Blog do Fernando Rodrigues

Arquivo : Papa Francisco

Maluf, que agora apoia o impeachment, deixa a lista vermelha da Interpol
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Fernando Rodrigues

“Agora, só falta o papa Francisco me canonizar”, diz deputado

Político volta a poder fazer viagens ao exterior sem risco de prisão

Primeiro passeio internacional será para Bariloche e Punta del Este

Exclusão ocorreu há um mês e meio; Maluf não explica a razão

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O deputado Paulo Maluf (PP-SP) em fevereiro de 2015

O deputado federal Paulo Maluf (PP-SP), 84 anos, e seu filho Flávio não estão mais na lista pública de pessoas procuradas pela Interpol, a Organização Internacional de Polícia Criminal.

Segundo informações do gabinete do deputado, a exclusão foi feita há 1 mês e meio. Maluf fala entre “duas e três semanas”. Ele não quis revelar como conseguiu que seu nome fosse retirado da lista de procurados internacionais.

Procurado pelo Blog, o deputado comemorou e fez uma brincadeira: “Estou fora do mensalão, fora do petrolão, fora da Lava Jato, não estou no Panama Papers e votei a favor do impeachment. Agora, saí da lista vermelha da Interpol. Só falta o papa Francisco me canonizar”.

As informações são do repórter do UOL André Shalders.

Ontem (11.abr.2016), no início da noite, Maluf foi um dos 38 deputados que votaram a favor da admissibilidade do impeachment da presidente Dilma Rousseff na comissão especial que tratou do assunto na Câmara. O pedido foi aceito, pois o Palácio do Planalto teve apenas 27 votos no colegiado de 65 integrantes.

Feliz com seu voto, Maluf dava entrevistas a granel ao final da sessão da comissão do impeachment. Indagado pelo Blog se achava justo ser “canonizado” pelo papa (ser tornado santo da Igreja Católica), o deputado respondeu:

“Por tudo que fiz pela cidade de São Paulo, acho que eu mereço [a canonização]”.

“Amanhã [hoje], 12 de abril, completo 49 anos de vida pública. Em 12 de abril de 1967 fui nomeado presidente da Caixa Econômica Federal. Tenho muitos serviços prestados”, declarou.

Maluf diz que sua última viagem internacional foi em dezembro de 2008, quando esteve na França, na Itália e na Inglaterra. Agora, está livre para passear novamente pelo exterior. “Vou tirar uns 15 dias em julho. No inverno, gosto de ir para a Argentina, para Bariloche. Também posso ir para Punta del Este, no Uruguai”, disse.

Paulo Maluf foi incluído na lista da Interpol em 19.mar de 2010, há quase 6 anos. Ele foi colocado na relação que é conhecida como “difusão vermelha”. O deputado poderia ser preso se fosse ao exterior. Ao desembarcar, corria o risco de ser detido em qualquer 1 dos mais de 180 países que integram  parte do organismo.

À época, a inclusão ocorreu a pedido da Promotoria de Nova York, em decorrência de uma investigação iniciada em 2001. Maluf foi acusado de enviar recursos ilegalmente para o exterior e por desviar dinheiro público no Brasil. O deputado nega ter cometido irregularidades. “Agora, vou mandar o meu advogado procurar esse juiz em Nova York para explicar tudo”, afirma.

O desvio teria ocorrido nas obras da avenida Água Espraiada. O dinheiro teria sido enviado para Nova York –depois, para a Suíça, para a Inglaterra e para a Ilha de Jersey. Maluf nega todas essas acusações.

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O nome do deputado não retorna mais resultados no site da Interpol

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Página da Interpol quando Maluf ainda era procurado

LISTA SIGILOSA
Embora Maluf não apareça mais na lista pública da Interpol, não há como saber se o político brasileiro é mantido em uma outra relação, não divulgada.

Como a inclusão foi feita a pedido da Justiça dos EUA, delegados da Polícia Federal brasileira que trabalham com a Interpol não souberam precisar se Maluf está ou não na lista sigilosa da Interpol. Nesse caso, ele ainda poderia ser preso ao sair do Brasil.

“TRAGA UM ALFAJOR PRA GENTE VER”
O deputado deu pistas sobre sua exclusão da lista da Interpol nas redes sociais.

Na última 5ª feira (07.abr) o deputado foi alvo de provocações de um internauta no Facebook, após anunciar publicamente que apoiaria o impeachment de Dilma Rousseff.

