Blog do Fernando Rodrigues

Arquivo : propaganda política

PDT perde um terço do seu tempo de TV com troca-troca partidário
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Fernando Rodrigues

PSB é a 2ª legenda mais afetada com deserções para Solidariedade e Pros

O PDT, aliado de primeira hora dos governos de Luiz Inácio Lula da Silva e Dilma Rousseff, é a legenda mais prejudicada pela migração de deputados para os recém-criados Pros e Solidariedade: perdeu 37% do seu tempo de rádio e TV. A deserção coletiva retirou 19,5 de 52,6 segundos que o partido detinha.

A legenda do ministro do Trabalho, Manoel Dias, perdeu 10 deputados que haviam sido eleitos em 2010. Esses congressistas levaram seus preciosos segundos de rádio e TV para os novos partidos, segundo regra definida pelo Tribunal Superior Eleitoral. Quatro deputados foram para o Pros e 6, para o Solidariedade.

Consideradas apenas as legendas médias e grandes, o segundo maior golpe atingiu o PSB, da dobradinha Eduardo Campos e Marina Silva. O partido perdeu 17,1% do seu tempo de rádio e TV, ou 11,7 de seus 68,2 segundos.

Em terceiro vem o PR, de Valdemar Costa Neto, que perdeu 17% do seu tempo: os deputados migrantes carrearam 13,6 de seus 80 segundos.

Beneficiados

Os 76 segundos que sangraram dos partidos antigos alimentarão as 2 novas legendas na praça. Solidariedade, liderado por Paulinho da Força, ficou com 41 segundos. O Pros, do novato Eurípedes Júnior, ganhou os outros 35.

Metodologia

Esse resultado não equivale ao tempo exato que cada legenda terá para utilizar ou negociar na campanha de 2014, mas reflete as mudanças provocadas pelo troca-troca partidário das últimas semanas.

A divisão do tempo de rádio e TV obedece a 2 critérios distintos. Cada bloco do horário gratuito da campanha presidencial tem 25 minutos, ou 1.500 segundos. Dois terços desse tempo (1.000 segundos) são divididos proporcionalmente entre a bancada de cada partido eleita para a Câmara – cerca de 1,95 segundo para cada congressista. Se um deputado eleito em 2010 muda para um partido recém-criado, ele leva consigo seu tempo.

O cálculo deste post considera apenas estes 1.000 segundos. Foi levada em conta uma premissa (apenas para efeito de demonstração): todos os partidos com bancadas eleitas para a Câmara participarão da disputa presidencial com candidato próprio ao Planalto ou em alguma coligação em 2014. Quando uma dessas legendas não tem candidato a presidente, seu tempo é redistribuído entre as demais que participam da disputa.

O terço restante (500 segundos) é dividido igualmente entre as coligações ou candidaturas de partido único que disputarão a campanha de 2014. Como não se sabe quantas coligações serão formadas, é impossível estimar a partilha desse tempo.

Veja abaixo os partidos que perderam tempo de TV para o Pros e o Solidariedade. PC do B, PV, PPS, PRB, PT do B, PSOL, PHS, PRP e PTC não estão representados pois não perderam deputados para as novas legendas. PSL e PRTB perderam tempo, mas hoje não têm mais nenhum deputado na Câmara.

Veja abaixo a lista dos deputados (em exercício ou não) que migraram para o Pros e o Solidariedade. Apenas os que compunham a bancada eleita em 2010 levaram seu tempo de rádio e TV para as novas legendas.

(Bruno Lupion)

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PSB na TV escolhe Erundina para aparecer ao lado de Eduardo Campos e Marina
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Fernando Rodrigues

 

O programa partidário do PSB desta quinta-feira (10.out.2013) mostra apenas 3 personalidades falando: Eduardo Campos, Marina Silva e Luiz Erundina.

