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Arquivo : Poder e Política

Combinação em CPIs vem desde Cabral, diz ministro das Comunicações
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Fernando Rodrigues

O ministro das Comunicações, Paulo Bernardo, disse que a combinação de depoimentos em CPIs “vem desde Pedro Álvares Cabral. Na primeira CPI já deve ter acontecido isso”. Para ele, não há como negar tal realidade. “A não ser que a gente queira fingir que somos todos inocentes, que somos muito hipócritas, e falar: ‘Não, isso não acontece’ ”.

Em entrevista ao programa Poder e Política, do UOL e da “Folha”, Paulo Bernardo, que também foi ministro durante o governo de Luiz Inácio Lula da Silva, declarou que “deputado não é promotor” e que as CPIs são políticas. Para ele, a polêmica sobre combinação de perguntas com os depoentes na investigação da Petrobras é “uma tempestade em copo d’água para ver se alavanca a oposição”.

Mas houve crime, ilegalidade ou imoralidade? “Crime não houve. Imoralidade de quê? Político conversar e falar o que vai fazer, quais as ações que vai fazer? É um processo político. Ninguém vazou uma informação sigilosa como é corriqueiro acontecer”, responde o ministro, que é um dos quadros de elite do PT.

Para ele, a oposição quis a CPI da Petrobras para “fazer um circo, fazer barulho, acusar o governo, aproveitar o palanque para fazer acusações”. Mas os congressistas antigoverno teriam ficado “ausentes, omissos” e quando algo é publicado na mídia “eles saem correndo atrás”.

Indagado sobre o benefício da combinação de perguntas ter sido também oferecido ao ex-diretor da Petrobras, Nestor Cerveró, apontado pela presidente Dilma Rousseff como um dos responsáveis por um mau negócio da empresa nos EUA, Paulo Bernardo disse que esse procedimento é correto. A estatal tinha de se proteger durante a investigação.

A respeito do caso do Banco Santander, que enviou um comentário negativo sobre a economia no governo Dilma para parte de seus correntistas, Paulo Bernardo diz que “todos têm direito de opinar e de expressar”, mas faz ressalvas sobre o episódio envolvendo a instituição espanhola:

“Quando o banco entra na discussão política, eu tenho o direito de polemizar com ele (…) O principal problema é que paralelamente às avaliações sobre o desempenho da economia tem uma jogatina no mercado financeiro e no mercado de capitais (…) Na minha opinião, pode configurar até crime, ficar fazendo movimentação atípica de ações. Acho que isso não é correto. O erro do Santander é entrar nesse jogo de jogatina. Vamos ser francos, é isso que está acontecendo”.

O ministro também falou sobre assuntos diretamente relacionados à sua pasta. Por exemplo, os casos de emissoras de TV que arrendam quase o seu tempo integral para programações religiosas. “Do ponto de vista formal, não tem uma legislação sobre isso”, declara. Ou seja, não há o que possa ser feito sem que o Congresso aprove uma regra.

Mas essa mudança teria de ocorrer no âmbito de um projeto geral sobre regulação da mídia. Só que “não houve consensos” e isso não foi a prioridade da administração Dilma, que privilegiou buscar soluções para aspectos infraestruturais da comunicação, como o aumento do acesso à internet com banda larga.

O custo para universalizar a banda larga será de R$ 40 bilhões a R$ 100 bilhões nos próximos quatro anos, a depender da tecnologia. As concessões com as teles devem passar pela revisão contratual quinquenal em 2015. Entre outras propostas, deve ser introduzida a redução do número de orelhões (hoje, cerca de 1 milhão) e a conversão de parte desses equipamentos em difusores de sinais wi-fi (internet sem fio).

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Apesar de viés imperialista, Brasil precisa dos vizinhos, diz José Mujica
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Fernando Rodrigues

Para presidente do Uruguai, burguesia paulista erra ao tentar fagocitar empresas de fora

O presidente do Uruguai, José Mujica, 79 anos, afirma que persiste na América Latina uma sensação sobre o Brasil ser um país imperialista. “A atitude imperial do Brasil pode ter sido consequência de sua história”, afirma.

Em entrevista ao programa Poder e Política, do UOL e da “Folha”, ele explica que “o mais inteligente do Brasil é que percebe que, embora seja grande, precisa de um todo para acompanhá-lo na tentativa de fazer algo na negociação mundial”. O problema é que falta de integração brasileira interna prejudicaria a posição do país em foros internacionais. E ajudaria a manter a imagem de imperialista.

