Blog do Fernando Rodrigues

Arquivo : impeachment

PT e Dilma confundiram o mapa com o território e perderam o poder
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Fernando Rodrigues

Petista achava que narrativa da honestidade bastaria

Dilma teve várias oportunidades, mas falhou na política

Fisiologia foi usada, mas de maneira desajeitada e ineficaz

Enfrentamento com Eduardo Cunha foi mal calibrado

BRASILIA, DF, BRASIL, 16-04-2015, 10h00: Presidente Dilma Rousseff, na foto cumprimentando o presidente da camara dos deputados dep. Eduardo Cunha (PMDB-RJ), participa, ao lado do ministro da defesa Jaques Wagner e do comandante do exercito, general Eduardo Villas Boas, de cerimonia comemorativa do dia do exercito, no quartel general do exercito, em Brasilia. (Foto: Pedro Ladeira/Folhapress, PODER)

Cunha e Dilma, em abril de 2015: um ano antes do impeachment, relação era cordial

Todos conhecem o argumento usado pelo PT e por Dilma Rousseff para se defenderem do processo que levou à cassação do mandato da petista neste 31 de agosto.

Primeiro, a defesa diz que o impeachment foi um golpe.

Segundo, que as razões protocolares (as pedaladas fiscais) seriam um delito menor e não passível de ser considerado crime de responsabilidade.

Terceiro, que os senadores pró-impeachment são adversários da democracia.

A tríade argumentativa dilmista baseia-se em uma certa ingenuidade postiça misturada com um cinismo calculado.

Afinal, o PT comandava um governo em estado de degradação política. Inexistia diálogo produtivo com o Congresso. O Planalto desprezava os aliados usados (apenas usados) na trajetória para chegar ao poder. Todo mundo que é alguém na direção petista concordava com esse diagnóstico há muito tempo.

A economia se deteriorava num trilho paralelo ao da política. Decisões equivocadas tomadas por Dilma Rousseff se sucediam. A recuperação se tornou cada vez mais improvável.

Nesse cenário de crise de duas cabeças (política e econômica), o que esperavam Dilma Rousseff e o PT? Que a oposição fosse condescendente? Que o PSDB e o DEM aquiescessem e aceitassem aprovar projetos de lei de interesse do Palácio do Planalto?

Atenção: este post não pretende defender o impeachment de Dilma Rousseff nem as suas motivações. O afastamento de um presidente da República é traumático. Sempre deve ser evitado.

A ideia aqui é refletir sobre as barbeiragens políticas dos que agora estão sendo limados do poder.

A falta de destreza política é fatal em democracias representativas jovens como a brasileira.

O PT e Dilma Rousseff sabem disso.

Numa de suas respostas a senadores nesta semana, Dilma Rousseff afirmou que a “vida é dura”. Parafraseando a presidente cassada, a política então é duríssima. Política serve para chegar ao poder. Em seguida, para se manter no topo.

Vale aquela regra emprestada da física: em política não tem vácuo. Quando um espaço se abre, logo é preenchido.

Oposição numa democracia representativa é como 1 tubarão em busca de carne. Sente o cheiro do sangue à distância. São animais (a política e o tubarão) predadores. Matam o inimigo. Os petistas vivem há décadas nesse ecossistema. Quando chegaram ao Planalto, atingiram o topo da cadeia alimentar.

Há 17 anos, o PT patrocinou um pedido de impeachment do então presidente Fernando Henrique Cardoso (PSDB). O requerimento foi enviado ao arquivo pelo então presidente da Câmara, Michel Temer. Numa sessão noturna, em  18 de maio de 1999, uma série de deputados petistas tentou derrubar o arquivamento.

“A oposição tem o dever de dizer a outro poder [o Executivo] que não pode exercê-lo de maneira absoluta”, bradou o então deputado José Genoino (PT-SP). Outros falaram. Inclusive José Dirceu, hoje preso por causa das investigações da Lava Jato. Está tudo documentado em vídeo.

Este post, ressalto outra vez, não pretende defender o impeachment de Dilma Rousseff.

O que se deseja é refletir a respeito de como foi possível se chegar a essa situação.

No fundo, ocorreu algo muito comum entre aqueles que chegam ao poder. Ficam com a visão obnubilada pela luz ofuscante da miragem de prosperidade eterna. Perdem então a capacidade de fazer análise de conjuntura.

Quando tudo começou a degringolar, o PT e Dilma Rousseff confundiram o mapa com o território.

O mapa foram as bem-sucedidas políticas de inclusão social promovidas durante os 2 mandatos de Luiz Inácio Lula da Silva. A sensação de prosperidade dos brasileiros em 2010. Como poderia o Congresso e a população abandonarem um projeto desses?

O território era um esgotamento das medidas anticíclicas adotadas por Lula (e conservadas por Dilma) para manter a economia rodando após a crise econômica mundial de 2008. Uma crescente insatisfação entre os partidos políticos que entraram no ônibus petista e eram tratados a pontapés. E, claro, o impacto da corrupção envolvendo a Petrobras e empreiteiras, tudo desvendado pela Operação Lava Jato.

Ainda sobre o território (a realidade) basta olhar a tabela com a taxa de desemprego no país a partir de 2012. O percentual entre jovens de 18 a 24 anos subiu de maneira assombrosa. Chegou a assustadores a 24,5% em junho.

ERROS EM SÉRIE
Qual é o político que não comete equívocos? Esse não é o problema. O que diferencia os mais apetrechados dos néscios é a capacidade de aprender com os erros, corrigir a rota e seguir em frente.

O governante experiente também sabe que a ele quase tudo é permitido. Só não pode se enganar em uma coisa: na política.

Dilma e o PT cometeram erros seriais na política. O curioso é que sempre se abria uma janela para tentar um conserto. Só que essas oportunidades foram desprezadas ou mal aproveitadas, uma a uma.

Nos últimos dias, Dilma Rousseff liberou geral. Vários senadores dilmistas faziam o trottoir pelo plenário oferecendo ministérios e cargos em estatais em troca de votos para salvar a petista. Não deu certo. Era tarde demais.

O ponto então é: se houve agora essa liberação da “fisiologia esclarecida contra o golpe”, por que não foi usada a mesma estratégia antes? A resposta é: foi usada, mas de maneira equivocada, como sempre.

Em abril de 2016, algum gênio do Palácio do Planalto decidiu que o “pagamento” dos votos para barrar a autorização da abertura do processo de impeachment na Câmara deveria ser feito apenas após a entrega da mercadoria. Os cargos foram prometidos, mas as nomeações sairiam só depois de Dilma ter sido salva. Resultado: o pedido de afastamento foi aceito.

Política se faz com a realidade dada e não com a desejada.

Dilma e o PT estavam frágeis antes da votação do impeachment pela Câmara. Como poderiam esperar impor condições no pântano na fisiologia?

Faltou um pouco de Max Weber nas análises de conjuntura feitas dentro do Palácio do Planalto dilmista. Weber teorizou sobre a ética da responsabilidade (a do governante) em confronto com a ética da convicção (de todos os cidadãos).

No seu livro “Economia e Sociedade: fundamentos da sociologia compreensiva”, de 1921, Weber ensina: “Mesmo nos mais puros [partidos], de classe, costuma também ser decisivo para a atitude dos líderes e do quadro administrativo o interesse próprio (ideal ou material) em termos de poder, cargos e garantia de existência, enquanto que a defesa dos interesses de seus eleitores só se realiza na medida em que seja inevitável, para não por em perigo as possibilidades de reeleição”.

Ou seja, não se trata de louvar a fisiologia, mas de saber que um governante está premido por circunstâncias nas quais torna-se nefando apegar-se aos princípios da pureza política. Um governante tem responsabilidades diferentes das de um cidadão comum.