“Amo o Brasil e principalmente amo São Paulo”, concluiu o deputado em seu anúncio. Um internauta lançou a provocação: “Tem que amar mesmo o Brasil afinal nem pode deixar o país, né lindo?”

“Quanto a não deixar o país você está equivocado e desatualizado. Abraços!!!”, replicou Maluf.

“Se o senhor pode mesmo sair do país e eu não estou sabendo peço que vá até a nossa querida vizinha Argentina e traga um alfajor para a gente ver. É barato, é fácil – e assim nos atualizamos sobre a sua situação”, continuou o internauta.

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PMDB usa o papa e evita políticos na TV
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Fernando Rodrigues

Programa de 10 minutos só começa a ter imagens de políticos aos 6m24s
Líderes do partido aparecem de maneira fugaz e Michel Temer saúda pontífice

Reprodução

O programa do PMDB que vai ao ar em rede nacional às 20h30 de hoje (22.ago.2013) tem uma estratégia clara de evitar mostrar políticos. O destaque do programa, com 10 minutos de duração, são atores contratados falando sobre democracia e os movimentos de rua do Brasil.

Além disso, o “grand finale” é com o vice-presidente da República, Michel Temer, fazendo uma saudação ao papa Francisco, que aparece no programa.

Houve uma determinação da direção partidária do PMDB para que fossem evitados políticos em série nas imagens da propaganda neste semestre. O publicitário Elsinho Mouco seguiu as instruções e só aos 6m24s aparece, em uma legenda, uma menção ao PMDB.

O partido só é citado de maneira explícita a partir dos 8m32s. Até este ponto do programa, o telespectador desavisado não consegue descobrir a qual partido se refere o filme. É quando começam os discursos mais tradicionais de integrantes da legenda.

No final, aparecem brevemente Michel Temer, o presidente do Senado, Renan Calheiros, o presidente da Câmara, Henrique Eduardo Alves, e o presidente interino da sigla, Valdir Raupp. O programa tem muito menos políticos do que a propaganda do primeiro semestre, quando 16 rostos do PMDB foram mostrados na tela da TV. Neste, apenas 4 apareceram.

O partido repete uma estratégia já usada em suas propagandas no Rio de Janeiro. Naquele Estado, a propaganda peemedebista mostrou apenas cenas fluminenses e não teve nenhuma imagem do governador do Estado, Sérgio Cabral, e do prefeito do Rio, Eduardo Paes, ambos filiados ao PMDB.

Na Argentina, a tentativa de usar a imagem do papa Francisco em busca de dividendos políticos não deu certo. Em agosto, em plena campanha eleitoral, um cartaz que mostrava o pontífice, em sua visita ao Brasil, cumprimentando a presidente Cristina Kirchner e seu protegido Martín Insaurralde despertou a ira da oposição e mal-estar na Igreja.

Assista ao programa do PMDB:

 

 

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Poder e Política na semana – 22 a 28.jul.2013
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Fernando Rodrigues

Com o Congresso vazio, em recesso branco, as atenções nesta semana estarão voltadas para a visita do papa Francisco ao Brasil. O Planalto está preocupado com a segurança do sumo pontífice e com os protestos de rua que podem eclodir.

Hoje, Francisco se encontra com a presidente Dilma Rousseff, o governador do Rio Sérgio Cabral e o prefeito da capital carioca Eduardo Paes, no Palácio Guanabara. Devem ocorrer manifestações em frente ao evento e no Largo do Machado.

Na 4ª feira, o papa vai ao santuário nacional de Aparecida do Norte (SP), no Vale do Paraíba, onde reza missa aberta ao público. Na 5ª feira pela manhã, Francisco se encontra com Paes para abençoar a bandeira das Olimpíadas de 2014. À tarde, faz discurso na orla de Copacabana.

Na 6ª feira, o papa volta a Copacabana para uma via-crúcis, onde estão previstos protestos. No sábado e no domingo, ele vai ao Campus Fidei, erguido na zona sul do Rio especialmente para a vigília e a missa de encerramento de sua visita ao Brasil.

Além disso, na 2ª feira, o governo federal anuncia cortes no Orçamento. Na 3ª feira, o PSD, de Gilberto Kassab, partido da base governista, realiza evento em SP com críticas ao programa federal Mais Médicos. O ex-prefeito de SP alfineta o ministro da Saúde, Alexandre Padilha, contra quem pode disputar o governo de SP em 2014. O prazo de inscrição para interessados no programa se encerra na 5ª feira.