“Quando há a colheita do arroz no Uruguai, os caminhões começam a passar [em direção ao Brasil]. Há uma parte do Rio Grande do Sul que não gosta. Eles [os brasileiros] estão certos”, diz Mujica, que falou na quinta-feira (17), na embaixada do Uruguai, em Brasília.

Mais conhecido por suas posições liberais na área de costumes –como o projeto que legalizou o plantio, venda e consumo de maconha–, Mujica é também a favor de mais integração comercial na América Latina.

Só que o Mercosul está “estagnado”. Seus “organismos de arbitragem não funcionam”, e tudo tem de ser feito via “chancelarias presidenciais”. Para o uruguaio, “os interesses empresariais nacionais são muito fortes e não priorizam a busca da integração. O que existe de mais forte economicamente é a burguesia paulista”.

Para ele, “o papel da burguesia paulista deveria ser unir aliados, tentar construir um sistema de empresas transnacionais latino-americanas. Pelo seu tamanho, tem a responsabilidade de conduzir. Mas comete um erro se quiser fagocitar porque, em vez de ganhar aliados, ganha inimigos que se opõem à integração”.

“Fagocitar” é um termo emprestado da biologia. Trata-se do processo no qual ocorre a “ingestão e destruição de partículas”, na definição do dicionário Houaiss –uma das funções da fagocitose seria a proteção do organismo contra infecções.

Há também a relação entre o Brasil e Argentina. “A Argentina se fecha demais. O Brasil tem paciência estratégica. Mas tudo tem o seu limite”, diz Mujica. Para ele, o vizinho passa por uma situação “muito explosiva” por causa da crise com credores externos. “Somos obrigados a defender a Argentina. Se a Argentina entra em crise, todos vamos sentir (…) É uma questão estratégica”.

A dificuldade da atualidade, diz Mujica, é que o mundo atravessa uma crise na política. “Não é um problema do Brasil. É um problema global. A política não governa. O processo de globalização anda solto, sem governança. E aqui as forças da economia e da política estão um pouco divorciadas”. Ele diz entender os empresários, que precisam “se preocupar com todo fim de mês”, mas “há necessidade de ir construindo coisas complementares”.

Conhecido como Pepe Mujica, o uruguaio termina seu mandato no início de 2015, quando assumirá o presidente a ser eleito em novembro. Mujica cita o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva como responsável pela maior presença do Brasil no plano externo. Diz ter sugerido uma vez ao brasileiro que comandasse a Unasul (União de Nações Sul-Americanas), mas ouviu um não como resposta.

“O Lula, que é muito astuto e inteligente, dizia-me: ‘Olhe, Pepe, se eu for, eles vão dizer… o imperialismo brasileiro’ ”, relata Mujica. Há diferenças entre Lula e Dilma Rousseff? “Dilma é uma mulher muito trabalhadora, tenaz. Provavelmente, uma boa administradora. Não tem a personalidade política do Lula. E por algum motivo foi eleita pelo Lula, por algo foi eleita”.

Se Dilma não for reeleita neste ano, Mujica não acredita “em qualquer cataclismo da política externa” ou que “signifique jogar fora todo o processo de integração”.

Neste mês, ele anunciou que a implantação completa da lei que permite plantar, vender e consumir maconha será apenas em 2015, já durante o mandato de seu sucessor no comando do Uruguai. Ele não crê em recuo, mesmo se um opositor vencer.

E por que não colocar em vigor já? Por causa de uma questão agrícola: “É necessário plantá-la [a maconha] e produzi-la. As plantas têm o seu próprio ciclo. É necessário fazer estufas. Estamos fazendo as mudas. Fazendo a reprodução vegetativa. Poderão começar a florescer em janeiro, fevereiro”.

Sobre o jogador de futebol Luis Suárez, suspenso depois de ter mordido um atleta da Itália durante um jogo da Copa do Mundo, Mujica se mostra compadecido. “Esse menino tem algum problema aqui [apontando para a cabeça]. Vem de um lar muito pobre. Tem a inteligência nas canelas. É brilhante nas pernas. A raiva o enfurece e ele não se domina. Era o caso de levá-lo a um hospital para tratá-lo com psiquiatra. É um problema que não se soluciona com sanções”.