Como este Blog já registrou mais de uma vez, um presidente da República deve ter cautela antes de condenar uma ação criminosa e expressar repulsa pelo seu autor. Já um cidadão comum tem liberdade para ser mais direto nas suas preferências, vocalizando suas convicções de maneira aberta.

Um presidente da República precisa muitas vezes ceder cargos para deputados e senadores em troca de uma votação relevante, como uma reforma para reativar a economia. O cidadão comum poderá nutrir repulsa por um escambo dessa natureza, mas não precisa se preocupar em governar o país.

Às vezes, parece que o PT entende essa regra. Mas com muita má vontade, torcendo o nariz. Não foi à toa que Dilma Rousseff falou a senadores que jamais governaria novamente com o “PMDB do mal”. A frase é pedestre e infantil, pois revela que essa experiente mulher de 68 anos possa acreditar que exista um PMDB “do bem” e outro “do mal”. PMDB existe um só, depende de quem é o interlocutor.

O PT chegou ao Planalto com Lula em janeiro de 2003. A primeira providência do presidente foi chutar o PMDB para fora do governo –mesmo depois de José Dirceu ter negociado o apoio dos peemedebistas de maneira, vamos dizer, minuciosa. Lula preferiu montar sua administração com uma miríade de pequenos partidos. Essas siglas foram terceirizadas pelo petismo para executar certos trabalhos sujos e fisiológicos. Deu no mensalão, em 2005.

No caso do impeachment de Dilma Rousseff, há vários exemplos de erros políticos. Talvez o mais emblemático tenha se dado em 2 de dezembro de 2015. Naquela data, pela manhã, 3 deputados petistas desconhecidos decidiram votar pela abertura do processo por quebra de decoro contra o então presidente da Câmara, Eduardo Cunha (PMDB-RJ).

No mesmo dia 2 de dezembro de 2015, na parte da tarde, Eduardo Cunha deu andamento ao pedido de impeachment de Dilma Rousseff –prerrogativa de quem preside a Câmara.

A direção petista apoiou os 3 deputados obscuros (Léo de Britto, do Acre, Valmir Prascidelli, de São Paulo, e Zé Geraldo, do Pará).

É evidente que Dilma Rousseff não foi cassada por causa da posição adotada por Britto, Prascidelli e Zé Geraldo. Mas o que teria acontecido se naquele 2 de dezembro os 3 tivessem ajudado a salvar Eduardo Cunha de se tornar alvo de um processo de cassação?

As primeiras consequências seriam as notícias negativas: “PT se alia a Eduardo Cunha para salvar Dilma”. Nada agradável. Mas, e daí? Como estava e como está a imagem do PT hoje? Melhorou pelo fato de 3 deputados desconhecidos terem se posicionado contra Eduardo Cunha?

Uma coisa é certa. Caso o PT não tivesse abandonado Eduardo Cunha em 2.dez.2015, o processo de Dilma Rousseff não teria sido aberto imediatamente. Possivelmente, ficaria um pouco engavetado. Depois, viria o recesso do Congresso, em janeiro. O Carnaval. E só em março as pressões voltariam.

Como está publicado neste post de 30.ago.2016, dentro do Palácio do Planalto havia no final de 2015 uma opção clara pelo enfrentamento a Eduardo Cunha. Seria supostamente “o bem [Dilma] contra o mal [Cunha]”. O plenário da Câmara estaria cabeado para absolver a petista. Eram adeptos dessa teoria os ministros Jaques Wagner (Casa Civil), Edinho Silva (Secom) e Ricardo Berzoini (Secretaria Geral).

Foi um dos maiores erros de avaliação política da história recente. Quando a abertura do impeachment foi votada, em 17 de abril de 2016, Dilma sofreu uma derrota retumbante.

Se o PT tivesse trabalhado para salvar Eduardo Cunha naquele dia, a história teria sido outra? Não se sabe.

Sabe-se apenas que Dilma e o PT cometeram tantos erros, confundindo desejo com realidade, que o desfecho não poderia ser diferente do deste 31 de agosto de 2016.

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Renan Calheiros sai da neutralidade e votará a favor da cassação de Dilma
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Fernando Rodrigues

Presidente do Senado não votou nas fases anteriores

Agora, entendeu que precisa mostrar apoio a Temer

Renan embarca hoje com o presidente para a China

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Renan, Temer e Dilma: quando os 3 ainda estavam do mesmo lado (10.jun.2014)

O presidente do Senado, Renan Calheiros (PMDB-AL), 60 anos, vai votar a favor da cassação da presidente afastada, Dilma Rousseff (PT), no julgamento final da petista nesta 4ª feira (31.ago.2016).

Até agora, Renan havia se mantido equidistante no processo conduzido no Senado. Nas duas votações iniciais (em 12 de maio e em 10 de agosto).

Com a adesão de Renan Calheiros à tese do impeachment, o placar a favor da cassação de Dilma Rousseff deve passar de 60 votos. O próprio presidente do Senado tem dito que o número de apoios pode chegar a 63.

Por que Renan Calheiros decidiu tomar essa posição? A avaliação do peemedebista é que seu papel de condutor neutro do processo se esgotou nas fases anteriores. Manteve relação cordial e direta com Dilma Rousseff (com quem se encontrou várias vezes) e com o presidente interino Michel Temer (que é também do PMDB).

Renan pretende ter um papel de destaque na administração Temer, opinando sobre as reformas que considera necessárias para o país. Considerou necessário assumir uma posição explícita na votação final do impeachment.

O presidente do Senado deve embarcar na noite desta 4ª feira na comitiva oficial do governo brasileiro que viaja à China. Fará parte do grupo restrito de políticos que acompanhará Michel Temer no avião presidencial, num voo de quase 30 horas até o país asiático.

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Senadores querem investigar procurador que apontou “pedaladas”
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Fernando Rodrigues

Petições foram apresentadas ao MPF e ao Conselho do MP

Para senadores, Júlio Marcelo de Oliveira promoveu ato político

Leia aqui a íntegra das representações dos senadores

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O procurador Júlio Marcelo de Oliveira fala ao Senado em maio de 2016

Quatorze senadores aliados à presidente Dilma Rousseff (PT) apresentaram nesta 3ª feira (30.ago.2016) uma representação para que o Ministério Público investigue a conduta do procurador Júlio Marcelo de Oliveira. Em 2014, Oliveira denunciou ao Tribunal de Contas da União (TCU) a ocorrência das “pedaladas fiscais”, uma das bases do impeachment de Dilma.

As informações deste post foram apuradas pelo repórter do UOL André Shalders.

Os senadores argumentam que Júlio quebrou obrigações do cargo de procurador ao supostamente organizar um ato pela reprovação das contas de Dilma Rousseff de 2014, no Tribunal de Contas da União. (o protesto ocorreu em 17 de junho de 2015).

[Contexto: procuradores estão submetidos a algumas das obrigações impostas a juízes e desembargadores. Entre elas está a de se abster de participar de partidos políticos.]

Aqui, as íntegras da reclamação ao CNMP e da representação ao MPF.

Também é alvo da peça dirigida ao MPF o ex-auditor do TCU Carlos D’Ávila. Aos senadores, ele admitiu ter participado da elaboração da denúncia sobre as pedaladas.

Nas peças, os senadores lembram ainda que Júlio Marcelo de Oliveira foi ouvido na condição de “informante” no processo do impeachment. Na última 5ª feira (25.ago), o presidente do STF, ministro Ricardo Lewandowski, aceitou questão de ordem formulada pela defesa de Dilma e determinou que ele fosse ouvido na condição de informante e não mais como testemunha.

JÚLIO MARCELO NEGA MILITÂNCIA POLÍTICA
O procurador negou ter qualquer tipo de envolvimento com política partidária. Ele se disse “tranquilo” a respeito da representação dos senadores.