Na 4ª, Dilma e o ex-presidente Lula se encontram em debate do PT em Salvador (BA), com a presença do governador do Estado, Jaques Wagner. O ato encerra as comemorações do PT pelos 10 anos no governo federal.

Na mesma data, o Atlético-MG enfrenta o Olimpia no Mineirão, Belo Horizonte, na final da Libertadores da América.

Veja os principais eventos do poder e da política na semana:

 

Segunda (22.jul.2013)

Papa com Dilma, Cabral e Paes – a presidente da República Dilma Rousseff, o governador do Rio Sérgio Cabral e o prefeito da capital carioca Eduardo Paes recebem o papa Francisco no aeroporto do Galeão. Depois, Francisco vai à Catedral Metropolitana, no centro do Rio. Às 17h, Francisco, Dilma, Cabral e Paes se encontram no Palácio Guanabara para a cerimônia oficial de boas-vindas.

Protestos no Rio – o grupo que acampou em frente à casa de Cabral na última semana pretende montar base na frente no Palácio Guanabara pra criticar os gastos públicos com a visita do pontífice e o governo do pemedebista. Também está programado um “beijaço” LGBT pelo respeito aos direitos dos homossexuais, no Largo do Machado, às 14h.

Mais protestos – a Associação Brasileira de Ateus e Agnósticos organiza atos de “desbatismo coletivo” no Rio e em São Paulo, Porto Alegre, Belo Horizonte e Ribeirão Preto. Eles criticam o ensino religioso em escolas públicas, o uso de símbolos religiosos em órgãos oficiais e o gasto de verbas públicas na visita do papa.

Contas públicas – governo federal anuncia cortes no Orçamento.

Ditadura e trabalhadores – Rosa Cardoso, coordenadora da Comissão Nacional da Verdade, e Paulo Vannuchi, membro da Comissão Interamericana de Direitos Humanos, vão a São Paulo para ato sobre a violação de direitos de trabalhadores durante a ditadura, com participação das centrais sindicais. O evento também marca os 30 anos da greve geral de 1983, a 1ª ocorrida durante o regime militar. Às 9h30, no Sindicato Nacional dos Aposentados.

PSD critica Mais Médicos – legenda promove debate com representantes da comunidade médica críticos ao programa “Mais Médicos”, lançado pelo governo federal. O encontro teve aval do presidente do PSD, Gilberto Kassab, e vai alfinetar o programa lançado pelo ministro da Saúde, Alexandre Padilha (PT). Kassab e Padilha são cotados para disputar o governo de SP em 2014.

Pesquisa em Pernambuco – o ministro da Ciência, Tecnologia e Inovação, Marco Antonio Raupp, e o governador de Pernambuco, Eduardo Campos (PSB), participam de encontro nacional que reunirá órgãos estaduais e federais de amparo à pesquisa.

 

Terça (23.jul.2013)

Inflação – Fundação Getúlio Vargas divulga dados do IPC-S.

Consumo – Fundação Getúlio Vargas apresenta resultados da Sondagem do Consumidor, que mede o sentimento do consumidor em relação ao estado geral da economia e de suas finanças pessoais.

PV na TV – partido terá 5 minutos de propaganda em rádio e televisão, divididos em inserções de 30 segundos ou 1 minuto.

 

Quarta (24.jul.2013)

Papa em Aparecida – o papa Francisco vai de helicóptero a Aparecida do Norte (SP), no Vale do Paraíba, e visita o Santuário Nacional de Nossa Senhora Aparecida, onde celebra missa aberta ao público às 10h30.

Dilma e Lula na Bahia – a presidente Dilma Rousseff e o ex-presidente Lula se encontram para a palestra “Participação Popular e Movimentos Sociais”, em Salvador, que fecha o ciclo de eventos sobre os 10 anos de governo petista. Também participam o ministro da Secretaria-Geral da Presidência, Gilberto Carvalho, e o governador da Bahia, Jaques Wagner. Às 17h, no Hotel Othon.

Transparência – Órgão Especial do Tribunal de Justiça de São Paulo começa a decidir se a Assembleia Legislativa do Estado deve divulgar o salário pago a cada um dos seus servidores. O Ministério Público paulista deu parecer contrário à divulgação.

Força Sindical reunida– a central sindical presidida pelo deputado Paulinho da Força (PDT-SP) realiza seu 7º Congresso Nacional, na Praia Grande, litoral paulista. O evento vai até 6ª feira (26.jul.2013)

Emprego – IBGE apresenta sua Pesquisa Mensal de Emprego.

