referências a Dilma. Após a publicação do post, a assessoria do partido entrou em contato com o Blog e informou que as duas notas eram a mesma. Por erro da campanha, diz a assessoria do PSOL, o primeiro e-mail enviado aos jornalistas trazia apenas metade do posicionamento. O segundo e-mail trouxe a íntegra da nota.

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Candidatos a presidente desprezam pequenas doações de eleitores
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Fernando Rodrigues

Luciana Genro é a primeira a lançar site para arrecadar fundos

Dilma e Campos preparam plataforma; Aécio não tem planos

Campanha de Luciana Genro, do PSOL, lançou plataforma para coletar doações nesta 3ª feira. Foto: Pedro Ladeira/Folhapress – 22.jun.2014

A maioria dos candidatos a presidente da República está desprezando a possibilidade de arrecadar fundos a partir de pequenas doações de pessoas físicas, por meio da internet.

Dilma Rousseff (PT) e Eduardo Campos (PSB) ainda estão finalizando os sites nos quais poderão receber doações. Terão cerca de dois meses apenas para tocar essa operação.

Aécio Neves (PSDB), segundo sua assessoria, não tem planos no momento de montar um site. Repetirá o que fez o tucano José Serra, em 2010, quando foi candidato a presidente e não quis arrecadar pela internet.

O Blog fez um extenso levantamento sobre como foi o péssimo desempenho dos candidatos a presidente na arrecadação de fundos via web em 2010.

Até agora, a única que já começou essa modalidade de arrecadação foi a candidata do PSOL a presidente da República, Luciana Genro. Ela estreou na 3ª feira (29.jul.2014) sua plataforma para receber doações de pessoas físicas.

Filha do governador do Rio Grande do Sul, Tarso Genro (PT), Luciana recusa ser financiada por empresas e espera no site levantar fundos com pequenos doadores.

O eleitor que quiser doar deve preencher 11 campos de informação, inclusive CEP e telefone –exigências legais no Brasil, pois a Justiça Eleitoral requer identificação completa. O interessado pode pagar com cartão de crédito ou débito.

O presidente dos Estados Unidos, Barack Obama, foi o primeiro grande caso de sucesso na captação de recursos pela internet, na disputa de 2008. O seu site aceita doações até hoje e o doador precisa completar 8 campos para concluir a transação –é tudo muito mais simples porque as exigências de identificação nos EUA são menos rígidas do que no Brasil.

O site do presidenciável Eduardo Campos (PSB), que tem Marina na vice, já reserva um botão para receber doações, mas o sistema não está operante. Segundo a assessoria do candidato, a plataforma entrará no ar “nos próximos dias”.

Na página da petista Dilma Rousseff não há referência a doações de pessoas físicas, mas a campanha da presidente afirma que lançará seu site de arrecadação na 2ª feira (4.ago.2014). Além de cartão de crédito e débito, será possível pagar com boleto bancário, segundo a assessoria dilmista.

Eduardo Jorge, do PV, colocará seu site de arrecadação no ar na primeira semana de agosto. Assim como o de Luciana, sua campanha não aceitará doações de empresas, apenas de pessoas físicas.

A campanha do Pastor Everaldo, do PSC, informou que não planeja lançar uma plataforma para coletar doações de pessoas físicas pela internet.

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Poder e Política na semana – 7 a 13.jul.2014
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Fernando Rodrigues

Nesta semana, os candidatos começam a percorrer o país em campanha e o Maracanã sedia a final da Copa do Mundo.

Aécio Neves, candidato do PSDB a presidente, reúne-se nesta 2ª feira em São Paulo com os coordenadores da sua campanha. Na 5ª feira, encontra-se em Vitória com o tucano Cesar Colnago, vice na chapa de Paulo Hartung (PMDB) ao governo do Espírito Santo. À tarde, participa em Queimados, no Rio, de evento organizado pelo PMDB local.

Eduardo Campos, candidato do PSB a presidente, faz campanha nesta 2ª feira em Águas Lindas (GO), com Marina Silva, sua candidata a vice, e Rodrigo Rollemberg, candidato ao governo do Distrito Federal, de manhã. À tarde, reúne-se com os presidentes dos diretórios estaduais da sua legenda, em Brasília. À noite, em Recife, participa de ato da campanha de Paulo Câmara, candidato do PSB ao governo de Pernambuco. Ao longo da semana, faz campanha em cidades do Nordeste.