Júlio Marcelo também disse que a representação o ajudará a esclarecer a decisão de Lewandowski, que ele considera incorreta.

“Considero que a decisão do Lewandowski foi errada, embora eu a respeite. Não há nenhuma atividade político-partidária da minha parte”, disse ele.

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Petistas repetiriam voto contra Cunha que acelerou impeachment
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Fernando Rodrigues

3 deputados do PT foram a favor de abrir processo contra Eduardo Cunha

O então presidente da Câmara decidiu, no mesmo dia, aceitar impeachment

Léo de Britto (AC), Prascidelli (SP) e Zé Geraldo (PA) não lamentam atitude

Petistas dizem que sabiam da reação de Cunha, mas preferiram enfrentá-lo

Leia as entrevistas com os 3 petistas que ajudaram a precipitar o impeachment

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representantes do PT no Conselho de Ética: Prascidelli (esq), Zé Geraldo e Léo de Brito (dir).

Um processo de impeachment é multifacetado e tem inúmeras causas. Um fato, entretanto, foi marcante no afastamento de Dilma Rousseff. No dia 2 de dezembro de 2015, pela manhã, o PT decidiu apoiar a abertura de processo de cassação contra Eduardo Cunha numa votação no Conselho de Ética da Câmara. O ato foi protagonizado por 3 deputados petistas desconhecidos, com o apoio da direção partidária.

No mesmo dia 2 de dezembro de 2015, na parte da tarde, o então presidente da Câmara, Eduardo Cunha (PMDB-RJ), aceitou a abertura do pedido de impeachment de Dilma Rousseff.

Se o PT tivesse trabalhado para salvar Eduardo Cunha naquele dia a história teria sido outra? Não se sabe. Uma coisa, porém, é certa: o peemedebista não teria aberto o processo de impeachment de Dilma já naquela data.

A versão do PT para o episódio é que o partido e o governo Dilma estavam enredados num jogo de pressão e contrapressão com Cunha. Dilma chamou mais de uma vez esse processo de “chantagem”. Cunha nega.

O fato é que faltavam só duas semanas para a chegada do recesso do Congresso. Se Cunha –por meio de chantagem ou não– segurasse a abertura do processo de impeachment contra Dilma nesse período, a Câmara e o Senado entrariam em férias. Voltariam só em fevereiro. Aí, talvez, a história pudesse ter sido diferente.

O Blog ouviu mais de uma vez naquele período, dentro do Palácio do Planalto, que o governo preferia enfrentar Eduardo Cunha no voto. Seria supostamente “o bem [Dilma] contra o mal [Cunha]”. O plenário da Câmara absolveria a petista. Eram adeptos dessa teoria os ministros Jaques Wagner (Casa Civil), Edinho Silva (Secom) e Ricardo Berzoini (Secretaria Geral).

Foi um dos maiores erros de avaliação política da história recente. Quando a abertura do impeachment foi votada, em 17 de abril de 2016, Dilma sofreu uma derrota retumbante.

Não faltaram alertas ao Planalto. Até aliados improváveis, como o ex-presidente Fernando Collor, dizia que o impeachment seria inevitável uma vez aberto o processo (assista aqui a entrevista de Collor, em setembro de 2015)

O Blog resolveu procurar os 3 petistas que naquele dia 2 de dezembro viraram protagonistas do impeachment. O que eles disseram? Responderam que fariam tudo de novo.

Se pudessem voltar atrás, os 3 petistas novamente votariam a favor da abertura do processo contra Eduardo Cunha (PMDB-RJ) no Conselho de Ética da Câmara –mesmo sabendo que isso levaria a um inevitável processo de impeachment de Dilma Rousseff.

Fatos a registrar: 1) Cunha (embora afastado do cargo) está com mandato até hoje; 2) Dilma deve ser cassada hoje ou amanhã (3ª ou 4ª feira, dias 30 ou 31 de agosto).

As informações deste post foram apuradas pelo repórter do UOL André Shalders.

Naquele 2 de dezembro fatídico, o PT era representado no Conselho de Ética pelos deputados Léo de Britto (AC), Valmir Prascidelli (SP) e Zé Geraldo (PA). O Blog entrevistou os 3 congressistas (leia abaixo).

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manchetes de alguns jornais brasileiros no dia 03 de dezembro de 2015

Em entrevista à “Folha de S. Paulo”, Cunha negou que tenha “chantageado” Dilma e o PT. “Eu já estava com a decisão tomada, posso comprovar. Era só uma questão de tempo. Quando eu vi que ia ter a mudança da meta [fiscal], eu falei: ‘tem que ser antes’, se não você enfraqueceria [o argumento do pró-impeachment]”, disse ele em 15 de maio.

Eduardo Cunha responde a um processo de cassação na Câmara dos Deputados por ter supostamente mentido à CPI da Petrobras instalada na Casa. Em depoimento, o deputado negou ter qualquer tipo de conta no exterior, versão que contraria indícios levantados pela Operação Lava Jato. Ele nega ter cometido irregularidades.

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passaporte diplomático de Eduardo Cunha. Para a PF, foi usado para abrir conta no exterior

A votação final do processo de cassação de Cunha, no plenário da Câmara dos Deputados, está marcada para o dia 12 de setembro. Ninguém no Congresso acredita que o caso seja liquidado nessa data.

DEPUTADOS SABIAM QUE HAVERIA RETALIAÇÃO
Os 3 deputados petistas dizem ter consciência de que haveria retaliação da parte de Cunha, com a aceitação do impeachment. Britto, Prascidelli e Zé Geraldo decidiram tomar uma decisão em bloco, até para se proteger de eventuais críticas.

“Confesso que passei algumas noites em claro. Na imprensa e nas conversas de corredor da Câmara estava muito claro que ele [Cunha] estava segurando a decisão do impeachment, vinculado à nossa decisão no Conselho de Ética”, diz Léo de Britto (AC).

Na memória dos deputados ficou registrada a pressão intensa, vinda sobretudo de aliados de Cunha, segundo eles. “Os deputados faziam [pressão] de forma velada ou explícita para que evitássemos a abertura do processo. Alguns pela relação de amizade, outros pelo comprometimento [em relação a Cunha]. Isso marcou bastante”, diz Valmir Prascidelli (SP).

Os deputados dizem ainda que a decisão de votar contra Eduardo Cunha foi tomada por eles, embora o então líder da bancada do PT (deputado Sibá Machado, do Acre) e o presidente da sigla, Rui Falcão, tivessem se posicionado sobre o assunto.

“Estávamos literalmente sozinhos, como se fosse decisão só nossa. Quando houve a decisão do PT, pelo menos tivemos o calço do coletivo. Sabíamos que Cunha não estava blefando”, diz Britto.

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o tuíte do presidente do PT, Rui Falcão, em 1.dez.2015

PT COMETEU ERRO DE AVALIAÇÃO GRAVE
Para o deputado Zé Geraldo (PT-PA), o partido cometeu um grande erro de avaliação ao achar que conseguiria barrar o impeachment ainda na Câmara dos Deputados, usando principalmente as negociações com os partidos do chamado “centrão”.

“No domingo [17.abr.2016, dia em que foi votada a autorização de abertura do impeachment pelos deputados] de manhã havia a ilusão na bancada do PT e no governo de eles não teriam [os votos necessários para abrir o processo]. Foi um erro de avaliação grave”, diz o congressista.

Zé Geraldo conta que parte da bancada defendia uma estratégia de pressão sobre o Supremo Tribunal Federal (STF) com um acampamento de 30 mil a 40 mil pessoas na Esplanada dos Ministérios. O objetivo seria que o Supremo afastasse Eduardo Cunha da presidência da Câmara antes que o deputado aceitasse a denúncia por crime de responsabilidade contra Dilma.