Libertadores da América – o Atlético-MG enfrenta o Olimpia no 2o jogo da final do campeonato. Às 21h50, no Mineirão, em Belo Horizonte.

 

Quinta (25.jul.2013)

Papa em Varginha – pontífice se encontra com o prefeito do Rio, Eduardo Paes, às 9h no Palácio da Cidade, onde receberá as chaves da capital carioca e abençoará a bandeira das Olimpíadas de 2014. Às 11h, o papa Francisco visita a Comunidade da Varginha, no complexo de favelas de Manguinhos, na zona portuária, discursa no campo de futebol da comunidade e visita a casa de uma família. Às 18h, ele faz um discurso na Orla de Copacabana e abençoa os jovens que participam da Jornada Mundial da Juventude.

Economia – Conselho Monetário Nacional se reúne em Brasília.

Mais Médicos – último dia de inscrição para interessados no programa federal que se tornou alvo de entidades corporativas e da oposição.

PRB na TV – legenda veicula programa de 10 minutos em rede nacional de rádio e televisão. Das 20h às 20h10, no rádio, e das 20h30 às 20h40, na TV.

PDT na TV – partido terá 5 minutos de propaganda em rádio e televisão, divididos em inserções de 30 segundos ou 1 minuto.

Togo vai às urnas – país africano realiza eleições parlamentares.

 

Sexta (26.jul.2013)

Papa em Copacabana – pontífice vai à praia de Copacabana, onde haverá uma via-crúcis com os jovens.

Protesto no Rio – internautas convocam para protesto também em Copacabana, sob o mote “Papa, veja como somos tratados”, contra a corrupção e por serviços públicos de qualidade.

Preço na construção – Fundação Getúlio Vargas apresenta resultados do Índice Nacional da Construção Civil.

 

Sábado (27.jul.2013)

Papa no Rio – pontífice vai ao Campus Fidei (Campo da Fé), construído em Guaratiba, zona sul do Rio, para vigília de oração com jovens. O palco tem 75 metros de largura por 68 metros de profundidade e fica em uma área de 1,3 milhão de metros quadrados.

Marcha contra estupros – a Marcha das Vadias do Rio organiza ato contra o alto índice de estupros no Estado, em frente ao Posto 5, em Copacabana, às 13h.

PV na TV – partido terá 5 minutos de propaganda em rádio e televisão, divididos em inserções de 30 segundos ou 1 minuto.

Kuwait – país do Oriente Médio realiza eleições parlamentares.

 

Domingo (28.jul.2013)

Papa se despede – pontífice reza a Missa de Envio, no Campus Fidei, no Rio, no último dia de sua visita ao Brasil, com a presença de Dilma.

PMN decide seu futuro – o PMN realiza convenção partidária, em São Paulo. No encontro, a legenda pode desistir do processo de fusão com o PPS para fundar o MD. A junção dos dois partidos é arquitetada pelo presidente do PPS, Roberto Freire.

Mali escolhe presidente – país africano realiza eleição presidencial.

Camboja nas urnas – país asiático realiza eleições parlamentares.

 

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Marketing eleitoral levou Dilma ao papa
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Fernando Rodrigues

depois de dizer não, presidente viu que perderia ótima chance de aparecer bem na mídia

No sábado (16.mar.2013), a presidente Dilma Rousseff trocou 3 ministros para assegurar uma aliança sólida na sua campanha pela reeleição em 2014. Nesta semana, a petista foi a Roma para ver o papa Francisco e também atender a uma lógica do marketing eleitoral.

Num primeiro momento, Dilma Rousseff rejeitou a ideia de viajar a Roma para cumprimentar o novo papa. Depois, mudou de ideia. Por quê?

Simples. Marketing eleitoral puro. A petista mais perderia do que ganharia se ficasse no Brasil.

