Blog do Fernando Rodrigues

Arquivo : Joaquim Levy

Nelson Barbosa é o novo ministro da Fazenda
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Fernando Rodrigues

Ele sai do Planejamento para o lugar de Levy

Indicação agrada ao PT e aos desenvolvimentistas

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Nelson Barbosa (esq.) com Renan Calheiros: novo titular da Fazenda tem trânsito no PMDB

A presidente Dilma Rousseff definiu na tarde desta 6ª feira (18.dez.2015) que Nelson Barbosa vai substituir Joaquim Levy no Ministério da Fazenda.

Barbosa tem 46 anos e até agora era o titular do Ministério do Planejamento. No segundo mandato de Dilma Rousseff, travou uma batalha constante com o seu colega da Fazenda.

Enquanto Levy buscava sempre uma política econômica mais contracionista, Barbosa defendia alguma flexibilidade na meta fiscal (a economia que o governo faz).

Levy sempre quis uma meta fiscal de 0,7% do PIB para 2016. Barbosa defendia algo perto de zero ou uma banda na qual a meta poderia variar. O Congresso acabou aprovando, com anuência do Planalto, uma meta de 0,5%.

Barbosa foi secretário-executivo do Ministério da Fazenda de 2011 a 2013, quando se desentendeu com o então titular, Guido Mantega, e deixou a função.

Por ter uma visão mais flexível sobre como cortar gastos, Barbosa desfrutou nos últimos meses de boa relação com políticos no Congresso. Tem ótimo trânsito na ala governista do PMDB, liderada por Renan Calheiros, o presidente do Senado.

Joaquim Levy já havia decidido sair do governo há algum tempo. Foi convencido pelo seu ex-patrão, Luiz Carlos Trabuco (presidente do Bradesco), a permanecer na cadeira até o final deste ano.

A nomeação de Levy para a Fazenda se deu depois de uma extensa procura por parte de Dilma Rousseff no final de 2014, quando ela havia decidido substituir o então titular, Guido Mantega.

O ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva pressionou para que o nomeado fosse Henrique Meirelles, que havia comandado o Banco Central nos primeiros 8 anos do PT no poder. Dilma rejeitou Meirelles.

A segunda opção foi o nome de Luiz Carlos Trabuco, um consenso entre Dilma e Lula. Mas aí o próprio Trabuco não demonstrou muito interesse e ofereceu um de seus funcionários no lugar –Joaquim Levy.

Levy foi nomeado com duas missões principais. Primeiro, reequilibrar as contas públicas (que apresentavam déficit por causa das políticas compensatórias adotadas por Lula, na crise econômica de 2008/2009, e depois ampliadas por Dilma). A segunda meta de Levy era convencer as agências classificadoras de risco a não tirarem do Brasil o selo de bom pagador. O ex-funcionário do Bradesco falhou nas duas tarefas.

Para Levy, foi difícil atuar num governo no qual não havia consenso a respeito do que ele fazia. Mais de uma vez a presidente Dilma Rousseff não o apoiou em disputas internas. Mas, ao mesmo tempo, o agora ex-ministro da Fazenda tinha dificuldades no relacionamento com deputados e senadores, que são os que ao final decidem como deve ser aprovado o Orçamento.

GUINADA NA ECONOMIA
Ao escolher Nelson Barbosa, a presidente Dilma Rousseff faz um agrado na ala mais à esquerda do PT e em grande parte de seus aliados no Congresso, sobretudo os que defendem uma política mais desenvolvimentista e menos ortodoxa.

O PMDB, principal partido no apoio ao Planalto, está há meses reclamando com Dilma Rousseff a respeito da atuação de Levy. Numa reunião ontem (17.dez.2015) à noite, Renan Calheiros e outros senadores listaram o que a presidente deveria fazer a partir de agora. Uma das recomendações é dar uma “guinada na economia” para promover algum alívio para os brasileiros no início de 2016.

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Levy foi avisado com antecedência sobre rebaixamento do Brasil
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Fernando Rodrigues

Ministros no Planalto só souberam pela mídia

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Joaquim Levy, que esteve no Senado nesta 4ª feira (16.dez.2015)

O ministro da Fazenda, Joaquim Levy, estava a sós com Renan Calheiros pouco depois do meio-dia de hoje (16.dez.2015) quando um assessor entrou com um pedaço de papel. Era a notícia sobre a decisão da Fitch de rebaixar a nota de crédito do Brasil.

