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Arquivo : PSOL

PSOL obtém assinaturas para criar CPI no Senado sobre listagem do HSBC
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Fernando Rodrigues

Randolfe Rodrigues quer que governo obtenha e informe nome de correntistas

Lula Marques/Folhapress - 5.jul.2012

O senador Randolfe Rodrigues (PSOL-AP) obteve na noite de 4ª feira (25.fev.2015) as 27 assinaturas necessárias para solicitar a instalação de uma CPI no Senado sobre a listagem de correntistas brasileiros da agência do HSBC na Suíça em 2006 e 2007.

Randolfe fará um discurso no plenário do Senado nesta 5ª feira (26.fev.2015) sobre o tema. Ele pede que o Ministério da Fazenda, que comanda a Receita Federal, e o Ministério da Justiça, órgão superior à Polícia Federal, obtenham e informem o nome dos brasileiros que tinham contas na agência do HSBC em Genebra e “condutas ilícitas supostamente imputadas” a eles.

O senador Randolfe também pretende, com a comissão, pressionar veículos de comunicação para que ampliem a cobertura sobre o SwissLeaks. Segundo ele, “apesar do evidente interesse público de um assunto tão polêmico e bilionário, a pauta do ‘SwissLeaks’ vaza na imprensa brasileira pelo esforço quase solitário de blogs e blogueiros desvinculados da grande mídia”. Leia a íntegra de seu discurso.

Cabe ao presidente do Senado, Renan Calheiros (PMDB-AL), analisar se o requerimento da CPI preenche os requisitos necessários e determinar sua instalação.

A listagem de 106 mil clientes de 203 países com conta no HSBC foi retirada do banco por Hervé Falciani, um ex-funcionário da instituição, e entregue a autoridades francesas em 2008. Em 2010, o governo da França passou a compartilhar o acervo vazado do HSBC com outros países que demonstraram interesse –não foi o caso do Brasil até o SwissLeaks vir à tona, em fevereiro deste ano.

O governo federal não tem a listagem completa dos 8.667 brasileiros que eram correntistas do HSBC na Suíça em 2006 e 2007. A Receita Federal afirma estar em contato com autoridades europeias para obter os dados, em atuação coordenada com o Banco Central e o Coaf (Conselho de Controle de Atividades Financeiras).

SWISSLEAKS
A listagem completa foi obtida pelo ICIJ (Consórcio Internacional de Jornalistas Investigativos) numa parceria com o jornal francês “Le Monde”. A investigação foi batizada de SwissLeaks (vazamentos suíços) porque teve origem no maior furto de dados bancários da história. A coordenação da apuração do SwissLeaks no Brasil é feita com exclusividade pelo UOL, por intermédio do jornalista Fernando Rodrigues, que é integrante do ICIJ.

O ICIJ não pretende publicar a íntegra dos arquivos obtidos, em nenhum país. O fundamento desta decisão é explicado no site da entidade. O ICIJ é uma “organização de jornalismo investigativo”, e “publica reportagens que tenham interesse público”. Os arquivos mostram que “alguns clientes algumas vezes foram ajudados pelos funcionários do banco a sonegar impostos e praticar evasão de divisas de seus países”. Já “outras partes dos arquivos são de natureza privada e não têm interesse público”. “O ICIJ não fará divulgação em massa de dados pessoais, mas vai continuar a investigar todos os dados com a ajuda de seus parceiros na mídia”.

O caso está detalhado neste post: “Entenda o caso SwissLeaks-HSBC”.

Leia todas as reportagens do SwissLeaks no site do ICIJ.

Lista revela empresas da Lava Jato em paraísos fiscais

Conheça alguns nomes de brasileiros relacionados na Operação Lava Jato que tinham conta no HSBC

O caso dos 31 proprietários de empresas de ônibus, no Rio, com contas no HSBC

Entenda o SwissLeaks e a forma de apuração e a política editorial do Blog e do UOL no caso

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Luciana Genro no 2º turno: “Dilma não nos representa. Nenhum voto em Aécio”
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Fernando Rodrigues

Dilma está distante do desejo de mudanças que tomou as ruas em 2013

Aécio Neves e o PSDB representam classe dominante e imperialismo

Se aderir ao PSDB, Marina Silva será incapaz de representar a “nova política”

Pedro Ladeira/Folhapress - 22.jun.2014

A candidata derrotada a presidente pelo PSOL, Luciana Genro, acaba de soltar nota oficial nesta quarta-feira (8.out.2014) dizendo que nenhum nome no 2º turno é adequado. “Um segundo turno, quando não nos sentimos representados nele, é muitas vezes mais do veto que do voto”, diz o texto, sugerindo voto nulo para os seguidores do PSOL.

Há nuances, entretanto, na nota de Luciana Genro.  A petista, diz o texto, “está distante do desejo de mudanças que tomou as ruas no ano passado. Seu governo atuou contra as bandeiras mais destacadas de nossa campanha (…) Se Dilma vencer o segundo turno, o PSOL seguirá como oposição de esquerda”.

Já Aécio e seu partido, o PSDB, “são os representantes mais diretos dos interesses da classe dominante e do imperialismo na América Latina”. “Recomendamos que os eleitores do PSOL não votem em Aécio Neves no segundo turno das eleições presidenciais. Não é cabível qualquer apoio de nossos filiados à sua candidatura”.

Sobre a decisão da candidata do PSB, que ficou em terceiro lugar corrida presidencial, a nota do PSOL diz: “A provável capitulação de Marina Silva à candidatura tucana demonstra a sua incapacidade de representar legitimamente o desejo de mudanças expresso nas ruas e comprova que a “nova política” não pode ser um atributo daqueles que aderem tão rapidamente ao retrocesso”.

Luciana Genro começa a nota agradecendo a “cada um dos 1.612.186 eleitores” que votaram nela, dando ao PSOL o 4º lugar na disputa pelo Palácio do Planalto. “A militância do PSOL, que fez a diferença e conquistou, com muita dedicação, esse expressivo resultado”, afirma.

