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Arquivo : Marco Polo Del Nero

Argentino-brasileiro da Conmebol negocia delação premiada com EUA
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Fernando Rodrigues

Margulies tenta reduzir pena contando detalhes do esquema

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Por Jamil Chade

José Margulies, um dos pilares do esquema de pagamento de propinas no futebol sul-americano, está prestes a assinar um acordo de delação premiada com a Justiça americana. O brasileiro tem tido reuniões frequentes com as autoridades americanas.

O objetivo dos procuradores é de que Margulies explique a intrincada rede de empresas usadas para o pagamento de propinas e, em especial, quem pagou e quem foram os destinatários finais do suborno no futebol.

Segundo o inquérito da Justiça, Margulies seria o elo entre os diferentes atores do esquema e o FBI considera que, se ele falar tudo o que sabe, poderá abrir uma nova frente de investigações.

No dia 24 de novembro, ele admitiu culpa em denúncias de lavagem de dinheiro. Seu acordo já envolveu um depósito de US$ 9,2 milhões e seu julgamento está marcado para o dia 24 de junho, em Nova York. Até lá, as negociações sobre o que ele vai delatar vão determinar a pena que ele poderá pegar.

A série Panama Papers, que começou a ser publicada no domingo (3.abr.2016), é uma iniciativa do ICIJ (Consórcio Internacional de Jornalistas Investigativos), organização sem fins lucrativos e com sede em Washington, nos EUA. Os dados foram obtidos pelo jornal Süddeutsche Zeitung. O material está em investigação há cerca de 1 ano. Participam desse trabalho com exclusividade no Brasil o UOL, o jornal “O Estado de S.Paulo” e a RedeTV!.

Perto de completar 80 anos, o brasileiro tenta reduzir seu tempo de condenação. “Ele sabe que já perdeu tudo, que foi pego”, disse um agente próximo ao caso. Margulies é conhecido na América do Sul por seu apelido, José Lázaro. Ele nasceu na Argentina e é cidadão brasileiro desde 1973,

Aos americanos, interessam principalmente os dados sobre o envolvimento de emissoras dos EUA num eventual esquema e se sabiam que o dinheiro, ao final, também iria para os cartolas. Outro objetivo dos americanos é o de coletar dados suficientes sobre dirigentes que ainda não estão presos, entre eles Ricardo Teixeira e Marco Polo Del Nero.

Ambos já foram citados no indiciamento da Justiça. Mas, por estarem no Brasil, não tiveram suas prisões realizadas. Segundo documentos obtidos pela reportagem, o FBI ainda identificou contas com o possível envolvimento de Ricardo Teixeira, o ex-presidente da CBF, em pelo menos 3 bancos suíços: o UBS, o Banca del Gottardo e o BSI.

Em duas dessas contas, um total de US$ 800 mil foram transferidos dos EUA para a Suíça, por meio da Somerton, empresa também controlada por José Margulies.

Margulies pode ainda ser importante no julgamento que ainda não começou de José Maria Marin, que está em prisão domiciliar em Nova York.

No indiciamento de maio de 2015 na Justiça americana, Margulies é apontado como o intermediário responsável por fazer os pagamentos de propinas em nome de José Hawilla, dono da Traffic e que admitiu sua culpa diante dos tribunais americanos.

“Margulies usava contas das intermediárias para mascarar a origem e beneficiários das propinas”, indicou.“Margulies usou contas em nome de empresas offshore que eram mantidas em instituições financeiras dos EUA para fazer pagamentos em nome de Hawilla”, relatou o FBI.

“José Margulies usou as contas das intermediárias de Margulies em instituições financeiras dos EUA para movimentar milhões entre empresas de marketing esportivo e dirigentes que eram receptores de pagamentos ilícitos”, diz a autoridade norte-americana. As contas estavam na Flórida e em Nova York.

Segundo a Justiça dos EUA, Margulies “tomou iniciativas adicionais para esconder a natureza dos pagamentos além do uso das contas nos EUA”.

“Ele usou os serviços de doleiros, destruiu registros de suas atividades e incentivava os dirigentes que recebiam a propina a evitar usar contas em seus nomes, ainda que não tenham seguido seu conselho”.

Procurado pela reportagem, o advogado brasileiro de Margulies, Jair Jaloreto, afirmou que não comentaria o caso das offshores.