O presidente do Senado leu a informação. Mostrou para Levy. E o ministro: “Eu já sabia”. Deu a entender que tinha sido informado mais cedo a respeito do fato.

PLANALTO POR FORA
Ministros palacianos souberam do rebaixamento da Fitch por meio da mídia. Não foi possível apurar se Levy fez a gentileza de avisar Dilma Rousseff com alguma antecedência.

O vice-presidente, Michel Temer, recebeu a informação na hora do almoço, às 12h40 –um assessor mostrou a ele a notícia num celular.

REINCIDENTE
Quando o Brasil foi rebaixado pela Standard & Poor’s, em 9.set.2015, Levy soube às 14h daquele dia. Não contou para Dilma. A presidente só ficou sabendo por volta de 18h.

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Dilma prepara anúncio de rombo de até R$ 50 bilhões nas contas de 2015
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Fernando Rodrigues

Superávit vira déficit de 0,85% do PIB

Nova meta fiscal deve sair na 5ª feira

Buraco nas contas é recorde histórico

Brasília - O ministro da Fazenda, Joaquim Levy, fala sobre o ajuste fiscal durante sessão plenária da Câmara (Valter Campanato/Agência Brasil)

O ministro Joaquim Levy na Câmara no último dia 14.out.2015

O governo envia para o Congresso nesta semana uma nova meta para o Orçamento de 2015. O ano começou com uma previsão de superávit primário de 1,13% do PIB (R$ 66,3 bilhões). Em julho, caiu para 0,15% (8,8 bilhões).

Agora, o governo finalmente vai admitir que haverá déficit, pois faltará dinheiro para fechar as contas em 2015. O rombo ficará na faixa de -0,5% a -0,85% do PIB. O buraco total, na previsão mais pessimista (a mais provável), equivale a R$ 49,9 bilhões.

Dilma Rousseff estará de volta ao Brasil na 4ª, depois de fazer um giro internacional pela Escandinávia. Vai revisar o que a equipe econômica apresentará de previsão de déficit para este ano. Só então a nova meta orçamentária vai para o Congresso.

Os números estão sendo ajustados pelos ministros Joaquim Levy (Fazenda) e Nelson Barbosa (Planejamento). Colaborou nesta apuração o repórter do UOL Mateus Netzel.

Uma opção para reduzir o percentual do déficit seria expurgar do cálculo determinados investimentos em infraestrutura. Mas há no governo o temor de que isso venha a ser interpretado como maquiagem das contas.

PEDALADAS ZERADAS
O déficit resultará enorme neste ano porque o governo tomou a decisão de incorporar as “pedaladas fiscais” que continuaram a ocorrer em 2015. As “pedaladas” consistem em tomar dinheiro de bancos públicos para pagar certas contas do governo central.

A ideia é terminar o ano zerando esse problema para debelar o risco de impeachment de Dilma Rousseff, caso o processo seja instalado. O principal argumento da oposição contra Dilma é que houve “pedaladas fiscais” agora em 2015.

IMPACTO
Quem sabe fazer contas já poderia ter intuído que haveria déficit neste ano. Mas a oficialização do percentual tem potencial para produzir um abalo nos mercados financeiros.

Será a consolidação do fracasso de política econômica contracionista deste segundo mandato de Dilma Rousseff. Acabou produzindo recessão, mas sem obter a economia necessária para fechar as contas federais no azul.

O anúncio deve aumentar o pessimismo sobre o futuro da economia. Para 2016, o déficit previsto é de 0,5% do PIB. Até agora.

RECORDE HISTÓRICO
Um déficit primário de 0,85% seria o maior já registrado desde o início da série histórica do Banco Central, em 2001. A marca superaria o único déficit primário registrado até agora, no ano passado, de 0,63% do PIB.

O resultado primário é a diferença entre receitas e despesas do governo sem considerar o pagamento de juros da dívida pública.

META FISCAL
A meta fiscal aprovada na Lei de Diretrizes Orçamentárias (LDO) para o Orçamento de 2015 era um superávit de R$ 66,325 bilhões, o equivalente a 1,1% do PIB.

Frente ao quadro de queda na arrecadação e previsão de recessão econômica em 2015, o governo foi obrigado a revisar os números para baixo. Um descumprimento da meta fiscal poderia incorrer em crime de responsabilidade fiscal e municiar pedido de impeachment da presidente.