A seguir, a íntegra da nota oficial de Luciana Genro e do PSOL:

Nota do PSOL: Seguir lutando para mudar o Brasil. Dilma não nos representa. Nenhum voto em Aécio.

O PSOL cresceu nas eleições de 2014. Dobramos nossa votação em relação a 2010, num cenário ainda mais difícil. Agradecemos a cada um dos 1.612.186 eleitores que destinaram seu voto ao fortalecimento das bandeiras que defendemos durante a campanha eleitoral. Conseguimos dobrar a representação parlamentar do PSOL, que alcançou cinco deputados federais e doze deputados estaduais. Essas bancadas farão a diferença nos seus estados e no Congresso Nacional na luta por mais direitos. Nosso projeto sai fortalecido das urnas, conquistando o quarto lugar em uma eleição marcada pela desigualdade da cobertura da imprensa, dos erros das pesquisas, do impacto do poder econômico e do desequilíbrio no tempo de televisão. Nada disso teria sido possível sem a militância do PSOL, que fez a diferença e conquistou, com muita dedicação, esse expressivo resultado.

Cumprimos o nosso papel, apresentando a melhor candidata e a melhor proposta para o Brasil. Luciana Genro constituiu-se como a principal referência da esquerda coerente e este é um enorme patrimônio de todo o PSOL. O programa que defendemos é o programa necessário para que se avance em direção a um Brasil justo e igualitário, livre da exploração e de todos os tipos de opressão. Esta foi nossa principal missão política nestas eleições, e avaliamos que a cumprimos bem.

Um segundo turno, quando não nos sentimos representados nele, é muitas vezes mais do veto que do voto. Entendemos que Aécio Neves, o seu PSDB e aliados são os representantes mais diretos dos interesses da classe dominante e do imperialismo na América Latina. O jeito tucano de governar, baseado na defesa das elites econômicas e nas privatizações, com a corrupção daí decorrente, significa um verdadeiro retrocesso. A criminalização das mobilizações populares e dos pobres empreendida pelos governos tucanos, em especial o de Alckmin, nos coloca em oposição frontal ao projeto do PSDB e aliados de direita. Assim, recomendamos que os eleitores do PSOL não votem em Aécio Neves no segundo turno das eleições presidenciais. Não é cabível qualquer apoio de nossos filiados à sua candidatura.

A provável capitulação de Marina Silva à candidatura tucana demonstra a sua incapacidade de representar legitimamente o desejo de mudanças expresso nas ruas e comprova que a “nova política” não pode ser um atributo daqueles que aderem tão rapidamente ao retrocesso.

É preciso também afirmar que, diante do que foi o seu governo e sua campanha eleitoral, Dilma está distante do desejo de mudanças que tomou as ruas no ano passado. Seu governo atuou contra as bandeiras mais destacadas de nossa campanha, como a taxação das grandes fortunas, a revolução tributária que taxe os mais os ricos e menos os trabalhadores, a auditoria da dívida pública, contra a terceirização e a precarização das relações de trabalho, fim do fator previdenciário, a criminalização da homofobia e a defesa do casamento civil igualitário, uma nova política de segurança pública que acabe com a “guerra às drogas” e defenda os direitos humanos, a democratização radical dos meios de comunicação, o controle público sobre nossas riquezas naturais, os direitos das mulheres, a reforma urbana, a reforma agrária e a urgentíssima reforma política, que tire a degeneração do poder do dinheiro nas eleições, reiterado neste pleito, mais uma vez. Por tudo isso, se Dilma vencer o segundo turno, o PSOL seguirá como oposição de esquerda e lutando pelas bandeiras que sempre defendemos, inclusive durante a campanha eleitoral.

A partir destas considerações, o PSOL orienta seus militantes a tomarem livremente sua decisão dentro dos marcos desta Resolução, conscientes do significado sobre o voto no segundo turno, dia 26 de outubro, e agradece mais uma vez a todos o(a)s seus/suas eleitores(as) e apoiadores(as) pela confiança recebida nestas eleições.

PARTIDO SOCIALISMO E LIBERDADE – PSOL
São Paulo, 8 de outubro de 2014.
Nos 47 anos da morte do comandante Che Guevara.

P.S. às 19h50 de 8.out.2014: A primeira versão deste post considerou como textos distintos duas notas enviadas pelo PSOL aos jornalistas na tarde desta 4ª feira. O primeiro trazia considerações somente a respeito de Aécio. O segundo, enviado 5 minutos depois, fazia também referências a Dilma. Após a publicação do post, a assessoria do partido entrou em contato com o Blog e informou que as duas notas eram a mesma. Por erro da campanha, diz a assessoria do PSOL, o primeiro e-mail enviado aos jornalistas trazia apenas metade do posicionamento. O segundo e-mail trouxe a íntegra da nota.

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PSOL recorre à Justiça contra candidatura de Arruda ao governo do DF
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Fernando Rodrigues

Partido defende que ex-governador, condenado nesta 4ª feira, seja barrado pela Ficha Limpa

STF já decidiu que condenações após o registro da candidatura não têm impacto imediato

Sérgio Lima/Folhapress - 29.jun.2014

O diretório do PSOL no Distrito Federal protocolou na manhã desta 5ª feira (10.jun.2014), no Tribunal Regional Eleitoral, ação de impugnação da candidatura do ex-governador José Roberto Arruda (PR), que concorre a mais um mandato no Palácio do Buriti.

O partido afirma que Arruda deve ser barrado pela Lei da Ficha Limpa, pois foi condenado na 4ª feira (9.jul.2014) pelo Tribunal de Justiça do Distrito Federal, por crime de improbidade administrativa relacionado ao escândalo do “mensalão do DEM”.

Na petição, o PSOL diz que a candidatura de Arruda é “ motivo de inquietação e vergonha para a sociedade candanga” e “desafia os mais elementares padrões de ética e moralidade no trato da coisa pública”.