Eis 4 argumentos esgrimidos pelos assessores presidenciais para fazer Dilma mudar de ideia:

1) Eleitorado católico – o Brasil tem a maior população católica do mundo. Católicos, são, por óbvio, também eleitores. Em 2010, na campanha eleitoral, ficou um ruído entre a petista e os eleitores religiosos. Avistar-se com o papa seria uma forma de diluir essa impressão deixada há dois anos;

2) Papa simpático – apesar das suspeitas sobre sua atuação tímida ou omissa durante a ditadura na Argentina, o fato é que o cardeal Jorge Mario Bergoglio (o papa Francisco) apareceu de maneira muito positiva na mídia para o seu público, os católicos: sempre sorridente, tem uma estampa mais simpática que a do antecessor, o alemão Joseph Ratzinger (Bento 16). Como se não bastasse, atribuiu a um colega brasileiro a influência pela escolha do nome Francisco;

3) Photo-op de graça e mídia espontânea – não ir a Roma e perder a chance de uma “photo-op” ao lado do papa Francisco seria um erro de marketing. Afinal, hoje (17.mar.2013) e amanhã (18.mar.2013) a presidente Dilma Rousseff vai ganhar o que se chama de “mídia espontânea positiva”, a melhor de todas –e muito desejada pelos publicitários. Mais vale aparecer compungida ao lado do papa no “Jornal Nacional”, da TV Globo, do que dezenas de comerciais sobre o fim da miséria;

4) Agenda nova – depois de aderir “con gusto” à fisiologia trocando ministros no último sábado (16.mar.2013), Dilma força uma mudança de agenda na sua cobertura. Para melhorar a situação, seus principais adversários estarão no Brasil falando mal da gestão de seu governo e ela estará ao lado do papa tirando fotos. Uma vantagem comparativa que a presidente da República, muito focada em sua reeleição, não poderia jogar pela janela.

Em resumo, o marketing ditou a agenda da presidente nessa sua ida ao Vaticano para cumprimentar o papa. Nada mais.

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Poder e política na semana – 18 a 24.mar.2013
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Fernando Rodrigues

Fatos relevantes da semana: 1)  STF deverá decidir sobre a redistribuição dos royalties do petróleo (Rio e Espírito Santo foram à corte para tentar derrubar as novas regras aprovadas pelo Congresso); 2) a presidente Dilma estará no Vaticano na 3ª feira (19.mar.2013) para presenciar a posse oficial do papa Francisco, opositor do governo de Cristina Kirchner na Argentina; 3) na 4ª feira (20.mar.2013), prefeitos de capitais discutirão o pacto federativo em Brasília; 4) está na pauta do STF de 5ª feira (21.mar.2013) um processo em que o deputado Eduardo Cunha (PMDB-RJ) é acusado de usar documentos falsos; 5) na 6ª feira (22.mar.2013), o PDT fará convenção para eleger dirigentes.

A semana começa ainda com repercussões da ascensão do argentino Jorge Mario Bergoglio, primeiro papa latino-americano. Na 2ª feira (18.mar.2013), a presidente Dilma Rousseff já estará na Itália e deverá ter uma reunião particular com ele. Na 3ª feira (19.mar.2013), ela assistirá à primeira missa do papado de Bergoglio, que escolheu o nome de Francisco.

Em Brasília, a semana começará com expectativas a respeito da decisão que o STF deverá tomar sobre a partilha dos royalties do petróleo. Rio de Janeiro e Espírito Santo entraram com Ações Diretas de Inconstitucionalidade no Supremo para tentar derrubar as novas regras de  distribuição dos recursos.

Na 3ª feira (19.mar.2013), o ex-presidente Lula estará em Lagos, capital da Nigéria, para um evento da revista “The Economist”. Ele terá também terá encontro com escritores e com o técnico da seleção nigeriana de futebol.

Ainda na 3ª feira, no Congresso, sindicatos de trabalhadores portuários e o governo vão se reunir para negociar o texto da medida provisória elaborada para modificar o sistema de operação do setor e conceder portos à iniciativa privada.

Na 4ª feira (20.mar.2013), prefeitos de capitais estarão no Congresso para discutir a redefinição do pacto federativo com os presidentes da Câmara e do Senado, Henrique Alves e Renan Calheiros. Na última semana, foi vez dos governadores terem essa conversa em Brasília.

A pauta de votações da Câmara poderá incluir, nesta semana, um projeto de autoria de seu presidente, Henrique Alves (PMDB-RN). O texto estabelece o seguinte rito para a análise dos vetos presidenciais pelo Congresso: após receber o veto, o Congresso terá 5 dias para instalar uma comissão especial para analisá-lo. Se não tomar uma decisão em 30 dias, a pauta ficará trancada.

Na 5ª feira (21.mar.2013), o líder do PMDB na Câmara dos Deputados, Eduardo Cunha (PMDB-RJ), estará na berlinda. Entrou na pauta de julgamentos do STF um caso em que ele é acusado pelo Ministério Público Federal de ter usado documentos falsos para se livrar de um processo no Tribunal de Contas do Rio de Janeiro.