Para evitar isso, o governo enviou, em 22 de julho, um projeto de lei ao Congresso que altera a LDO e reduz a meta de superávit para 8,747 bilhões, o equivalente a 0,15% do PIB.

O projeto tem como relator o deputado Hugo Leal (Pros-RJ) e se encontra parado na Comissão de Orçamento, onde precisa ser aprovado antes de ser apreciado no plenário do Congresso Nacional.

Uma estratégia similar a essa já foi utilizada em 2014, quando o governo conseguiu aprovar no Congresso uma lei que flexibilizou as metas fiscais e evitou uma responsabilização legal pelo descumprimento da meta.

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Novos cortes irritam CUT e movimentos sociais
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Fernando Rodrigues

Medidas foram mal recebidas por sindicalistas

Haverá atos de protesto já nesta 3ª e 6ª feiras

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O presidente da CUT, Vagner Freitas, em reunião no Planalto em abril

Movimentos sociais organizam-se para ir às ruas contra as medidas de corte de gastos e aumento de impostos anunciadas pelo governo nesta 2ª feira (14.set.2015). A CUT (Central Única dos Trabalhadores), a CSP-Conlutas (Central ligada ao PSTU) e o MTST (Movimento de Trabalhadores Rurais Sem Teto) farão atos nos próximos dias contra o ajuste fiscal e os itens apresentados na proposta de orçamento do ano que vem.

As informações são dos repórteres do UOL Victor Fernandes e André Shalders.

A CUT organiza ato nesta 3ª feira (15.set.2015), em São Paulo. A manifestação será feita por categorias que têm data-base (rediscussão de contratos de trabalho) neste semestre. O grupo reúne-se em frente à sede da Fiesp, na Avenida Paulista. Os atos já estavam marcados antes do anúncio dos novos cortes, mas agora ganharam importância.

Vagner Freitas, presidente da CUT, afirmou que haverá novos protestos contra o adiamento do reajuste de servidores públicos.

“Não vamos aceitar. A crise existe, mas há outras saídas. Não é possível que os trabalhadores paguem por isso”, afirmou. Freitas defende a taxação de grandes fortunas como forma de aumentar a arrecadação da União.

Além de adiar o reajuste de servidores públicos, o governo anunciou a suspensão de concursos públicos previstos para o ano que vem.

O MTST (Movimento de Trabalhadores Sem Teto) irá às ruas a partir da semana que vem. O líder do movimento, Guilherme Boulos, disse que o grupo não aceita as propostas que prejudicam os investimentos do Minha Casa, Minha Vida, principal programa habitacional do governo.

“A crise não pode ser jogada nas costas dos mais pobres. Faremos uma ampla mobilização, pois essas medidas não serão aceitas”, disse ao Blog.

O Minha Casa, Minha Vida (MCMV) terá cortes de R$ 4,8 bilhões. A faixa 1 do programa (voltada para clientes de menor renda) poderá ser custeada com recursos do FGTS, segundo a proposta anunciada ontem (14.set.2015) pelos ministros Joaquim Levy (Fazenda) e Nelson Barbosa (Planejamento).

A CSP-Conlutas organiza protesto nesta 6ª feira (18.ago.2015) contra o governo. Ajuste fiscal e a chamada “Agenda Brasil” serão criticados.

A central reclama da ausência de medidas direcionadas ao “andar de cima” e avalia que os novos cortes apresentados por Levy e Barbosa prejudicarão os assalariados. “Pelo lado dos trabalhadores, significará mais e maiores manifestações”, disse um integrante da central.

Dirigentes da Força Sindical, que já fazia oposição ao governo, disseram que a central engrossará as manifestações, especialmente contra o adiamento nos reajustes de servidores.

“Se até a CUT vai para a rua, é porque a coisa está feia mesmo”, disse o presidente licenciado da central sindical, deputado Paulinho da Força (SD-SP). Paulinho ressaltou que não fala oficialmente pela Força.

O Blog entrou em contato com o presidente atual da Força Sindical, Miguel Torres, que também é o presidente do Sindicato do Metalúrgicos de São Paulo. Ele disse que se o pacote fiscal de Dilma for implantado “vai sobrar de novo para população, que vai pagar o pato”. Para o sindicalista, “aumentar imposto não resolve o problema, afeta toda a sociedade, sobretudo os mais pobres”.

A posição oficial da Força Sindical, disse Miguel Torres, será tomada ainda nesta semana.