A advogada da legenda, Luísa Hoff, faz menção apenas indireta ao principal argumento de Arruda em defesa da sua candidatura: a ADC (Ação Direta de Constitucionalidade) n° 29, relativa à Lei da Ficha Limpa, julgada pelo Supremo Tribunal Federal em 2012.

Entre outros aspectos da lei, o Supremo pacificou uma dúvida a respeito de quando um candidato deveria ser considerado ficha suja e ser barrado. Está escrito na decisão que a elegibilidade do candidato “como garantia da isonomia entre todos os postulantes à candidatura” será considerada a do “momento (…) do ato do registro da candidatura”. E finaliza: “Esse deve ser o marco temporal único, pois somente assim se colocam em patamar de igualdade todos os postulantes”.

Para que Arruda perca sua condição de elegibilidade seria necessário que o STF reformasse a decisão expressada no resultado do julgamento da ADC 29.

Hoff discorda da decisão do Supremo. Para ela, “somente o apego a um formalismo vazio (…) e contrário aos mais legítimos anseios da sociedade brasileira no combate à corrupção (..) pode reconhecer que a Lei da Ficha Limpa somente se aplica para decisões ocorridas antes do pedido de registro de candidaturas”.

Juliana Selbach, presidente do PSOL no DF, defende que as condições de elegibilidade de um político sejam analisadas até o momento em que a candidatura é deferida pela Justiça Eleitoral. O Tribunal Regional Eleitoral de Brasília tem até o dia 21 de agosto para analisar os pedidos de registro de candidatura e deferi-los ou indeferi-los. É essa brecha que a legenda tentará explorar.

“O registro da candidatura do Arruda ainda não foi feito, há apenas o pedido de registro. Queremos o não deferimento do registro de candidatura”, diz.

Elton Ghersel, procurador-regional eleitoral da 1ª Região, que abrange o Distrito Federal, afirmou por meio de sua assessoria que aguarda o recebimento da íntegra da decisão do TJ-DF para decidir se recorrerá à Justiça contra a candidatura de Arruda.

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Não é hora de protesto contra a Copa, diz Luciana Genro, candidata do PSOL
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Fernando Rodrigues

Depois de incentivar manifestações por vários meses e flertar com o slogan “não vai ter Copa”, o PSOL agora acha que passou da hora de protestar contra o evento. “Não é mais o momento do protesto. Durante os jogos as pessoas querem assistir aos jogos. Isso é natural”, diz a candidata a presidente da República pela legenda, Luciana Genro.

Em entrevista ao programa Poder e Política, do UOL e da “Folha”, ela declara que o PSOL ainda “apoiará qualquer movimento que surja de categorias organizadas”, mas que o partido não vai “inventar processos que não sejam reais, que não venham de fato de uma necessidade objetiva de um setor”. Em resumo, o PSOL está mais moderado a respeito de como age para criticar a Copa do Mundo.

Surpreendeu ao PSOL o fato de a Copa estar sendo realizada sem grandes problemas? “Acho que a expectativa era tão ruim que ao ter saído relativamente [bem] as pessoas se surpreenderam”.

Luciana Krebs Genro tem 43 anos e é filha do governador do Rio Grande do Sul, Tarso Genro (PT). Advogada e ex-deputada federal (2003-2006), foi escolhida pelo PSOL para concorrer ao Planalto no último domingo (22.jun.2014). Ela faz parte de um grupo de políticos expulsos do PT há uma década por se oporem à política econômica do então presidente Luiz Inácio Lula da Silva.

A opção inicial do PSOL na corrida presidencial era o senador Randolfe Rodrigues, do Amapá. Ele desistiu, entre outras razões, por discordar da forma como a legenda criticou a Copa do Mundo nos últimos meses.

A candidata Luciana diz ter “orgulho” por ter sido expulsa do PT “pelo José Dirceu, que hoje está preso” –referindo-se ao ex-ministro da Casa Civil, hoje recolhido a uma penitenciária de Brasília depois de ter sido condenado no julgamento do mensalão.

Com uma campanha modesta, sem grandes recursos, Luciana se recusa a antecipar quem o partido apoiará num eventual segundo turno entre Dilma Rousseff (PT) e Aécio Neves (PSDB). Mas ela admite que “haveria retrocesso com certeza” se o PSDB vier a vencer o PT, pois ocorreriam “mais privatizações”.

Essa avaliação de Luciana significa que é impossível o PSOL algum dia apoiar um candidato do PSDB a presidente. Mas não sinaliza uma adesão automática ao PT no segundo turno da disputa pelo Planalto, até porque o partido faz críticas tanto a Dilma como a Aécio.

A meta do PSOL neste ano é se manter vivo no Congresso, ampliando para até seis os deputados federais eleitos. Luciana fala na possibilidade de chegar a nove cadeiras. Seria um recorde para a legenda –que no momento tem apenas três vagas na Câmara e um senador.

A campanha do PSOL terá forte apelo liberal quando se trata de costumes –a favor da descriminalização do aborto e da maconha. Na economia, prevalece uma agenda da esquerda ultraortodoxa, propondo interromper os pagamentos da dívida pública, sobretudo aos bancos, mas “preservando os interesses dos trabalhadores que têm seu dinheiro nos fundos de pensão”. A Caderneta de Poupança “é intocável”.

Quando sintetiza quem o seu partido teria a combater, Luciana declara: “O grande alvo do PSOL, no governo do Brasil, seria atacar os interesses dos bancos”.

O PSOL também defende revisar certas privatizações. Por exemplo, empresas de energia podem ser reestatizadas se o país vier a ser administrado pelo partido.

Luciana faz críticas a modelos incensados pela esquerda no exterior. “Não vejo Cuba como um país democrático. Tem avanços sociais, mas um país que não tem liberdade de organização partidária eu não chamaria de um país democrático”, declara.