Na 3ª feira, a seleção brasileira de futebol enfrenta a alemã pelas semifinais da Copa do Mundo, no Mineirão, em Belo Horizonte. Domingo, acontece a final da Copa, no Maracanã, no Rio. A presidente Dilma Rousseff deve entregar pessoalmente a taça à seleção campeã. Cerca de 20 chefes de Estados são esperados na plateia, inclusive Vladimir Putin, presidente da Rússia.

Na 5ª feira, a Justiça Eleitoral publica lista de quem solicitou registro de candidatura. A partir desta data, o nome de todos que tenham solicitado registro devem constar das pesquisas eleitorais.

Brasília estará vazia, sem votações nos plenários da Câmara e do Senado e com o Supremo em recesso.

Eis, a seguir, o drive político da semana. Se tiver algum reparo a fazer ou evento a sugerir, escreva para frpolitica@gmail.com. Atenção: esta agenda é uma previsão. Os eventos podem ser cancelados ou alterados.

 

2ª feira (7.jul.2014)
Aécio em SP – Aécio Neves, candidato do PSDB a presidente, reúne-se com os coordenadores da sua campanha, em São Paulo.

Campos em Goiás, Brasília e Pernambuco – Eduardo Campos, candidato do PSB a presidente, faz campanha em Águas Lindas (GO), com Marina Silva, sua candidata a vice, e Rodrigo Rollemberg, candidato ao governo do Distrito Federal, de manhã. À tarde, Campos reúne-se com os presidentes dos diretórios estaduais da sua legenda, em Brasília. À noite, em Recife, participa de ato da campanha de Paulo Câmara, candidato do PSB ao governo de Pernambuco.

Luciana no Rio – Luciana Genro, candidata do PSOL a presidente, faz campanha na Avenida Rio Branco, no Rio, com os deputados Marcelo Freixo, Chico Alencar e Jean Wyllys. À tarde, na Praça Ariboia, em Niterói, caminha com Tarcísio Motta, candidato do PSOL a governador do Estado.

Custo de vida – Dieese divulga pesquisas sobre o preço da cesta básica e custo de vida na cidade de São Paulo.

Aposentadoria de Simon – senador Pedro Simon (PMDB-RS), 84 anos, é entrevistado no programa Roda Viva, da TV Cultura. Simon decidiu não disputar a reeleição.

 

3ª feira (8.jul.2014)
Campanha na TV – Justiça Eleitoral convoca partidos e emissoras de rádio e TV para definir o plano de mídia do horário eleitoral gratuito nestas eleições.

Brasil X Alemanha – seleção brasileira de futebol enfrenta a alemã pelas semifinais da Copa do Mundo. No Mineirão, em Belo Horizonte, às 17h.

Trabalho escravo – Comissão Mista do Congresso analisa emendas a projeto de lei que estabelece a expropriação de propriedades rurais e urbanas onde for constatada a prática de trabalho escravo.

Domésticas – Comissão Mista do Congresso analisa emenda a projeto de lei que regulamenta os direitos de empregados domésticos.

Leão – Receita Federal libera consulta ao segundo lote de restituição do Imposto de Renda de Pessoa Física de 2014. Serão R$ 1,6 bilhão para 1.060.473 contribuintes.

Inflação – FGV divulga o IGP-DI referente ao mês de junho. IBGE divulga o IPCA, índice oficial de inflação.

 

4ª feira (9.jul.2014)
Luciana no Rio Grande do Sul – Luciana Genro, candidata do PSOL a presidente, faz caminhada na rua dos Andradas, centro de Porto Alegre, com Roberto Robaina, candidato da legenda ao governo do Estado.

Petrobras – CPI do Senado sobre a Petrobras ouve José Maria Rangel, presidente do Sindicato dos Petroleiros do Norte Fluminense, sobre falhas de segurança em plataformas de exploração de óleo e gás da estatal, e Glauco Colepicolo Legati, gerente-geral de Implementação de Empreendimentos da empresa, sobre a construção da refinaria de Abreu e Lima, em Pernambuco.

Petrobras 2 – CPI mista sobre a Petrobras vota pedidos de quebra de sigilos fiscal e telefônico e de convocação para depoimentos. Congressistas analisam requerer os processos no Tribunal de Contas da União sobre a Petrobras no período de 2005 a 2014 e as atas das reuniões do Conselho de Administração da Petrobras no período de 2005 a 2013.