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Reunião de 4 horas teve divergências e pouca certeza sobre sucesso do plano
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Fernando Rodrigues

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Levy (Fazenda) e Barbosa (Planejamento), que divergem sobre o ajuste fiscal

Embora o Palácio do Planalto tenha vendido a ideia de que há convergência sobre o ajuste fiscal, o Blog ouviu várias histórias sobre divergências de opinião entre os 14 ministros e 3 líderes governistas presentes à reunião desta 2ª feira (14.set.2015).

O ministro Joaquim Levy (Fazenda) queria anunciar mudanças na Previdência já hoje. Foi contestado por Ricardo Berzoini (Comunicações) e Miguel Rossetto (Secretaria-Geral), entre outros.

Uma das propostas de Levy era aplicar um redutor a todas as pensões concedidas em caso de morte. Isso daria um aumento de R$ 1 bilhão na arrecadação anual para o governo.

Berzoini e Rossetto acharam que a proposta seria bombardeada por movimentos sociais. Disseram que o governo já criou um fórum para debater a reforma da Previdência e seria um erro desprezar o grupo que tem se reunido com regularidade.

Outra divergência importante foi a respeito da forma como o anúncio de hoje seria feito. O ministro da Defesa, Jaques Wagner, defendeu que o governo deveria primeiro se concentrar nos cortes de despesas para provar que está de fato comprometido com o ajuste fiscal. Só num segundo momento seriam anunciados os novos impostos.

Wagner perdeu a disputa e tudo foi empacotado para ser anunciado de uma vez, como desejava o ministro da Fazenda.

Uma outra vitória de Levy foi a respeito do chamado “abono de permanência” que funcionários públicos aposentados recebem quando continuam na ativa. O ministro da Fazenda disse que o corte desse benefício dará R$ 1,5 bilhão extra ao governo por ano.

A reunião e hoje cedo durou 4 horas porque a presidente Dilma Rousseff interrompia várias vezes a apresentação da equipe econômica para alterar frases e detalhes dos slides que seriam apresentados na parte da tarde.

Em algum momento mencionou-se que o vice-presidente da República, Michel Temer, estava em viagem internacional e que seria necessário comunicá-lo sobre o que estava sendo decidido. Dilma Rousseff ficou com a incumbência de falar com Temer e também com os presidentes das duas Casas do Congresso, o deputado Eduardo Cunha e o senador Renan Calheiros.

Ao final do encontro, era mais fácil achar ministros reclamando em conversas reservadas do que o usual em situações desse tipo.

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Levy soube do ‘downgrade’ às 14h de 4ª feira e não avisou Dilma
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Fernando Rodrigues

Ministro da Fazenda não quis compartilhar informação

Planalto ficou sabendo só após 18h, pela imprensa

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Joaquim Levy: soube às 14h do rebaixamento do Brasil, mas não avisou Dilma

Emergiu mais um aspecto da descoordenação dentro do governo da presidente Dilma Rousseff. O ministro da Fazenda, Joaquim Levy, soube do rebaixamento do grau de investimento do Brasil na 4ª feira (9.set.2015) por volta de 14h. O czar da economia não compartilhou a informação nem com sua chefe no Palácio do Planalto.

Dilma e vários ministros palacianos só souberam do fato depois das 18h, quando várias agências de notícias começaram a noticiar a decisão da Standard & Poor’s.

Na 4ª feira, houve grande mal estar no Palácio do Planalto pelo fato de o ministro da Fazenda ter mantido o assunto em reserva. Um dos argumentos para o sigilo seria não permitir vazamentos enquanto o mercado financeiro ainda estivesse em funcionamento –mas ministros ouvidos pelo Blog consideraram extravagante deixar a presidente da República desinformada.

O fato é que Joaquim Levy já sabia desde a semana anterior, quando jantou com empresários em São Paulo, que a Standard & Poor’s estava para tomar uma decisão sobre o grau de investimento do país. O Planalto acha que o ministro da Fazenda errou ao não traçar uma estratégia previamente para o caso de confirmação do downgrade.

Nessas ocasiões o governo tenta preparar outras notícias para se contrapor ao fato negativo. É uma guerra de marketing difícil de ser vencida. Mas estar desprevenido degrada ainda mais o ambiente político.

