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Arquivo : Taxa de juros

Recessão faz presidente do BC, Ilan Goldfajn, virar alvo interno do governo
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Fernando Rodrigues

Equipe faz pressão para Michel Temer enquadrar BC

Juro é única forma de mitigar recessão no curto prazo

Presidente do BC é “ministro” e só responde a Temer

Governo vê erro na busca de 4,5% de inflação em 2017

O presidente do BC, Ilan Goldfajn, ao ser sabatinado no Senado, em maio

O presidente do BC, Ilan Goldfajn, ao ser sabatinado no Senado, em maio

O novo alvo interno do governo é o presidente do Banco Central, Ilan Goldfajn.

Integrantes da equipe do presidente Michel Temer consideram que existe 1 erro conceitual na crítica à administração federal de forma generalizada quando se fala nos efeitos da recessão e na alta taxa de juros, hoje em 13,75% ao ano. O presidente do Banco Central tem status de ministro. Há anos é subordinado ao presidente da República e não ao Ministério da Fazenda.

Se tem alguém na República que pode chamar Ilan Goldfajn para conversar, essa pessoa é o presidente Michel Temer. Por não ser um especialista em economia e achar que uma manobra malfeita pode ser danosa, o peemedebista não se moveu até agora.

A decisão de Ilan Goldfajn de puxar a inflação para o centro da meta (4,5% ao ano) já em 2017 é a principal crítica ouvida dentro do Palácio do Planalto e adjacências. Essa estratégia obriga o BC a manter os juros nas alturas.

Para muitos integrantes do governo, Ilan Goldfajn se mantém “fora da realidade”, num quadro recessivo com nunca se viu nas últimas décadas.

“A taxa de juros real ficará em 8% a 9%. Uma loucura, quando o mundo pratica quase taxa zero ou perto disso. Só o presidente Michel Temer pode atuar agora”, diz um integrante do altíssimo escalão do governo.

Se mantiver a política de juro alto, o BC pode até conseguir puxar a inflação para 4,5% em 2017. Mas com 1 custo, avalia o Planalto: o governo de Michel Temer poderá nem existir mais para comemorar quando esse dia chegar.

A popularidade de Michel Temer está baixa. O presidente tem dificuldade para conter manifestações de rua contra propostas de seu governo, como a PEC do teto dos gastos e a reforma da Previdência. Amanhã, domingo (4.dez.2016), há manifestações marcadas em várias cidades do país –e a administração federal é um dos alvos.

Embora empresários e políticos façam propostas recorrentes sobre programas de incentivo ao crescimento, no entender da equipe mais próxima de Temer só há uma ferramenta que pode ter efeito imediato para reativar a economia: um corte arrojado e rápido na taxa de juros.

A receita mais ou menos geral ouvida pela reportagem do Poder360 é o BC fazer um “mea culpa”, admitindo que não há condições macroeconômicas para atingir o centro da meta de inflação (4,5%) em 2017. A partir daí, afrouxar a rigidez com que mantém a taxa de juros.

O BNDES, O OUTRO ALVO
Depois do Banco Central, o segundo alvo de ataques internos no governo é o Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social. O BNDES anunciou o cancelamento de financiamentos já contratados e aprovados no valor de US$ 7 bilhões. Por quê? Porque os empréstimos iriam para empreiteiras encrencadas com a Lava Jato: Andrade Gutierrez, Camargo Corrêa, OAS, Odebrecht, Queiroz Galvão.

Para o Planalto, assim como no caso do BC, “falta conexão com a necessidade do país” na atitude tomada pelo BNDES. “Como é possível o BNDES suspender esse tipo de financiamento já contratado? Essas empresas estão sendo investigadas pela Lava Jato, estão fazendo acordos de leniência. São de 1 setor vital para o funcionamento da economia, têm uso intensivo de mão de obra. Ao cancelar os contratos, o BNDES empurra ainda mais a economia para o buraco”, afirma um inconformado colaborador direto de Michel Temer.