Na 6ª feira (22.mar.2013), o PDT fará convenção em Brasília para eleger sua direção. Carlos Lupi é favorito para se reeleger presidente da legenda. E petistas da corrente Mensagem ao Partido, uma tendência interna da legenda, deverão apresentar o deputado Paulo Teixeira (PT-SP) como candidato a presidente do PT (a eleição será no fim do ano e a ala majoritária espera reeleger Rui Falcão para o cargo).

No domingo (24.mar.2013), o PSDB deverá eleger suas direções municipais.

A seguir, o drive político da semana:

 

Segunda (18.mar.2013)
Dilma no Vaticano – presidente estará no pequeno Estado controlado pela Igreja Católica, encravado dentro da cidade de Roma, para assistir à posse oficial do papa Francisco na 3ª feira. Antes de decidir ir à posse do papa, ela tinha viagem marcada para Salvador, onde inauguraria o estádio da Fonte Nova.

Dilma e o papa – antes da cerimônia de posse, a presidente deverá ter uma reunião privada com o papa Francisco. O ministro Gilberto Carvalho (Secretaria-Geral) deverá acompanhá-la.

STF e os royalties – o atrito entre Rio de Janeiro e Espírito Santo com o resto do país não terminou. Os Estados entraram com Ações Diretas de Inconstitucionalidade no Supremo para tentar derrubar a nova distribuição dos recursos do petróleo. São Paulo também deve contestar as novas regras. Espera-se que o STF tome alguma decisão nos próximos dias.

Dinheiro de campanha – o TSE deve colocar no ar um novo sistema de consulta às prestações de conta eleitoral. Não serão publicados dados novos, mas os internautas terão as informações já organizadas à disposição para saberem, por exemplo, quem doou para quem. Atualmente, é preciso fazer download de arquivos brutos, em formato pouco compreensível do público geral, e manipular as informações até poder organizá-las.

Escândalos eternos – a Corte Especial do STJ aceitou na última 6ª feira (15.mar.2013) denúncia do Ministério Público Federal contra 12 dos 17 acusados de envolvimento no desvio de dinheiro do PAC investigado pela Operação Navalha, de 2007. Entre os réus estão o atual prefeito de Aracaju e ex-governador de Sergipe, João Alves Filho (DEM), e o empresário Zuleido Veras, dono da construtora Gautama.

Brasil e EUA – será em Brasília a reunião do Fórum dos Altos Executivos dos dois países. Dilma deveria participar, mas foi à Itália ver a posse do papa Francisco.

Columbia University no Brasil – a prestigiada universidade cuja sede é em Nova York lança um de seus Global Centers, no Rio. O lançamento começa nesta 2ª feira (18.mar.2013) e terá vários eventos até 4ª feira (20.mar.2013).

Terça (19.mar.2013)
Dilma na missa – presidente assistirá, no Vaticano, à primeira missa do pontificado do papa Francisco, primeiro latino-americano a chefiar a Igreja Católica.

Lula na África – ex-presidente estará em Lagos, capital da Nigéria, para um evento da revista “The Economist”. Ele também fará uma palestra para empresários, terá encontro com escritores e com o técnico da seleção nigeriana de futebol.

MP dos Portos – sindicatos de trabalhadores portuários e o governo vão se reunir para negociar o texto da Medida Provisória, às 11h, na sala da Liderança do Governo no Senado.

Greve suspensa – a Força Sindical avisou que, “diante da possibilidade de acordo”, a greve dos portos está suspensa.

Conferência do Ipea – O Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada, órgão do governo federal, fará a Conferência do Desenvolvimento, em Brasília, até 5ª feira (21.mar.2013).

Empresários e a Copa – o Lide, grupo empresarial de João Dória, fará um evento para interessados em aproveitar oportunidades de negócio proporcionadas pela Copa e pelas Olimpíadas. Na Vila Olímpia, em São Paulo.

Reuso da água – Fiesp fará um seminário internacional sobre o assunto em sua sede, em São Paulo, a partir das 9h30.

Ócio criativo – a “Folha de S.Paulo” sabatinará o sociólogo italiano Domenico de Masi, autor de “O Ócio Criativo”. Começará às 11h, no Teatro Folha, em São Paulo. Assinantes do jornal podem se inscrever pelo e-mail eventofolha@grupofolha.com.br ou pelo telefone (11) 3224-3473, das 14h às 19h.

