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Arquivo : PMDB

Edinho Araújo, ministro demitido por Dilma, anuncia apoio ao impeachment
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Fernando Rodrigues

Ex-titular da pasta do Portos é aliado de Temer

Deputado do PMDB paulista solta nota oficial

EdinhoAraujo-Foto- MarceloCamargo-AgenciaBrasil-24fev2016

O deputado federal Edinho Araújo (PMDB-SP), aliado de Michel Temer: a favor do impeachment

Em um duro comunicado público, o deputado federal Edinho Araújo (PMDB-SP) anunciou que vai apoiar o pedido de impeachment contra a presidente Dilma Rousseff.

Qual é a importância de uma nota individual de um congressista apenas? Nesse caso, muita.

Edinho Araújo é um dos mais fiéis aliados do vice-presidente da República, Michel Temer. Durante 10 meses, de janeiro a outubro de 2015, foi ministro-chefe da Secretaria Nacional dos Portos. Foi demitido por Dilma Rousseff por causa da necessidade de redução de pastas.

Mas o Ministério dos Portos continuou a existir. Edinho foi demitido apenas para abrir espaço para Helder Barbalho, filho do senador Jader Barbalho (PMDB-PA).

A nota de Edinho divulgada hoje está conectada a vários fatos. Primeiro, ao cancelamento do encontro entre Michel Temer e Lula, que seria hoje (17.mar.2016). Segundo, ao pedido de expulsão de Mauro Lopes do PMDB de Minas Gerais, o deputado que aceitou o convite para ser ministro da Aviação Civil. Por fim, a decisão de o Diretório Nacional da legenda de marcar uma reunião em 29.mar.2016 para definir se fica ou sai do governo Dilma.

“Já tenho posição definida de como será o meu voto no plenário da Câmara Federal (…) Votarei sim em favor do Brasil”, escreveu Edinho em sua nota oficial –que foi antes apresentada a Michel Temer.

Edinho, que já foi prefeito de São José do Rio Preto (SP), de 2001 a 2008, pode concorrer ao cargo novamente neste ano de 2016.

Em seu comunicado, ele se solidariza com Michel Temer, diz que o deputado Mauro Lopes deve ser expulso do PMDB e “que chegou a hora de o partido desembarcar deste governo”.

“Não podemos mais suportar a convivência com a inflação alta, corrupção e desemprego. Chegou a hora. Vamos sair juntos”, diz o peemedebista.

Eis a íntegra da nota de Edinho Araújo:

HORA DE DECISÃO
Diante da gravidade dos últimos acontecimentos políticos, comuniquei às instâncias do PMDB o seguinte:

  1. Já tenho posição definida de como será o meu voto no plenário da Câmara Federal, uma vez instalada a Comissão Especial que dará andamento ao processo de impeachment. Votarei sim pelo impeachment da Presidente da República. Votarei sim em favor do Brasil;
  2. Reitero o meu total apoio ao presidente nacional do PMDB, Michel Temer, que mais uma vez foi surpreendido por uma decisão tomada pelo Palácio do Planalto, ao nomear o deputado federal Mauro Lopes para a Secretaria de Aviação Civil. Tal medida vem em desacordo com a decisão da Convenção Nacional do partido realizada no último sábado (12/03) que deu um prazo de 30 dias para que o partido voltasse a se manifestar sobre a permanência ou não na base de apoio da presidente Dilma Rousseff. Na mesma resolução ficaram proibidas as nomeações de membros do PMDB a qualquer cargo na esfera pública federal. O que aconteceu foi um desrespeito e uma total afronta aos princípios de convivência partidária;
  3. Manifesto à instância partidária pela imediata expulsão do referido deputado dos quadros do PMDB. Que se instale no âmbito do partido uma Comissão de Ética para avaliar e decidir. Que o afastamento do deputado possa servir de exemplo para aqueles, apenas preocupados com cargos e empregos;
  4. Da mesma forma, entendo que a direção estadual, ouvidos todos os seus membros, manifeste claramente que o momento é de decisão. Insistir para aqueles ocupantes de função pública, entreguem os seus respectivos cargos e, afinal, o PMDB deixe de pactuar com o desgoverno instalado no País e possa sair grande desse processo;
  5. Entendo que chegou a hora de o partido desembarcar deste governo e assumir o seu papel perante a história. Não podemos mais suportar a convivência com a inflação alta, corrupção e desemprego. Chegou a hora. Vamos sair juntos.

Deputado Edinho Araújo
PMDB/SP
17/03/2016

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Michel Temer cancela encontro que teria nesta 5ª com Lula em São Paulo
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Fernando Rodrigues

Ambiente político em Brasília fica tóxico

Petista agora entra menor no governo

Peemedebista continua jogando parado

Lula-Temer-Foto-RicardoStuckert-InstitutoLula-9abr2015

Lula e Michel Temer, em 2015, ainda sem crise política

O vice-presidente da República, Michel Temer (PMDB), cancelou um encontro que teria hoje (17.mar.2016), às 18h, com o recém-nomeado ministro da Casa Civil, Luiz Inácio Lula da Silva.

A reunião, a pedido de Lula, seria na casa de Temer em São Paulo.

Diante dos últimos acontecimentos, Temer telefonou ontem (16.mar.2016) para Lula para remarcar o encontro para a semana que vem, em Brasília.

Outro detalhe: Temer prefere que a conversa com Lula se dê no gabinete oficial da Vice Presidência da República. Uma sinalização de que o peemedebista vai preferir manter o contato com o petista sempre no campo da formalidade.