Indonésia vota – país asiático elege seu novo presidente.

Holanda X Argentina – seleções desses 2 países se enfrentam pelas semifinais da Copa do Mundo. No Itaquerão, em São Paulo, às 17h.

Agricultura – IBGE divulga o Levantamento Sistemático da Produção Agrícola.

 

5ª feira (10.jul.2014)
Aécio no Espírito Santo e Rio – Aécio Neves, candidato do PSDB a presidente, viaja a Vitória e reúne-se de manhã com o tucano Cesar Colnago, vice na chapa de Paulo Hartung (PMDB) ao governo do Estado. À tarde, Aécio participa em Queimados, no Rio, de evento organizado pelo PMDB local.

Luciana no Paraná – Luciana Genro, candidata do PSOL a presidente, faz campanha no centro de Curitiba e participa de lançamento da candidatura de Bernardo Pilotto ao governo do Estado.

Candidaturas – Justiça Eleitoral publica lista de quem solicitou o registro de candidatura. A partir desta data, o nome de todos que tenham solicitado registro devem constar das respectivas pesquisas eleitorais.

Indústria – IBGE divulga a produção física da indústria brasileira.

 

6ª feira (11.jul.2014)
Padilha e sindicalistas – Alexandre Padilha, candidato do PT ao governo do Estado, participa de ato de filiação de sindicalistas ao PT, em Santo André.

Marinho no Tribunal – Robson Marinho, conselheiro do TCE de SP, acusado de ter recebido propina da multinacional Alston, retorna à Corte após período de licença. O Ministério Público e o PT solicitaram o seu afastamento, ainda não decidido pela Justiça.

Emprego – IBGE apresenta resultados de sua Pesquisa Industrial Mensal: Emprego e Salário. FGV também divulga dados sobre emprego e desemprego.

Inflação – FGV divulga IPC-C1 referente ao mês de junho.

 

Sábado (12.jul.2014)
Copa do Mundo – Estádio Mané Garrincha, em Garrincha, recebe a partida “mais triste da Copa do Mundo”, como é conhecido esse confronto: os derrotados nas semifinais disputam para definir quem será o terceiro e quarto colocados do tornei.

 

Domingo (13.jul.2014)
Final da Copa – Maracanã (foto), no Rio, recebe a final da Copa do Mundo. A presidente Dilma Rousseff deve entregar a taça ao campeão. São esperados cerca de 20 chefes de Estado na plateia, inclusive Vladimir Putin, presidente da Rússia, que sedia a próxima edição do torneio. É possível que também compareçam Xi Jinping, presidente da China, e Jacob Zuma, da África do Sul.

Marcus Brandt/EFE - 4.jul.2014

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Não é hora de protesto contra a Copa, diz Luciana Genro, candidata do PSOL
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Fernando Rodrigues

Depois de incentivar manifestações por vários meses e flertar com o slogan “não vai ter Copa”, o PSOL agora acha que passou da hora de protestar contra o evento. “Não é mais o momento do protesto. Durante os jogos as pessoas querem assistir aos jogos. Isso é natural”, diz a candidata a presidente da República pela legenda, Luciana Genro.

Em entrevista ao programa Poder e Política, do UOL e da “Folha”, ela declara que o PSOL ainda “apoiará qualquer movimento que surja de categorias organizadas”, mas que o partido não vai “inventar processos que não sejam reais, que não venham de fato de uma necessidade objetiva de um setor”. Em resumo, o PSOL está mais moderado a respeito de como age para criticar a Copa do Mundo.

Surpreendeu ao PSOL o fato de a Copa estar sendo realizada sem grandes problemas? “Acho que a expectativa era tão ruim que ao ter saído relativamente [bem] as pessoas se surpreenderam”.

Luciana Krebs Genro tem 43 anos e é filha do governador do Rio Grande do Sul, Tarso Genro (PT). Advogada e ex-deputada federal (2003-2006), foi escolhida pelo PSOL para concorrer ao Planalto no último domingo (22.jun.2014). Ela faz parte de um grupo de políticos expulsos do PT há uma década por se oporem à política econômica do então presidente Luiz Inácio Lula da Silva.

A opção inicial do PSOL na corrida presidencial era o senador Randolfe Rodrigues, do Amapá. Ele desistiu, entre outras razões, por discordar da forma como a legenda criticou a Copa do Mundo nos últimos meses.