Inflação Fipe divulgará IPC referente ao período de 15.fev a 15.mar.2013.

 

Quarta (20.mar.2013)
Prefeitos em Brasília – prefeitos de capitais deverão se reunir com os presidentes da Câmara e do Senado, Henrique Alves e Renan Calheiros. O tema do encontro é o pacto federativo. Na última semana, governadores também estiveram no Congresso para tratar do assunto.

Vetos presidenciais – o presidente da Câmara, Henrique Alves (PMDB-RN), quer colocar em votação um projeto de sua autoria que propõe o seguinte rito para a análise dos vetos: após receber o veto, o Congresso Nacional terá 5 dias para instalar uma comissão especial para analisá-lo. Se não tomar uma decisão em 30 dias, a pauta da Casa ficará trancada.

Deputados e o trânsito – o presidente da Casa quer fazer uma sessão para debater o tema. Deverá acontecer das 10h às 18h com a participação de representantes da sociedade relacionados ao assunto.

Reajustes salariais – o Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Socioeconômicos (Dieese) divulgará balanço sobre as negociações dos reajustes.

 

Quinta (21.mar.2013)
Eduardo Cunha no STF – líder do PMDB na Câmara dos Deputados deverá ser julgado pelo Supremo por conta da acusação feita pelo Ministério Público Federal de que ele apresentou documentos falsos para se livrar de processo no Tribunal de Contas do Rio de Janeiro.

Tombini em São Paulo – presidente do Banco Central irá, à noite, à comemoração dos 30 anos da Associação Brasileira de Bancos, no Hotel Renaissance, em São Paulo. Antes, em Brasília, participará da reunião do Comitê de Estabilidade Financeira do Banco Central.

PCB na TV Partido Comunista Brasileiro, que é nanico e não tem representantes no Congresso Nacional, terá 5 minutos em rede nacional. Das 20h às 20h05, no rádio. Das 20h30 às 20h35, na TV.

 

Sexta (22.mar.2013)
Eleição no PDT – partido fará convenção em Brasília para eleger sua direção. Carlos Lupi é favorito para se reeleger presidente da legenda. O deputado Brizola Neto, recém demitido do cargo de ministro do Trabalho, pretende confrontar Lupi, mas ainda não oficializou a candidatura.

Facções do PT – a Mensagem ao Partido, corrente interna do PT, fará reunião em Brasília para lançar o deputado Paulo Teixeira (PT-SP) como candidato a presidente da sigla. Seu adversário será Rui Falcão, candidato à reeleição e apoiado pelas correntes majoritárias.

Eduardo Campos e Jarbas Vasconcelos – o governador de Pernambuco, do PSB, e o senador pernambucano, pelo PMDB, fazem oficialmentes as pazes após 20 anos de rompimento. Será num num almoço na casa de praia de Jarbas, no Janga (bairro do município de Paulista, perto do Recife). Vão comer um tradicional cozido preparado pelo próprio senador e símbolo de décadas de articulações. “Esse daí costuma ir aos cozidos de Jarbas”, diziam os adversários socialistas sobre quem frequentava tais eventos.

BC e a França – o presidente do Banco Central, Alexandre Tombini, irá a almoço da Câmara de Comércio França-Brasil, no hotel Mercure Grand.

Varejo – o Lide, de João Dória, reunirá empresários, líderes políticos e especialistas para debater o varejo brasileiro. No hotel Sofitel Guarujá Jequitimar, no Guarujá, em São Paulo.

Inflação – IBGE divulgará o Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo 15 e o Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo Especial.

Beatles, 50 anos – grupo lançou o disco “Please, Please Me” em 1963.

 

Domingo (24.mar.2013)
Eleições no PSDB – tucanos elegerão suas direções municipais. A eleição nacional do partido será em 25.mai.2013.

 

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Telegramas do Wikileaks falam de Bergoglio papa desde 2003
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Fernando Rodrigues

8 documentos confidenciais vazados mencionam o nome do novo papa.

Documentos secretos da diplomacia dos EUA vazados pelo Wikileaks mencionam o argentino Jorge Mario Bergoglio, escolhido ontem (13.mar.2013) para ser o novo papa, como favorito para o cargo desde 2003. São 8 telegramas publicados pelo Wikileaks que citam Bergoglio. Em 2, ele é apresentado como favorito para ser papa.

Documento confidencial escrito em 2003 pela embaixada dos EUA em Tegucigalpa, Honduras, cita Jorge Mario Bergoglio entre os favoritos para substituir João Paulo 2º.