Michel Temer está em São Paulo e não pretende mais vir a Brasília nesta semana. Ele, portanto, ficou de fora da cerimônia de posse de Lula como ministro da Casa Civil –nesta 5ª feira pela manhã.

Lula até ontem (4ª feira) no meio da tarde estava entrando no governo representando uma esperança de alguma pacificação de parte do Congresso. Depois da divulgação dos áudios de conversas do ex-presidente com Dilma Rousseff, aprofundou-se a crise política. O petista assume a Casa Civil com um tamanho menor do que o esperado.

O vice-presidente tem sido aconselhado pelos seus aliados a jogar parado, sem conceder entrevistas nem dar declarações que possam causar polêmica.

Em 2015, Temer se animou com a possibilidade do impeachment e acabou tendo problemas internos no seu partido. O PMDB ainda tem uma ala governista (a cada dia menor) que defende a presidente Dilma Rousseff.

“É melhor jogar parado, como o Romário na Copa do Mundo de 1994. Espere que a bola chega até você”, disse um aliado de Michel Temer ao Blog, relatando o que tem recomendado ao vice-presidente.

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“O que está em jogo é acabar com a Operação Lava Jato”, diz Molon, da Rede
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Fernando Rodrigues

PSDB e PMDB querem impeachment para frear investigação, diz deputado

Rede defende saída pelo TSE em 2016, para haver novas eleições

alessandro molon

O deputado federal Alessandro Molon (Rede Sustentabilidade-RJ)

O deputado federal Alessandro Molon (Rede Sustentabilidade-RJ) criticou hoje (4ª) duramente em discurso na Câmara a articulação entre PSDB e PMDB para que o impeachment de Dilma Rousseff seja chancelado pelo Congresso.

Com a deterioração do governo, as duas siglas vêm se aproximando nas últimas semanas. Em 9.mar.2016, a cúpula do PSDB chegou a oferecer um jantar para congressistas do PMDB, conforme relatado pelo blog.

Para Molon, no encontro foi feito um acordo para “acelerar e aprovar o impeachment com dois objetivos: (1) esvaziar a Operação Lava-Jato, criando a impressão que ela já teria cumprido sua missão, deixando impunes vários dos citados em delações premiadas da operação, alguns dos quais presentes no jantar, de ambos os partidos. (2) retardar ou extinguir o processo que corre no TSE, que, caso julgado ainda este ano, poderia levar a eleições diretas para presidente da República”.

Alessandro Molon acredita que a aproximação é uma tentativa de “impedir que ocupe o Palácio do Planalto alguém de fora dos dois partidos”. A Rede Sustentabilidade defende que o impedimento de Dilma Rousseff seja feito por meio da Justiça Eleitoral ainda em 2016. Caso isso ocorra, novas eleições devem ser convocadas em 90 dias e a principal líder da sigla, Marina Silva, é um dos nomes mais fortes para a disputa.

O argumento de que a oposição quer frear as investigações da Operação Lava Jato ganhou força após a divulgação da delação do senador Delcídio do Amaral (MS, ex-PT). Em seu depoimento, Delcídio diz que o senador Aécio Neves (PSDB-MG) recebeu propina proveniente de corrupção em Furnas, subsidiária da Eletrobras –o que o tucano nega.

Os congressistas da oposição temem que os desdobramentos da operação causem estrago principalmente a curto prazo, o que aumentaria a possibilidade (indesejada para todos no jantar promovido pelo PSDB) de vitória de Marina Silva, que encarna uma parte do voto antiestablishment.

Eis o vídeo do discurso e a íntegra em seguida:

“Senhor Presidente,

Senhoras e Senhores Parlamentares,

Há anos o Congresso sofre de um grave problema. Um problema de audição. Ele se recusa a escutar. Fala somente para si mesmo, manobra pensando em si mesmo. Os interesses de poucos muitas vezes se sobrepõem aos interesses dos milhões que deveria representar. E, sinto dizer, senhoras e senhores, este sintoma está se agravando.

Quando a população vai às ruas dizer que está cansada de práticas reprováveis e que não acredita na classe política, ela espera que as críticas sejam levadas a sério. Espera mudanças. Mas quando caciques políticos tentam se aproveitar de manifestações nas ruas para legitimar projetos de poder e interesses escusos, empurrando goela abaixo uma falsa solução, estes parlamentares apenas reforçam o motivo de tamanha descrença e desconfiança do povo.

Na semana passada, foi tornada pública, por vários meios de comunicação, uma notícia extremamente grave. Trata-se de uma proposta de acordo com o objetivo de acabar com a Operação Lava-Jato e buscar um arranjo não para decidir o melhor para o país, mas para se chegar ao poder por meio de um atalho.

Neste encontro a portas fechadas, um jantar oferecido por senadores do PSDB a senadores do PMDB, avançou-se na ideia de acelerar e aprovar o impeachment com dois objetivos: (1) esvaziar a Operação Lava-Jato, criando a impressão que ela já teria cumprido sua missão, deixando impunes vários dos citados em delações premiadas da operação, alguns dos quais presentes no jantar, de ambos os partidos. (2) retardar ou extinguir o processo que corre no TSE, que, caso julgado ainda este ano, poderia levar a eleições diretas para presidente da República. Tudo isto para impedir que ocupe o Palácio do Planalto alguém de fora dos dois partidos.

Venho a esta tribuna para atacar, frontalmente, esta fraude que alguns integrantes destes partidos querem preparar. Um atentado contra a Justiça e contra a Democracia. A Rede Sustentabilidade não aceita esta fraude e não se calará diante dela.