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Gilberto Carvalho me ameaçou, diz José Roberto Arruda
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Fernando Rodrigues

Ex-governador de Brasília diz ter sido pressionado em 2009, um pouco antes de surgirem gravações suas em vídeo recebendo dinheiro

O ex-governador do Distrito Federal José Roberto Arruda, 60, está de volta à política. Filiado ao PR, pretende reconquistar nas urnas neste ano a cadeira que perdeu em 2010 após o escândalo conhecido como mensalão do DEM –sua legenda à época.

Ele não está vetado pela Lei da Ficha Limpa porque não foi condenado por um órgão colegiado. Ao explicar seu envolvimento no mensalão do DEM, quando apareceu em um vídeo recebendo dinheiro em espécie, Arruda diz ter sido vítima de um “golpe” engendrado pelo PT, cujo “artífice” foi o atual governador de Brasília, o petista Agnelo Queiroz.

Em entrevista ao programa Poder e Política, do UOL e da “Folha”, sua narrativa inclui uma suposta ameaça recebida de Gilberto Carvalho, com quem esteve em setembro de 2009, um pouco antes da eclosão do escândalo. Naquele período, Carvalho era chefe do Gabinete Pessoal do então presidente Luiz Inácio Lula da Silva. “Ele foi me pressionar: ‘Ou você muda de partido ou você vai cair’. Foi um recado muito claro que recebi”, diz Arruda. “O que ele fez de maneira velada foi uma ameaça”.

Também nessa época, antes do escândalo, Arruda recebeu em almoço Dilma Rousseff e Erenice Guerra. Dilma era ministra da Casa Civil. Erenice, a secretária-executiva (a número dois do Ministério). Ambas também teriam sugerido a Arruda que abandonasse o DEM e que se filiasse a alguma legenda da base governista federal, preferencialmente o PMDB.

O que disse Dilma nessa ocasião? “A mesma coisa: ‘Olha, você não quer mudar de partido para me apoiar?’ ”, relata.

Dias depois desses encontros, Arruda viu sua carreira desmoronar com o surgimento de gravações em vídeo mostrando políticos de Brasília, inclusive ele, recebendo dinheiro em espécie.

Sua explicação para o seu vídeo tem duas partes. Primeiro, responde que a gravação é de 2005, quando era deputado federal, e não governador. Segundo, afirma que pegou o dinheiro, mas que não ficou com os recursos. “Não há na gravação nenhuma cena que mostra eu levando o dinheiro. Eu não levei. Eu devolvi”. Onde está essa cena da devolução? Segundo Arruda, foi cortada numa edição.

Quando esteve preso por dois meses, em 2010, declara ter sido procurado pelo então diretor-geral da Polícia Federal, Luiz Fernando Corrêa. Qual foi o conteúdo da conversa? “Ele me propõe: ‘Fale o nome de políticos do DEM e do PSDB que você, por ventura, tenha ajudado e você sai daqui amanhã. Não precisa dizer muita gente, diz só o nome do Arthur Virgílio, do Marconi Perillo e do José Agripino’”.

Líder na disputa pelo governo de Brasília segundo pesquisas locais realizadas em junho, Arruda tem de 25% a 30%, conforme o instituto. Para presidente, ele votará em Aécio Neves (PSDB). “Contra o PT”, explica.

Outro lado
O ministro Gilberto Carvalho (Secretaria-Geral da Presidência) classificou de “absoluta invenção” as declarações de Arruda.

Por meio de sua assessoria, Carvalho afirmou: “Jamais discuti questões partidárias com esse cidadão. Seu relato é uma absoluta invenção. É tão verdadeiro quanto a honestidade dele”.

O governador do Distrito Federal, Agnelo Queiroz, declarou, via assessoria, que Arruda “tenta, num golpe teatral, manipular a informação e enganar a população mais uma vez”.

“Arruda é conhecido como um mentiroso contumaz. Não entendo porque Arruda insiste em mentir tanto. Isso me parece doentio, incorrigível”, afirmou Agnelo.

Procurada, a assessoria da presidente Dilma Rousseff afirmou que ela não iria comentar.

A reportagem não conseguiu contato com o ex-diretor da Polícia Federal Luiz Fernando Corrêa, nem com a ex-ministra da Casa Civil Erenice Guerra.

(Colaborou Aguirre Talento)

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Não é hora de protesto contra a Copa, diz Luciana Genro, candidata do PSOL
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Fernando Rodrigues

Depois de incentivar manifestações por vários meses e flertar com o slogan “não vai ter Copa”, o PSOL agora acha que passou da hora de protestar contra o evento. “Não é mais o momento do protesto. Durante os jogos as pessoas querem assistir aos jogos. Isso é natural”, diz a candidata a presidente da República pela legenda, Luciana Genro.