Durante a campanha, o PSOL diz não ter interesse em negociar a participação da legenda em debates de TV com candidatos a presidente. Algumas emissoras pretendem oferecer entrevistas e presença em seus telejornais aos microcandidatos em troca de eles abrirem mão de estar nesses encontros.

“Não vamos abrir mão do nosso direito de estar nos debates. Queremos fazer esse confronto direto com Dilma, Aécio e Eduardo Campos. Botar o dedo na ferida, dizer as coisas que eles não vão dizer. E dizer aquilo que as pessoas querem dizer para eles e não têm a oportunidade”.

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PSOL agiu como esquerda do século 19, diz Safatle
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Bruno Lupion

Professor de filosofia da USP não será mais candidato ao governo de SP

Ele diz ter tido troca de e-mails divulgada e compara situação à NSA

Adriano Vizoni/Folhapress - 6.jul.2012

Vladimir Safatle, professor de filosofia da USP que postulava a candidatura ao governo paulista pelo PSOL, está fora da disputa pelo Palácio dos Bandeirantes.

Irritado com a legenda e o processo de disputa interna, Safatle questiona o tratamento que recebeu e a relação com a direção do partido. No domingo (18.mai.2014), o diretório paulista do PSOL indicou o historiador e cartunista Gilberto Maringoni para seu lugar.

Segundo o professor, a candidatura ao governo paulista nunca foi uma prioridade para o partido e isso tornou o conflito “inevitável”. Ele diz que e-mails privados para a direção da legenda foram publicados sem a sua autorização, o que poderia abrir espaço para uma ação na Justiça.

Safatle compara o desfecho de sua pré-campanha a uma peça de teatro. “É uma comédia que todo mundo vê de longe, os caras da esquerda se matando como se as questões internas fossem as mais importantes do mundo, um vaudeville [gênero teatral] do século 19, mostrando mais uma vez que a esquerda não está madura para apresentar uma alternativa crível”, diz.

O professor coordenou o programa de governo na área da Cultura do então candidato do PT à Prefeitura de São Paulo, Fernando Haddad. Ele chegou a ser cotado para assumir a pasta, hoje comandada pelo ex-ministro Juca Ferreira.

Apesar das críticas severas à direção paulista do PSOL, Safatle descarta trocar de partido. “Não é uma questão de fidelidade, mas de um momento da esquerda nacional, de reconfiguração profunda. Uma esquerda pós-PT, que vai ter que ser criada, e vai ser, com muita dificuldade e algumas situações traumáticas”, diz.

Leia mais detalhes no post abaixo. A seguir, trechos da entrevista:

Por que a sua pré-candidatura ao Palácio dos Bandeirantes naufragou?

A direção do PSOL nunca viu a candidatura a governador [de São Paulo] como uma prioridade, e quando isso ficou claro o conflito tornou-se inevitável. A estrutura que eu pedi era mínima, não dá nem para eleger um vereador em Franco da Rocha [município da região metropolitana de SP]. E ela foi conseguida por outros membros do partido. Eu mesmo me engajei para levantar fundos.

O sr. tinha um orçamento de R$ 300 mil para a campanha, é isso?

Era mais ou menos isso. Eu fui convidado para ser candidato, não pedi para ser candidato. Em abril descobri que não havia recurso algum em caixa. Nada. A não ser uma permuta para [produzir o programa de] televisão. E insisti na necessidade de ter uma aliança de frente de esquerda, mas setores do partido eram muito refratários. Acho que foi isso que inviabilizou. Alguns setores se acomodaram a um tipo de campanha na qual os candidatos majoritários não têm muita função dentro do embate eleitoral. Briguei para que o partido pudesse alcançar em torno de 6%, 7% [dos votos na eleição de governador].

O sr. divulgou que teria obtido os R$ 300 mil necessários. Quem se dispôs a doar?

Pessoas físicas que se entusiasmaram com a candidatura. E existiam outros partidos da frente de esquerda que se dispuseram a colaborar. Devido à inércia do partido, eu tomei a frente do processo. A situação era tal que faltavam as condições mínimas.

O PSOL diz que o sr. enviou um e-mail formalizando a desistência da sua candidatura. Mas o sr. afirma que quem não quis a sua candidatura foi o PSOL. O que ocorreu?

Eu me engajei cotidianamente na articulação da campanha, não foram poucas as vezes em que dei entrevistas e fiz intervenções públicas. Por outro lado, há cerca de 10 dias o PSOL virou para mim e disse: ‘Precisa oficializar a candidatura agora’. Eu perguntei quais eram as condições, e eles disseram que em caixa não tinham nada. Eu respondi que não era possível, que dessa forma não teria condições. Eu tensionei o processo, disse ‘ou damos um jeito, ou estou fora’. Enquanto eles já estavam divulgando a nota sobre minha pré-candidatura, eu ainda estava discutindo com o Randolfe [Rodrigues, pré-candidato do PSOL a presidente da República] as possibilidades para viabilizar a campanha. [A minha resposta] era uma questão de jogo interno. E eles, de uma maneira equivocada, jogaram para o campo externo.

Como o senador Randolfe Rodrigues se posicionou?

O Randolfe tentou intervir, ele sabe fazer as contas. Viu que precisava de um palanque no Estado com o maior colégio eleitoral do país. Sabia que era importante, tentou intervir no processo, mas os setores de São Paulo barraram a intervenção dele, aí aconteceu o que aconteceu.

O sr. poderia relatar como foi a disputa interna?

Eles publicaram inclusive uma troca de e-mails [com a direção do PSOL]. Eu acho que quem fez isso deveria procurar emprego na NSA [Agência de Segurança dos EUA]. Porque fazer pública uma correspondência privada é algo até que eu poderia processar. Sem falar no absurdo que é seu partido ter a palavra ‘liberdade’ no nome e ter membros que fazem coisas dessa natureza. O que vai fazer da próxima vez? Divulgar uma conversa telefônica? [Tensionar durante uma negociação] acontece um milhão de vezes, em todas as negociações políticas, você tensiona o processo para destravar uma situação desfavorável. Se fosse tão simples, as pessoas teriam me ligado e perguntado: ‘Você desistiu mesmo, é para valer?’.