A candidata Luciana diz ter “orgulho” por ter sido expulsa do PT “pelo José Dirceu, que hoje está preso” –referindo-se ao ex-ministro da Casa Civil, hoje recolhido a uma penitenciária de Brasília depois de ter sido condenado no julgamento do mensalão.

Com uma campanha modesta, sem grandes recursos, Luciana se recusa a antecipar quem o partido apoiará num eventual segundo turno entre Dilma Rousseff (PT) e Aécio Neves (PSDB). Mas ela admite que “haveria retrocesso com certeza” se o PSDB vier a vencer o PT, pois ocorreriam “mais privatizações”.

Essa avaliação de Luciana significa que é impossível o PSOL algum dia apoiar um candidato do PSDB a presidente. Mas não sinaliza uma adesão automática ao PT no segundo turno da disputa pelo Planalto, até porque o partido faz críticas tanto a Dilma como a Aécio.

A meta do PSOL neste ano é se manter vivo no Congresso, ampliando para até seis os deputados federais eleitos. Luciana fala na possibilidade de chegar a nove cadeiras. Seria um recorde para a legenda –que no momento tem apenas três vagas na Câmara e um senador.

A campanha do PSOL terá forte apelo liberal quando se trata de costumes –a favor da descriminalização do aborto e da maconha. Na economia, prevalece uma agenda da esquerda ultraortodoxa, propondo interromper os pagamentos da dívida pública, sobretudo aos bancos, mas “preservando os interesses dos trabalhadores que têm seu dinheiro nos fundos de pensão”. A Caderneta de Poupança “é intocável”.

Quando sintetiza quem o seu partido teria a combater, Luciana declara: “O grande alvo do PSOL, no governo do Brasil, seria atacar os interesses dos bancos”.

O PSOL também defende revisar certas privatizações. Por exemplo, empresas de energia podem ser reestatizadas se o país vier a ser administrado pelo partido.

Luciana faz críticas a modelos incensados pela esquerda no exterior. “Não vejo Cuba como um país democrático. Tem avanços sociais, mas um país que não tem liberdade de organização partidária eu não chamaria de um país democrático”, declara.

Durante a campanha, o PSOL diz não ter interesse em negociar a participação da legenda em debates de TV com candidatos a presidente. Algumas emissoras pretendem oferecer entrevistas e presença em seus telejornais aos microcandidatos em troca de eles abrirem mão de estar nesses encontros.

“Não vamos abrir mão do nosso direito de estar nos debates. Queremos fazer esse confronto direto com Dilma, Aécio e Eduardo Campos. Botar o dedo na ferida, dizer as coisas que eles não vão dizer. E dizer aquilo que as pessoas querem dizer para eles e não têm a oportunidade”.

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Poder e Política na semana – 16 a 22.jun.2014
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Fernando Rodrigues

Nesta semana, a presidente Dilma Rousseff começou se reunindo já no domingo com Angela Merkel, chanceler da Alemanha, e vai receber Joe Biden, vice-presidente dos EUA. Nos partidos, destaque para PT e PSOL, que realizam sua convenções nacionais.

Na 2ª feira pela manhã, a presidente Dilma recebe Cid Gomes, governador do Ceará, e à tarde José Eduardo dos Santos, presidente da Angola, no Palácio do Planalto. Na 3ª feira, Dilma reúne-se com Joe Biden, vice-presidente dos EUA, também em Brasília. Na 4ª feira, anuncia a expansão do Pronatec e participa de reunião do Fórum Nacional da Indústria. No sábado, Dilma deve ser referendada candidata à reeleição na convenção nacional do PT, em Brasília, com a presença do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva.

Aécio Neves, candidato do PSDB a presidente da República, encontra-se na 2ª feira com o pastor José Wellington, presidente da Confederação Geral das Assembleias de Deus, em SP. À tarde, participa de reunião da Associação Paulista de Jornais do Interior. Na 4ª feira, Aécio vai ao Recife para reunião com líderes locais. No sábado, comparece à convenção nacional do Solidariedade, em SP, que sela o apoio à sua candidatura.

Eduardo Campos, pré-candidato do PSB ao Planalto, visita as cidades paranaenses Londrina, Maringá e Ponta Grossa na 2ª feira. Na 6ª feira, Campos comanda oficina em SP sobre seu programa de governo. Na mesma data, o diretório paulista do PSB deve fechar apoio à reeleição do governador Geraldo Alckmin (PSDB). A legenda quer o posto de vice de Alckmin, também disputado pelo PSD, de Gilberto Kassab.