Em entrevista ao programa Poder e Política, do UOL e da “Folha”, ela declara que o PSOL ainda “apoiará qualquer movimento que surja de categorias organizadas”, mas que o partido não vai “inventar processos que não sejam reais, que não venham de fato de uma necessidade objetiva de um setor”. Em resumo, o PSOL está mais moderado a respeito de como age para criticar a Copa do Mundo.

Surpreendeu ao PSOL o fato de a Copa estar sendo realizada sem grandes problemas? “Acho que a expectativa era tão ruim que ao ter saído relativamente [bem] as pessoas se surpreenderam”.

Luciana Krebs Genro tem 43 anos e é filha do governador do Rio Grande do Sul, Tarso Genro (PT). Advogada e ex-deputada federal (2003-2006), foi escolhida pelo PSOL para concorrer ao Planalto no último domingo (22.jun.2014). Ela faz parte de um grupo de políticos expulsos do PT há uma década por se oporem à política econômica do então presidente Luiz Inácio Lula da Silva.

A opção inicial do PSOL na corrida presidencial era o senador Randolfe Rodrigues, do Amapá. Ele desistiu, entre outras razões, por discordar da forma como a legenda criticou a Copa do Mundo nos últimos meses.

A candidata Luciana diz ter “orgulho” por ter sido expulsa do PT “pelo José Dirceu, que hoje está preso” –referindo-se ao ex-ministro da Casa Civil, hoje recolhido a uma penitenciária de Brasília depois de ter sido condenado no julgamento do mensalão.

Com uma campanha modesta, sem grandes recursos, Luciana se recusa a antecipar quem o partido apoiará num eventual segundo turno entre Dilma Rousseff (PT) e Aécio Neves (PSDB). Mas ela admite que “haveria retrocesso com certeza” se o PSDB vier a vencer o PT, pois ocorreriam “mais privatizações”.

Essa avaliação de Luciana significa que é impossível o PSOL algum dia apoiar um candidato do PSDB a presidente. Mas não sinaliza uma adesão automática ao PT no segundo turno da disputa pelo Planalto, até porque o partido faz críticas tanto a Dilma como a Aécio.

A meta do PSOL neste ano é se manter vivo no Congresso, ampliando para até seis os deputados federais eleitos. Luciana fala na possibilidade de chegar a nove cadeiras. Seria um recorde para a legenda –que no momento tem apenas três vagas na Câmara e um senador.

A campanha do PSOL terá forte apelo liberal quando se trata de costumes –a favor da descriminalização do aborto e da maconha. Na economia, prevalece uma agenda da esquerda ultraortodoxa, propondo interromper os pagamentos da dívida pública, sobretudo aos bancos, mas “preservando os interesses dos trabalhadores que têm seu dinheiro nos fundos de pensão”. A Caderneta de Poupança “é intocável”.

Quando sintetiza quem o seu partido teria a combater, Luciana declara: “O grande alvo do PSOL, no governo do Brasil, seria atacar os interesses dos bancos”.

O PSOL também defende revisar certas privatizações. Por exemplo, empresas de energia podem ser reestatizadas se o país vier a ser administrado pelo partido.

Luciana faz críticas a modelos incensados pela esquerda no exterior. “Não vejo Cuba como um país democrático. Tem avanços sociais, mas um país que não tem liberdade de organização partidária eu não chamaria de um país democrático”, declara.

Durante a campanha, o PSOL diz não ter interesse em negociar a participação da legenda em debates de TV com candidatos a presidente. Algumas emissoras pretendem oferecer entrevistas e presença em seus telejornais aos microcandidatos em troca de eles abrirem mão de estar nesses encontros.

“Não vamos abrir mão do nosso direito de estar nos debates. Queremos fazer esse confronto direto com Dilma, Aécio e Eduardo Campos. Botar o dedo na ferida, dizer as coisas que eles não vão dizer. E dizer aquilo que as pessoas querem dizer para eles e não têm a oportunidade”.

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Bom Senso F.C. passou do limite e Dilma erra ao recebê-los, diz Andrés
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Fernando Rodrigues

O ex-presidente do Corinthians e maior esperança do PT como puxador de votos na eleição para deputado federal neste ano, Andrés Sanchez, diz que foi um erro a presidente Dilma Rousseff ter recebido recentemente o movimento Bom Senso F.C., que pede mudanças na gestão do futebol no Brasil.