Esse episódio parece uma má peça de teatro, que cheira às coisas mais antigas e problemáticas da esquerda. Quando você tenta eliminar algo que não está disposto a aceitar e começa a jogar nas costas dos indivíduos. Se de fato houvesse interesse [na candidatura ao governo de SP], nada disso teria acontecido. A candidatura nunca foi uma prioridade do partido e eles não tinham coragem de dizer isso publicamente. Mas disseram isso nos atos. E isso ficou claro para 99% da militância. As reações são radicalmente contrárias ao que aconteceu.

É muito triste, porque a população olha isso como se fosse uma grande comédia na qual ela já viu todos os atores e já sabe o que vai acontecer. Está vendo os caras da esquerda se matando como se as questões internas fossem as mais importantes do mundo, enquanto o país está pedindo por um conjunto de propostas e ações que possam surgir como alternativa. Você gasta tempo demais brigando, discutindo, batendo boca com problemas internos, como vai ter tempo para discutir as questões centrais? É uma comédia que todo mundo vê de longe, com se fosse uma comédia antiga, um vaudeville [gênero teatral] do século 19, como se os personagens fossem os mesmos, mostrando mais uma vez que a esquerda não está madura para apresentar uma alternativa crível.

O sr. avalia trocar de partido?

Eu não saio do PSOL por entender que é um partido de muitas frentes, com sensibilidade única. Não é uma questão de fidelidade, mas de um momento da esquerda nacional, de reconfiguração profunda. Uma esquerda pós-PT, que vai ter que ser criada, e vai ser, com muita dificuldade, com algumas situações traumáticas. É uma esquerda que não precisa se mostrar uma alternativa eleitoral, mas precisa ser capaz de mostrar que pode se organizar de outra forma.

Na opinião do sr., o que precisa mudar na esquerda?

Perder o ranço dirigista, centralizador. Não é possível você propor à sociedade um tipo de experiência política e, para dentro do partido, fazer o inverso do que propôs. Daí vem muito do rechaço aos partidos que vimos de forma muito forte a partir de junho de 2013.

O que mais me entristece nesse processo é compreender que não é a primeira vez que isso ocorre. O que aconteceu com a Marina [Silva, em 2010]? Ela tentava representar um tipo de posição ideológica clara. E se viu confrontada com uma burocracia partidária que não tinha outros interesses ideológicos. Não é idêntico ao que aconteceu comigo, mas isso mostra a dificuldade de se agir no Brasil com os partidos que nós temos. Existe uma demanda cada vez mais forte por fazer política de outra forma, e as estruturas partidárias aparecem mais como um bloqueio, e não como um canal.

Por que o sr. aceitou ser pré-candidato pelo PSOL?

Não sou alguém que quer fazer carreira política. Estou feliz como professor. Mas acho que existe uma tradição brasileira de intelectuais que entram pontualmente no debate público, para destravar o fechamento desse debate. Abrir, colocar novas pautas, novas questões. Minha ideia era essa. Entrar nesse processo local, de São Paulo, ligado aos protestos de junho, e depois voltar para a academia. Mostrar que há espaço para um discurso de esquerda mais radical e que ele tem densidade eleitoral. E que é importante explorar esse espaço.

O Brasil caminha para uma polarização crescente da política. Vamos ter um polo orgânico da direita conservadora. O pastor Everaldo [pré-candidato do PSC a presidente da República] tem hoje 2% das intenções de voto. E se terminar com 6%? Acho muito sintomático. A extrema direita não precisa vencer uma eleição para definir a pauta política. Veja a Europa, por exemplo. [Com esse patamar de votos,] ela já puxa o debate para o seu lado. A direita não precisa governar, mas influencia a todo momento o debate. Temo que isso ocorra no Brasil em um futuro próximo. E se não houver um polo à esquerda, para fazer um contrapeso, a política como um todo tende a cair para a direita.

Leia mais no post abaixo.

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Naufraga a candidatura de Vladimir Safatle ao governo de SP
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Fernando Rodrigues

Professor aponta falta de estrutura e diz que seu nome incomodou lideranças

Partido afirma que precisava definir pré-candidato a tempo da convenção

Adriano Vizoni/Folhapress - 9.jul.2012

O PSOL informou no domingo (18.mai.2014) que Vladimir Safatle não será mais seu candidato ao governo de São Paulo. O partido e o professor da USP divergiram sobre estrutura e financiamento de campanha. No seu lugar, o diretório paulista da legenda escolheu o historiador e cartunista Gilberto Maringoni.

Safatle filiou-se ao PSOL em outubro de 2013, em cima do prazo hábil para disputar as eleições deste ano. Ele vinha tentando atrair o PSTU e a Rede, de Marina Silva, em torno do seu nome. Seu rompimento com o projeto de conquistar o Palácio dos Bandeirantes foi pontuado por declarações belicosas.

O professor tinha o objetivo de conquistar de 6% a 7% dos votos, mas imaginava ser difícil alcançar esse patamar sem uma estrutura profissional de campanha e apoio de outros partidos de esquerda.

Safatle havia pedido a garantia de pelo menos R$ 300 mil para contratar uma equipe profissional de 10 a 12 pessoas para as áreas de assessoria de imprensa, consultoria jurídica e pesquisas de opinião. Um orçamento modesto, se comparado aos valores envolvidos na disputa pelo governo paulista.

O PSOL respondeu que não tinha como levantar esse dinheiro –o partido não costuma buscar doações de empresas e realiza campanhas com trabalho voluntário dos militantes.

