Blog do Fernando Rodrigues

Arquivo : Marina Silva

PSB considera apoiar Marina de novo em 2018, diz herdeiro de Eduardo Campos
Comentários Comente

Fernando Rodrigues

O governador eleito de Pernambuco e um dos líderes emergentes do PSB, Paulo Câmara, 42 anos, afirma que seu partido tem “muitas convergências” com Marina Silva e que é possível reeditar a aliança com a ex-senadora na eleição presidencial daqui a 4 anos. “Em 2018 é muito provável que nós estejamos juntos de alguma forma. Ou ela [Marina] nos apoiando, ou nós apoiando ela”, diz.

Em entrevista ao programa “Poder e Política”, do UOL, Paulo Câmara diz que o PSB tentará construir alguma candidatura presidencial para 2018 em contraposição à do PT. Nesse projeto, Marina Silva é uma das possibilidades reais, mesmo que ela saia da legenda para fundar oficialmente sua própria agremiação a Rede Sustentabilidade.

Depois da morte de Eduardo Campos, em 13.ago.2014, Marina assumiu o posto de candidata a presidente pelo PSB neste ano. Uma parte da cúpula do partido não ficou satisfeita, como Carlos Siqueira, que deixou o comando da campanha. Siqueira é agora o presidente nacional do PSB e na 5ª feira (27.nov.2014) voltou a fazer declarações rudes a respeito de Marina.

“Nunca a consideramos do PSB. Temos visões de mundo e de vida distintas e programáticas e portanto cada um vai seguir seu caminho na hora em que deseja”, declarou o pessebista logo depois de o partido concluir uma reunião de sua Comissão Executiva Nacional, em Brasília. Apesar da beligerância de Siqueira, a opinião de Paulo Câmara é diversa. O governador eleito, um dos herdeiros de Eduardo Campos, acredita não haver obstáculos para uma aliança futura nos moldes da que se deu neste ano.

Na reunião de sua direção na 5ª feira, o PSB decidiu que manterá o que chama de “posição de independência” em relação à administração federal de Dilma Rousseff (PT). No segundo turno da disputa presidencial, o comando pessebista já havia apoiado o tucano Aécio Neves.

Só que o PSB tentará evitar ser confundido com o PSDB a partir de agora. “Não vamos ser oposição por ser oposição”, declara Paulo Câmara. Na realidade, o governador eleito de Pernambuco pretende estabelecer uma relação de confiança e parceria com o Palácio do Planalto, pois dependerá de Dilma Rousseff para tocar vários projetos no Estado.

Uma demonstração do que significa ser “independente” e não “oposição por oposição” está no posicionamento do PSB sobre a polêmica atual a respeito de meta de superávit do governo. O Palácio do Planalto pretende alterar a LDO (Lei de Diretrizes Orçamentárias) porque não conseguiu conter os gastos neste ano. Os deputados pessebistas são contra. Já os senadores do partido aceitam a proposta dilmista, segundo Paulo Câmara.

Se a LDO não for alterada estaria configurado o crime de responsabilidade de Dilma Rousseff, passível de punição até com um impeachment? O futuro governador de Pernambuco considera essa interpretação “um exagero”.

Embora classifique o PSB como partido de esquerda, Paulo Câmara se alinha a alguns pensamentos conservadores. Por exemplo, é contra flexibilizar as leis que tratam de drogas e aborto no Brasil.

Sobre as acusações contra Eduardo Campos no âmbito da Operação Lava Jato, que investiga casos de corrupção na Petrobras, afirma que todos no PSB serão “incansáveis” na defesa do ex-governador pernambucano.

As referências a Campos foram constantes nesta entrevista ao UOL. Formado em economia e mestre em gestão pública, Paulo Câmara deve sua carreira ao ex-líder do PSB. Auditor do Tribunal de Contas de Pernambuco, foi nomeado em 2007, aos 35 anos, secretário da Administração na gestão de Campos.

