Blog do Fernando Rodrigues

Arquivo : Polícia Federal

Prisões da Lava Jato criam “tempestade perfeita” no final do governo Dilma
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Fernando Rodrigues

Petista será a presidente mais fraca num início de mandato

Clima ruim na economia e na política se retroalimentam

PSDB agradece: PF agiu no dia de ato tucano pró-Aécio em SP

A megaoperação da Polícia Federal hoje prendendo o ex-diretor da Petrobras Renato Duque e diretores de empreiteiras estreladas confirmam que o final do primeiro mandato da presidente Dilma Rousseff terá um clima de “tempestade perfeita”, com muitos fatos negativos acontecendo ao mesmo tempo.

Para azar do PT e sorte do PSDB, as ações da PF estão coincidindo com um ato tucano pró-Aécio Neves em São Paulo, o maior reduto de oposição petista no país.

Aliás, Dilma Rousseff está fazendo na economia quase tudo aquilo que afirmou que seu adversário (Aécio Neves) faria se fosse eleito. Os juros aumentaram. O preço dos combustíveis foi reajustado. E a inflação continua a não dar sinais claros de que esteja mesmo controlada.

No Congresso, a presidente enfrenta o risco real de um de seus maiores desafetos, o deputado Eduardo Cunha (PMDB-RJ), ser eleito presidente da Câmara. Como se sabe, a porta de entrada de pedidos de impeachment presidencial é o guichê comandado pela Câmara.

Uma das petistas mais ilustres do país, Marta Suplicy, passou metade de 2014 dizendo que Luiz Inácio Lula da Silva seria um candidato a presidente melhor do que Dilma Rousseff. Nesta semana, Marta pediu demissão de maneira estrepitosa de seu cargo de ministra da Cultura –agora vai ser uma “petista de oposição” no Senado, onde ainda desfruta de mais 4 anos de mandato.

A presidente da República –que no momento está na reunião do G20, na Austrália– terá pela frente dias e dias de noticiário sobre mais um ex-diretor da Petrobras preso, junto com vários diretores de empreiteiras conhecidas pela generosidade ao fazerem doações de campanha.

Nem a aparição de algum político ligado a partidos de oposição no meio da Operação Lava Jato amenizará de forma significativa o impacto sobre o PT e o governo federal. Os petistas comandam o país e a Petrobras há 12 anos. Nada justifica falar que “tudo começou no passado”. Até porque, se assim o foi, houve tempo mais do que suficiente para higienizar a maior estatal brasileira.

Tudo considerado, é uma tempestade perfeita para Dilma Rousseff. Terá de compor um governo em meio a uma situação econômica ruim, um clima político instável e poucas perspectivas de reversão do cenário no curto prazo.

Economia capenga e política em polvorosa se retroalimentam. Dilma terá de fazer mais política do que nunca fez até agora, com muito vigor, para consertar o quadro

Dilma será a presidente da República que começará um mandato da maneira mais frágil em muitas e muitas décadas.

HISTÓRICO DAS TRANSIÇÕES
Nunca na volta do país à democracia houve uma transição em meio a um cenário tão negativo como o atual, sobretudo no campo das perspectivas futuras.

Pode-se argumentar que em 1989 o país está em frangalhos, com hiperinflação e um grande descrédito na política tradicional. Mas a eleição de Fernando Collor dava ao eleito o poder de fazer quase tudo –como acabou fazendo– e havia uma certa esperança no ar, pelo desejo dos brasileiros em conter a alta de preços e de abrir o país à competição externa.

Em 1994 e 1998, com Fernando Henrique Cardoso, também houve esperança, em tons diferentes. Quando o tucano foi eleito, o Plano Real empurrou o país para a frente. Na reeleição, havia apreensão e um pouco de baixo astral, mas a oposição ainda era comandada pelo “Lula 1.0”, com discurso vitriólico e pré-carta ao povo brasileiro (que só veio em 2002). Muitos se decepcionaram com o voto dado a FHC em 1998, pois o país entrou numa barafunda econômica em 1999 –mas poucos achavam que Lula teria feito melhor, naquela época.

Em 2002, Lula foi o candidato que fez a esperança vencer o medo. Começou seu mandato muito forte. Em 2006, apesar do mensalão do ano anterior, o petista foi reeleito porque as políticas sociais davam certo, o Brasil crescia a um ritmo acelerado. No começo de 2007, a popularidade de Lula continuou a subir e nunca mais parou.

Em 2010, com mais de 80% de aprovação para seu governo e uma economia bombando com crescimento de 7,5%, Lula fez com extrema facilidade a sua sucessora, Dilma Rousseff.

Agora, o cenário é completamente diferente. Como disse-me um integrante do governo federal petista nesta semana: se o 2º turno da eleição presidencial tivesse sido nas primeiras semanas de novembro, certamente a chance de Aécio Neves (PSDB) ter vencido seria muito maior. E concluiu: “Acho que ele teria sido o vencedor”.