Na 3ª feira, a seleção brasileira enfrenta o México pela Copa do Mundo, no Estádio Castelão, em Fortaleza.

O Supremo deve analisar na 4ª feira ações que questionam a constitucionalidade da resolução do Tribunal Superior Eleitoral que alterou a composição das bancadas estaduais na Câmara.

No sábado, além do PT, o PSOL nacional também define seu candidato a presidente, que deverá ser Luciana Genro. Na mesma data, o diretório mineiro do PSB realiza convenção e formaliza seu candidato ao governo.

Eis, a seguir, o drive político da semana. Se tiver algum reparo a fazer ou evento a sugerir, escreva para frpolitica@gmail.com. Esta agenda é uma previsão e os eventos podem ser cancelados ou alterados.

 

2ª feira (16.jun.2014)
Dilma e Cid – presidente Dilma Rousseff reúne-se pela manhã com Cid Gomes, governador do Ceará, no Palácio do Planalto.

Dilma e Eduardo dos Santos – à tarde, Dilma recebe José Eduardo dos Santos, presidente de Angola, em audiência no Palácio do Planalto.

Aécio e os evangélicos – Aécio Neves, candidato do PSDB a presidente da República, encontra-se com o pastor José Wellington, presidente da Confederação Geral das Assembleias de Deus, em SP. À tarde, participa de reunião da Associação Paulista de Jornais do Interior.

Campos no Paraná – Eduardo Campos, pré-candidato do PSB a presidente da República, visita o Hospital do Câncer de Londrina, almoça com empresários da Associação Comercial de Maringá e apresenta palestra para empresários em Ponta Grossa.

Merkel e Passos na Bahia – Angela Merkel, chanceler da Alemanha, e Pedro Passos, primeiro-ministro de Portugal, acompanham jogo entre as seleções dos dois países pela Copa do Mundo, na Arena Fonte Nova, em Salvador.

Padilha e Portugal – Alexandre Padilha, pré-candidato do PT ao governo de SP, assiste ao jogo de Alemanha versus Portugal na Casa de Portugal, capital paulista.

Biden no Rio Grande do Norte– Joe Biden, vice-presidente dos EUA, acompanha o jogo de sua seleção versus o time de Gana, pela Copa do Mundo, na Arena das Dunas, em Natal.

Protesto – Comitê Popular da Copa realiza ato em frente à Sala São Paulo, na capital paulista.

Comando do STM – ministra Maria Elizabeth Teixeira Rocha assume a presidência do Superior Tribunal Militar.

Marinho no Tribunal – Robson Marinho, conselheiro do TCE de SP, acusado de ter recebido propina da multinacional Alston, retorna à Corte após período de licença. O Ministério Público e o PT solicitaram o seu afastamento, ainda não decidido pela Justiça.

Estímulos à Bolsa – Guido Mantega, ministro da Fazenda, anuncia medidas de estímulo ao mercado financeiro, como isenção de imposto sobre ganhos de capital com ações de empresas médias e mudanças no recolhimento do IR sobre ganhos de pessoas físicas com ações.

Barroso em Nova York –  Luís Roberto Barroso, ministro do Supremo, apresenta palestra na sede da Nações Unidas sobre acesso à Justiça.

Molon em Roma – deputado Alessandro Molon (PT-RJ), relator do Marco Civil da Internet, apresenta palestra sobre o texto no Parlamento italiano, em Roma.

CNJ reunido – sessão plenária do Conselho Nacional de Justiça analisa resultados preliminares do censo do Judiciário e processos disciplinares contra magistrados.

Inflação – FGV divulga resultado do IGP-10 e do IPC-S.

 

3ª feira (17.jun.2014)
Dilma e Biden – presidente Dilma Rousseff reúne-se com Joe Biden, vice-presidente dos EUA, no Palácio do Planalto, em encontro para tentar fortalecer a relação bilateral entre os países, abalada desde a revelação da espionagem norte-americana.

Sérgio Lima/Folhapress - 31.mai.2013

Brasil X México – seleção brasileira enfrenta o time mexicano pela Copa do Mundo, no Estádio Castelão, em Fortaleza.

Horário do funcionalismo – Supremo Tribunal Federal, Congresso e órgãos da administração federal funcionam em regime de meio expediente, até as 12h.

Serviços – IBGE divulga a Pesquisa Mensal de Serviços.

