‘Washington Post’ teve queda de 38% na circulação em 10 anos
Fernando Rodrigues
A venda do jornal norte-americano “Washington Post” para Jeff Bezos, dono da Amazon, por US$ 250 milhões, anunciada na 2ª feira (6.ago.2013), foi o desfecho de uma década de queda de circulação do periódico que revelou o escândalo de Watergate.
O site Statista fez as contas. De 2004 a 2013, a circulação média diária do impresso foi de 726 mil para 447 mil exemplares, um tombo de 38%. No mesmo período, a tiragem da edição de domingo caiu de 1 milhão de exemplares para 646 mil, redução de 36%. Veja no gráfico abaixo.
Mas a queda de circulação do impresso não explica sozinha a fragilidade do “Washington Post”. O periódico não conseguiu se adaptar à realidade digital na mesma velocidade de seus concorrentes. Segundo a Alliance for Audited Media, a circulação diária digital do “Post” foi, na média, de 42.313 leitores entre outubro de 2012 a março de 2013. O “The New York Times” e o “The Wall Street Journal” têm uma audiência digital 20 vezes maior.
Modelos. O “New York Times” foi pioneiro ao implementar um sistema de paywall poroso, no qual os leitores precisam pagar para ler mais do que 10 reportagens por mês. O aumento da receita com assinaturas digitais, se não compensou, pelo menos amenizou a queda de receita com publicidade. No 1º trimestre deste ano, o “Times” registrou aumento de 7% na receita de assinaturas, frente a uma queda de 11,2% da receita com publicidade.
O jornal inglês “The Guardian” também encontrou seu caminho para lucrar no mundo digital, mas sem o paywall. Em julho, a empresa controladora do diário anunciou que saiu do prejuízo registrado nos 12 meses anteriores devido a um aumento de 29% das receitas com publicidade digital. O crescimento foi suficiente para cobrir a queda de 10% na circulação impressa no mesmo período.