“Quem faz o futebol são os clubes, atleta e torcedor”, declara Andrés em entrevista ao programa Poder e Política, do UOL e da “Folha”. Ele afirma que o Bom Senso F.C. foi “pelo caminho errado” e seus representantes “exageraram”. Preferiria que tivessem atuado pelos “sindicatos em seus Estados”.

E se os dirigentes sindicais não ajudam? “Vai lá e tire eles”, responde o pré-candidato a deputado federal. “É muito bonito pegar oito, nove jogadores consagrados e ficar falando”, afirma. “O jogador tem que participar das reuniões, dos debates. Agora, eu acho que eles passaram um pouco do limite”.

Ao receber o Bom Senso F.C., Dilma Rousseff deu ao grupo um espaço “que não concede aos clubes, que não concede ao sindicato, que não concede a ninguém”, reclama Andrés. Ela errou? “Lógico, totalmente”.

Aos 50 anos, o descendente de espanhóis acredita que terá de 160 mil a 200 mil votos na eleição para deputado federal. Dentro do PT, a expectativa é maior. Ele teria potencial para chegar a 500 mil votos, suprindo uma deficiência do partido. Encrencados com a Justiça ou com escândalos diversos, vários petistas campeões eleitorais não disputam nada neste ano –como José Dirceu, João Paulo Cunha e José Genoino, todos presos por causa do mensalão.

Amigo pessoal de Luiz Inácio Lula da Silva, o ex-presidente do Corinthians fala com algumas ressalvas sobre Dilma Rousseff, embora a descreva como “pessoa muito bem-intencionada”. Qual a diferença entre ela e Lula? “O Lula tem mais paciência para ouvir muita gente, prós e contras”. E ela não? “Talvez, ela não. E o Lula tem uma coisa que poucos têm: a sabedoria de lidar com os diferentes, isso é uma arte”.

Espontâneo, Andrés diz ter ficado “muito triste” pelo fato de Dilma Rousseff ter se referido ao novo estádio do Corinthians como “Itaquerão” numa entrevista à TV Bandeirantes, nesta semana. “Vou mandar uma carta oficial para o Palácio [do Planalto] dizendo que isso é um absurdo, não pode chamar. Lá é Arena Corinthians, não é Itaquerão”, diz o cartola.

Ao pronunciar “Itaquerão”, Dilma cometeu uma “gafe” ou um “equívoco”, diz. “Para ser bonzinho”, pois acha que a presidente “foi mal informada. Infelizmente, a assessoria dela falhou. E falhou feio”. Andrés aproveita também para reclamar da mídia. “Ela deve ler a *Folha* ou o UOL (…), que insistem em chamar de Itaquerão”.

A expectativa de Andrés é negociar o direito de uso do nome do estádio do Corinthians até dezembro. Estima uma renda anual de R$ 20 milhões. Nega que a arena vá drenar recursos do time. Apresenta um cálculo de receita de até R$ 35 milhões por ano com o aluguel para eventos –não os megashows musicais, pois esse tipo de atividade tem um concorrente “imbatível”: o novo estádio do Palmeiras, o rival corintiano histórico.

No ano passado e início do atual, Andrés tentou montar uma chapa de oposição para comandar a Confederação Brasileira de Futebol. Não deu certo. Tentará de novo em 2018, quando terminar o mandato do próximo presidente da CBF, Marco Polo Del Nero.

Com Del Nero à frente da CBF, o futebol ficará igual “ou pior” nos próximos anos, avalia Andrés. Ele acha que o ex-presidente da entidade, Ricardo Teixeira foi bom dirigente. Só errou “talvez” ao ter ficado muito tempo no cargo.

O corintiano é contra a reeleição em qualquer instância ou entidade. Se for eleito deputado, defenderá o fim da renovação de mandatos em todos os cargos, inclusive no caso de vereadores, deputados e senadores.

Outra ideia sua é acabar com a proibição de venda de bebidas alcoólicas em estádios de futebol. “Essa é a coisa mais ridícula que existe nesse país. O cara fica bebendo a meio metro do estádio, na porta do estádio. E aí, cinco minutos [depois], entra aquele bando, na última hora, tudo já ‘tomado’… É um absurdo. Se vende bebida no Carnaval, no show, no teatro, em todo lugar, só no futebol que não?”.

A campanha para chegar à Câmara dos Deputados deve custar até R$ 3 milhões. Quem banca? “Minha família e eu. Já pensou se a Odebrecht me doa dinheiro?”, pergunta.