A Rede já deixou clara sua posição, de que o impeachment deve ser calcado em fundamentos técnicos sólidos, em conformidade com as hipóteses previstas no artigo 85 da Constituição Federal. Todos os fatos devem ser analisados com seriedade e destemor, mas sem oportunismo, e com respeito à Constituição.

Naquela ocasião, dissemos também que temíamos que fosse sabotada a Operação Lava-Jato caso assumisse o vice-presidente Michel Temer, citado nas delações, inclusive nesta última, divulgada ontem. A Procuradoria-Geral da República deve pedir ao Supremo Tribunal Federal abertura de investigação para apurar a conduta do vice-presidente. Na época, Temer reagiu negando a possibilidade de interferir na Lava-Jato. As notícias dos últimos dias comprovam que nosso temor era mais do que justificado.

Atiramos no que vimos, acertamos o que não vimos. Não imaginávamos, naquele momento, que o processo do impeachment serviria também para tentar converter esta profunda investigação em pretexto para salvação do futuro político dos de sempre. Determinados a tirar a atual presidente de seu posto, os participantes do malfadado jantar tramaram não só contra a Operação Lava-Jato, mas contra a própria democracia em si. Acelerando o impeachment, empossariam o vice-presidente e jogariam uma ducha de água fria no processo no TSE, atrasando-o ou fazendo-o morrer. Para eles, isso seria importante para evitar uma eventual nova eleição direta para Presidente da República ainda neste ano. Querem o poder, mas não o querem através do voto popular. Também vaiados nas manifestações, temem perder eleições diretas neste ano.

A nossa Constituição determina que, caso presidente e vice-presidente sejam afastados antes da metade de seu mandato – neste caso, antes de 31 de dezembro deste ano –, realiza-se nova eleição direta. Caso o afastamento se dê após a metade do mandato – neste caso, no ano que vem ou em 2018 –, a escolha dos novos presidente e vice se dá por eleição indireta: apenas deputados e senadores os elegem. É exatamente isto o que os partícipes daquele jantar desejam: uma eleição indireta. 33 anos após as Diretas Já terem lotado as ruas do Brasil, um grupo de senadores, num jantar, decide usar as ruas lotadas de hoje para apoiar uma espécie de “Indiretas Já”!

E sabem por que, senhoras e senhores? Porque assim apenas os políticos escolheriam quem governaria o país. Ora, justo o Congresso Nacional, seguidamente entre as instituições que menos têm a confiança do povo brasileiro? Justo a Câmara dos Deputados, que sofre para levar adiante, com isenção, o processo de investigação contra o Deputado Eduardo Cunha, que preside a Casa? O que estas lideranças desejam, portanto, não é fortalecer a democracia brasileira, mas criar uma democracia “diferente”, uma democracia sem povo, uma democracia débil, doente, uma farsa. Uma democracia dos políticos para os políticos. Uma democracia com eleições sem riscos. Sem o risco de perder. Sem o risco de as coisas, de fato, mudarem. Um jogo de cartas marcadas.

No fundo, querem mudar o governo para que nada mude. Querem mudar o governo não para corrigir o que está errado, para adotar uma nova maneira de fazer política, limpa, ética. Não querem uma mudança no sistema político. Não querem mudança de verdade. Querem apenas trocar uma parte do grupo que está no poder. Não todo o grupo. Apenas uma parte.

Não querem acabar com o esquema corrupto entre empreiteiras e governos. A começar porque o mesmo esquema sujo ocorrido em nível federal se repete em nível estadual e municipal, com governantes tanto de partidos da base do governo quanto de partidos da oposição. Basta a Operação Lava-Jato avançar que descobrirá. Mas, para isso, ela precisa ir em frente. Para poder, de fato, passar o Brasil a limpo. Por inteiro. E não apenas uma parte.

Por isso mesmo, o que está em jogo é acabar com a Operação Lava-Jato. A ação de seus procuradores e delegados incomoda ao establishment. “Alguém precisa parar isso! Aonde isso vai chegar?”, perguntam-se alguns, em voz baixa, nos plenários das Casas do Congresso Nacional. Seu avanço preocupa a estes porque a Lava-Jato desorganiza uma promiscuidade de décadas, que infelizmente veio até os nossos dias. Suas descobertas atingem em cheio membros de partidos da base do governo, principalmente, mas também figuras proeminentes de alguns partidos da oposição.

Nossa obrigação, neste momento, é zelar pela observância da Constituição. Ela determina que o resultado das urnas, expressão da soberania popular, deve ser respeitado. Segundo nossa Constituição, só se pode desconstituir uma decisão tomada pelo povo em eleições diretas se ocorrer alguma das hipóteses expressamente previstas pela Constituição como crime de responsabilidade, no artigo 85. Isto precisa ser analisado com todo cuidado e seriedade, sem usar o impeachment como saída fácil para a crise ou, pior ainda, transformá-lo no bote salva-vidas para políticos tentarem sair ilesos da Lava-Jato.

Já em andamento, a ação que tramita no TSE contra a chapa vencedora deve ser processada com celeridade, diante do complexo momento que vivemos. Se houver prova – não apenas indícios – de que o financiamento da campanha recorreu a métodos ilegais, a chapa deve ser cassada. A chapa inteira, diga-se de passagem. Se não ficar comprovado, não deve ser cassada. A Rede Sustentabilidade entende que não lhe cabe pressionar por este ou aquele resultado, mas tão somente esperar que seja feita Justiça e obedecida a Constituição. Para todos e ainda neste ano.

