Análise: novo normal na política é tentar ser rejeitado por menos de 50%
Fernando Rodrigues
Pesquisa CNI-Ibope mostra Michel Temer desaprovado por 39%
Dilma Rousseff, em março, era rejeitada por 69% dos brasileiros
Resultado é ruim para Temer, mas há certa boa vontade da população
Políticos de todos os principais partidos estão encrencados nas investigações sobre corrupção. A rejeição é geral. A pesquisa CNI-Ibope divulgada nesta 6ª feira (01.jul.2016) mostra algo que tem sido visível em cada canto do país: o novo normal para quem está no governo (qualquer governo) é tentar ser rejeitado por menos de 50% dos eleitores.
O levantamento do Ibope foi realizado de 24 a 27 de junho. Para 39% o governo Temer é ruim ou péssimo. Em março, outra pesquisa Ibope mostrava que a administração Dilma Rousseff era ruim ou péssima para 69% dos brasileiros.
Não há como dizer que o resultado da pesquisa divulgada hoje seja bom para Michel Temer. Ter o governo aprovado por apenas 13% da população não é algo para ser festejado. Mas a rejeição menor do que a de Dilma Rousseff indica uma certa boa vontade de parte da população.
Outro sinal de tempos de mudança: os que estão no meio do caminho e acham o governo Temer regular são 36%. Quando Dilma estava no Planalto, o percentual era de 19%.
Tudo considerado, parece claro que Michel Temer não é o presidente dos sonhos dos brasileiros, mas está mais bem posicionado na comparação com Dilma Rousseff.
No fundo, o Brasil passa por um momento de lusco-fusco, quando o velho ainda não acabou e o novo ainda não chegou. Esta é a hora do “interregno”, como o Blog já analisou em abril, citando a célebre definição do italiano Antonio Gramsci (1891-1937):
“A crise consiste precisamente no fato de que o velho está morrendo e o novo ainda não pode nascer. Nesse interregno, uma grande variedade de sintomas mórbidos aparecem”.
A morbidez atual é vista nas notícias diárias sobre corrupção que emerge da Lava Jato. Também há desalento na incapacidade de grupos políticos se organizarem para tirar, de fato, o país do atual sistema viciado que produz um Congresso com incríveis 27 partidos representados.
Nas próximas semanas nada deve mudar –salvo novas revelações da Lava Jato e algumas prisões. O “novo” (se houver) poderá tomar contornos mais claros só após o Senado definir o que fará no julgamento final de Dilma Rousseff, daqui a 2 meses, no final de agosto. Até lá, vamos aguardar.