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Governo federal é omisso na área de segurança pública, diz Aécio
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Fernando Rodrigues

Pré-candidato a presidente pelo PSDB, o senador Aécio Neves tem calibrado seu discurso para um tom cada vez mais duro na área de segurança pública. É uma tentativa de se apresentar de maneira diferente em relação a seus adversários diretos na corrida pelo Planalto.

Em entrevista ao programa Poder e Política, do UOL e da “Folha”, Aécio disse que, se eleito, pretende reduzir o número de ministérios dos atuais 39 para 21 ou 22. Deseja também redefinir a função de algumas pastas. Fala em renomear o Ministério da Justiça com o complemento “e da Segurança Pública”, enfatizando a necessidade de combater o crime em todo o país.

É uma resposta do tucano a uma das principais preocupações dos eleitores, captadas por várias pesquisas de opinião. Ao adotar essa narrativa, tenta também surfar num momento de intensas manifestações de rua, muitas com atos de violência.

O senador quer que os repasses de recursos federais para uso em segurança sejam mensais e compulsórios para os Estados, “que poderão planejar os seus investimentos”. O tucano diz que nos oito anos em que governou Minas Gerais (2003-2010) ficou esperando recursos para construir penitenciárias. “Sabe quando vieram? Nunca”.

“Hoje, o governo federal é criminosamente omisso no que diz respeito à segurança pública”, acusa.

Aécio, 54 anos, também é a favor da redução da maioridade penal para adolescentes de 16 a 18 anos que cometem crimes graves ou são reincidentes. “Não podemos fazer como o governo do PT: virar as costas”. Dilma Rousseff (PT) e Eduardo Campos (PSB) são contra essa medida.

O tucano acha necessário trazer a inflação anual para o centro da meta, que é de 4,5%. Esse objetivo seria atingido gradualmente, até 2018.

Afirma ser contra uma lei para formalizar a independência do Banco Central. Promete submeter diretores de agências reguladoras ao escrutínio de um órgão externo.

Se eleito, repete, manterá o Bolsa Família e a política de conceder reajustes acima da inflação para o salário mínimo. Não elabora, entretanto, a respeito de como resolver a vinculação do mínimo aos benefícios da Previdência.

Sobre José Serra ser seu candidato a vice-presidente, responde ser “uma possibilidade”.

Sobre drogas ilícitas, é contra a descriminalização. Relata ter fumado maconha no passado. “Quando tinha 18 anos, experimentei maconha e ficou por aí. E não recomendo que ninguém faça”.

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Banco Central pode ficar como está, diz Febraban
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Fernando Rodrigues

O presidente da Febraban (Federação Brasileira de Bancos), Murilo Portugal, acha que o Banco Central tem um funcionamento apropriado e pode ficar como está, sem ampliação de sua autonomia como defendem alguns candidatos de oposição ao Palácio do Planalto.

Em entrevista ao programa Poder e Política, do UOL e da “Folha”, ele disse: “O Banco Central já funciona com independência operacional há bastante tempo. Atua de maneira adequada. Acho que está apropriado”.

O BC é a autoridade reguladora do mercado bancário. Mais autonomia para a autarquia representaria um risco para a indústria bancária.

Primeiro presidente profissional contratado para presidir a Febraban, Murilo Portugal, 65, está no cargo há três anos. Envolveu-se em uma polêmica com o governo federal no início do mandato da presidente Dilma Rousseff, quando os bancos reclamaram da pressão para que baixassem suas taxas de juros.

Sobre esse episódio, Portugal hoje fala pouco. O que ficou? “A importância de realmente trabalhar de uma maneira consistente, permanente, para a redução das taxas de juros e dos spreads bancários no Brasil. Os bancos são a favor disso”.

Indagado então sobre a razão de as taxas de juros cobradas pelo bancos continuarem elevadas, Portugal repetiu a explicação clássica da Febraban sobre os custos operacionais no Brasil serem mais altos do que em outros países.

O discurso da Febraban alinhou-se de uma vez ao do governo. Portugal diz que há um excesso de mau humor sobre a economia que não corresponde ao que se passa de fato no país.

O setor bancário estima para este ano um avanço de 13% a 14% no volume de crédito oferecido. Começa agora também uma fase de mais competição, com o vigor da portabilidade de dívidas de uma instituição para outra: o cliente poderá negociar juros menores e trocar de banco, tudo eletronicamente. Esse processo deve demorar dois dias, segundo Portugal.