A Rede não participará de qualquer manobra política para matar a Operação Lava-Jato e pavimentar atalhos para o poder de quaisquer grupos políticos. Não emprestaremos nosso nome para esta fraude. Não nos venham pedir apoio seja para esta tentativa ignóbil seja para o governo ilegítimo que se quer fazer nascer dela.

Temos consciência da gravidade do momento que o país atravessa e do desejo do povo brasileiro de mudar para melhor, de avançar, e não de maquiar a realidade, preservando os esquemas de corrupção de sempre, andando para trás. Queremos jogar nossa energia na união do povo brasileiro, na busca de soluções para os impasses, na participação democrática como saída, na transparência. Não vamos participar de conchavos, de arranjos, de esquemas viciados, de farsas, de fraudes operadas por mãos de delatados na Operação Lava-Jato, não vamos participar desta “Operação Mãos-Sujas”.

Nós, da Rede Sustentabilidade, lutaremos para que a Operação Lava-Jato possa continuar avançando. Queremos que toda a verdade venha à tona, que todas as denúncias, envolvendo membros de todos os partidos citados, sejam investigadas em profundidade. Sem seletividade, respeitados o devido processo legal, o amplo direito de defesa e os direitos e garantias individuais. Repito: sem seletividade.

Democracia significa poder do povo. Quem não aceita isso, não poderia sequer estar no Parlamento. Quem não confia no povo brasileiro não é digno de ser seu representante. Trai a sua confiança. A Rede Sustentabilidade não tem medo do povo brasileiro. Não sofremos da chamada “demofobia”. Respeitamos suas escolhas e queremos garantir que o povo possa continuar decidindo seu destino. É por isso que continuaremos a lutar.

Muito obrigado.”

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PSDB fecha posição: prefere impeachment e não TSE para tirar Dilma
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Fernando Rodrigues

Tucanos detalharam planos em encontro com PMDB

Cassação via Justiça Eleitoral é vista como arriscada

Depois do PMDB, outras legendas serão procuradas

O senador Tasso Jereissati (PSDB-CE), que organizou jantar com o PMDB na 4ª feira (9.mar.2016)

A síntese do jantar oferecido pela cúpula do PSDB a caciques do PMDB ontem (9.mar.2016), em Brasília, foi a seguinte: os tucanos preferem viabilizar uma saída para a atual crise política por meio do impeachment de Dilma Rousseff. Ninguém mais defende a cassação via Justiça Eleitoral.

Os presentes ao encontro, no apartamento do senador Tasso Jereissati (PSDB-CE), não chegaram a um consenso sobre uma estratégia comum. Há apenas pontos de convergência, como apurou este Blog e os descreve a seguir.

SAÍDA TSE
Os convidados tucanos e peemedebistas rejeitam esperar a troca de governo pela via da Justiça Eleitoral –que pode cassar a chapa completa de 2014, Dilma e Michel Temer.

Há duas razões para essa rejeição:

1) eleição imprevisível: se o TSE cassar Dilma neste ano (o que é improvável), haveria convocação de eleições diretas em 90 dias. Na opinião dos caciques do PSDB e do PMDB o resultado poderia levar um aventureiro ao Planalto, sem compromissos com reformas, mas apenas com um discurso da “antipolítica”.

Também se falou na possibilidade (indesejada para todos no jantar) de vitória de Marina Silva (Rede), que encarna uma parte do voto antiestablishment;

2) eleição indireta: o calendário do TSE indica que o caso Dilma-Temer só será concluído em 2017. Nessa hipótese, haveria eleição indireta de um novo presidente, escolhido pelo Congresso. Essa forma de sucessão agrada a tucanos e a peemedebistas. O problema é que todos acreditam que o Brasil não suportaria até lá sem uma solução na sua governança.

IMPEACHMENT
Os tucanos e os peemedebistas (exceto Renan Calheiros, que ainda tem dúvidas) preferem que a crise política seja resolvida com este roteiro:

1) Coalizão nacional: ampla articulação multipartidária deve anteceder o impeachment. Integrantes de todas as legendas serão chamados para conversar;

2) Condições para Michel Temer: o vice-presidente, que assumiria na eventual saída de Dilma Rousseff, teria de se comprometer a fazer um governo de união nacional (tentando atrair, inclusive, setores do PT) e declarar que não é candidato à reeleição em 2018;

3) Impeachment: uma vez fechados os 2 itens acima, o impeachment de Dilma Rousseff será chancelado pelo Congresso.

PRÓXIMOS PASSOS
O PSDB vai agora procurar o PSB para uma reunião semelhante à que teve ontem (4ª) com o PMDB.

Havia 3 representantes do PMDB no jantar oferecido por Tasso Jereissati ontem (4ª) à noite: os senadores Renan Calheiros (AL), Romero Jucá (RR) e Eunício Oliveira (CE).

Pelo PSDB, além do próprio Tasso, estavam à mesa no jantar de ontem Aécio Neves, Aloysio Nunes Ferreira, Antonio Anastasia, Cássio Cunha Lima e Ricardo Ferraço.

RENAN CALHEIROS
O presidente do Senado tem sido retratado no noticiário com alguém que estaria já prestes a pular do barco governista. Não é exatamente isso o que está se passando.

Renan Calheiros, de fato, tem melhorado sua relação com vice-presidente da República, Michel Temer. Ambos compartilham da avaliação sobre o governo de Dilma Rousseff estar próximo do esgotamento.