Paulo Câmara era desconhecido dos pernambucanos no início da campanha: tinha apenas 11% de intenção de votos em julho de 2014. Virou a disputa e venceu Armando Monteiro, do PTB, no primeiro turno, com 68% dos votos válidos.

Quando indagado sobre sua futura administração, afirma que continuará a governar como Campos. Instado a citar uma meta, aponta a necessidade de universalizar o ensino em tempo integral em toda a rede de escolas públicas de Pernambuco.

Leia a entrevista completa.

O blog está no Google+, Twitter e Facebook.


Logo de Aécio no 2º turno é similar ao de Marina no 1º
Comentários Comente

Fernando Rodrigues

Reprodução

O logotipo lançado no segundo turno pelo candidato do PSDB a presidente da República, Aécio Neves, cuja propaganda estreou nesta 5ª feira (9.out.2014), tem  semelhança com o usado pela candidata derrotada do PSB, Marina Silva. Acima, as duas imagens.

Marina ainda não declarou apoio a Aécio.

O blog está no Twitter e no Facebook.


Marina será acusada de ir “para a direita” se apoiar Aécio, diz Amaral
Comentários Comente

Fernando Rodrigues

Presidente nacional do PSB diz que situação da candidata derrotada é “incômoda”

O presidente nacional do PSB, Roberto Amaral, disse na madrugada desta segunda-feira (6.out.2014) que Marina Silva está numa situação “incômoda”.

Se a terceira colocada na corrida presidencial decidir-se por apoiar Aécio Neves (PSDB) na disputa de segundo turno, pode ser acusada de “ir para a direita”. A frase de Amaral foi dita no programa “Canal Livre”, da TV Bandeirantes.

Por outro lado, se Marina decidir-se por apoiar Dilma Rousseff (PT), estará indo contra o discurso sobre renovar a política que pregou durante o primeiro turno.

A provocação de Amaral foi uma reação ao que parece ser o caminho natural de sua candidata a presidente a partir de agora. É que na sua primeira aparição após a derrota, Marina sinalizou que poderia apoiar Aécio Neves.

Roberto Amaral afirmou que, pelo que conhece de Marina Silva, acha que ela pode acabar não apoiando ninguém no segundo turno –e aí seria classificada de “omissa”.

A neutralidade de Marina é o desejo maior do PT e de Dilma Rousseff, pois assim ficaria mais fácil para a candidata à reeleição “pescar” apoios entre os eleitores marinistas.

O presidente do PSB disse ter conversado com a candidata pessebista no final do domingo (5.out.2014). “Eu estava mais deprimido do que ela”, declarou. Marina “estava alegre e disse que foi além” do que as condições política permitiam.

Amaral e Marina combinaram de tentar anunciar uma posição conjunta ao longo desta semana. Mas o dirigente do PSB declara ser possível que o partido e o grupo liderado por Marina, a Rede, tenham posições divergentes. O objetivo, entretanto, é buscar um consenso.

No programa da TV Bandeirantes, Amaral fez uma brincadeira com o tucano Andrea Matarazzo, que também estava presente ao “Canal Livre”. Ao comentar o fato de Aécio Neves não ter ido tão bem Minas Gerais, Amaral observou: “É quem em Minas o Aécio é bem conhecido”.

Nesta segunda e terça-feira, Amaral pretende consultar líderes do PSB, sobretudo os governadores da legenda –os atuais, os que foram eleitos e os candidatos que vão disputar o segundo turno. Na quarta-feira (8.out.2014), o partido fará uma reunião da sua Executiva Nacional em Brasília, quando a decisão sobre o segundo turno presidencial deve ser anunciada.

O blog está no Twitter e no Facebook.


Possível fracasso de Marina atrasa, mas não elimina 3ª via na política
Comentários Comente

Fernando Rodrigues

Pesquisas indicam derretimento de candidata do PSB

Polarização PT-PSDB continua, mas tem futuro incerto

Petistas e tucanos ainda ouvirão “não me representam”

Marina-2013

Todas as pesquisas de intenção de voto divulgadas até a véspera da eleição de hoje (5.out.2014) indicam que pode estar ocorrendo um acelerado derretimento dos apoios de Marina Silva (PSB). É real a possibilidade de a pessebista ficar fora do 2º turno da disputa.