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Eduardo Campos fala em meta de inflação de 3%
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Fernando Rodrigues

O pré-candidato a presidente pelo PSB, Eduardo Campos, 48, detalhou a trajetória que deseja para a inflação no Brasil caso venha a ser eleito. Em 2015, manteria a meta em 4,5% ao ano. Nos três anos seguintes, forçaria uma queda para 4%, terminando o mandato sinalizando um percentual de 3%.

Em entrevista ao programa Poder e Política, do UOL e da “Folha”, o socialista disse que a meta de inflação de 3% seria fixada oficialmente para 2019. A definição desse percentual é responsabilidade do CMN (Conselho Monetário Nacional), formado pelos ministros da Fazenda e do Planejamento e pelo presidente do Banco Central, sempre com dois anos de antecedência.

Campos detalhou também sua proposta sobre independência do Banco Central. Se eleito, pretende patrocinar a aprovação de uma lei que dê um mandato de três anos ao presidente do BC, período pelo qual o chefe dessa autarquia não poderia ser demitido. Seria permitida apenas uma recondução.

O reajuste das tarifas de energia e combustíveis, represadas no atual governo, seria feito em até três anos, de maneira gradual, para não causar um impacto muito grande sobre a inflação.

Em terceiro lugar na pesquisa Datafolha (tem 10% das intenções de voto), o pré-candidato tenta encontrar uma brecha entre seus dois adversários diretos na disputa de outubro. Dilma Rousseff (PT) lidera a corrida presidencial com 38%. Aécio Neves (PSDB) tem 16%.

Campos se posiciona como um liberal na economia e na gestão do governo (para atrair eleitores tucanos), mas mantendo os gastos com programas sociais (acenando aos petistas). Na área de costumes, tem posições conservadoras –como quase todos os adversários.

Numa eventual gestão de Campos como presidente, ele promete manter a política de reajuste acima da inflação para o salário mínimo. O número de ministérios cairá para “15 a 20”. Agências reguladoras terão diretores escolhidos com a ajuda de recrutadores profissionais. O Bolsa Família será ampliado e terá algum reajuste no valor do benefício.

As regras atuais sobre aborto têm a aprovação de Campos. Ele é contra a liberalização da prática além do que a lei já autoriza. Também não defende reduzir a maioridade penal e nem tem simpatia por uma política de descriminalização da maconha.

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Relação de Vargas com doleiro “não encontra justificativa”, diz Gleisi
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Fernando Rodrigues

A senadora Gleisi Hoffmann (PT-PR) acha que a relação entre o deputado petista André Vargas, do Paraná, com um doleiro “é um envolvimento que não encontra justificativa para ter acontecido e acaba impactando no PT e na política”.

Em entrevista ao programa Poder e Política, do UOL e da “Folha”, a ex-ministra da Casa Civil afirma que a eventual renúncia de André Vargas ao mandato de deputado “é uma decisão de foro íntimo” que só cabe a ele. “Não me cabe fazer julgamentos nem condená-lo nem absolvê-lo”, declarou.

Antes de ficar conhecida a relação entre Vargas e o doleiro Alberto Youssef, no momento preso, o petista faria parte da coordenação da campanha de Gleisi Hoffmann ao governo do Paraná. A senadora acha que o colega de partido “tem direito de fazer a sua defesa” e “decidir se vai renunciar ou não”. E se ele preferir ficar no Congresso? “As instituições a que ele está ligado, tanto o PT como a Câmara dos Deputados, têm processos próprios de averiguação”.

Na avaliação de Gleisi, mesmo com a renúncia de Vargas o impacto político do episódio tende a se arrastar durante toda a campanha eleitoral deste ano no Paraná. “O fato em si foi muito negativo. Não só para o PT, mas para a política brasileira. É mais uma denúncia, é mais uma descrença na política que a gente tem que recuperar. Não sei se o fato de renunciar, de esclarecer, pode recuperar tudo isso”.

Ao comentar uma reportagem da revista “Veja” que cita um comentário que Vargas teria feito a colegas afirmando que a empresa de publicidade Heads, do Paraná, teria um esquema para favorecer a ela e a seu marido, o ministro Paulo Bernardo (Comunicações), Gleisi respondeu que não há “nenhum fato concreto, a não ser insinuações de que alguém disse que havia alguma coisa”.

Sobre a agência Heads, a senadora disse conhecer Cláudio Loureiro, presidente da empresa. “Temos uma relação cordial com ele, um empresário do Estado, mas nunca tive nenhum serviço prestado pela Heads, que nunca fez nenhuma campanha, nunca me assessorou em nada”, diz.

