Blog do Fernando Rodrigues

Arquivo : reunião ministerial

Dilma Rousseff monta operação para tentar manter PMDB como aliado
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Fernando Rodrigues

Presidente pede a ministros que conversem com Temer

Renan, Sarney, Eunício e Jáder também são acionados

Ideia é impedir desembarque marcado para dia 29

Ala oposicionista do PMDB resiste e mantém decisão

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O vice-presidente da República, Michel Temer, que comanda o PMDB

A presidente Dilma Rousseff reuniu os 7 ministros do PMDB e o líder da legenda na Câmara, Leonardo Picciani, ontem à noite (21.mar.2016). A conversa teve uma pauta única: como fazer o PMDB adiar sua reunião da 3ª feira que vem, 29 de março, na qual deve ser anunciado o rompimento com o Palácio do Planalto.

Dilma acredita que 4 peemedebistas podem ajudar a convencer Michel Temer, vice-presidente da República e comandante do PMDB: Renan Calheiros, José Sarney, Jáder Barbalho e Eunício Oliveira.

Na reunião de ontem à noite, havia um consenso entre os presentes. Se o PMDB romper com o Planalto na 3ª feira, o impeachment fica praticamente irreversível.

A ala anti-Planalto do PMDB, consultada pelo Blog, considera inviável um acordo para o adiar a reunião de 3ª feira. A máxima concessão que os peemedebistas de oposição fazem é não abandonar o governo da noite para o dia.

Os ministros da legenda e os integrantes de cargos de direção na administração federal teriam um prazo para sair uma vez decidido o rompimento.

Essa alternativa é considerada ruim pela ala governista da legenda –para efeito de evitar o impeachment o efeito seria nulo.

Dilma Rousseff tem esperança de que surta efeito a atuação de Luiz Inácio Lula da Silva, que está em Brasília exercendo informalmente a articulação política do Planalto –pois sua posse como ministro da Casa Civil foi suspensa.

Hoje (3ª) à noite, Michel Temer deve receber políticos do PMDB para uma conversa no Palácio do Jaburu, residência oficial da Vice Presidência da República.

Os 7 ministros do PMDB tentaram há alguns dias marcar uma audiência conjunta com Temer. O vice disse preferir reuniões individuais. Deve recebê-los nos próximos dias.

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Discurso de Dilma mostrou desconforto da presidente
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Fernando Rodrigues

Fala para ministros foi titubeante na forma e mostrou falta de convicção

Presidente não deu argumentos novos para defesa da política econômica 

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Dilma Rousseff fala, na Granja do Torto, na abertura da reunião ministerial de 27.jan.2015

“Podia passar mais rápido, por favor”, disse Dilma Rousseff, irritada, num dos trechos de seus discurso de abertura da primeira reunião ministerial de seu segundo mandato. Estava incomodada com a velocidade com que deslizava à sua frente, no teleprompter, o texto de sua fala.

Segundos depois, não satisfeita, afirmou: “Vou ler”. Fez menção de pegar o discurso, impresso, e passar a ler olhando para o papel –e não para a frente, pela tela transparente do teleprompter. Em seguida, desistiu do papel. Voltou a encarar o teleprompter e a ler de maneira titubeante.

Esse trecho do discurso foi muito mencionado nas redes sociais. A brigada petista reagiu na hora diante das menções à irritação de Dilma. “Falta de assunto, cretino?”, atacou um militante do PT.

Na realidade, se faltou assunto foi para a presidente da República. Ela própria fez uma ressalva ao final, lembrando a todos que as medidas que incluiu no discurso já eram conhecidas –muitas já estavam até incluídas em medidas provisórias enviadas ao Congresso.

Com um terninho amarelo, Dilma foi prejudicada também pela luz e pela maquiagem que faziam seu rosto brilhar de maneira excessiva na tela da TV. A presidente parecia o tempo todo desconfortável com o que estava falando. Demonstrava insatisfação com o conteúdo do discurso com o qual toureava no teleprompter.

Falou que vai combater a corrupção, que o momento é de contenção de gastos, que é necessário (não poderia faltar esse jargão) “fazer mais com menos” e que seus 39 ministros devem reagir “aos boatos”. Quando ouvirem que o governo vai reduzir direitos trabalhistas, devem levar “a posição do governo à opinião pública”, pois tais direitos “são intocáveis”. Dilma determinou: “Não podemos deixar dúvidas”.

Mas a presidente falou sobre fazer um milagre sem mencionar a receita para materializá-lo. Afinal, o que é a política (correta, do ponto de vista econômico) de exigir mais meses de trabalho prévio por parte de quem é demitido e deseja ter acesso ao seguro desemprego? Trata-se de retirar um direito de parte dos trabalhadores.

O governo pode argumentar que se trata de uma anomalia a facilidade com que se concede tal benefício. Mas não tem como chamar a medida por outro nome que não “redução de um direito trabalhista”.

Dilma poderia ter usado seu discurso no início da reunião ministerial desta terça-feira (27.jan.2015) para explicar tudo isso. Poderia dizer: existem certos benefícios que não se tratam de direitos, mas de privilégio para poucos com o prejuízo da maioria que precisa bancar essa farra –afinal, é o que se passa. Estaria oferecendo aos seus ministros argumentos mais objetivos para que sejam claros em suas entrevistas.

Mas a presidente talvez não esteja nem ela própria tão convencida do que está sendo adotado –a seu mando– pela equipe econômica. Esse foi o tom de seu discurso. E não apenas porque ela gaguejou várias vezes ao ler o texto no teleprompter. O caso mesmo foi de falta de convicção no discurso presidencial.

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