Essa reaproximação, entretanto, não significa que já se estabeleceu um liame sólido entre os dois. Renan não acredita que Michel Temer, uma vez empossado no Planalto, possa dar a ele o conforto que espera no momento a respeito das investigações da Lava jato.

Por essa razão, o único no jantar de Tasso Jereissati ontem que ainda não aderiu ao projeto “impeachment-com-Michel-Temer-no-comando” era Renan Calheiros.

DÚVIDA
Consultados, nenhum dos participantes do encontro de ontem à noite aceitaria vocalizar um grande ponto de interrogação a respeito da capacidade de sustentação de um eventual governo Michel Temer.

Trata-se da dúvida sobre quantos integrantes das cúpulas de cada partido no momento estão –ou não– encrencados com acusações da Lava Jato. Para citar apenas 2 políticos do PMDB que estavam no jantar de ontem: Renan Calheiros e Romero Jucá. Ambos enfrentam acusações da Lava Jato –e negam as irregularidades.

No próprio PSDB são recorrentes as citações ao nome do presidente nacional da legenda, Aécio Neves –que também nega envolvimento com os casos de corrupção na Petrobras.

Por fim, o eventual substituto de Dilma Rousseff, o vice-presidente Michel Temer, é sempre lembrado por suas relações com o presidente da Câmara, Eduardo Cunha (PMDB-RJ). Ninguém sabe se Temer, uma vez abraçando o projeto presidencial, ficaria imune a acusações da Lava Jato.

De tudo o que sobrou do jantar oferecido por Tasso Jereissati, o mais relevante é que pela primeira vez, desde o início da atual crise, políticos sentaram-se à mesa para tentar encontrar alguma saída pactuada.

Não é certo que uma fórmula será encontrada. Mas é um sinal robusto de que o establishment está se movendo.

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Michel Temer e Renan Calheiros se reaproximam e alinham PMDB
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Fernando Rodrigues

Ambos acham situação de Dilma quase irreversível

Presidente depende do PMDB para barrar impeachment

Convenção Nacional peemedebista, sábado, dará o tom

Renan-Temer-Foto-AntonioCruz-AgenciaBrasil-15jul2015

Renan Calheiros e Michel Temer: amigos outra vez

Há um movimento de aproximação entre o vice-presidente da República, Michel Temer, e o presidente do Senado, Renan Calheiros.

Há um acerto entre os 2 caciques do PMDB para que a chapa que será eleita para comandar a legenda, neste sábado (12.mar.2016), contemple todas as principais facções peemedebistas.

A Comissão Executiva Nacional tem 30 vagas (entre titulares e suplentes). Trabalha-se nesse momento para que cada uma das 27 unidades da Federação tenha, pelo menos, uma vaga nesse colegiado.

Mais importante do que essa articulação: Michel Temer passou a ter um comportamento mais discreto a respeito de um possível impeachment de Dilma Rousseff –é uma estratégia para não prejudicar o andamento natural do processo.

Do seu lado, Renan Calheiros mantém o discurso público de apoio ao governo, mas nos bastidores não esconde seu ceticismo sobre a possibilidade de a administração pública federal do PT se segurar até 2018, quando haverá eleições presidenciais.

Michel Temer e Renan Calheiros avaliam que a situação política da presidente Dilma Rousseff é muito difícil, sendo praticamente irreversível a recuperação da petista para comandar o país e estabilizar a situação. Mas nenhum dos 2 peemedebistas vai expressar essa posição em público.

Num eventual impeachment de Dilma Rousseff, quem assume é o vice-presidente, Michel Temer. Se a petista cair por força de ações que ora tramitam na Justiça Eleitoral, uma nova eleição teria de ser convocada –pois estariam fora do governo os 2 integrantes da chapa vencedora em 2014 (Dilma e Temer).

Por razões óbvias, no caso de ser inevitável a interrupção do governo Dilma, interessa ao PMDB que a via escolhida seja a do impeachment. O partido chegaria assim ao poder central pela via mais fácil e rápida. Numa nova eleição direta, dificilmente um peemedebista teria competitividade para vencer a disputa.

Na última 5ª feira (3.mar.2016) à noite, Temer esteve em Alagoas para fazer campanha por sua reeleição como presidente nacional do PMDB. Ao seu lado estava Renan Calheiros, que discursou em linha com o que falou o vice-presidente da República. “Pareciam dois irmãos siameses”, brincou um dos caciques da legenda.

MOÇÕES
Várias seções estaduais do PMDB devem propor neste sábado (12.mar) moções a favor do rompimento do partido com o governo de Dilma Rousseff. Já aprovaram documentos nesse sentido os 3 Estados do Sul: Paraná, Santa Catarina e Rio Grande do Sul.

Outros Estados que devem também seguir pela mesma linha são Acre, Bahia, Mato Grosso do Sul e Pernambuco, pelo menos.

Isso não significa que o PMDB poderá romper com o governo Dilma neste sábado. Não deve ser aprovada uma decisão unificada, de todo o partido, pelo afastamento da legenda da administração federal.

Ocorre que há 1 mês nem moções de rompimento eram dadas como certas. Agora, serão dados os primeiros passos para preparar o PMDB. A lógica por trás dessa estratégia é o governismo atávico da sigla misturado com um sentimento de preservação.

Embora o PMDB queira ficar no governo Dilma pelos cargos dos quais desfruta, sabe que não terá como sustentar a petista se a crise política se agravar.

Nesse contexto se insere a reaproximação entre Michel Temer e Renan Calheiros. Um precisa do outro mais adiante num cenário de troca de governo.