O professor diz ter encontrado pessoas interessadas em doar o valor pretendido, mas ameaçou desistir da candidatura se a legenda não se comprometesse a buscar mais recursos. O PSOL interpretou a declaração de Safatle como um abandono da disputa e indicou Maringoni para seu lugar.

Ao Blog, Safatle afirma que a direção estadual do PSOL “nunca viu” a candidatura ao Palácio dos Bandeirantes como uma prioridade, e quando seu nome começou a arregimentar apoio na legenda o conflito tornou-se “inevitável˜.

“Quando isso aconteceu, uma parte da burocracia partidária ficou com receio de que a candidatura teria ficado grande demais para algumas lideranças”, diz. Questionado sobre quais lideranças seriam essas, Safatle preferiu não comentar.

Contribuiu para esse desfecho a dificuldade de atrair o PSTU para a aliança. As duas legendas não se uniram para o pleito nacional e o diretório fluminense do PSOL rejeitou uma proposta de coligação local com o PSTU. A Rede, de Marina Silva, também discutiu apoiar o professor, mas a negociação foi interrompida.

Em São Paulo, a maior estrela do partido é o deputado federal Ivan Valente. Egresso do PT, o deputado está no seu quinto mandato consecutivo. O Blog tentou falar com Valente na noite de 2ª feira (19.mai.2014) e deixou recado com o seu assessor, mas não obteve resposta até o momento.

Troca de farpas. O diretório paulista do PSOL e Safatle publicaram versões diferentes sobre o ocorrido. Segundo o partido, Safatle comunicou oficialmente em 10 de maio a desistência da candidatura. Entre os motivos, estariam a “precariedade financeira” do partido e “questões de ordem pessoal e familiar”.

O PSOL também alega que esperou o máximo possível pela decisão de Safatle e havia alcançado um limite cronológico. A convenção estadual do partido ocorre em menos de um mês, em 14.jun.2014, e os militantes pressionavam pela definição de um nome para iniciar a pré-campanha.

Em carta aberta publicada no sábado (17.mai.2014), o professor da USP não passou recibo pelo fracasso da candidatura. “A nota interna emitida pela executiva estadual a respeito de minha pretensa renúncia à candidatura expõe tal questão como se tratasse praticamente de um delírio megalomaníaco de minha parte. Tal visão é simplesmente falsa”, afirmou.

Safatle diz que foi surpreendido, apenas em abril, pela falta de recursos disponíveis no PSOL para sua campanha. “Durante meses ninguém me alertara para isto, expondo a real situação apenas na reta final. Eu amo demais as ideias políticas para deixá-las naufragar por falta de planejamento estratégico mínimo”, escreveu. Ele não descarta, no entanto, disputar futuras eleições pelo partido.

A pré-candidatura de Maringoni deve ser confirmada na convenção estadual do PSOL. Leia no post acima entrevista de Safatle ao Blog.

(Bruno Lupion)

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PSOL terá Randolfe ou Luciana concorrendo ao Planalto
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Fernando Rodrigues

Chico Alencar, sondado como nome de consenso, prefere tentar novo mandato na Câmara

Legenda define na próxima semana quem disputará a Presidência da República

Lula Marques 5.jul.2012/Folhapress

O senador Randolfe Rodrigues (PSOL-AP) fará um ato em Brasília nesta 5ª feira (21.nov.2013) para lançar a sua pré-candidatura a presidente da República em 2014.

Ele disputa a indicação da legenda contra a ex-deputada federal Luciana Genro, do Rio Grande do Sul. O PSOL deve escolher qual dos dois será o candidato do partido a presidente no seu 4º Congresso Nacional, a ser aberto na 6ª feira da próxima semana (29.nov.2013).

Líderes do partido tentaram construir uma candidatura de consenso em torno do deputado federal Chico Alencar (PSOL-RJ), mas o carioca anunciou que preferia se candidatar a um novo mandato na Câmara. Randolfe aguardava uma sinalização de Alencar antes de lançar seu nome.

Segundo a assessoria de Alencar, ele ainda não decidiu se apoiará Randolfe ou Luciana.

Em seu manifesto a ser lançado na 5ª feira, o senador pelo Amapá propõe extinguir o superávit primário, fazer uma auditoria da dívida pública, redirecionar os recursos destinados a pagamento da dívida para áreas sociais e suspender os leilões do pré-sal, entre outros pontos.

Randolfe diz ter o voto de 54% dos delegados eleitos para o congresso do PSOL, além do apoio do atual presidente da legenda, deputado federal Ivan Valente (SP), que elogia a “visibilidade” do senador. “A última pesquisa Ibope mostrou que nenhum dos pré-candidatos dos grandes partidos atende à demanda por mudança. Existe um enorme espaço à esquerda e o PSOL precisa se apresentar com um nome com visibilidade pública, como é o do senador Randolfe”, diz Valente. Segundo ele, o PSOL já decidiu ter candidato próprio nas eleições presidenciais de 2014 e não há “nenhuma chance” de recuar.

Luciana, filha do governador do Rio Grande do Sul Tarso Genro (PT), tem o apoio do deputado estadual Marcelo Freixo (RJ) e alas mais radicais do PSOL. A união de tendências “Bloco de Esquerda” critica a política de alianças do grupo de Randolfe, que teve como ponto alto a aparição do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva na propaganda eleitoral de Edmilson Rodrigues (PSOL), em 2012, na disputa pela prefeitura de Belém (PA).

Aliado de Randolfe, o atual prefeito de Macapá (AP), Clécio Luis (PSOL), também teve apoio do PT, PC do B e PSB no segundo turno das eleições municipais de 2012.

Heloisa Helena, que ficou em 3º lugar nas eleições presidenciais de 2006 com 6,5 milhões de votos (6,8% dos votos válidos) e hoje é vereadora de Maceió (AL), está relativamente afastada da vida partidária do PSOL. Ela apoiou a criação da Rede, de Marina Silva, mas decidiu permanecer na sua legenda após o Tribunal Superior Eleitoral negar a criação do novo partido.