Se o processo de encolhimento eleitoral de Marina for mais agudo do que parece, fica inclusive robustecida a possibilidade –dada por muitos como remota– de vitória de Dilma Rousseff (PT) no primeiro turno.

Mas o que os institutos de pesquisa apontam como mais provável é uma rodada final entre Dilma e Aécio Neves (PSDB) no dia 26 de outubro de 2014, o segundo turno presidencial.

Se esse cenário se confirmar, a polarização PT-PSDB estará mais uma vez aprovada pela maioria dos eleitores brasileiros. Essa dicotomia teve início em 1994, há 20 anos. Vai então se repetir pela 6ª vez consecutiva. Novamente estará frustrada a construção de uma 3ª via na política brasileira no plano nacional.

As perguntas a serem feitas então são duas: 1) o que se passou com os mais de 70% dos brasileiros que têm respondido, pesquisa depois de pesquisa, que desejam uma mudança na forma de conduzir o país e a política? 2) Essa massa de eleitores agora ficou, subitamente, mais satisfeita?

Nada indica que foi preenchida a demanda por uma “nova política”. Tampouco há indicadores de que a imensa maioria dos brasileiros esteja realmente feliz com as opções oferecidas por PT e por PSDB. Circunstancialmente, o brasileiro se acomoda há 20 anos com petistas e tucanos, mas há sinais por toda parte de que o modelo parece ter pontos de esgotamento.

A eventual derrota de Marina Silva agora em 2014 não elimina a hipótese de prosperar uma terceira força eleitoral numa outra disputa pelo Palácio do Planalto. A viabilidade desse fenômeno depende de vários fatores, um deles sendo o tamanho da votação da pessebista agora em 2014.

Se Marina Silva obtiver nas urnas mais de 20% (o que teve em 2010), ela sairá do processo maior do que entrou. Mais relevante ainda, ficará registrado um recado claro de uma parcela significativa da população. Seria como se estivessem dizendo o seguinte nas urnas neste 5 de outubro: “Ei, PT! Ei, PSDB! Vocês não me representam”.

Isso quer dizer que nos próximos ciclos eleitorais a vida de petistas e de tucanos não será tão suave e confortável. Mesmo com Marina Silva e seu grupo sofrendo uma derrota agora em 2014, parece que já germinou na política brasileira uma semente a favor de novidades na forma como o país deva ser governado.

É claro que o PT e o PSDB podem acordar. Podem se abrir de maneira inaudita, promovendo uma conexão mais direta e verdadeira com os eleitores. Produzir um verdadeiro “aggiornamento” na forma como fazem política.

Alguém acredita que petistas e tucanos tomarão esse rumo?

Se esses partidos não adotarem medidas para se modernizarem, tende a continuar forte na sociedade a sensação de que há algo de errado com a política tradicional.

No ritmo atual, e pressupondo-se que PT e PSDB continuarão a dormir em berço esplêndido, a eleição de 2018 terá espaço para outras novidades. Até porque, dentro do establishment, as alternativas serão nomes já muito manjados. O apelo novidadeiro será pequeno.

Não importa o resultado agora em 2014, o PT hoje tem dois nomes claros para a disputa presidencial daqui a 4 anos. O primeiro e mais óbvio é o de Luiz Inácio Lula da Silva, que terá 73 anos na eleição de 2018. A opção mais “renovadora” do PT é o atual ministro da Casa Civil, Aloizio Mercadante, que completará 64 anos no ano da próxima eleição presidencial.

Do lado do PSDB, se Aécio for vencedor agora, certamente tentará se reeleger em 2018. Outra opção entre os tucanos seria o governador de São Paulo, Geraldo Alckmin, que já declarou a vários interlocutores seu desejo de voltar a disputar a Presidência (ele tentou e perdeu em 2006).