Os 2 caciques do PMDB tiveram um relacionamento instável desde o início do 2º mandato de Dilma Rousseff no Palácio do Planalto.

No desentendimento mais recente, no final de 2015, Renan chegou a relembrar uma antiga expressão derrogatória cunhada por Antonio Carlos Magalhães (1927-2007), que chamava Michel Temer de “mordomo de filme de terror”.

Tudo isso é passado. Agora, Temer e Renan estão jogando do mesmo lado. Mas com cautela. Vão mais esperar do que agir. Acham que o governo Dilma vai se inviabilizar sozinho quando começar a tramitar na Câmara o processo de impechment.

STF
O Supremo Tribunal Federal publicou nesta 2ª feira (7.mar.2016) o acórdão do julgamento sobre como deve tramitar um processo de impeachment no Congresso.

Com a publicação da decisão, em mais algumas semanas o STF deve julgar recursos que foram apresentados pedindo esclarecimentos sobre o rito do impeachment. Em seguida, a Câmara deverá instalar até o final de março ou início de abril a comissão que analisará o impedimento de Dilma.

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PMDB critica governo e anuncia ‘Plano Temer 2’ na TV
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Fernando Rodrigues

Programa partidário mantém tom crítico à situação econômica do País

Partido cita “mudança de ânimo” na Argentina com eleição de Macri

Michel Temer durante a propaganda partidária do PMDB de 25.fev.2016

Michel Temer durante a propaganda partidária do PMDB de 25.fev.2016

O PMDB anunciará nesta noite (25.fev.2016), no programa partidário que vai ao ar no rádio e na TV aberta, o que chamou de “Plano Temer 2”. Na inserção, o partido afirma que a atual crise econômica é resultado de “má gestão” e propõe uma “mudança de ânimo” no País, sinalizando um rompimento definitivo com o governo.

O chamado “Plano Temer 2” é anunciado no programa pelo deputado federal Rodrigo Pacheco (MG). O nome é uma referência ao documento “Uma ponte para o futuro”, apresentado pelo PMDB em outubro de 2015 com propostas na área econômica.

À época, o documento peemedebista foi batizado por alguns integrantes do partido como “Plano Temer”. Agora, a nova proposta, segundo o programa partidário na TV, trará sugestões para manter e ampliar ganhos sociais.

O vídeo foi criado e produzido pela agência Pública Comunicação, com direção do publicitário Elsinho Mouco.

Na peça, de 10 minutos, o partido volta a usar um tom crítico ao falar da situação econômica do País. “É numa má gestão que as grandes crises têm origem”, diz Eliane Sinhasique (AC), pré-candidata à Prefeitura de Rio Branco. Para o senador Raimundo Lira (PB), o atual cenário exige “medidas concretas, viáveis e imediatas” para a retomada do crescimento.

No vídeo, o deputado federal Veneziano Vital do Rêgo (PB) afirma que o Brasil precisa da mesma “mudança de ânimo” da Argentina. Em novembro de 2015, a eleição do candidato de centro-direita, Mauricio Macri, pôs fim a 12 anos de kirchnerismo na presidência do país.

O vice-presidente da República, Michel Temer, é o último a fala no programa. Diz que o momento exige uma “união de verdade”, baseada no diálogo. Com uma das  falas mais longas na peça, o presidente da Câmara, Eduardo Cunha, defende o Estado de Direito –numa referência indireta aos recursos que ele tem usado para se defender de um processo de cassação.

Renan Calheiros, presidente do Senado, cita a chamada Agenda Brasil, sua proposta para a retomada do crescimento econômico do país.

O PMDB está se organizando para sua convenção nacional, marcada para 12.mar.2016. Presidente do partido há uma década e meia, Temer está em campanha para se reeleger.

Ao todo, 50 políticos do partido participam do vídeo, às vezes falando só 1 ou 2 segundos cada um. Ao longo do programa, 10 peemedebistas são apresentados como pré-candidatos a prefeito em capitais do país.

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Sem opção, Dilma escolhe petista para liderar governo no Senado
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Fernando Rodrigues

Humberto Costa (PE) assume cargo após saída de Delcídio

Aliados do Planalto pediram nome fora da bancada do PT

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Humberto Costa (PT-PE), novo líder do governo no Senado

O Palácio do Planalto confirmará hoje a indicação do senador Humberto Costa (PT-PE) como líder da bancada governista no Senado Federal.

A informação é do repórter do UOL André Shalders.

O cargo de líder do governo no Senado está vago desde a prisão de Delcídio do Amaral (PT-MS), em 25.nov.2015. Nos últimos meses, José Pimentel (PT-CE) vinha exercendo a função de forma interina.

No início do ano, o governo sondou nomes do PMDB para assumir a função. O escolhido deveria ter bom trânsito com as demais bancadas da Casa, inclusive da oposição.

A indicação de Costa, considerado um petista “de raiz”, pode provocar ciúmes nos demais partidos da base aliada. Reclamações sobre o apetite do PT e sobre um suposto favorecimento ao partido, por parte do Planalto, são frequentes entre deputados e senadores.

O cargo de líder do governo é um dos mais importantes na estrutura do Senado. Cabe a ele apresentar e defender a posição oficial do Planalto durante as votações e articular em favor das propostas apresentadas pela presidente Dilma Rousseff.

Humberto Costa tem 58 anos e é médico. Filiou-se ao PT ainda em 1980, pouco depois da fundação do partido. Nunca deixou a legenda. O primeiro cargo eletivo foi como vereador em Recife, de 2001 a 2005. Assumiu como senador por Pernambuco em 2011.