Pior do que não planejar o governo internamente para reagir à notícia, Levy enclausurou-se na sede do Ministério da Fazenda em São Paulo na última 4ª feira. Quando soube do downgrade, Dilma Rousseff havia determinado que ele falasse à imprensa. A grande preocupação do Planalto nessas horas é saber como o “Jornal Nacional”, da TV Globo, vai noticiar o assunto –trata-se do telejornal de maior audiência no país.

No início da noite de 4ª feira, uma equipe do “Jornal Nacional” estava em frente ao Ministério da Fazenda em São Paulo tentando entrar no edifício para entrevistar Levy. Os jornalistas não tiveram sucesso. Telefonaram para pedir ajuda ao Palácio do Planalto, que tentou liberar a entrada. Não deu certo. A ordem para impedir a reportagem do telejornal entrar era do próprio ministro.

A nota oficial de Levy sobre o downgrade só ficou conhecida por volta de 22h. Foi quando ele também concordou em conceder a entrevista a outro telejornal da maior emissora do país, o “Jornal da Globo”. Tudo foi improvisado e o resultado (imagem e conteúdo) foi considerado um desastre pelo governo.

A entrevista ao “Jornal da Globo” foi ao ar já na madrugada de 5ª feira (10.set.2015). O ministro ficou instalado numa cadeira num nível abaixo da dos apresentadores, numa posição que evocava subserviência e fragilidade. Eis a imagem:

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O ministro da Fazenda numa cadeira em nível mais baixo que o dos apresentadores da TV Globo

Levy e parte de sua equipe continuam descontentes com a condução da política econômica de Dilma Rousseff. Um setor  da mídia tem tentado ajudar o ministro propagando versões edulcoradas da conjuntura, afirmando que ele teve sucesso nos últimos dias em convencer a presidente de que a “ficha caiu” a respeito da crise. Nada disso está acontecendo.

Dilma Rousseff continua sem certeza sobre o tamanho dos cortes que necessita fazer no Orçamento de 2016 para preencher o rombo inicialmente previsto na casa dos R$ 30 bilhões. A posição ortodoxa de Levy sobre mais cortes e alguns impostos continua sendo minoritária no Planalto.

O ministro e o secretário da Receita Federal, Jorge Rachid, estavam demissionários na 4ª feira da semana anterior, dia 2 de setembro. Ficaram em suas cadeiras apenas após o presidente do Bradesco, Luiz Trabuco, conversar com Dilma Rousseff. Foi por essa razão que naquela data houve um jantar com pesos pesados do PIB para recepcionar Levy em São Paulo.

Mas o ministro disse de maneira clara a todos naquele jantar do início do mês: vai tentar mais um pouco a implantação do ajuste fiscal, até por volta do fim do ano. E se não tiver sucesso? Aí terá de sair.

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Levy, um ministro prostrado
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Fernando Rodrigues

Imagem na Globo mostra czar da economia diminuído

Declarações indicam contraste entre discurso e ação

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Em entrevista ao “Jornal da Globo”: Joaquim Levy, o incrível ministro que encolheu

O ministro da Fazenda, Joaquim Levy, apareceu na madrugada desta 5ª feira (10.set.2015) dando uma entrevista ao “Jornal da Globo”, na TV Globo.

A improvisação que marcou a gestão de Levy à frente do Ministério da Fazenda até agora talvez nunca tenha estado tão bem retratada como nas imagens dessa entrevista (reprodução acima), acertada de última hora. Os apresentadores aparecem num patamar mais alto, na bancada do telejornal. O ministro estava sentadinho numa cadeira instalada num nível mais abaixo, com as mãos juntas e os pés obsequiosamente cruzados.

Quem já viu alguma vez a forma como marqueteiros do governo negociam as aparições públicas de autoridades sabe muito bem que a presença de Levy no “Jornal da Globo” foi, do ponto de vista imagético, um desastre. Foi tudo improvisado, pois o titular da Fazenda precisava explicar o que o governo achava da perda do grau de investimento do Brasil segundo a agência S&P.