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Dilma começou o dia pregando combate à corrupção
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Fernando Rodrigues

Presidente comemora o aniversário da Proclamação da República…

…e na parte da tarde PF recebeu mandados de prisão de mensaleiros

Coincidência ou não, o feriado da Proclamação da República foi cheio de simbolismos para a política brasileira. Às 7h do dia 15.nov,2013, a presidente Dilma Rousseff comemorou em sua conta no microblog Twitter:

“Hoje comemoramos o 124º aniversário da Proclamação da República. A origem da palavra República nos ensina muito. A palavra República vem do latim e significa ‘coisa pública’. Ser a presidenta da República significa exatamente zelar e proteger a ‘coisa pública’, cuidar do bem comum, prevenir e combater a corrupção”.

Eis a imagem dos posts de Dilma:

Dilma-Twitter-15nov2013

Na parte da tarde, a Polícia Federal começou a receber os mandados de prisão dos réus condenados no processo do mensalão. Justamente no dia da Proclamação da República. E no dia em que Dilma Rousseff começou falando sobre combater a corrupção.

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Comando da PF valoriza mais indicação política do que competência, revela pesquisa com policiais
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Fernando Rodrigues

Os policiais federais estão incomodados com os critérios de promoção no órgão. Segundo pesquisa realizada pela Fenapef (Federação Nacional dos Policiais Federais), 75% dos agentes, escrivães e papiloscopistas da PF afirmam que seu superior hierárquico ocupa a posição de chefia por indicação política, e não por mérito e competência.

O levantamento foi realizado por e-mail entre 6 e 11.jul.2013, com 2.360 servidores, e tem margem de erro de 2 pontos porcentuais. Ele dá o tom do protesto que policiais federais de vários Estados devem realizar na manhã desta terça-feira (16.jul.2013) em Brasília por melhores condições de trabalho. Na mesma data será lançada, no Congresso, a Frente Parlamentar em Apoio pela Reestruturação da Polícia Federal, presidida pelo deputado Otoniel Lima (PR-SP).

Segundo a pesquisa, os agentes, escrivães e papiloscopistas – base sindical pela Fenapef – reclamam que apenas delegados e peritos têm oportunidade de crescimento no órgão: 98% dos entrevistados afirmam que têm menos chances de se desenvolver profissionalmente do que as demais carreiras.

A pesquisa também revela desânimo dos servidores. 91% se sentem subaproveitados pela administração do órgão, 86% não se sentem felizes trabalhando na Polícia Federal e apenas 22% recomendariam a sua carreira para um amigo ou parente.

A Fenapef afirma representar 77% dos servidores da PF. De um total de 15.730 funcionários, 7 mil são agentes, 4.700 são escrivães e 450 são papiloscopistas. O órgão também tem 1.680 delegados, 1.100 peritos e 800 funcionários administrativos.

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Piores órgãos públicos no Brasil são os que cuidam de infraestrutura, diz estudo
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Fernando Rodrigues

Artigo chegou à conclusão ao usar ‘big data’: informações de 325 mil servidores
Escândalos de corrupção têm relação com a capacidade e autonomia de órgãos 

Um artigo acadêmico apresentado na semana passada em Washington (EUA) sobre eficiência da burocracia brasileira concluiu que os piores resultados estão nos órgãos relacionados à infraestrutura. Uma contradição com a imagem de eficiência gerencial que a presidente da República, Dilma Rousseff, vendeu durante sua campanha pelo Planalto em 2010.

Na lanterna do ranking, figuram a Valec, estatal responsável por obras ferroviárias, e a Sudam (Superintendência do Desenvolvimento da Amazônia).

Na outra ponta, entre os melhores órgãos, estão o Banco Central, a Polícia Federal  e a Controladoria Geral da União. Mas isso não significa que eles estão livres de problemas. A Polícia Federal, por exemplo, tem notórias deficiências na vigilância de fronteiras.

Duas características nortearam o estudo: a autonomia e a capacidade de gestão de cada um dos órgãos.

Para chegar a essa conclusão, os pesquisadores Sérgio Praça, do Cepesp, Katherine Bersch, da Universidade do Texas, e Matthew M. Taylor, da American University, fizeram um experimento de “big data”: coletaram informações de 325 mil funcionários públicos obtidas no Portal da Transparência do Governo Federal, no Supremo Tribunal Federal e no Ministério do Planejamento.

Com essa montanha de dados em mãos, definiram 7 variáveis. Quanto maior o tempo médio de carreira, o salário e a proporção de concursados em postos-chave, e menor o número de servidores cedidos por outros órgãos, maior a capacidade. Quanto menor a proporção de funcionários de confiança de baixo e de alto escalão e de servidores concursados filiados a partidos políticos, maior a autonomia.

O resultado foi o gráfico abaixo.

Os pesquisadores também resolveram cruzar os dados com o número de escândalos de corrupção divulgados pela imprensa entre 2002 e 2012. Resultado: há uma relação inversa entre capacidade e autonomia de um órgão e sua vulnerabilidade a corruptos.

Leia a íntegra do artigo (em inglês).

(Bruno Lupion)

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