“Eu era da tese de que deveríamos tumultuar e inviabilizar aquela sessão [do impeachment]. A tese vencedora foi a aposta no número de votos. Na negociação [com os deputados]. No domingo de manhã, ainda havia uma avaliação de que eles não teriam os votos. Que muita gente iria faltar”, diz o deputado.

Leia abaixo as entrevistas com os 3 deputados:

LÉO DE BRITTO (PT-AC)

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O deputado Léo de Brito (PT-AC)

O que senhor lembra daquele dia e nunca mais vai se apagar da sua memória?
Léo de Britto – Foi o momento em que eu estava no plenário da Câmara e fiquei sabendo da noticia de que o [então] presidente [da Câmara] Eduardo Cunha tinha aberto o processo de impeachment contra a presidenta [Dilma], depois da decisão que tomamos pela manhã. Foi um momento de muito tristeza, e que confirmou que a nossa decisão resultaria numa retaliação.

Passou pela sua cabeça que Eduardo Cunha abriria o processo contra Dilma e que seria irreversível?
Léo de Britto – Sim. Passou. Confesso que passei algumas noites em claro. Na imprensa e nas conversas de corredor da Câmara, estava muito claro que ele [Cunha] estava segurando a decisão do impeachment, vinculado à nossa decisão no Conselho de Ética. Estávamos literalmente sozinhos, como se fosse decisão só nossa. Quando houve a decisão do PT, pelo menos tivemos o calço do coletivo. Sabíamos que Cunha não estava blefando.
Decidimos que nós 3 tomaríamos uma decisão conjunta para nos protegermos. Podia ser que a decisão de um ou de outro fosse considerada decisiva para um resultado ou outro.

O senhor se arrepende do que fez, recusando-se a participar de uma operação para salvar Cunha em troca de ele enterrar o pedido de impeachment contra Dilma?
Léo de Britto – Não me arrependo, embora hoje seja mais claro qual foi o resultado daquela decisão. Mas como eu disse, estamos no Conselho de Ética para votar a partir de princípios. Eu entendo que princípios éticos são inegociáveis.

Sabendo agora o que se passou, se pudesse voltar ao passado, faria algo diferente?
Léo de Britto – Não. Eu sempre fui um defensor do governo Dilma. Votei em todos os momento com as orientações do governo Dilma. E estive na linha de frente da votação contra Cunha no Conselho de Ética. Fui um defensor da tese de que o verdadeiro golpe é o que está instalado hoje. Aqueles que votaram a favor do impeachment vão entrar para história como autores do golpe parlamentar. Eu tenho minha consciência tranquila. Sendo o resultado favorável ao impeachment, ela [Dilma] será absolvida pela história. E uma hora vai cair a ficha da população, quando vierem os ataques a direitos trabalhistas e aos direitos sociais. Tomaria a mesma decisão novamente.

O sr. acha que a sua decisão contribuiu para melhorar a imagem do PT?
Léo de Britto – É uma decisão condizente com a história e os princípios do Partido dos Trabalhadores. O PT, por mais que esteja vivendo um momento de crise, com membros acusados de corrupção, sempre levantou a bandeira da ética na política. É uma decisão coerente com a história e os valores do PT. Do ponto de vista da imagem também ajuda, porque resgata essa trajetória.

VALMIR PRASCIDELLI (PT-SP)

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O deputado Valmir Prascidelli (PT-SP)

O que o sr. lembra daquele dia e nunca mais vai se apagar da sua memória?
Valmir Prascidelli – A pressão que os deputados faziam de forma velada ou explícita para que evitássemos a abertura do processo. Alguns pela relação de amizade, outros pelo comprometimento [em relação a Cunha]. Isso marcou bastante.

Passou pela sua cabeça que Eduardo Cunha abriria o processo contra Dilma e que seria irreversível?
Valmir Prascidelli – Não houve decisão de fora para dentro, do partido ou da bancada, para que tomássemos a decisão. Nós 3 tínhamos uma decisão: vamos fazer a análise do fato sem considerar a disputa política colocada. Decidimos ter posição unificada dos 3.
A nossa posição, claro que ouvindo os demais deputados e o partido, foi decisão nossa. E tínhamos claro que ele [Cunha] ia tomar essa medida. Estava claro. Ponderávamos a possibilidade, eventualmente, em não havendo os elementos jurídicos, de não votar [pela continuidade do processo contra Cunha]. De não votar só tendo em vista a disputa política. Esse processo não poderia estar carregado de vícios como o de Dilma.

Arrepende-se do que fez, recusando-se a participar de uma operação para salvar Cunha em troca de ele enterrar o pedido de impeachment contra Dilma?
Valmir Prascidelli – Não tenho nenhum arrependimento. Formei minha convicção a partir dos fatos que foram trazidos ao Conselho de Ética, de que era necessário ter a abertura do processo. Inclusive para dar a oportunidade do Cunha se defender do que ele era acusado. Não me arrependo. E quanto a impedir o impeachment, poderia ter impedido naquele momento. Mas nada impediria que 15 dias ou 1 mês depois ele abrisse um outro processo, em outras bases e com outros argumentos. E continuasse fazendo uma disputa política, inviabilizando a gestão de Dilma e criando uma instabilidade ainda maior.

Sabendo agora o que se passou, se pudesse voltar ao passado, faria algo diferente?
Valmir Prascidelli – Considerando aquilo que estava sendo trazido nos autos da denúncia contra Cunha e aquilo que fomos formando de convicção, não mudaria o voto.
Talvez de forma mais intensa, ter denunciado a farsa que se estava montando. Veja só: um processo de impedimento de presidenta, com uma complexidade tamanha e o ineditismo que tem, de 2 de dezembro, com recesso e tudo mais, já vai ter um desdobramento agora no começo de setembro [de 2016]. E o processo de Eduardo Cunha, no Conselho de Ética, que atua apenas internamente na Câmara, demorou muito mais e ainda não foi concretizado. Significa que há interesse de partidos e deputados em preservar o mandato de Cunha e colocar um governo ilegítimo que vai retirar direitos.

O sr. acha que a sua decisão contribuiu para melhorar a imagem do PT?
Valmir Prascidelli – Claro que contribuiu. Um partido que tem sido atacado intensamente, que tem sido exposto de forma seletiva à sociedade como um partido que criou a corrupção (que nós sabemos que remonta há muitos anos). O PT, que permitiu que as pessoas tivessem mais transparência e fossem efetivamente investigadas, que criou instrumentos para isso, votar contra o processo do Eduardo Cunha, seria um retrocesso dentro daquilo que defendemos historicamente e dentro dessa questão conjuntural também.

ZÉ GERALDO (PT-PA)

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O deputado Zé Geraldo (PT-PA)

O que sr. lembra daquele dia e nunca mais vai se apagar da sua memória?
Zé Geraldo – Minha lembrança é da sessão do Conselho de Ética, quando foi decisiva a nossa posição de votar contra Cunha, já com a faca no pescoço. Ele já vinha chantageando. Ou o PT salvava ele no Conselho ou ele instalava [o impeachment]. Ele precisava de 1 voto. As votações davam empate e o presidente do Conselho [José Carlos Araújo, do PR da Bahia] desempatava contra ele. Ao PT bastava dar 1 voto e ele estaria livre da cassação. Na medida que nós anunciamos e o Rui [Falcão, presidente do PT] se manifestou, no outro dia ele instalou o processo. Aquela sessão para nós era um divisor de águas. O PT resolveu romper e hoje está vivendo esse processo de impeachment injusto e ilegal, nascido das mãos do Cunha, o político mais corrupto do Brasil.