De acordo com o inquérito dos EUA, a Valente transferiu apenas de março de 2003 a março de 2008 um total de US$ 3,5 milhões para dirigentes como o venezuelano Rafael Esquivel e os ex-presidentes da Conmebol, Nicolas Leoz e Eugenio Figueredo.

Suas atividades continuaram até 2014, quando ele foi pego negociando seus serviços a outro dirigente, oferecendo propinas de US$ 150 mil por ano e uma comissão de 2% do valor do contrato.

CBF
O brasileiro ainda foi apontado pelo FBI como tendo participado de outro esquema de corrupção, desta vez envolvendo uma tabela de propinas para a Copa América, inclusive com montantes destinados para a CBF.

Em concorrência, as empresas Traffic, Torneos e Full Play criaram uma companhia única –a Datisa– que pagou US$ 317,5 milhões para a Conmebol para ficar com os direitos da Copa América até 2023. A mesma Datisa destinou US$ 100 milhões para pagar, até 2023, propinas aos cartolas pelas edições do maior torneio das Américas.

Pelo esquema montado, o presidente da CBF em exercício receberia uma propina de US$ 3 milhões por cada edição da Copa América que fosse para a Datisa.

Margulies, uma vez mais, foi peça chave. “Ele participou também do esquema da Datisa, facilitando o pagamento e lavando o dinheiro de propinas por contas controladas por acionistas da Datisa”, indicou o inquérito dos EUA.

De 2013 a 2014, por exemplo, ele ajudou a Full Play a transferir quase US$ 3,8 milhões de contas nos EUA de suas intermediárias para o banco Hapoalim, em Zurique. Essa conta era também do venezuelano Esquivel.

Segundo o inquérito dos EUA, em 1 de maio de 2014, Hawilla se reuniu com Hugo Jinkis, Mariano Jinkis e Alejandro Burzaco no sul da Flórida. Durante o encontro, Burzaco apenas disse sobre a Datisa: “Todos podemos ser afetados por esse projeto. Podemos todos ir para a prisão”.

Saiba como foi feita a série Panama Papers

Leia tudo sobre os Panama Papers

O que é e quando é legal possuir uma empresa offshore

Participam da série Panama Papers no Brasil na investigação sobre esportes os repórteres Fernando Rodrigues,André Shalders, Mateus Netzel, Douglas Pereira e Rodrigo Mattos (do UOL), Diego Vega eMauro Tagliaferri (da RedeTV!) e José Roberto de Toledo, Daniel Bramatti,Rodrigo Burgarelli, Guilherme Jardim Duarte, Isabela Bonfim e Jamil Chade (de O Estado de S. Paulo).

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Poder e Política na semana – 7 a 14.jun.2015
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Fernando Rodrigues

A presidente Dilma Rousseff passa só 2 dias desta semana em Brasília. Amanhã, lança um pacote de concessões de aeroportos e rodovias. De noite, na 3ª feira, viaja para reuniões na Europa.

A Câmara deve começar a apreciar o projeto de lei sobre o fim da desoneração das folhas de pagamentos de alguns setores na 4ª feira.

O presidente da CBF, Marco Polo Del Nero, negocia uma visita ao Senado para falar com os políticos antes de ser convocado para a CPI do Futebol.

AVISO AOS LEITORES: o drive político da semana completo, com atualizações diárias, está disponível para assinantes. Se desejar assinar e receber a versão completa, escreva para frpolitica@gmail.com.

 

2ª feira (8.jun.2015)
Dilma e Levy – às 16h30, Dilma reúne-se com o ministro Joaquim Levy (Fazenda), no Palácio do Planalto.

Cunha e Renan na Rússia – presidentes da Câmara, Eduardo Cunha (PMDB-RJ), e do Senado, Renan Calheiros (PMDB-AL), participam com congressistas brasileiros de reunião parlamentar dos Brics, na Rússia.

Crise na CBF – Marco Polo Del Nero, presidente da CBF, comanda reunião com presidentes dos clubes, no Rio. Alguns clubes planejam boicotar o encontro e se reunir em São Paulo, na mesma data, para discutir a formação de uma liga independente.