Durante o primeiro mandato de Luiz Inácio Lula da Silva como presidente, Humberto Costa foi ministro da Saúde (de 2003 a julho de 2005).

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PMDB volta a colocar Marta em destaque nos seus comerciais na TV
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Fernando Rodrigues

Pré-candidata a prefeita de São Paulo, senadora domina inserções

Ex-petista também terá exposição grande no programa de 5ª feira

Michel Temer prega “união” e “debate” em comercial do PMDB

Renan Calheiros defende lista de projetos que propôs em 2016

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Senadora Marta Suplicy (SP) em comercial do PMDB

A senadora Marta Suplicy (SP) dominará as inserções do PMDB  na TV aberta, que vão ao ar nesta 3ª e 5ª feiras e sábado (23, 25 e 27.fev.2016).

Pré-candidata à Prefeitura de São Paulo, Marta aparecerá em pelo menos 3 inserções do partido, uma nacional e duas que vão ao ar apenas em São Paulo. No programa nacional, a peemedebista critica o desemprego na cidade governada atualmente por Fernando Haddad (PT).

Nas peças locais, tenta se consolidar principal opositora na corrida paulistana. Em um dos comerciais, faz críticas à situação da saúde pública.  No outro, a senadora refere-se a São Paulo como uma “cidade de inovações” e cita a criação do Bilhete Único e dos CEUs (Centros Educacionais Unificados), projetos implementados em seu mandato como prefeita da capital, de 2001 a 2004.

Presidente nacional do partido e em campanha pela reeleição na convenção nacional da legenda, em março, Michel Temer também aparece nas inserções. O vice-presidente da República diz ser preciso renovar o PMDB –embora ele próprio esteja à frente da legenda há uma década e meia. Fala que o partido pode  “mudar o estado em que as coisas estão” e cita que o diálogo deve ser realizado com o intuito de “manter e ampliar as conquistas sociais”.

Em sua aparição, o presidente do Senado, Renan Calheiros (PMDB-AL), defende a Agenda Brasil, um conjunto de projetos de lei patrocinados por ele em 2015, como forma de o país reativar a economia. A agenda é apresentada como uma iniciativa para “retomar o crescimento e promover uma ampla convergência em relação ao futuro do país”.

Eis os vídeos, cuja criação e produção são da agência Pública Comunicação, com direção do publicitário Elsinho Mouco:

SUJEITO OCULTO
O presidente da Câmara, Eduardo Cunha (PMDB-RJ), não gravou nenhum comercial exclusivo de 30 segundos como Marta, Temer e Renan. Ele aparecerá somente no programa mais longo, de 10 minutos, que será veiculado em rede nacional pelo PMDB nesta 5ª feira, às 20h30.

A peça deve apresentar de 10 a 12 pré-candidatos peemedebistas a prefeituras importantes. Quem voltará a figurar com destaque é Marta Suplicy. Ela será a penúltima a falar, antes de Michel Temer encerrar o programa.

AS FACÇÕES DO PMDB
Os comerciais partidários servem no Brasil como sinalização sobre quem está mandando num determinado partido. No caso do PMDB, as inserções de 30 segundos e o programa longo, de 10 minutos, indicam que a legenda tem hoje 2 vértices principais de poder.

De um lado, ao centro e sempre flertando com a oposição ao governo, está o vice-presidente da República, Michel Temer. Do outro, também ancorado no centro, mas sempre pendendo mais para o lado do Palácio do Planalto, está Renan Calheiros.

Marta Suplicy aparece em meio a essas duas facções, de maneira híbrida, pois tem boa relação política tanto com Temer como com Renan. Ela, uma ex-petista, incorpora uma estratégia do PMDB para se reapresentar como partido com alguma aspiração de chegar ao poder sozinho.

O PMDB (antes MDB) ajudou o Brasil a sair da ditadura militar (1964-1985), mas nunca chegou à Presidência da República numa eleição direta.

Por fim, os comerciais do PMDB na TV e no rádio nesta semana também são a comprovação de como o presidente da Câmara, Eduardo Cunha, perdeu poder dentro da legenda. Afinal, ele ocupa o 3º cargo na hierarquia da República –mas ficará sem destaque nas propagandas partidárias.

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Deputados gastam milhões de reais com “cotão” em 2015
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Fernando Rodrigues

Atenção: há erro em parte dos dados. Correções no final do post

dinheiro

Deputados federais gastaram milhões de reais do chamado “cotão” em 2015. [Correção: leia nota no fim do post].

As informações são divulgadas pela Câmara por meio de dados abertos, e organizadas pelo site Olho Neles!, dedicado a monitorar o uso da Cota para Exercício da Atividade Parlamentar (Ceap).

A apuração é do repórter do UOL André Shalders.

[contexto: a Cota para Exercício da Atividade Parlamentar, conhecida como “cotão”, é uma verba extra recebida por deputados e senadores para custear atividades do mandato. Trata-se de um mecanismo legal e não há irregularidade formal no uso desse dinheiro. A verba pode ser usada para a contratação de advogados, consultorias, para a impressão de materiais de divulgação e também para custear despesas de combustíveis, passagens aéreas, hotéis e alimentação do congressista, entre outros gastos.]

O uso do “cotão” é regulamentado por um ato da Mesa Diretora da Câmara, de 2009, e o total mensal disponível para cada parlamentar varia conforme o Estado. Vai de R$ 27.977,66 (para quem é eleito por Brasília) a R$ 41.612,80 (os de Roraima).