Passou pela sua cabeça que Eduardo Cunha abriria o processo contra Dilma e que seria irreversível?
Zé Geraldo – Eu sempre achei que ele ia abrir e sempre achei que tínhamos que reunir as forças necessárias para que tivéssemos os votos para vencer na Câmara. E já sabia que dificilmente reverteria no Senado. O PT e o governo não conseguiram usar as ferramentas disponíveis para impedir que o impeachment tivesse os 342 votos naquela sessão. No domingo [17.abr.2016] de manhã havia a ilusão na bancada do PT e no governo de que eles não teriam [os votos para abrir o processo de impeachment]. Foi um erro de avaliação grave.

Arrepende-se do que fez, recusando-se a participar de uma operação para salvar Cunha em troca de ele enterrar o pedido de impeachment contra Dilma?
Zé Geraldo – Não me arrependo nem um pouco. Até porque o Cunha, ao se salvar naquele momento, poderia mais tarde enfiar a faca no pescoço do PT. Faltou ao PT, à bancada, a todos nós, investir mais num processo de mobilização que tivesse feito o STF afastar [antes] o Cunha. Se ele tivesse sido afastado antes, não teria tido impeachment. (…) Não havia clima no PT e na esquerda para fazer qualquer acordo de salvação de Cunha. Hoje está muito claro que Cunha simboliza a chantagem, a corrupção e a má política.

Sabendo agora o que se passou, se pudesse voltar ao passado, faria algo diferente?
Zé Geraldo – Eu faria a mesma coisa. Eu era da tese de que só reverteríamos a situação com uma mobilização nacional. Nós temos 5.000 diretórios no país. Se cada um mandasse 4 pessoas, seriam 20 mil em Brasília. Com relação ao meu voto e ao posicionamento do PT, eu continuo achando que nós fizemos aquilo que deveríamos e teríamos que fazer. Acertamos. O erro foi o PT e a bancada ficarem o tempo todo acreditando que eles não teriam como colocar os 342 votos. E eles colocaram.
Eu era da tese de que deveríamos tumultuar e inviabilizar aquela sessão [do impeachment]. A tese vencedora foi a aposta no número de votos. Na negociação [com os deputados]. No domingo de manhã ainda havia uma avaliação de que eles não teriam os votos. Que muita gente iria faltar.

O sr. acha que a sua decisão contribuiu para melhorar a imagem do PT?
Zé Geraldo – Contribuiu para botar lenha na fogueira, no sentido de você unir o PT e os partidos de esquerda para fazer o debate e o enfrentamento. Mas não foi o suficiente. Faltou o comando das esquerdas para uma mobilização. O que houve foram mobilizações momentâneas. Em nenhum momento houve resistência popular. Eu defendia um acampamento de 30 mil ou 40 mil pessoas, que inclusive pressionasse o STF. Eu entendo que uma das principais engrenagens que apoiaram o golpe foi o STF. Na hora que era pra interferir, na hora em que o Cunha já era réu e já tinha o pedido do Janot [para afastar Eduardo Cunha da presidência da Câmara], ele [STF] não agiu. Não agiu porque o Cunha era importante no processo do impeachment. Sem o Cunha na presidência da Câmara, não haveria impeachment no Brasil.

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Aliados de Dilma tentam usar “fisiologismo esclarecido” até último minuto
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Fernando Rodrigues

Senadores ligados à petista continuam oferecendo cargos

Ideia é tentar obter os 28 votos para garantir absolvição

Hoje, chance de sucesso é dada como mínima até por dilmistas

Dilma estuda tirar status de ministério da CGU

Dilma Rousseff autorizou troca de cargos por votos no Senado: “fisiologia esclarecida”

As conversas vão continuar intensas nesta 2ª feira e até possivelmente a madrugada de 4ª feira (31.ago), quando será proferido o veredicto final do julgamento de Dilma Rousseff. Aliados da petista mantêm contatos com senadores considerados não ideológicos e que poderiam, em tese, oferecer uma “virada” espetacular a favor da presidente afastada. Mas essa possibilidade é remotíssima.

As conversas são explícitas. São oferecidos ministérios e cargos em empresas estatais para os senadores que se dispuserem, como dizem os petistas, a “barrar o golpe”. Trata-se de fisiologismo? A resposta vem em forma sarcástica. “Mas é um fisiologismo esclarecido. É para um bem maior”, responde ao Blog um grão-petista.

A expressão é uma analogia com outra muito usada nas narrativas dos chamados progressistas. Trata-se do “désposta esclarecido”, definição usada para designar ditadores que eventualmente se alinham a posições simpáticas à esquerda.

Eis 11 senadores na mira do “fisiologismo esclarecido” em uso pelo PT, com a anuência de Dilma Rousseff: Benedito de Lira (PP-AL), Davi Alcolumbre (DEM-AP), Edison Lobão (PMDB-MA), Eduardo Braga (PMDB-AM), Hélio José (PMDB-DF), Fernando Collor (PTC-AL), João Alberto (PMDB-MA), Romário (PSB-RJ), Roberto Rocha (PSB-MA), Sérgio Petecão (PSD-AC) e Wilder Morais (PP-GO).

No último dia 10 de agosto, quando foi aprovada a “pronúncia do processo”, todos os 11 senadores listados no parágrafo anterior votaram a favor do afastamento definitivo da petista. Eis a lista dos votos.

Para cassar Dilma Rousseff são necessário 2/3 dos 81 senadores. Ou seja, no mínimo 54 votos.

Se todos os 81 senadores estiverem no julgamento nesta semana e todos tomarem posição –ou seja, ninguém optar por se abster–, Dilma precisa de 28 votos para se salvar (assim sobrariam só 53 votos para os que são a favor do impeachment). No dia 10 de maio, a petista recebeu apenas 21 apoios.

Tanto entre governistas como entre os dilmistas são consideradas remotas as chances de sucesso para a presidente afastada. As tentativas de oferta de cargos são tratadas de maneira até jocosa.

Um senador abordado para receber ministério em troca de voto a favor de Dilma Rousseff brincou ao relatar o episódio ao Blog. Disse ter perguntado: “Mas vou ficar no cargo só 60 dias?”. O dilmista portador da oferta quis saber a razão da dúvida. E o senador: “É que ela disse que vai renunciar para ter novas eleições. Então, para que vou aceitar ser ministro por tão pouco tempo?”.

Houve também uma contraofensiva do Palácio do Planalto. Há semanas Michel Temer vem monitorando os movimentos de Dilma para cooptar mais votos no Senado. O presidente interino apressou-se em receber pessoalmente vários dos possíveis alvos da petista. Ofereceu cargos e influência no caso de o impeachment ser aprovado.

Para que Dilma Rousseff tivesse sucesso seria necessário que fossem colocados todos os senadores cooptáveis em uma mesma sala e o acerto fosse feito ali, coletivamente, com cada 1 saindo com seu ministério garantido. Dessa forma todos estariam seguros de que seus votos pró-Dilma não seriam em vão.

Essa operação conjunta, em Brasília, é inexequível quando se trata de operar fisiologia tão abertamente.

Para complicar, é necessário levar em conta 4 pontos que impedem a petista de reverter com facilidade o atual cenário:

1) continua havendo uma incapacidade operacional política gigante no grupo que assessora Dilma no dia a dia; 2) a maioria do PT quer se livrar logo da presidente afastada; 3) Lula, então, nem se fala; 4) os senadores agora cortejados estão quase todos bem acomodados nas sesmarias oferecidas por Michel Temer.

Tudo considerado, é mínima a chance de a petista ter sucesso nesse seu “sprint” fisiológico final –mesmo usando o adjetivo “esclarecido” para tentar edulcorar a estratégia.

Disclaimer: trata-se aqui de política. Não é prudente dizer de maneira peremptória que o destino de Dilma esteja selado e seja irreversível. Esse é o diagnóstico neste momento em que este post foi ao ar, na manhã de 2ª feira (29.ago.2016). Mas o julgamento deve terminar daqui a 2 dias.