Economia – FGV apresenta resultados do Indicador Antecedente Composto da Economia e do Indicador Coincidente Composto da Economia, que medem as condições econômicas do país.

PR na TV – legenda tem 5 minutos de propaganda em rádio e televisão, divididos em inserções de 30 segundos ou 1 minuto.

 

4ª feira (18.jun.2014)
Dilma e industriais – presidente Dilma Rousseff anuncia, pela manhã, a expansão do Pronatec, e à tarde participa de reunião do Fórum Nacional da Indústria, em Brasília.

Aécio em Pernambuco – Aécio Neves, candidato do PSDB a presidente da República, vai ao Recife para reunião com líderes locais. Entre os temas está o apoio de seu partido a Paulo Câmara, candidato do PSB ao governo do Estado.

CPIs da Petrobras – CPI do Senado sobre a estatal ouve, às 10h15, Alexandre Rabello, gerente de engenharia de custos da empresa. Às 14h30, a CPI mista da Petrobras vota requerimentos –o colegiado deve analisar a convocação de Guido Mantega, ministro da Fazenda, e a quebra do sigilo fiscal, telefônico e telemático do doleiro Alberto Youssef e de Paulo Roberto Costa, ex-diretor de abastecimento da empresa.

Tamanho das bancadas – está na pauta do Supremo Tribunal Federal o julgamento de ações que questionam a redefinição do tamanho das bancadas de cada Estado na Câmara dos Deputados, determinada pelo Tribunal Superior Eleitoral.

PT e Vargas – Conselho de Ética da Câmara deve ouvir Rui Falcão, presidente do PT, e os deputados Vicentinho e Cândido Vaccarezza (PT-SP), sobre processo por quebra de decoro parlamentar contra o deputado André Vargas (Sem partido-SP).

Inflação – IBGE divulga resultado do Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo 15.

Novo rei – Espanha proclama o príncipe Felipe de Bourbon como rei Felipe VI, após a renúncia de Juan Carlos.

 

5ª feira (19.jun.2014)
Protesto em SP – Movimento Passe Livre organiza ato “Não Vai Ter Tarifa”, pela tarifa zero, na Avenida Paulista.

Corpus Christi – feriado nacional.

PPS na TV – legenda tem 5 minutos de propaganda em rádio e televisão, divididos em inserções de 30 segundos ou 1 minuto.

 

6ª feira (20.jun.2014)
Campos em SP – Eduardo Campos, pré-candidato do PSB a presidente da República, comanda oficina sobre seu programa de governo sob o tema “Estado e democracia de alta intensidade”, no Hotel Transamérica.

PSB de SP – partido realiza convenção estadual e formaliza apoio à reeleição do governador Geraldo Alckmin (PSDB). A legenda quer o posto de vice de Alckmin, também disputado pelo PSD, de Gilberto Kassab.

 

Sábado (21.jun.2014)
Convenção do PT – legenda deve formalizar a candidatura à reeleição de Dilma Rousseff em convenção em Brasília, com a presença do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva.

Convenção do Solidariedade – partido formaliza apoio à candidatura de Aécio Neves a presidente da República. O tucano participa do ato, na Casa de Portugal, em SP.

Convenção do PSOL – partido realiza convenção nacional em Brasília e define seu candidato a presidente. Após a desistência do senador Randolfe Rodrigues (AP), a legenda deve lançar Luciana Genro ao Planalto.

PSB de Minas – diretório mineiro da legenda realiza convenção estadual e define seu candidato ao governo. Júlio Delgado é o nome defendido por Eduardo Campos. Marina Silva prefere Apolo Heringer.

PPS na TV – legenda tem 5 minutos de propaganda em rádio e televisão, divididos em inserções de 30 segundos ou 1 minuto.

 

Domingo (22.jun.2014)
Protesto no Rio – Comitê Popular da Copa organiza protesto no Rio.

Mauritânia vota – país africano elege seu novo presidente.

 

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PSOL terá Randolfe ou Luciana concorrendo ao Planalto
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Fernando Rodrigues

Chico Alencar, sondado como nome de consenso, prefere tentar novo mandato na Câmara

Legenda define na próxima semana quem disputará a Presidência da República

Lula Marques 5.jul.2012/Folhapress

O senador Randolfe Rodrigues (PSOL-AP) fará um ato em Brasília nesta 5ª feira (21.nov.2013) para lançar a sua pré-candidatura a presidente da República em 2014.