Mas, para além da imagem, há o que Levy falou. Suas declarações são o epítome dos desencontros entre o que o governo diz fazer e o que faz realmente. Eis dois exemplos marcantes:

1) Cortes de despesas: “A gente vai ter que fazer essas escolhas. Qual vai ser exatamente o imposto, quanto vai ser, qual vai ser exatamente o corte, a gente vai conversar, foi isso o que Congresso pediu para a gente, e depois, eu acho que nas próximas semanas, o governo vai ter que fazer isso com muita clareza. Agora, todo mundo vai ter que estar envolvido nisso e é um desafio para cada um de nós”.
Contexto: Levy participa de um governo que está há 12 anos, 8 meses e 10 dias no Palácio do Planalto. Como é possível que só agora a administração federal tenha pensando em fazer uma análise sobre o que pode ser cortado? Até porque, segundo a presidente da República (em entrevista ao “Valor”), já em novembro do ano passado (2014) ficou claro para todos o tamanho da crise.

2) Meta fiscal (economia a ser feita no Orçamento): “Nós queremos equilíbrio fiscal. A gente quer atingir a meta que é necessária para trazer tranquilidade para a economia brasileira”.
Contexto: mas se é assim, por que foi enviada uma proposta de Orçamento para 2016 ao Congresso prevendo um rombo de mais de R$ 30 bilhões? O governo não teve tempo de pensar no que cortar, apesar de Joaquim Levy estar no comando da Fazenda desde 1º de janeiro de 2015 (aliás, estava no comando informal desde novembro de 2014)?

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Garantia para meta de superávit virá “nas próximas semanas”, diz Levy
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Fernando Rodrigues

Governo vai enviar propostas ao Congresso

Fazenda quer discutir “gastos e receitas”

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Joaquim Levy: virou ministro para consertar a economia, mas o Brasil foi rebaixado

O ministro da Fazenda, Joaquim Levy, emitiu uma nota oficial para comentar o rebaixamento do grau de investimento do Brasil pela Standard & Poor’s. Afirma que “o processo para se garantir a meta de superávit primário de 0,7% do PIB em 2016 será completado nas próximas semanas com o envio de propostas na área de gastos e receitas discutidas com o Congresso Nacional”.

Segundo Levy, haverá também “nos próximos meses a ações legislativas de caráter estrutural para aumentar a eficiência, previsibilidade e produtividade da economia”. O ministro não detalha quais são essas ações nem como serão as propostas para se chegar ao superávit de 0,7%.

Eis a íntegra da nota de Joaquim Levy:

Nota do Ministério da Fazenda

Em face da nova avaliação da nota de crédito de longo prazo em moeda estrangeira pela agência Standard & Poor’s (S&P), o governo brasileiro reafirma seu compromisso com a consolidação fiscal.

O governo entende que o esforço fiscal é essencial para equilibrar a economia em um ambiente global de incerteza e, juntamente com iniciativas microeconômicas, aumentar a produtividade do país e criar as condições para a retomada do crescimento na esteira do fim do boom das commodities.

Esse esforço complementa as medidas macroeconômicas tomadas desde o começo do ano que já tem se refletido no processo de reequilíbrio das contas externas e na queda das expectativas de inflação para 2016 e 2017 entre outros indicadores.

O esforço fiscal em 2015 se traduziu na redução de subsídios em empréstimos, o corte de R$ 78 bilhões de despesas discricionárias e na votação de importantes medidas de redução de renúncias fiscais e reforma do seguro desemprego e pensões.

O projeto de lei orçamentária para 2016 incorpora importante disciplina nas despesas discricionárias e esforços de gestão para reduzir as despesas obrigatórias.  O processo para se garantir a meta de superávit primário de 0,7% do PIB em 2016 será completado nas próximas semanas com o envio de propostas na área de gastos e receitas discutidas com o Congresso Nacional, em paralelo nos próximos meses a ações legislativas de caráter estrutural para aumentar a eficiência, previsibilidade e produtividade da economia.

Joaquim Levy
Ministro da Fazenda

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Com rebaixamento do Brasil, Dilma perdeu junto o “grau de governabilidade”
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Fernando Rodrigues

Lulistas pedem troca de equipe palaciana

Mercadante, Rossetto e Cardozo estão na mira

Pressão por reforma ministerial fica mais forte

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Dilma: agora, mais frágil com a perda do grau de investimento do Brasil

Bastou a agência de avaliação de risco Standard & Poor’s (S&P) cortar hoje (9.set.2015) a nota de crédito brasileira para petistas-lulistas sugerirem trocas imediatas na equipe da presidente Dilma Rousseff.

Para a ala lulista do PT, a perda do grau de investimento do Brasil representa também uma grande derrota para a presidente Dilma Rousseff e sua equipe, que teriam perdido o “grau de influência na própria administração”, como ouviu o Blog.