Como se sabe, 2015 será um ano dos mais difíceis do ponto de vista econômico e social, com muito aperto e degradação da sensação de bem estar das pessoas. O movimento “não me representa” na política voltará a se energizar nesse ambiente, possivelmente já a partir do primeiro semestre do mandato do novo presidente.

Marina Silva deliberadamente não quis reagir no início do horário eleitoral, quando virou saco de pancadas de Dilma –e logo depois, de Aécio também. Ela fala muito sobre seu desejo de “ganhar ganhando”. Cita a disputa de 1989, da qual saiu vencedor Fernando Collor de Mello contra Lula. Para Marina, naquele ano, Lula perdeu, mas foi o vencedor. Collor, ganhou, mas perdeu.

Nesta eleição, se perder, que imagem Marina terá deixado? A de que foi massacrada por comerciais vitriólicos do PT e do PSDB, tendo ficado sem tempo nem condições de responder. E mesmo quando contra-atacou, usou um tom sempre menos virulento do que o de seus detratores.

Em resumo, mesmo derrotada, Marina terá saído do processo preservando sua imagem –que é seu maior patrimônio. Ficará livre para lançar de uma vez a Rede Sustentabilidade, o seu partido político.

Com a Rede pronta, poderá começar a atuar nos movimentos sociais no ano que vem, quando o Brasil tiver de enfrentar um duro ajuste fiscal, com aperto nas condições financeiras de todos. O mau humor pode tomar conta de grande parte da população.

A eventual derrota neste 5.out.2014 poderá ser não o final, mas apenas um novo recomeço da trajetória política de Marina.

Tudo o que está escrito aqui deve, por óbvio, ser jogado na lata do lixo se Marina passar ao segundo turno. Se não passar, essa narrativa é a que descreve o cenário mais provável para a ex-senadora que hoje está filiada ao PSB.


Dilma supera Lula e FHC em ida a debates durante campanha à reeleição
Comentários Comente

Fernando Rodrigues

Petista é a primeira candidata à reeleição ao Planalto que vai a debates no 1° turno

No entanto, Dilma se recusou a participar de confronto direto na web com Marina e Aécio

Presidente esteve em 13 grandes entrevistas e sabatinas neste ano; concorrentes foram a 17

Com o debate desta 5ª feira (2.out.2014), a presidente Dilma Rousseff (PT) terá participado de 5 eventos desse tipo e de 17 grandes entrevistas e sabatinas nesta sua campanha por mais 4 anos no Palácio do Planalto. Trata-se de exposição muito superior à enfrentada pelos ex-presidentes Fernando Henrique Cardoso (PSDB) e Luiz Inácio Lula da Silva (PT) em 1998 e 2006, quando ambos renovaram seus mandatos.

Além do debate presidencial organizado nesta 5ª feira à noite pela Rede Globo, ela também já foi aos debates da TV Bandeirantes (26 de agosto), UOL, “Folha”, SBT e Jovem Pan (1° de setembro), CNBB (16 de setembro) e Record (28 de setembro).

A presidente e sua equipe não aceitaram neste ano de 2014, entretanto, um debate apenas na internet que permitiria ter apenas os 2 ou 3 principais colocados se enfrentando. Em 2010, UOL e “Folha” promoveram um evento desse tipo apenas com Dilma, o tucano José Serra e Marina Silva, então filiada ao PV.

Mas Dilma é a primeira candidata à reeleição ao Planalto que participa de debates no primeiro turno. FHC, em 1998, e Lula, em 2006, se recusaram a ir a esses programas (tabela abaixo). O tucano venceu em turno único. Lula, no segundo turno, aceitou debater com Geraldo Alckmin (PSDB).

debates_tabela3
Em 2006, cobrado por sua negativa em participar de debates no primeiro turno, Lula afirmou que “o presidente da República não pode se expor, tem de preservar a instituição”.