A presidente do banco de fomento é Maria Silvia Bastos Marques. Foi indicada por Michel Temer como grande gestora. Mas no mercado, sua imagem não é tão positiva assim. Até porque, ao cancelar financiamentos já concedidos anteriormente o BNDES teria agido olhando mais para a opinião pública (por causa da Lava Jato) e não para a economia.

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Calero foi “indigno”, mas gravação deve ser divulgada logo, diz Temer
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Fernando Rodrigues

Presidente diz estudar fazer registro em áudio de todas as audiências

No Planalto, ao lado de Renan e Maia, promete vetar anistia ao caixa 2

Peemedebista diz ter conversas para tentar buscar “redução dos juros”

Entrevista coletiva do presidente Michel Temer com os presidentes do Senado, Renan Calheiros e do presidente da Câmara dos Deputados, Rodrigo Maia, no Palácio do Planalto. Brasilia, 18-11-2016 Foto: Sérgio Lima / PODER 360.

Renan Calheiros, Michel Temer e Rodrigo Maia em entrevista no Planalto

Em entrevista no início da tarde deste domingo (27.nov.2016), no Palácio do Planalto, o presidente Michel Temer emitiu 3 recados importantes.

       1. Anistia ao caixa 2: disse não apoiar uma eventual anistia ao caixa 2 de campanhas eleitorais passadas. Vetará o dispositivo caso venha a ser aprovado pelo Congresso;

      2. Calerogate: o presidente classificou de “indigno” o ato do ex-ministro da Cultura Marcelo Calero, que admitiu ter gravado uma conversa com Temer. Pediu que o conteúdo da gravação “logo venha a luz”;

      3. Taxa de juros: numa atitude quase surpreendente, ainda que fazendo uma ressalva, afirmou que tem mantido conversas para tentar baixar a taxa de juros básica da economia, a Selic.

 

Ao lado dos presidentes da Câmara, Rodrigo Maia (DEM-RJ), e do Senado, Renan Calheiros (PMDB-AL), Michel Temer pretendeu tranquilizar o meio político e os agentes econômicos e financeiros a respeito das turbulências dos últimos dias.

Esta reportagem é do Poder360 e as informações do repórter Luiz Felipe Barbieri

Temer enfrenta vários reveses ao mesmo tempo. Perdeu 2 ministros em novembro (Marcelo Calero, da Cultura, e Geddel Vieira Lima, da Secretaria de Governo). Calero, para complicar, disse ter registrado em áudio conversas telefônicas com integrantes do alto escalão do governo, além de um diálogo com Temer. A economia continua dando sinais de forte recessão. E em breve haverá os vazamentos de conteúdo de delações de mais de 70 executivos da empreiteira Odebrecht no âmbito da Lava Jato –explicando o que é verdade na chamada “lista da propina“.

Ao se apresentar para uma entrevista num domingo, algo raro, Temer quis demonstrar que está no controle do governo e tem o apoio das duas Casas do Congresso. Sobre a gravação da qual teria sido alvo, tentou sinalizar destemor ao pedir a divulgação rápida do conteúdo –que no momento é analisado pela Polícia Federal.

Ao programa “Fantástico”, da TV Globo, Calero afirmou ter realizado as captações de áudio por sugestão de “amigos” da Polícia Federal. Essa informação é pública desde ontem, sábado (26.nov.2016). Na entrevista do início da tarde deste domingo (27.nov.2016), nenhum repórter questionou o presidente a respeito. Só puderam perguntar repórteres previamente sorteados. O Poder360 estava presente, mas não foi sorteado e não teve como fazer perguntas.

Temer criticou a conduta de seu ex-ministro da Cultura. “Com toda franqueza, eu acho que gravar clandestinamente é sempre algo desarrazoado. Quase indigno. Eu diria mesmo indigno. Mas um ministro gravar o presidente da República é gravíssimo. Se gravou eu espero que essa gravação logo venha a luz. É importantíssimo”, declarou.

Com o intuito de evitar que novas gravações venham a provocar constrangimentos ao governo, o presidente disse que pretende pedir o registro de todas conversas que mantêm em seu gabinete.