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Torcidas de Dilma e Temer têm duelo de celebridades nas galerias do Senado
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Fernando Rodrigues

Presidente afastada convida 40 pessoas para esta 2ª feira

Lula, Chico Buarque e Letícia Sabatella são chamados

Janaína Paschoal, advogada de acusação, terá 30 nomes

Entre eles estão Kim Kataguiri e o príncipe Orleans e Bragança

Leia aqui as listas completas de Dilma e da acusação

Nas galerias, separação será como em estádio de futebol

Convidados que acompanharão discurso de Dilma Rousseff no Senado

Convidados que acompanharão discurso da presidente afastada, Dilma Rousseff, no Senado

Haverá 70 convidados especiais acompanhando o último discurso da presidente afastada, Dilma Rousseff, no plenário do Senado Federal nesta 2ª feira (29.ago.2016). A petista convidou 40 pessoas. A advogada de acusação, Janaína Paschoal, 30. Entre eles estão políticos, artistas, líderes de movimentos sociais e apoiadores.

Fazem parte da lista de Dilma o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, o cantor e compositor Chico Buarque, a atriz Letícia Sabatella, ex-ministros, artistas e líderes de movimentos sociais, como Guilherme Boulos (MTST) e Vagner Freitas (CUT). Eis a lista completa.

A acusação chamou 30 convidados. Entre eles, Kim Kataguiri e Fernando Holiday, do Movimento Brasil Livre (MBL), Joice Hasselmann, jornalista ativista pró-impeachment, Rogério Chequer, líder do movimento Vem Pra Rua, e Luiz Phillipe de Orleans e Bragança, herdeiro da família imperial. Eis a lista completa.

A sessão desta 2ª feira não tem hora para acabar pois há 47 senadores inscritos para fazer perguntas a Dilma. Eis a lista dos senadores que já demonstraram interesse em inquirir a presidente afastada.

As informações são do repórter do UOL Victor Fernandes.

SEPARAÇÃO COMO EM ESTÁDIO DE FUTEBOL
O presidente do Senado, Renan Calheiros, definiu que cada grupo de convidados terá direito a 20 assentos nas chamadas galerias do Senado. São as cadeiras que ficam num nível superior ao do plenário. As pessoas assistem à sessão como em uma arena, observando os senadores de cima para baixo.

Para evitar eventuais confrontos, Renan Calheiros determinou que os 20 convidados de cada lado fiquem em lados opostos das galerias. Na parte central haverá uma “barreira humana” formada por repórteres, fotógrafos e cinegrafistas, separando as duas “torcidas”.

CONVIDADOS DE DILMA
Não está claro quais dos 40 convidados da presidente afastada receberão os 20 assentos nas galerias do Senado. Um deles deve ser o ex-presidente Lula.

Dos nomes chamados por Dilma, 10 ficarão acomodados na chamada tribuna de honra do plenário do Senado, local em que as cadeiras ficam no mesmo nível das dos senadores. Esse foi um pedido da petista, usando a prerrogativa de ainda ser presidente (embora afastada) pois seriam pessoas do seu time de apoio pessoal. São eles: assessores, seguranças e chefes de gabinete da petista.

Os convidados de Dilma que não ficarem nas galerias nem na tribuna de honra terão de se virar para encontrar algum lugar no Senado para acompanhar o discurso da petista.

O assento reservado a Lula na parte superior do plenário foi uma escolha do próprio ex-presidente. Depois da divulgação da lista de convidados da acusação, porém, aliados analisam se é melhor o petista manter o seu posicionamento.

Letícia Sabatella é uma das convidadas de Dilma Rousseff. Há 1 mês, a atriz foi hostilizada por manifestantes pró-impeachment enquanto andava por uma rua em Curitiba.

Representantes de movimentos sociais de esquerda, como da CUT e do MTST, acompanharão a sessão que terá o depoimento de Dilma a partir de um telão colocado na Comissão de Direitos Humanos do Senado.

CONVIDADOS DE JANAÍNA PASCHOAL
Luiz Phillipe de Orleans e Bragança, herdeiro da família imperial, é um dos líderes do movimento “Acorda Brasil”, favorável à cassação de Dilma. Maria Lúcia Bicudo, filha do advogado Hélio Bicudo, fundador do PT e um dos autores do pedido de impeachment, também foi convidada.

Entre os nomes escolhidos por Janaína Paschoal está Joice Hasselmann. A jornalista é conhecida na internet por vídeos e informações críticas ao PT e a favor do impeachment. Trabalhou no passado na revista Veja.

SENADORES DIVERGEM SOBRE CONVIDADOS
Senadores favoráveis à cassação da presidente afastada divergem sobre os convidados escolhidos pela acusação para assistirem à sessão desta 2ª feira. Cássio Cunha Lima (PSDB-PB), líder do partido na Casa, é favorável. Já os senadores Ricardo Ferraço (PSDB-ES) e Ana Amélia Lemos (PP-RS) não gostaram da ideia. Temem que o comportamento dos ativistas possa ser exagerado.

Apoiadores de Dilma Rousseff criticaram os convidados da acusação. O senador Randolfe Rodrigues (Rede-AC) ironizou a presença de líderes de movimentos pró-impeachment. “Nós temos o Chico Buarque, eles o Kim Kataguiri. Dá pra saber quem está no lado certo”.

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Aliados recomendam a Dilma fortalecer narrativa do “golpe” em discurso
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Fernando Rodrigues

Senadores farão perguntas explorando lado emocional da petista

Ex-presidente Lula defende depoimento estritamente político

Dilmistas se reuniram na noite de domingo (28) para definir estratégia

Dilma ficou no Alvorada finalizando o texto que pretende ler na 2ª

Aliados de Dilma Rousseff reuniram-se na noite de domingo (28.ago), em Brasília

Sem a esperança de reverter votos de senadores favoráveis ao impeachment, aliados da presidente afastada, Dilma Rousseff, querem que a presença da petista no Senado nesta 2ª feira (29.ago) sirva para fortalecer a tese de que o país enfrenta um “golpe”.

Apoiadores de Dilma farão perguntas para explorar o lado emocional da presidente afastada. A estratégia é a mesma defendida pelo ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva. O petista entende que o momento terá “forte impacto” na sociedade. Para isso, Dilma teria de fazer um discurso estritamente político, sem abordar aspectos técnicos do processo.

O discurso da petista não deve seguir à risca os conselhos de seus aliados. Dilma faz questão de se defender. Argumentará que não cometeu crime de responsabilidade. Vai tratar das chamadas “pedaladas fiscais” e dizer que não representaram um desrespeito à Lei de Responsabilidade Fiscal.

Aliados também sugeriram à presidente afastada que faça um discurso mais improvisado, seguindo alguns tópicos, mas tentando “falar com o coração”, como ouviu o Blog. Até a noite de domingo (28.ago), entretanto, a petista mantinha a intenção de discursar lendo um texto que estava sendo finalizado por ela no Palácio da Alvorada.

Lula estará presente à sessão em que senadores ouvirão e farão perguntas a Dilma nesta 2ª feira. A interlocutores, o ex-presidente demonstra um certo desconforto com a situação.

As informações são dos repórteres do UOL Victor Fernandes e Gabriela Caesar.

ENCONTRO PARA DEFINIR ESTRATÉGIA
No domingo (28.ago) à noite, um grupo de 13 senadores discutiu estratégias sobre como abordar a petista durante o julgamento. O encontro foi realizado no apartamento da senadora Lídice da Mata (PSB-BA), em Brasília.

Na tentativa de fazer com que a sessão seja pautada por discussões políticas, dilmistas farão comparativos entre o momento atual do país e governos anteriores. Defenderão que há uma espetacularização na crise apontada por opositores.

Durante o encontro, a senadora Gleisi Hoffmann (PT-PR) ligou para Dilma Rousseff. A petista, pelo celular, em viva voz, conversou com os senadores presentes e agradeceu o apoio recebido. Disse estar confiante para a sessão de 2ª feira (29.ago).