Ele disputa a indicação da legenda contra a ex-deputada federal Luciana Genro, do Rio Grande do Sul. O PSOL deve escolher qual dos dois será o candidato do partido a presidente no seu 4º Congresso Nacional, a ser aberto na 6ª feira da próxima semana (29.nov.2013).

Líderes do partido tentaram construir uma candidatura de consenso em torno do deputado federal Chico Alencar (PSOL-RJ), mas o carioca anunciou que preferia se candidatar a um novo mandato na Câmara. Randolfe aguardava uma sinalização de Alencar antes de lançar seu nome.

Segundo a assessoria de Alencar, ele ainda não decidiu se apoiará Randolfe ou Luciana.

Em seu manifesto a ser lançado na 5ª feira, o senador pelo Amapá propõe extinguir o superávit primário, fazer uma auditoria da dívida pública, redirecionar os recursos destinados a pagamento da dívida para áreas sociais e suspender os leilões do pré-sal, entre outros pontos.

Randolfe diz ter o voto de 54% dos delegados eleitos para o congresso do PSOL, além do apoio do atual presidente da legenda, deputado federal Ivan Valente (SP), que elogia a “visibilidade” do senador. “A última pesquisa Ibope mostrou que nenhum dos pré-candidatos dos grandes partidos atende à demanda por mudança. Existe um enorme espaço à esquerda e o PSOL precisa se apresentar com um nome com visibilidade pública, como é o do senador Randolfe”, diz Valente. Segundo ele, o PSOL já decidiu ter candidato próprio nas eleições presidenciais de 2014 e não há “nenhuma chance” de recuar.

Luciana, filha do governador do Rio Grande do Sul Tarso Genro (PT), tem o apoio do deputado estadual Marcelo Freixo (RJ) e alas mais radicais do PSOL. A união de tendências “Bloco de Esquerda” critica a política de alianças do grupo de Randolfe, que teve como ponto alto a aparição do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva na propaganda eleitoral de Edmilson Rodrigues (PSOL), em 2012, na disputa pela prefeitura de Belém (PA).

Aliado de Randolfe, o atual prefeito de Macapá (AP), Clécio Luis (PSOL), também teve apoio do PT, PC do B e PSB no segundo turno das eleições municipais de 2012.

Heloisa Helena, que ficou em 3º lugar nas eleições presidenciais de 2006 com 6,5 milhões de votos (6,8% dos votos válidos) e hoje é vereadora de Maceió (AL), está relativamente afastada da vida partidária do PSOL. Ela apoiou a criação da Rede, de Marina Silva, mas decidiu permanecer na sua legenda após o Tribunal Superior Eleitoral negar a criação do novo partido.

Na disputa presidencial de 2010 o desempenho do PSOL piorou sensivelmente. Plínio de Arruda Sampaio conquistou apenas 886.800 votos (0,87% dos votos válidos).

(Bruno Lupion)

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DEM é “inimigo de classe”, diz Luciana Genro
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Fernando Rodrigues

Líder política do PSOL, ex-deputada rebate discurso conciliador de Clécio Luís, prefeito eleito de Macapá.

A ex-deputada federal Luciana Genro (PSOL-RS), uma das principais líderes do seu partido, envia carta para rebater os argumentos apresentados pelo prefeito eleito de Macapá, Clécio Luís.

Em entrevista ao “Poder e Política“, Clécio, o primeiro prefeito eleito pelo PSOL em uma capital, disse não ver erro em receber apoio de qualquer partido político, inclusive do DEM. Dependente de ajuda do governo federal, ele também não fez críticas ao governo de Dilma Rousseff. Acesse os textos e vídeos da entrevista de Clécio Luís.

Luciana Genro constestou: “Não rompemos com o PT para repetir o mesmo caminho. Por isso não aceitaremos alianças indiscriminadas com os partidos do governo Dilma, que são hoje os gerentes dos negócios do capitalismo brasileiro. Também não apresentaremos inimigos de classe como grandes aliados, como fizeram Clécio e o Senador Randolfe [Rodrigues, PSOL-AP] ao receber o apoio do líder do DEM em Macapá”.