Uma corrente no PT acha que os indicadores econômicos e financeiros devem se degradar nesta 5ª feira (10.set.2015). “O dólar vai a R$ 4 amanhã?”, perguntou um ex-ministro dilmista. A pressão por uma reforma ministerial será mais forte do que o usual.

O desejo dos lulistas neste momento é trocar a trinca de ministros que mais apoia a presidente: Aloizio Mercadante (Casa Civil), Miguel Rossetto (Secretaria-Geral da Presidência) e José Eduardo Cardozo (Justiça).

“Ela tem de entregar o governo para o Lula, trocar esses ministros e se contentar em ser uma rainha da Inglaterra. Se não fizer isso, não termina o governo”, foi a frase de um graduado petista.

“Entregar o governo para o Lula”, no caso, significa deixar que o ex-presidente nomeie pessoas de sua confiança para cargos relevantes no Planalto, a começar pela Casa Civil –com a saída de Mercadante.

Outro que tem sua permanência considerada difícil é o ministro da Fazenda, Joaquim Levy. Ele entrou para o governo justamente para tentar evitar a perda do grau de investimento.

Pode-se argumentar que o czar da economia foi sabotado por integrantes do governo, inclusive pela própria Dilma. Mas o “job description” de um ministro da Fazenda é também ter a habilidade para construir consensos e fazer política. Levy foi incapaz de construir consensos e absolutamente incompetente quando tentou fazer política.

A presidente prometeu fazer uma reforma em setembro, cortando de 39 para 29 o número de ministérios. Havia dúvidas sobre a exequibilidade dessa ideia –entre outras razões porque várias personagens importantes do governo, inclusive Dilma, têm viagens internacionais marcadas para este mês.

No próximo sábado (12.set.2015), o vice-presidente Michel Temer embarca para uma viagem internacional (Rússia e Polônia). Leva junto vários ministros do PMDB. Deve estar de volta a Brasília só em 21.set.2015

Mas aí é a presidente quem viaja: embarca para os EUA em 25.set. Ela discursa na abertura 70ª Assembleia Geral da ONU, em Nova York, em 28.set. A petista deve estar de volta ao Brasil em 29.set.

PRESIDENTE TEMER
A propósito: Michel Temer assume o comando do Planalto de maneira interina por até 5 dias, durante a viagem de Dilma a Nova York.

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Pesos pesados do PIB acertaram com Levy condições para apoiar o governo
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Fernando Rodrigues

Levy-Foto-Foto-JoseCruz-Agencia-Brasil-07.jun.2015

O ministro Joaquim Levy, que teve encontro reservado com empresários na 4ª feira

Reunião foi na 4ª feira, em São Paulo

Durante encontro, ligaram para Dilma

3 condições foram apresentadas:

a) manter o grau de investimento do país
b) buscar meta de 0,7% de superávit em 2016
c) cortar subsídios e programas do governo

 

Um grupo com 9 dos mais importantes empresários brasileiros recebeu Joaquim Levy na 4ª feira (2.set.2015) à noite em São Paulo. No encontro reservado, quase secreto, apresentaram as condições para continuar a apoiar o governo, a gestão da economia e a própria permanência de Levy no cargo de ministro da Fazenda.

A agenda tem três pontos: 1) fazer todos os esforços para que o Brasil mantenha o grau de investimento dado por agências de classificação de risco; 2) buscar um superávit de 0,7% do PIB na execução das contas de 2016 e 3) promover um forte corte em subsídios e programas governamentais para atingir essa meta.

Estavam representados na reunião de 4ª feira, pelo menos, 8 dos 10 maiores grupos empresariais nacionais. Por volta de 23h30, decidiu-se que era importante, na frente de Joaquim Levy, telefonar para a presidente Dilma Rousseff e relatar o que estava sendo tratado. A missão coube a um dos presentes, um empresário do Rio do de Janeiro.

O telefonema foi realizado, Dilma atendeu e foi informada sobre os temas em discussão.

Todos no encontro estavam preocupados com a proposta de Orçamento para 2016 contendo um déficit de 0,5% do PIB. O empresário ao telefone disse a Dilma que era vital para o país perseguir e obter a meta de superávit de 0,7% em 2016.

Ficou claro na conversa que os empresários brasileiros davam apoio à posição de Joaquim Levy, considerado mais liberal e confiável do que os ministros Nelson Barbosa (Planejamento) e Aloizio Mercadante (Casa Civil).