A presidente afastada mostrou-se disposta a, se necessário, entrar pela madrugada respondendo a questionamentos dos senadores. Quer passar a imagem de luta e disposição em meio a um processo em que é colocada, segundo aliados, como vítima.

PERGUNTAS A DILMA
A primeira a fazer uma pergunta para a presidente afastada será a senadora Kátia Abreu (PMDB-TO), amiga pessoal da petista. O senador Lindbergh Farias (PT-RJ) afirma que o histórico de Kátia, mulher e ex-ministra da Agricultura de Dilma, servirá para constranger outros 8 senadores que também ocuparam cargos em governos petistas.

A senadora Kátia Abreu (PMDB-TO) não participou do jantar neste domingo. Estava reunida com Dilma no Palácio da Alvorada. Instruiu a presidente afastada quanto a pontos técnicos do Plano Safra, um dos itens citados no pedido de afastamento.

Outra ausência foi a do senador Telmário Mota (PDT-RR). O pedetista sinalizou que pode votar a favor da cassação por causa de divergências com o PT nas eleições municipais. Os petistas de Roraima são opositores de Mota na disputa pela prefeitura de Boa Vista.

Os aliados da presidente afastada dizem que esperam respeito e cordialidade na sessão desta 2ª feira, apesar dos desentendimentos no plenário na 6ª feira passada (26.ago). O petista Jorge Viana (AC) ficou encarregado de tentar um acordo com os senadores favoráveis ao afastamento definitivo para haver mudanças na ordem dos inscritos que questionarão Dilma. Uma estratégia seria intercalar senadores favoráveis e contrários ao impeachment.

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Pacote anticorrupção vai enxugar gelo, diz cientista político
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Fernando Rodrigues

Alberto Carlos Almeida diz que propostas do MPF não atacam a fonte da corrupção

Para diretor do Instituto Análise, sistema jurídico é “inquisitorial” e não “acusatório”

Projeto que tramita na Câmara destruiria elite política, mas não alteraria sistema

Alberto Carlos Almeida, do Instituto Análise, esteve em audiência da comissão especial da Câmara

As 10 medidas contra a corrupção propostas pelo Ministério Público Federal não atacam a fonte do problema. Esse é o entendimento de Alberto Carlos Almeida, diretor do Instituto Análise, uma empresa privada de consultoria e pesquisa.

O cientista político foi um dos convidados da audiência desta 3ª feira (23.ago.2016) na comissão especial que analisa o projeto anticorrupção na Câmara.

Em entrevista à repórter Gabriela Caesar, do UOL, Almeida afirma que a raiz da corrupção no país é a pressão por cargos e recursos financeiros. Para ele, essa demanda seria menor se a representação partidária estivesse menos fragmentada.

“A cada 20 anos você vai destruir uma elite política. Mas o sistema político vai continuar funcionando do mesmo jeito”, disse.

O cientista político criticou ainda a falta de disputa interna nas legendas para definir quem deve concorrer nas eleições.

“A fraqueza da Dilma, do ponto político e decisório, tem a ver com o fato de ela não ter sido escolhida por dentro de uma vida partidária pujante e sim por uma pessoa só. Foi uma pessoa só que escolheu a Dilma, o ex-presidente Lula.”

A seguir, trechos da entrevista de Alberto Carlos Almeida ao Blog:

Blog – Quais mudanças devem resultar do projeto anticorrupção, proposto pelo Ministério Público Federal e discutido na comissão especial?
São propostas que vão enxugar gelo porque não atacam a fonte da corrupção, que é a pressão por acesso a cargos, por poder de nomear, regular e ter acesso a recursos financeiros. Por que você tem que nomear um monte de cargos? Porque, ao nomear, você troca voto. Eu te ponho como diretor de posto de saúde se você me trouxer não sei quantos votos. E tudo isso é individualizado. Se fosse ou no partido ou num distrito pequeno, com poucos candidatos, você diminuiria a pressão por cargos, nomeação e a pressão por busca de recursos, que é a fonte de corrupção. O projeto não ataca isso. A fonte da corrupção continuará presente.

Não há nada de positivo no pacote do Ministério Público?
O projeto não ataca a legitimidade do nosso sistema jurídico, que é inquisitorial e não acusatório. Em vez de o acusador provar a sua culpa é o acusado que tem de provar a inocência. O nosso sistema busca a verdade real. A confissão é a prova mãe do crime. E toda a ideia de legitimidade do sistema jurídico tem a ver com o motivo pelo qual você quer punir alguém. Você não quer punir para se vingar. Você quer punir para que internalizem a regra. As pessoas só internalizam a regra se elas considerarem o julgamento legítimo. Você tem vários elementos no nosso sistema jurídico que permitem ao réu se considerar um sujeito perseguido.

Qual será a mudança com a aprovação do projeto anticorrupção?
Ele [o projeto anticorrupção] simplesmente torna mais fácil prender alguém se tiver algum indício. O sistema jurídico continua ilegítimo e a fonte da corrupção, presente. É punitivo e não muda a legitimidade da punição. É algo inócuo. A cada 20 anos, você vai destruir uma elite política. Mas o sistema político vai continuar funcionando do mesmo jeito.

A Comissão de Constituição e Justiça da Câmara começou a discutir recentemente o fim do foro privilegiado. Como o sr. se posiciona sobre o assunto?
Eu sou contra o foro privilegiado. O mundo político no Brasil é um mundo muito aristocrático. Quando você desembarca em Brasília ou mesmo em outras cidades, você vê uma quantidade imensa de cargos oficiais. Isso tudo, a meu ver, é herança de uma sociedade hierárquica, autoritária. Não deve haver nenhum tipo de foro privilegiado. O Supremo tem de ser muito mais um tribunal constitucional do que qualquer outra coisa e não julgar processo penal de políticos.

Há mudanças eleitorais que precisam ser feitas já para as eleições de 2018?
Ter muitos partidos no Brasil faz com que cada partido tenha o seu cacique em vez de as lideranças estarem dentro de um mesmo partido. Se o Brasil passasse a ter 5 partidos, o efeito seria muito benéfico. Com o passar do tempo, o político daquele partido que fracassasse seria pressionado a sair do cargo porque tem uma fila maior. Agora não tem fila. Se você não está satisfeito, vai e funda o seu. A facilidade de criar partidos, ter acesso a recursos, a tempo de TV e a fundo partidário deixa a vida partidária mais fraca.

Se nós tivéssemos 5 partidos, 1 desses seria o PT. Quando o Lula disse que queria indicar a Dilma, a pressão interna seria imensa. Estaria todo mundo congestionado dentro daquele partido. A disputa seria muito maior.

A fraqueza da Dilma, do ponto político e decisório, tem a ver com o fato de ela não ter sido escolhida por dentro de uma vida partidária pujante e sim por uma pessoa só. Foi uma pessoa só que escolheu a Dilma, o ex-presidente Lula. Se tivesse havido uma disputa interna no partido, dificilmente ela teria ganhado. Talvez nem sequer teria sido candidata. E o destino do país teria sido outro.

O recall político, quando a população tem o direito de revogar o mandato de um político, seria viável no Brasil?
O nosso sistema político é muito criticado. Mas ele não é ruim. Temos eleições a cada 2 anos. É um recall político indireto. Se você tivesse uma vida partidária mais sólida, com 5 partidos, esse recado ficaria mais claro. Nas últimas eleições, não foram os maiores partidos brasileiros que cresceram. É um recado que tem a ver com a fragmentação política. Talvez isso ocorra nessa eleição municipal. Os demais partidos, que não os principais, talvez venham a crescer. Isso vai tornar ainda mais difícil uma reforma para diminuir o número de partidos.