A seguir, a íntegra da carta de Luciana Genro:

Não rompemos com o PT para repetir o mesmo caminho

Por Luciana Genro

Prezado Fernando Rodrigues,

Gostaria de fazer algumas considerações sobre a entrevista que o prefeito eleito Clécio Luís lhe concedeu no programa Poder e Política. Antes de mais nada registro minha avaliação de que o PSOL obteve uma grande vitória política e eleitoral. Nosso partido está ligado ao povo para poder cumprir seu dever de impulsionar as lutas sociais pelas demandas necessárias para melhorar a vida. Num momento em que o capitalismo encontra-se em crise e despejando sobre os trabalhadores, jovens e aposentados o peso desta crise, é decisivo avançar na mesma direção pela qual fundamos o PSOL: organizar um partido por uma nova política, conectada com as lutas anticapitalistas, independente, democrático e socialista.

Mas sempre que um partido aumenta seu peso social as pressões sobre seu rumo político aumentam. Até a classe dominante tenta incidir nas definições de sua linha estratégica. Com o crescimento do peso do PSOL, os debates sobre os rumos do partido tendem a ser tornar públicos. Vou aqui fazer um contraponto ao Prefeito Clécio porque considero que suas posições são bem minoritárias no partido. E seria muito ruim que posições minoritárias erradas apareçam como se fossem do PSOL. Não digo que foi esta a intenção do companheiro, mas se a mesma não tem um contraponto pode parecer assim.

Sobre a política de alianças do PSOL, o prefeito eleito diz que é “daqueles que defende que o PSOL deve ter uma política de reaproximação com o PC do B, com o próprio PPS, com o PV, com o PT”. Em seguida, em relação ao financiamento das campanhas, Clécio diz que a sua posição é de que “ nós podemos aceitar, sim, o financiamento, na atual conjuntura, de empresas e bancos”. Ao final, perguntado sobre uma avaliação do governo Dilma, Clécio limita-se a dizer que é uma continuidade de Lula, e mesmo diante da insistência do repórter nega-se a fazer um juízo sobre a qualidade do governo.

As três questões estão interligadas. É claro que o Prefeito tem todo o direito de propor mudanças no Estatuto e no Programa do PSOL. Mas afirmo, e tenho certeza que falo em nome da maioria da militância do PSOL , estas mudanças não passarão. Não passarão porque nós, que fundamos o PSOL, rompemos com o PT justamente por que este partido abandonou a defesa dos interesses dos trabalhadores. A reforma da previdência, cujo voto contra foi o estopim da nossa expulsão (minha, de Heloísa Helena, Babá e João Fontes), foi o ápice desta mutação do PT, que se transformou em um agente dos interesses do capital. O interesse dos bancos e empreiteiras em financiar o PT não aconteceu por acaso. Deu- se justamente por que o partido, ao ocupar prefeituras e governos estaduais, iniciou este processo de mudança de lado, consolidado ao chegar no gover no federal. Esta é a definição necessária, que Clécio não fez na sua entrevista.

Não rompemos com o PT para repetir o mesmo caminho. Por isso não aceitaremos alianças indiscriminadas com os partidos do governo Dilma, que são hoje os gerentes dos negócios do capitalismo brasileiro. Também não apresentaremos inimigos de classe como grandes aliados, como fizeram Clécio e o Senador Randolfe ao receber o apoio do líder do DEM em Macapá.

Bom exemplo dá o prefeito do PSOL eleito em Itaocara, RJ. Gelsimar Gonzaga anunciou que reduzirá o próprio salário, cortará cargos de confiança e garantirá a participação do povo em seu governo através de Conselhos Populares. A campanha do PSOL no Rio de Janeiro, onde chegamos a 30% dos votos, sem alianças espúrias e sem financiamento de empreiteiras e bancos , mostra que é possível sim uma disputa real pelo poder nas capitais sem mudar de lado.

Nossa atividade eleitoral – campanhas e eventuais vitórias – devem servir para que o PSOL demonstre o sentido da sua existência. Este sentido só é dado pela nossa prática de negação da velha política e pela construção de uma alternativa política e eleitoral que responda aos interesses da maioria do povo. Esta é a grande tarefa colocada para o PSOL, ainda mais desafiadora agora que conquistamos duas prefeituras. De minha parte aposto sempre que a influência da juventude combativa e dos trabalhadores em luta tenham peso cada vez maior nas definições estratégicas de nosso partido. Por isso sempre convido a todos estes para que participem dos comitês, núcleos e plenárias do partido, que tomem o PSOL para si, pois a participação ativa da militância é que pode assegurar um partido cada vez mais conectado com a luta anticapitalista.

Grata pela atenção, Luciana Genro.

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