Del Nero negocia fazer uma visita ao Senado antes de ser convocado pela CPI do Futebol

 

3ª feira (9.jun.2015)
Dilma e a infraestrutura – presidente Dilma Rousseff anuncia pacote de concessões de infraestrutura no valor de R$ 110 bilhões a R$ 130 bilhões. Medida deve incluir 11 rodovias e em 4 aeroportos (Salvador, Fortaleza, Porto Alegre e Florianópolis).

Alckmin em Brasília – governador de São Paulo, Geraldo Alckmin, participa, em Brasília, de reunião na Câmara sobre a revisão do pacto federativo.

Fachin em São Paulo – Luiz Fachin, confirmado para uma vaga de ministro do STF, e Carlos Ayres Britto, ex-presidente da Corte, participam de seminário internacional sobre os 800 anos da carta magna da Inglaterra promovido pelo escritório Pinheiro Neto Advogados. Em SP.

 

4ª feira (10.jun.2015)
Dilma em Bruxelas – presidente da República, Dilma Rousseff, participa da II Cúpula dos Estados Latinos Americanos (Celec) e União Europeia. Na Bélgica, até 5ª feira (11.jun.2016)

Desoneração da folha – plenário da Câmara pode votar projeto de lei 863/15, de autoria do Palácio do Planalto, que reduz a desoneração em folha de pagamentos. Trata-se de um dos pilares do ajuste fiscal. O relator, Leonardo Picciani (RJ), líder do PMDB na Câmara, pretende manter o benefício para alguns setores da economia.

Reforma política – plenário da Câmara dos Deputados também pode retomar a votação da reforma política. Em pauta, a duração dos mandatos, unificação das eleições, cotas para mulheres, voto facultativo, data da posse presidencial e federações partidárias. Até 5ª feira (11.jun.2015).

Reforma política 2 – ministra Rosa Weber, do STF, recebe manifesto assinado por advogados como Fábio Konder Comparato, Dalmo Dallari e Celso Bandeira de Mello e ex-presidentes e conselheiros da OAB. Weber é a relatora de mandado de segurança que contesta a aprovação, pela Câmara, da legalização das doações de empresas a partidos. Os autores do mandado de segurança alegam que houve manobra regimental do presidente da Câmara, Eduardo Cunha (PMDB-RJ), durante a votação da proposta.

Biografias –  plenário do STF julga ação sobre a necessidade de autorização para publicar biografias e a possibilidade de censura pelo biografado ou familiares.

 

5ª feira (11.jun.2015)
Congresso do PT – partido realiza seu 5º Congresso Nacional, em Salvador. Ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva participa da abertura. Em pauta, ajuste fiscal, financiamento de campanha e futuro da legenda. Até sábado (13.jun.2015). Há expectativa que a presidente Dilma participe do evento no sábado (13.jun.2015), data em que a petista chegará de volta ao Brasil depois do giro europeu.

CPI da Petrobras – comissão deve realizar reunião fechada com Snezana Gebauer, representante da Kroll. A empresa britânica foi contratada pela Câmara para buscar contas em outros países de pessoas investigadas pela Operação Lava Jato.

Crise na CBF – Marco Polo Del Nero, presidente da CBF, comanda reunião extraordinária com dirigentes das 27 federações estaduais de futebol. Em pauta, reforma do estatuto da entidade. Há rumores sobre uma possível renúncia de Del Nero e articulações para sua sucessão.

 

6ª feira (12.jun.2015)
Fusão PPS-PSB – PPS promove reunião extraordinária de seu diretório nacional, em Brasília, para deliberar sobre a proposta de fusão com o PSB. Há poucas chances que a iniciativa seja aprovada neste momento. Antes do encontro, os presidentes do PPS, Roberto Freire, e do PSB, Carlos Siqueira, devem enviar ao Tribunal Superior Eleitoral consulta para indagar se a fusão de legendas equivale à criação de um novo partido no tocante ao acesso ao fundo partidário e à divisão do tempo de TV.

 

Sábado (13.jun.2015)
Legalização da maconha – movimentos organizam ato a favor da legalização da maconha para uso medicinal e recreativo em João Pessoa (PB) e Campinas (SP).

 

Domingo (14.jun.2015)
Dirigentes tucanos – PSDB realiza convenções estaduais para escolher o comando de seus diretórios.

 

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