Os empresários –e isso foi dito a Dilma– avaliam que a perda do grau de investimento terá efeitos catastróficos para o país. Haverá aumento do custo para captar empréstimos. A recessão se aprofundará, produzindo mais desemprego.

A situação política retroalimentará a crise. O país poderá então entrar em território desconhecido e com risco de esgarçamento das instituições.

Na 5ª feira (3.set.2015) pela manhã, o dia seguinte ao encontro de empresários em São Paulo, Dilma chamou Joaquim Levy para uma conversa pessoal em Brasília. Ao final, a presidente ordenou a vários ministros que dessem entrevistas dizendo que o ministro da Fazenda estava mantido no cargo.

A realidade é que a permanência de Levy está diretamente relacionada à capacidade de o governo atender aos 3 pedidos dos empresários reunidos na última 4ª feira em São Paulo.

Durante a reunião com os empresários, Levy chegou a falar sobre a dificuldade de conseguir o superávit de 0,7% apenas cortando gastos –porque há muitas resistências do governo em eliminar programas e subsídios.

Levy perguntou aos presentes: como cortar o Orçamento se existem uma infinidade de despesas obrigatórias e muita pressão de setores do governo para manter certos programas sociais? Foi quando um dos empresários respondeu de maneira bem direta: “Tem de cortar porque não tem dinheiro”.

Os empresários reagiram de maneira difusa à sugestão de criar algum tipo de imposto.

Alguns até disseram ser possível uma nova taxa, na condição de ser temporária. Outros foram mais refratários. “Temporário no Brasil quase sempre vira permanente”, disse um dos presentes. Todos ao final cobraram primeiro os cortes mais duros antes que impostos fossem criados.

Números foram apresentados sobre programas que poderiam ser cortados. Até o relativamente novo vale cultura foi citado como penduricalho que drena recursos do governo e poderia ser extinto. Não houve consenso sobre quais seriam exatamente os cortes.

Dentro de uma semana, o grupo pretende ter uma minuta com sugestões para promover um enxugamento nas despesas da proposta de Orçamento de 2016.

Joaquim Levy em alguns momentos soltou frases enigmáticas. Por exemplo, ao dizer que o cenário estava mudando muito rapidamente. “O futuro é incerto”, disse o ministro. “Será que é com o Temer?”.

A citação a Michel Temer foi interpretada por alguns como uma espécie de incerteza de Levy sobre as condições de o atual vice-presidente da República assumir e melhorar a conjuntura do país.

O ministro da Fazenda disse aos presentes que a presidente da República estava ciente de que o quadro está “mais grave”.

Os empresários saíram do encontro de 4ª feira já na madrugada de 5ª. Alguns só deixaram o local por volta das 2h da madrugada do dia 3.set.2015.

Apesar da seriedade e da dramaticidade que os empresários empregaram às conversas de 4ª feira, a embocadura geral do grupo é a de tentar  ajudar a tirar o país da atual situação de crise política e econômica. É desse mesmo grupo a ideia de fazer uma “lei de responsabilidade gerencial” para empresas estatais –tema encampado pelos presidentes da Câmara, Eduardo Cunha, e do Senado, Renan Calheiros.

“O mais importante é fazer o que nós pudermos para ajudar. Todos estão comprometidos e vamos ajudar nessa direção”, diz Josué Gomes da Silva, da Coteminas, um dos participantes da reunião de 4ª feira –mas que saiu um pouco mais cedo e não presenciou o telefonema dos empresários para a presidente da República.

Josué, bem-humorado, gosta de dizer que a Brasília se aplica uma frase cunhada por Winston Churchill (1874-1965) sobre “fazer a coisa certa depois de se esgotarem todas as demais alternativas”. O empresário da Coteminas brinca: “Às vezes, a lista de ‘alternativas’ em Brasília é muito longa”.

No final do encontro, segundo apurou o Blog, os presentes não se mostraram seguros de que o governo poderá cumprir as 3 condições apresentadas a Dilma Rousseff. Mas todos têm duas certezas.

Primeiro, que sem o superávit de 0,7% do PIB em 2016 o país está fadado a perder o grau de investimento. Segundo, que se nos próximos 1 ou 2 meses não ficar claro qual será o rumo da economia, a sustentação a Joaquim Levy vai se liquefazer e o ministro da Fazenda poderá deixar o cargo.

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