O telegrama mais antigo é de 11.jul.2003 e já cita o argentino como “papável”. O documento, escrito pela embaixada americana de Tegucigalpa, capital de Honduras, fala sobre discussões a respeito da sucessão de João Paulo 2º. Segundo o relato, havia chances de um latino-americano ser escolhido para sucedê-lo, dado o crescimento do catolicismo na região e o declínio na Europa.

A correspondência fala principalmente sobre as chances do cardeal hondurenho Óscar Andrés Rodríguez Maradiaga se tornar o novo papa. Mas também cita Bergoglio e outros 4 cardeais latino-americanos entre os favoritos (o brasileiro Claudio Hummes, o mexicano Norberto Rivera Carrera e os colombianos Dario Catrillon Hoyos e Alfonso Lopez Trujillo).

Outro documento que cita Bergoglio entre os favoritos para papa foi escrito pela embaixada americana no Vaticano em 18.abr.2005, primeiro dia do conclave que escolheria o alemão Joseph Ratzinger como sucessor de João Paulo 2º.

Segundo o telegrama, não era possível saber ainda qual dos cardeais seria eleito. É apresentada então uma lista com perfis dos favoritos, dividida em “italianos”, “outros europeus”, “latino-americanos”, “africanos” e “asiáticos”. Para cada nome, é dada uma biografia com data e local de nascimento e postos ocupados ao longo de suas carreiras na Igreja Católica. No perfil de Bergoglio é feito o seguinte comentário: “Ele fala espanhol, italiano e alemão. Bergoglio exemplifica as virtudes do sábio pastor que muitos eleitores valorizam. Observadores destacam sua humildade”. E também que poderia “contar contra” Bergoglio o fato de pertencer à Ordem Jesuíta, pois alguns integrantes conservadores da Igreja tinham receios quanto ao pensamento liberal dos integrantes desse grupo.

Os outros 6 documentos vazados pelo Wikileaks que mencionam Bergoglio foram redigidos pela embaixada americana em Buenos Aires e tratam de assuntos políticos da Argentina.

31.out.2006 – o relato afirma que Bergoglio, então chefe da arquidiocese de Buenos Aires, apoiou a oposição feita pelo bispo Joaquin Pina à tentativa do governador da Província de Misiones, Carlos Rovira, de modificar a constituição local para permitir reeleições indefinidas. A rejeição da emenda foi entendida como uma derrota para o governo Kirchner, que apoiou Rovira publicamente.

10.mai.2007 – o documento fala sobre a eleição presidencial e que ainda era necessário saber se o candidato do governo seria Nestor Kirchner ou sua mulher, Cristina. Apresenta também as dificuldades que os governistas poderiam enfrentar, como críticas da Igreja Católica e a participação de Bergoglio na derrota sofrida pelo governo na Província de Misiones. “O governo parece irritado com a aparente preferência do cardeal [Bergoglio] pela oposição neste ano eleitoral”.

11.out.2007 – fala sobre a condenação de um padre católico, ex-capelão da polícia de Buenos Aires, por sua participação na “Guerra Suja”(1976-1983), período em que a violência, tortura e desaparecimentos marcaram a ditadura argentina. Diz que o fato poderia prejudicar a Igreja Católica e também a autoridade moral de Bergoglio, que estava aparecendo como líder da oposição ao governo Kirchner.

8.abr.2008 – analisa o início do governo de Cristina Kirchner e menciona o nome de Bergoglio para dizer que a nova presidente havia tido uma reunião com ele, “recomeçando o diálogo com o principal clérigo da Igreja Católica na Argentina, que havia sido suspenso por cerca de 3 anos por Nestor Kirchner.”

20.mai.2008 – fala sobre a crise econômica argentina e sobre medidas adotadas pelo governo Kirchner para tentar resolver o problema. Diz que a Igreja Católica se incomodou com a decisão do governo de mudar a celebração do 25 de Maio (data histórica argentina) de Buenos Aires para Salta, fazendo com que o cardeal Bergoglio não fosse o responsável pelo sermão do dia (que tendia a ser crítico a Kirchner).

26.jan.2010 – relata conversa da embaixadora dos EUA na Argentina, Vilma Socorro Martinez, com a então recém eleita deputada Gabriela Michetti, do partido Propuesta Republicana, opositora do governo Kirchner. “Católica praticante, Michetti mantém diálogo regular com o cardel Jorge Bergoglio e com grupos católicos”.

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