“Estou pensando em pedir ao Gabinete de Segurança Institucional que grave, publicamente, não clandestinamente, todas as audiências do presidente da República. Para que todos possam dizer o que podem dizer, e eu possa dizer aquilo devo dizer. Eu vou examinar essa hipótese”, declarou.

Temer, Renan e Maia estiveram juntos neste domingo sobretudo para demonstrar que há consenso na rejeição a um projeto que teria por objetivo anistiar o crime de caixa 2. A proposta seria apresentada por deputados durante a votação do projeto das “10 medidas contra a corrupção”, marcada para 3ª feira (29.nov).

“No tocante a essa questão da anistia dos chamados crimes eleitorais, do caixa 2, há uma unanimidade dos dirigentes do Poder Executivo e do Poder Legislativo (…) Neste caso da questão da anistia, num dado momento, viria para a Presidência da República. Seria impossível o presidente da República sancionar uma matéria dessa natureza”, afirmou Temer.

Acusado de pactuar com líderes na Câmara para aprovação da emenda, Maia esquivou-se. Disse que a polêmica em torno de uma possível anistia ao crime de caixa 2 deu-se em razão de falhas de comunicação.

“Nas discussões com os líderes a nossa intenção nunca foi anistiar crimes (…) Nós começamos a discutir algo que não existe (…) Essa emenda nunca existiu efetivamente. Ela não foi instrumento de apresentação de nenhum parlamentar ou líder partidário. Se ela não foi assinada, ela não existe do ponto de vista do trâmite regimental da Câmara dos Deputados”, declarou Maia.

“Nós estamos aqui fazendo um acordo no sentido de que não haverá apreciação de anistia a crime eleitoral, a caixa 2 ou qualquer crime eleitoral”, ressaltou Renan.

Apesar das negativas de Maia e de Renan, a anistia ao caixa 2 foi efetivamente discutida e quase aprovada na semana passada. Uma forte reação contrária –sobretudo nas redes sociais– fez com que os congressistas recuassem. Havia até um texto redigido para aprovar a manobra.

A apresentação de Temer, Renan e Maia foi no salão leste do Palácio do Planalto. Usaram uma mesa de pequenas proporções. Ficaram próximos uns dos outros. Estavam ombro a ombro, quase apertados. Esse cenário vem sendo usado desde governos anteriores. É comum haver críticas por parte de especialistas em comunicação a respeito do resultado. Na televisão, a imagem fica pobre, quase amadora, conferindo pouca cerimônia ao evento quando se leva em conta a importância institucional das personalidades ali expostas. Para piorar, os 3 protagonistas estavam com aspecto cansado –e o presidente da República exibia os olhos vermelhos.

Eis uma foto de Sérgio Lima mostrando o cenário da entrevista deste domingo (27.nov.2016):

Entrevista coletiva do presidente Michel Temer com os presidentes do Senado, Renan Calheiros e do presidente da Câmara dos Deputados, Rodrigo Maia, no Palácio do Planalto. Brasilia, 18-11-2016 Foto: Sérgio Lima / PODER 360.

Entrevista coletiva do presidente Michel Temer com os presidentes do Senado, Renan Calheiros e do presidente da Câmara dos Deputados, Rodrigo Maia, no Palácio do Planalto

ECONOMIA E JUROS
Em uma de suas intervenções, Temer relatou estar conduzido conversas com o intuito de reduzir a taxa básica de juros, a Selic, hoje fixada em 14% ao ano.

“Eu sei que sempre se coloca em pauta a questão dos juros. Num primeiro momento, houve uma pequena redução dos juros. É uma matéria que a Presidência da República não entra diretamente, porque isso faz parte de uma avaliação técnica do Banco Central.  Mas evidentemente que o objetivo das conversas que eu tenho tido é na busca da eventual redução dos juros no país”, disse Temer.

O Comitê de Política Monetária reúne-se nesta semana para decidir se mantém ou diminui ainda mais a taxa Selic. O anúncio será na 4ª feira (30.nov).

Nenhum dos repórteres presentes perguntou a Temer a que tipo de conversas ele se referia e com quem tem mantido tais diálogos. O Poder360 não foi sorteado entre os que poderiam perguntar.

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