CUNHA ENTRE OS CAMPEÕES DA TELEFONIA
Conhecido como um dos mais habilidosos articuladores do Congresso, o presidente da Câmara Eduardo Cunha (PMDB-RJ) foi um dos que mais fez ligações e usou serviços de telefonia: pelo menos R$ 107 mil, de acordo com o Olho Neles!.

O site relaciona gastos de R$ 43,4 mil com a operadora Nextel e R$ 26,7 mil com a Telefônica Brasil S/A, detentora da operadora Vivo, entre outros.

O Mensalinho, outro site que organiza os dados abertos a cota parlamentar, dá a Cunha o título de “matraca de ouro”, outorgado ao deputado que mais gastou em serviços de telefonia.

O sistema, criado pelo programador Eugenio Vilar, contabiliza gastos com telefonia da ordem de R$ 138,4 mil. O site, porém, duplica algumas das notas emitidas pelos parlamentares. Excluindo-se as duplicadas, o valor apurado é de cerca de R$ 103 mil.

DIVULGAÇÃO E ESCRITÓRIOS NOS ESTADOS
Os gastos dos congressistas em 2015 com a divulgação do próprio trabalho foi de R$ 37,9 milhões, segundo o Olho Neles!. Essa “divulgação” se refere a publicações e outros materiais de propaganda produzidos pelos congressistas.

A manutenção de escritórios políticos nos Estados (R$ 20,02 milhões) também é um item popular no uso do dinheiro do “cotão”. Há também a locação de veículos (R$ 21,1 milhões) e a contratação de estudos e consultorias independentes (R$ 19,3 milhões).

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Correção [às 20h40 de 13.jan.2016]:
O Blog cometeu um erro e o
valor total gasto pela Câmara com o “cotão” em 2015 foi inferior a R$ 189 milhões (cifra inicialmente divulgada).

O erro foi cometido porque o Blog considerou dados coletados por 2 sites que fazem a compilação das informações divulgadas pela Câmara. Os sites são: Olho Neles! e Mensalinho (citados acima no post).

Os 2 sites erraram ao copiar os dados da Câmara sem considerar abatimentos e descontos em despesas dos deputados. O Blog errou ao reproduzir os dados dos 2 sites sem fazer a checagem devida com as informações originais da Câmara.

O Blog publica a seguir a tabela com os 20 deputados citados no post, mas agora com as informações corretas (clique na imagem para ampliar):

tabela_ceap_correcaoO site da Câmara pode ser consultado para checar os valores individuais de gastos de cada deputado, mês a mês. A soma total do ano de 2015 para todos os congressistas só pode ser encontrada caso o interessado some todas as despesas de cada mês para cada um dos 513 deputados.

Atualização [às 17h54 de 28.abr.2016]: Ao contrário do divulgado anteriormente por esta reportagem, o deputado Felipe Bornier (PSD-RJ) não foi o deputado que mais utilizou a verba do “cotão” em 2015 e nem mesmo figura entre os deputados que mais fizeram uso deste tipo de recurso. 

Por meio da assessoria, o deputado informou que zela pela modicidade e pela bom senso no uso de recursos públicos, inclusive da cota parlamentar. Desde o início de sua trajetória na Câmara dos deputados, Bornier adotou a iniciativa de não utilizar os reembolsos da cota em refeições, por exemplo. Este fato foi verificado pelo Blog nos mecanismos de transparência da Câmara.

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Michel Temer faz caravana pelo país até março
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Fernando Rodrigues

Vice está articulando para a convenção do PMDB

Na prática, Temer mede temperatura do impeachment

MichelTemer-Foto-LulaMarques-AgenciaPT-06jan2016

O vice-presidente, Michel Temer, que fará caravana pelo Brasil

Erra quem acha que o vice-presidente da República, Michel Temer, está parado e desanimado com a possibilidade de o processo de impeachment prosperar.

O peemedebista está com um roteiro de viagens pelo país cheio de contatos e com o objetivo de prospectar a temperatura dos eleitores a respeito do impeachment.

Para efeito oficial, Temer viajará por todas as regiões até março para fazer campanha interna no PMDB –cuja convenção nacional é na 2ª quinzena de março, em Brasília (ainda sem data exata definida). O peemedebista é candidato a mais um mandato como presidente da sigla.

O Blog teve acesso à relação de eventos das viagens de Temer pelo país:

1 – Região Sul: dia 28 de janeiro:
9h00: Curitiba (PR)
15h00: Florianópolis (SC)

2 – Região Nordeste:
03, 04 ou 05 de fevereiro – Fortaleza e São Luís

3 – Região Sudeste – dia 19 de fevereiro:
9h,00: Belo Horizonte (MG)
15h00: Vitória (ES)

4 – Região Norte:
Dia 26 de fevereiro – Belém e Manaus

5 – Região Centro-Oeste – dia 11 de março:
9h00: Cuiabá (MT)
15h00: Goiânia (GO)

6 – Rio de Janeiro (RJ)

“NOSSA VITÓRIA EM 2018”
Nas explicações finais da programação há mais pistas sobre os interesses reais de Michel Temer nas próximas semanas.

Em cada localidade haverá sempre “reunião com a sociedade civil”. Ao mesmo tempo, o partido aproveitará a presença de Temer para coletar “contribuições para a Ponte para o Futuro e o chamamento para a indispensável unidade do partido, para o sucesso em 2016, pavimentando nossa vitória em 2018”.

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