Uma das mais ativas defensoras do governo no Senado, Gleisi acha que se tornou inevitável a instalação de uma CPI da Petrobras e prefere que a investigação seja a que foi proposta só no Senado, e não no Congresso (que incluiria deputados e senadores).

Até agora o governo jogou com todas as possibilidades de CPI, propondo investigações apenas no Senado e também no Congresso, sempre incluindo a Petrobras e outros casos como o do Metrô de São Paulo (para atingir o PSDB) e sobre o porto de Suape, em Pernambuco (para alvejar o PSB).

A senadora avalia que na semana que vem, depois do feriado de Páscoa, tanto o plenário do Senado como o Supremo Tribunal Federal devem dar resposta a pendências que até agora impediram a instalação da CPI da Petrobras.

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Reajuste de preço controlado deve diluir-se em até 3 anos, diz Coutinho
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Fernando Rodrigues

O presidente do BNDES, Luciano Coutinho, afirma que o represamento das tarifas e de preços controlados pelo governo será resolvido com a diluição de reajustes ao longo de dois ou três anos. Isso evitaria que tudo se concentrasse em 2015, com alto impacto inflacionário.

Nos últimos anos, o governo tem segurado os reajustes de preços que controla. É uma forma de evitar uma disparada da inflação. Empresas e analistas econômicos acreditam que essa política seria suspensa depois de outubro, quando haverá eleição presidencial. Coutinho diz não ser essa a melhor opção.

“Esse processo pode ser diluído em um tempo. Precisamos primeiro aquilatar qual é o real represamento de alguns preços. É um processo que precisa ser feito com devida organização”, argumentou o presidente do BNDES em entrevista ao programa Poder e Política, do UOL e da “Folha”, ressalvando essa não ser a sua área.

O assunto foi tratado quando ele falava do nível de investimentos no país. Como empresas do setor de infraestrutura dependem da política de reajuste de preços administrados pelo governo, a atual de contenção de tarifas terá um impacto nesse setor? Investimentos novos, responde o presidente do BNDES, têm um “período de maturação” de dois a três anos. “Quando o investimento estiver entrando em operação, as coisas já estarão resolvidas”.

Mas e uma empresa já em funcionamento e atuando hoje com o preço defasado? Aí serão usadas “outras ferramentas” para “estimular os investimentos”. Coutinho não quis detalhar quais seriam esses mecanismos, mas a principal forma de atuação do banco é concedendo empréstimos.

O presidente do BNDES esteve ontem [9.abr.2014] em Brasília, entre outros motivos, para um café da manhã com congressistas do Nordeste. Um dos temas do encontro foi o nível de investimentos do banco na região. Na noite anterior, os deputados haviam aprovado um dispositivo dentro de uma medida provisória determinando que 35% dos recursos da instituição terão de ser aplicados no Norte, Nordeste e Centro-Oeste.

O governo é contra esse engessamento. “O essencial é ter uma estratégia de longo prazo, não é carimbar recursos”, declara Coutinho. Se a regra for ratificada pelo Senado, ele defenderá um veto presidencial.

Como já havia dito em outras oportunidades, encerrou-se o ciclo de apoiar “campeões nacionais” –os grandes grupos empresariais que receberam apoio financeiro para crescer e se internacionalizar. Foram criados gigantes na área de alimentos e agricultura, entre outros. O modelo acabou “por falta de opção”, pois o Brasil não dispõe “em outros setores de um conjunto de grandes empresas capacitadas e competitivas a se tornarem atores globais”.

Como este será um ano de ajustes e aperto monetário no governo, o BNDES espera receber menos recursos do Tesouro. Por essa razão, prepara-se para reforçar seu caixa captando no mercado. Uma consequência será oferecer empréstimos cobrando juros mais altos.

Outra fonte possível de dinheiro para o banco é vender ações de sua carteira. Há uma decisão de reciclar os papéis quando o mercado estiver num momento de maior recuperação.

Sobre a política de conteúdo nacional mínimo exigido em grandes projetos, Coutinho diz ser possível fazer um ajuste “circunstancial” quando necessário. Mas não há sinal de que essa diretriz será abandonada. A exceção seria usada apenas em casos específicos, quando for constatado que é necessário acelerar algum setor de infraestrutura.

Coutinho é pernambucano, tem 68 anos e está no comando do BNDES desde 2007. É economista de formação e deu aulas para Dilma Rousseff nos anos 1980, na Unicamp.

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