A escolha da ex-prefeita de São Paulo para estar na tela serve como amálgama entre Eduardo Campos e Marina. É que Erundina, aos 78 anos, está filiada ao PSB e tornou-se com o passar dos anos uma espécie de reserva moral entre os políticos do centro para a esquerda do espectro partidário.

Em 2012, Erundina acabou saindo da condição de candidata a vice-prefeita de São Paulo na chapa com Fernando Haddad, do PT. O rompimento se deu depois que Haddad, ao lado de Luiz Inácio Lula da Silva, receberam o apoio de Paulo Maluf, do PP.

No vídeo do PSB, Erundina diz que todos os partidos têm problemas. Mas afirma ter certeza de que o PSB procura sempre fazer o que é correto.

O programa do PSB faz ataques à atual administração da presidente Dilma Rousseff. Como publicou a “Folha”, um locutor fala o seguinte: “Cadê aquele país que há alguns anos despertou a admiração do mundo (…) e que agora voltou a ter receio da inflação? Que um dia levou um homem do povo ao poder e que agora sente que o poder não fala a língua do povo? Será que estamos no caminho errado?”.

Eduardo Campos responde: “Estamos no caminho que já deu o que tinha que dar”.

O Blog teve acesso à íntegra do programa do PSB, que foi produzido pelo publicitário Edinho Barbosa.

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Na TV, Aécio pede: “Vamos conversar”
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Fernando Rodrigues

Em 3 comerciais, tucano se apresenta na sua pré-campanha ao Planalto
Metade do tempo é gasto para falar do passado e do que não vai bem

O senador Aécio Neves (PSDB-MG) protagoniza a partir de hoje (21.mai.2013) três comerciais de 30 segundos cada um. O Blog teve acesso aos filmes, que vão ar também em rede nacional no próximo sábado (25.maio.2013) e na terça-feira (28.maio.2013) durante os intervalos publicitário das emissoras de TV.

Um dos 3 comerciais de Aécio é uma biografia. O tucano apresenta suas realizações do passado (a ligação com políticos famosos que aparecem em fotos preto e branco) e suas atividades recentes (no Congresso ou como governador de Minas Gerais).

 

O outro comercial é sobre inflação, com críticas ao governo federal e elogios ao PSDB. “A gente levou muito tempo para acabar com a inflação. Foi graças ao Plano Real, do PSDB, que a gente venceu esse desafio”, diz ele.

Em seguida: “Mas hoje, a alta de preços voltou a bater à porta dos brasileiros. E os alimentos então, não param de subir. Para evitar que a inflação volte de vez, a primeira coisa a fazer é equilibrar as contas do governo. É ter foco na gestão. Hoje, o governo federal gasta mais do que arrecada e aí, claro, a conta não fecha. Eu sou Aécio Neves. E para o PSDB, a hora é de tolerância zero com a inflação”.

 

O terceiro comercial é o mais ameno. “Quem governa, tem que estar próximo”, diz Aécio. Ele aparece andando e cumprimentando pessoas de maneira amigável. Fala sobre Minas Gerais ter virado “referência na educação” entre outros feitos –que certamente serão questionados pelos seus adversários na campanha eleitoral do ano que vem. Mas o tom do comercial é mais aprazível que os demais.

Ao final desse terceiro filme de 30 segundos, ele termina dizendo: “Eu sou Aécio Neves e se você também acredita que a gente pode cuidar melhor do Brasil, vamos conversar”.

 

Mas o que os comerciais de Aécio têm de bom e de ruim? Ou melhor, no que são eficazes (ou não) do ponto de vista eleitoral?

De bom para o candidato é a sua aparência, de cara limpa, camisa branca, sem gravata. Exala a imagem de um político boa praça, jovem, fazendo um convite ao eleitor: “vamos conversar”. A frase é uma boa sacada dos marqueteiros Renato Pereira e Chico Mendez, responsáveis pela criação dos comerciais.