Na disputa presidencial de 2010 o desempenho do PSOL piorou sensivelmente. Plínio de Arruda Sampaio conquistou apenas 886.800 votos (0,87% dos votos válidos).

(Bruno Lupion)

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Artistas pedem saída de Feliciano da Comissão de Direitos Humanos
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Fernando Rodrigues

Caetano Veloso, Frejat, Marieta Severo, Wagner Moura e Maitê Proença assinaram abaixo-assinado.

A Liderança do PSOL na Câmara dos Deputados divulgou hoje (26.mar.2013) uma lista artistas signatários de um abaixo-assinado contra a permanência do pastor e deputado federal Marco Feliciano (PSC-SP) na Presidência da Comissão de Direitos Humanos da Casa.

O manifesto é endereçado ao presidente da Câmara, Henrique Alves (PMDB-RN), e diz que é uma “agressão à cidadania e uma vergonha para o Parlamento” a permanência de Feliciano na comissão. O texto chama o pastor de “parlamentar declaradamente racista, homofóbico, machista, preconceituoso e intolerante, que usa o mandato público para fins privados e excludentes”.

As assinaturas foram recolhidas ontem (25.mar.2013) durante ato organizado pelo deputado Jean Wyllis (PSOL-RJ) na Associação Brasileira de Imprensa, no Rio de Janeiro.

A veracidade dos apoios divulgados foi confirmada pelo deputado Chico Alencar (PSOL-RJ), que esteve presente no evento de ontem. No entanto, ainda não foram publicados os nomes de todos os apoiadores do manifesto, informou a assessoria do partido.

Abaixo, íntegra da nota divulgada pelo PSOL:

“Exmo Senhor Presidente da Câmara dos Deputados

HENRIQUE EDUARDO ALVES:

A permanência de um parlamentar declaradamente racista, homofóbico, machista, preconceituoso e intolerante, que usa o mandato público para fins privados e excludentes, é continuada agressão à cidadania e uma vergonha para o Parlamento brasileiro.

Manifestamos nosso absoluto repúdio a esta situação e cobramos imediata solução.

Rio de Janeiro, 25 de março de 2013.

Assinam, entre outros:

Caetano Veloso – cantor

Frejat – cantor

Aldir Blanc – compositor

Rita Ribeiro – compositora

Nei Lopes – compositor

Rui Faria (ex-MPB 4) – compositor

Preta Gil – cantora

Moacyr Luz – compositor

Marieta Severo – atriz

Wagner Moura – ator

Maitê Proença – atriz

Dira Paes – atriz

Leandra Leal – atriz

Priscila Camargo – atriz

Aderbal Freire Filho – diretor de teatro

Bia Lessa – diretor de teatro”

 

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DEM é “inimigo de classe”, diz Luciana Genro
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Fernando Rodrigues

Líder política do PSOL, ex-deputada rebate discurso conciliador de Clécio Luís, prefeito eleito de Macapá.

A ex-deputada federal Luciana Genro (PSOL-RS), uma das principais líderes do seu partido, envia carta para rebater os argumentos apresentados pelo prefeito eleito de Macapá, Clécio Luís.

Em entrevista ao “Poder e Política“, Clécio, o primeiro prefeito eleito pelo PSOL em uma capital, disse não ver erro em receber apoio de qualquer partido político, inclusive do DEM. Dependente de ajuda do governo federal, ele também não fez críticas ao governo de Dilma Rousseff. Acesse os textos e vídeos da entrevista de Clécio Luís.

Luciana Genro constestou: “Não rompemos com o PT para repetir o mesmo caminho. Por isso não aceitaremos alianças indiscriminadas com os partidos do governo Dilma, que são hoje os gerentes dos negócios do capitalismo brasileiro. Também não apresentaremos inimigos de classe como grandes aliados, como fizeram Clécio e o Senador Randolfe [Rodrigues, PSOL-AP] ao receber o apoio do líder do DEM em Macapá”.

A seguir, a íntegra da carta de Luciana Genro:

Não rompemos com o PT para repetir o mesmo caminho

Por Luciana Genro

Prezado Fernando Rodrigues,

Gostaria de fazer algumas considerações sobre a entrevista que o prefeito eleito Clécio Luís lhe concedeu no programa Poder e Política. Antes de mais nada registro minha avaliação de que o PSOL obteve uma grande vitória política e eleitoral. Nosso partido está ligado ao povo para poder cumprir seu dever de impulsionar as lutas sociais pelas demandas necessárias para melhorar a vida. Num momento em que o capitalismo encontra-se em crise e despejando sobre os trabalhadores, jovens e aposentados o peso desta crise, é decisivo avançar na mesma direção pela qual fundamos o PSOL: organizar um partido por uma nova política, conectada com as lutas anticapitalistas, independente, democrático e socialista.

Mas sempre que um partido aumenta seu peso social as pressões sobre seu rumo político aumentam. Até a classe dominante tenta incidir nas definições de sua linha estratégica. Com o crescimento do peso do PSOL, os debates sobre os rumos do partido tendem a ser tornar públicos. Vou aqui fazer um contraponto ao Prefeito Clécio porque considero que suas posições são bem minoritárias no partido. E seria muito ruim que posições minoritárias erradas apareçam como se fossem do PSOL. Não digo que foi esta a intenção do companheiro, mas se a mesma não tem um contraponto pode parecer assim.

Sobre a política de alianças do PSOL, o prefeito eleito diz que é “daqueles que defende que o PSOL deve ter uma política de reaproximação com o PC do B, com o próprio PPS, com o PV, com o PT”. Em seguida, em relação ao financiamento das campanhas, Clécio diz que a sua posição é de que “ nós podemos aceitar, sim, o financiamento, na atual conjuntura, de empresas e bancos”. Ao final, perguntado sobre uma avaliação do governo Dilma, Clécio limita-se a dizer que é uma continuidade de Lula, e mesmo diante da insistência do repórter nega-se a fazer um juízo sobre a qualidade do governo.