A reeleição do prefeito de São Paulo, Fernando Haddad, pode ser a salvação do PT?
Ele [Fernando Haddad] não tem a menor chance de ser reeleito. Todo mundo conhece a avaliação ótimo/bom dele e é baixíssima. Pode até ser que o Haddad não vá para o 2º turno. Se for, ele perde. Eu falo isso com um elevado grau de probabilidade. Ele vai virar um case internacional se ele ganhar com essa popularidade. Não ganha, não ganha. É impossível.

Quais são os principais impactos da proibição de doações empresariais nas eleições?
A proibição de doações de empresas tende a tornar a campanha mais ilegal por causa do caixa 2 e do financiamento via crime. E também deixa a eleição mais concentrada naquele que já tem recursos, seja porque ele é rico, seja porque tem acesso à máquina pública.

Sou a favor de se aprovar uma legislação que limite muito o uso da máquina em caso de eleição para o Executivo. É curioso que tenham ignorado essa possibilidade.

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Ex-ministros de Dilma não farão perguntas quando petista for ao Senado
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Fernando Rodrigues

9 ex-ministros da presidente afastada julgarão processo de impeachment

Desses, somente aliados (3) farão questionamentos à petista 

Presença de Dilma no plenário do Senado causa apreensão

Presidente afastada, Dilma Rousseff, será sabatinada por senadores

Presidente afastada, Dilma Rousseff, será sabatinada por senadores

A presidente afastada, Dilma Rousseff, afirmou nesta semana que vai ao julgamento final do processo de impeachment no Senado, em 29 de agosto. Ela explicou a decisão num vídeo de 50 segundos

Nenhum dos 6 senadores ex-ministros de Dilma que são favoráveis ao impeachment deve fazer perguntas à presidente afastada. 

Os senadores Eduardo Braga (PMDB-AM), Edison Lobão (PMDB-MA), Eduardo Lopes (PRB-RJ) e Garibaldi Alves Filho (PMDB-RN) confirmam que não irão questioná-la sobre a acusação de crime de responsabilidade. Fernando Bezerra Coelho (PSB-PE) decidirá na hora. O Blog não encontrou a senadora Marta Suplicy (PMDB-SP), mas soube que a peemedebista deve seguir os demais. 

As informações são do repórter do UOL Victor Fernandes.

Apenas 3 senadores que ocuparam ministérios durante os governos de Dilma votarão contra o impeachment. Gleisi Hoffmann (PT-PR) e Kátia Abreu (PMDB-TO) farão perguntas à petista. Armando Monteiro (PTB-PE) está indeciso.

Outros 3 senadores que estarão presentes no julgamento final  e votarão a favor do processo foram ministros do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva. Eunício Oliveira (PMDB-CE), Romero Jucá (PMDB-RR) e Cristovam Buarque (PPS-DF). Desses, é possível que somente Cristovam faça uma indagação à presidente afastada.

José Pimental (PT-CE) e Humberto Costa (PT-PE), também ex-ministros de Lula, farão como as colegas Gleisi Hoffmann e Kátia Abreu.

Senadores que ficarão em silêncio diante da ex-chefe querem evitar constrangimentos. Apesar de votarem pelo afastamento, consideram desnecessário o uso da palavra para questionar Dilma Rousseff.

Os que defendem a petista, porém, já preparam estratégias para tentar deixá-la mais à vontade. Serão formuladas perguntas que a presidente afastada tenha mais embasamento para responder.

IDA AO SENADO CAUSA APREENSÃO
A definição sobre a presença de Dilma Rousseff no Senado surpreendeu aliados de Michel Temer. Uma importante voz do presidente interino no Congresso chegou a duvidar da presença da petista no Senado: “Ela não vem. Ela tem de se preservar como cidadã”, disse.

Diante da confirmação, porém, senadores começaram a traçar estratégias sobre como se comportar no julgamento.

O senador Ricardo Ferraço (PSDB-ES) age nos bastidores. Começou na 4ª feira (17.ago) a procurar os colegas que costumam ser mais agressivos. Teme que um eventual bombardeio acabe dando a Dilma o papel de vítima do processo.

Na 3a feira que vem, senadores do PSDB se reunirão com congressistas aliados para traçar planos para o julgamento final. Tucanos defendem que o colegiado se comporte de maneira objetiva e respeitosa.

SEM VOTOS, O QUE IMPORTA É A IMAGEM
Nos bastidores, aliados da presidente Dilma Rousseff admitem que é impossível reverter o afastamento definitivo.

“Ela não vem como ré, vem como vítima”, admite a senadora Vanessa Grazziotin (PC do B-AM), uma das poucas defensoras da presidente afastada.

Dilma deve comparecer ao plenário do Senado em 29 de agosto (uma 2ª feira). Terá 30 minutos para fazer 1 pronunciamento. Poderá ser questionada por cada 1 dos senadores presentes. Terá 5 minutos para responder às indagações. O advogado da petista, José Eduardo Cardozo, afirma que todas as perguntas serão respondidas. “Ela não vai discursar e sair. Ela vai e responderá às perguntas”.

JULGAMENTO FINAL
O início do julgamento será em 25 de agosto (uma 5ª feira), às 9h. Há dúvida sobre quando acabará. O presidente do Senado, Renan Calheiros (PMDB-AL), acha que a votação pode acontecer já na noite de 2a feira (29.ago). O PT aposta em levar tudo até 4a feira (31.ago). Mas é possível que o veredicto saia na 3a feira (30.ago).

Em reunião com senadores nesta semana, o presidente do Supremo Tribunal Federal (STF), Ricardo Lewandowski, definiu o rito do julgamento final. Eis o documento oficial com as regras da sessão que analisará o pedido de cassação de Dilma Rousseff.

Lewandowski atendeu a um pedido de peemedebistas e definiu que testemunhas serão ouvidas, se necessário, no sábado e no domingo (27 e 28 de agosto). Inicialmente contrário, o magistrado voltou atrás após forte pressão de aliados de Michel Temer.

A defesa terá 6 testemunhas. A acusação poderia ter igual número. Mas, para acelerar o andamento do processo, decidiu ficar só com 1 nome.

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Impeachment é “golpe”, afirma Dilma Rousseff em carta a senadores
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Fernando Rodrigues

“Não basta a desconfiança política para afastar um presidente”

Se confirmado impeachment sem crime, é “um golpe”, diz petista

Dilma estuda tirar status de ministério da CGU

Dilma Rousseff, que divulga carta aos senadores nesta 3ª feira (16.ago.2016)

A presidente afastada, Dilma Rousseff, divulga nesta 3ª feira (16.ago.2016) uma carta  batizada formalmente de “Mensagem da presidenta Dilma Rousseff ao Senado Federal e ao povo brasileiro”. Depois de muito debate interno entre petistas, o texto vai mesmo usar a palavra “golpe” para descrever o atual processo de impeachment.

“No presidencialismo previsto em nossa Constituição, não basta a desconfiança  política para afastar um Presidente. Há que se configurar crime de responsabilidade. E está claro que não houve tal crime”, escreve Dilma no início de sua carta de 4 páginas, à qual o Blog teve acesso parcial.

Num determinado trecho, a petista fala que se confirmado o impeachment sem crime de responsabilidade, é “um golpe”.

Na carta, a petista defende a convocação de novas eleições presidenciais, mas de maneira oblíqua. Fala de um plebiscito para o povo decidir a saída do impasse da crise política e econômica.

O julgamento final de Dilma pelo plenário do Senado começa na 5ª feira da semana que vem (25.ago.2016). Deve durar de 3 a 4 dias. A petista conta hoje com cerca de 20 dos 81 senadores. Para ser absolvida, tem de ter, pelo menos, 28 votos –o que parece impossível neste momento.

A carta desta 3ª feira será mais uma satisfação política de Dilma aos seus seguidores do que algo que possa mudar o rumo do processo.

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