Com um tom suave nas imagens, os filmes têm uma pegada agradável. Essa é a parte positiva.

Mas há alguns problemas do ponto de vista da eficácia do marketing perseguido.

Quando se consideram os 90 segundos dos 3 comerciais somados, nota-se que cerca de metade desse tempo é usado para falar do passado e para criticar o que está indo errado no país.

Eleitor gosta de quem oferece esperança e é propositivo. No fundo, é isso: a eleição é um processo no qual sai melhor quem vende melhor a esperança de um país melhor.

Como dosar essa parte propagandística sem perder o pé na política? Difícil.

O comercial da biografia de Aécio gasta 30 segundos falando sobre quem ele foi até hoje, mostra foto em preto e branco de políticos do passado, a atuação do tucano no Congresso, como governador de Minas Gerais. Não é um filme com defeito visível, mas é um tempo gasto para promover um político que passou os últimos 2 anos como senador negligenciando a necessidade de massificar seu nome pelo país (considerando-se que o tucano desde sempre sonhou em ser candidato a presidente). Foi um político acanhado no Senado. Agora, precisa se tornar conhecido –mas poderia ter feito isso antes.

No comercial de 30 segundos sobre a inflação, Aécio fala de um tema relevante. Dá uma chapuletada no governo por causa do nível atual da inflação. É importante falar sobre a dura realidade em uma campanha? É, claro que sim. Só que o tucano insiste em usar expressões que o eleitor médio talvez não entenda, como “ter foco na gestão”.

Campanha eleitoral é assim mesmo. Tem de falar um pouco contra adversário (a inflação está alta). Tem de mostrar a biografia do pré-candidato a presidente.

Mas deve haver uma fórmula mais atraente do que fotos antigas em preto e branco deslizando na tela. E expressões menos herméticas do que “ter foco na gestão”.

Este Blog acompanha de perto eleições há algum tempo. Há uma fricção natural entre políticos e marqueteiros sobre como deve ser o tom dos discursos. No caso de Aécio Neves, o mínimo denominador comum parece ainda não atingido.

Quem assiste aos 3 comerciais do tucano não fica de mau humor. Mas também não leva uma ideia nova na cabeça. “A gente pode cuidar melhor do Brasil”, diz o tucano e propõe conversar a respeito. Há até um site na tela, o www.conversacombrasileiros.com.br.

Esse endereço na web pretende ser um local no qual estejam reunidos todos os URLs de redes sociais do PSDB, links dos tucanos em Twitter e Facebook, entre outros. Por enquanto, é ainda uma janela de uma via só: o internauta manda a pergunta e fica esperando uma resposta. Ou assiste aos vídeos de Aécio viajando pelo país. Sem mais interação, o efeito será limitado.

Há também ali um esforço de ensinar o que são os problemas do país. Um deles, a inflação. O site tucano faz um trocadilho com o slogan “país rico é país sem pobreza”, de Dilma Rousseff. No endereço da pré-campanha de Aécio Neves na internet, “país rico é país sem inflação”. Eis a imagem:

Como primeiro passo da sua pré-campanha ao Planalto, Aécio apresenta-se em comerciais que não comprometem. Ajudam a difundir sua imagem. Mas talvez ele devesse considerar arriscar mais se deseja derrotar uma candidata à reeleição, Dilma Rousseff, que tem mais de 60% ou 70% de aprovação em todas as pesquisas de opinião.

p.s.: esses 3 comerciais com Aécio como estrela são responsabilidade do PSDB nacional. Mas o partido também tem direito a fazer propagandas regionais, em cada Estado. Há alguns dias em Brasília está no ar um filme de 30 segundos no qual a câmera está desregulada e Aécio aparece falando e olhando para “o além” –um ponto no infinito. O resultado é um horror e demonstra que falta ainda coordenação entre os tucanos sobre como fazer uma campanha política-eleitoral de maneira eficaz.

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