As três questões estão interligadas. É claro que o Prefeito tem todo o direito de propor mudanças no Estatuto e no Programa do PSOL. Mas afirmo, e tenho certeza que falo em nome da maioria da militância do PSOL , estas mudanças não passarão. Não passarão porque nós, que fundamos o PSOL, rompemos com o PT justamente por que este partido abandonou a defesa dos interesses dos trabalhadores. A reforma da previdência, cujo voto contra foi o estopim da nossa expulsão (minha, de Heloísa Helena, Babá e João Fontes), foi o ápice desta mutação do PT, que se transformou em um agente dos interesses do capital. O interesse dos bancos e empreiteiras em financiar o PT não aconteceu por acaso. Deu- se justamente por que o partido, ao ocupar prefeituras e governos estaduais, iniciou este processo de mudança de lado, consolidado ao chegar no gover no federal. Esta é a definição necessária, que Clécio não fez na sua entrevista.

Não rompemos com o PT para repetir o mesmo caminho. Por isso não aceitaremos alianças indiscriminadas com os partidos do governo Dilma, que são hoje os gerentes dos negócios do capitalismo brasileiro. Também não apresentaremos inimigos de classe como grandes aliados, como fizeram Clécio e o Senador Randolfe ao receber o apoio do líder do DEM em Macapá.

Bom exemplo dá o prefeito do PSOL eleito em Itaocara, RJ. Gelsimar Gonzaga anunciou que reduzirá o próprio salário, cortará cargos de confiança e garantirá a participação do povo em seu governo através de Conselhos Populares. A campanha do PSOL no Rio de Janeiro, onde chegamos a 30% dos votos, sem alianças espúrias e sem financiamento de empreiteiras e bancos , mostra que é possível sim uma disputa real pelo poder nas capitais sem mudar de lado.

Nossa atividade eleitoral – campanhas e eventuais vitórias – devem servir para que o PSOL demonstre o sentido da sua existência. Este sentido só é dado pela nossa prática de negação da velha política e pela construção de uma alternativa política e eleitoral que responda aos interesses da maioria do povo. Esta é a grande tarefa colocada para o PSOL, ainda mais desafiadora agora que conquistamos duas prefeituras. De minha parte aposto sempre que a influência da juventude combativa e dos trabalhadores em luta tenham peso cada vez maior nas definições estratégicas de nosso partido. Por isso sempre convido a todos estes para que participem dos comitês, núcleos e plenárias do partido, que tomem o PSOL para si, pois a participação ativa da militância é que pode assegurar um partido cada vez mais conectado com a luta anticapitalista.

Grata pela atenção, Luciana Genro.

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PSDB na frente em 7 de 33 cidades
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Fernando Rodrigues

15 capitais e 18 cidades grandes têm pesquisas novas

PT tem favoritos em 5 cidades; o PSB apenas em 3

Pesquisas de intenção de voto mais recentes, realizadas em junho e julho em 33 grandes cidades, indicam uma liderança do PSDB.

Depois dos tucanos, o partido que mais tem favoritos é o PT, com 5 nomes. Em seguida, vem o PSB, com 3. Com apenas 1 favorito cada estão PTB, PSD, PSOL, PP, PMDB, PDT, DEM.

Há muitas cidades nas quais ainda não está claro o cenário, com vários candidatos embolados na disputa.

O Blog monitora os levantamentos nas cidades do G85 (26 capitais e 59 municípios com mais de 200 mil eleitores). Mas nem todas essas localidades têm ainda pesquisas recentes.

Quando se consideram os 33 grandes municípios para os quais há pesquisas mais recentes, nota-se que em 22 há um candidato favorito (aquele que lidera a pesquisa sem estar empatado com ninguém). Nas outras 11 cidades, a liderança é dividida por candidatos competitivos, mas que estão empatados.

Os quadros abaixo mostram quais cidades têm favoritos e quais têm candidatos empatados. Este Blog é o site de política mais antigo do Brasil. Desde o ano 2000 compila pesquisas eleitorais e as arquiva nesta página. Também estão disponíveis levantamentos de avaliação de popularidade de todos os presidentes brasileiros desde José Sarney. Em 2012 o Blog continua a compilação de pesquisas, já disponível aqui.

As 33 cidades analisadas pelo Blog somam 23,6 milhões de eleitores. Eles são 16,8% dos 140,5 milhões de eleitores regularizados no país, segundo dados do Tribunal Superior Eleitoral (TSE) referentes a jun.2012.

Quando se leva em conta as 22 cidades que não apresentam empate nas pesquisas, é possível comparar o cenário atual dos partidos com o que podem conseguir nas eleições de 7 de outubro.

Esse grupo de 22 municípios têm 19,7 milhões de eleitores. Atualmente, o partido que controla a maior parte é o PSD (9,1 milhões). Mas o PSD se beneficia do fato de comandar, com Gilberto Kassab, a cidade de São Paulo –cujo eleitorado é de 8,6 milhões, o maior do Brasil no plano municipal.

O PT é o partido que mais governa eleitores nos 22 municípios grandes em que já há claramente um favorito para a eleição deste ano. Os petistas comandam um eleitorado de 2,5 milhões. Depois vêm PTB (2,5 milhões), PSB (2,1 milhões), PSDB (1,1 milhão), PMDB (605 mil), PV (526 mil), PP (444 mil), PDT (382 mil) e PC do B (367 mil).

Se o resultado das pesquisas atuais coincidir com o das eleições, o cenário passará ao seguinte: PSDB (10,7 milhões, incluindo São Paulo), PT (3 milhões), PSB (2,5 milhões), PSOL (1 milhão), PTB (553 mil), PDT (526 mil), PMDB (427 mil), DEM (367 mil), PSD (278 mil) e PP (224 mil).

Abaixo, lista com nomes e partidos dos prefeitos atuais das cidades do levantamento:

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