À época, o antecessor servia de exemplo. “Não é hábito do presidente ir a debate. O Fernando Henrique não foi a nenhum debate. Eu nunca vi ninguém cobrar dele”, disse.

Enfrentamentos diretos entre os candidatos ajudam o eleitor a decidir seu voto. Pesquisa feita pela consultoria Expertise com 1.188 eleitores aponta que os debates contam mais que as notícias e os programas eleitorais na escolha do candidato.

 

ENTREVISTAS
O espaço reservado para entrevistas e sabatinas na agenda de Dilma nesta campanha também é superior à da sua primeira disputa, em 2010, e à campanha de Lula em 2006.

Neste ano, houve 17 entrevistas e sabatinas organizadas por grandes veículos de comunicação ou entidades setoriais com os principais candidatos.

Marina Silva (PSB) –ou Eduardo Campos, que morreu em 13.ago.2014– e Aécio Neves (PSDB) foram a todas elas. Dilma, a 13. A petista não concedeu entrevistas ao programa Poder e Política, do UOL e da “Folha”, ao portal “G1”, ao programa Canal Livre, da TV Bandeirantes, e ao Jornal da Globo.

Em 2010, houve 12 entrevistas e sabatinas do gênero. Dilma faltou a 4: as organizadas pelos jornais “Folha de S.Paulo”, “O Globo” e “O Estado de S.Paulo” e à sabatina da CNA (Confederação Nacional da Agricultura). Naquele ano, José Serra (PSDB) foi a todos os eventos e Marina não participou apenas da sabatina na CNA. Os 3 foram a um debate exclusivo pela internet promovido pelo UOL e a “Folha”.

Em 2006, 10 entrevistas tentaram reunir os principais candidatos no primeiro turno. Lula foi a 7 e negou convites dos jornais “Folha de S.Paulo”, “O Globo” e “O Estado de S.Paulo”. Geraldo Alckmin (PSDB) e Heloísa Helena (PSOL) participaram de todos os eventos.

Compare abaixo a participação dos 3 principais candidatos em entrevistas, sabatinas e debates nas eleições presidenciais de 2006, 2010 e 2014:

presidenciaveis_midiav4

(Bruno Lupion)

O blog está no Twitter e no Facebook.


Agora, no último programa na TV, Marina decide fazer ataque frontal a Dilma
Comentários Comente

Fernando Rodrigues

Peça não ensina de maneira didática ao eleitor número da pessebista na urna

A candidata do PSB a presidente da República, Marina Silva, decidiu usar seu último programa na propaganda eleitoral do 1° turno, nesta 5ª feira (2.out.2014), para transmitir uma de suas falas mais duras contra a presidente Dilma Rousseff, candidata à reeleição pelo PT. Marina acusa a petista de ser mentirosa ao dizer que não sabia da corrupção na Petrobras e diz que Dilma é inexperiente porque “não foi nem vereadora”.

Esse tom foi adotado na campanha do PSB nos últimos dias. Na TV, é o programa de ataque frontal mais direto em toda a propaganda eletrônica marinista. A candidata vinha se recusando a usar esse tipo de discurso em outras fases da campanha, apesar de ter sido fustigada de maneira incessante nas últimas 4 semanas, tanto por Dilma como pelo candidato Aécio Neves, do PSDB.

O programa foi ao ar na televisão nesta 5ª feira, quando se encerra o horário eleitoral. A peça é dirigida pelo marqueteiro Diego Brandy e tem 2 minutos e 3 segundos de duração.

Diante do tempo exíguo de TV, o PSB preferiu priorizar um discurso político da candidata, e não ensinar, de forma didática, em que número o eleitor de Marina deve votar na urna. Isso poderá ser um problema para a pessebista. Segundo o Datafolha, os eleitores de Marina são os que menos conhecem o número de sua candidata. Somente 47% dos eleitores de Marina sabem citar corretamente seu número de urna. Entre os eleitores de Dilma, a taxa é de 66% e, entre os de Aécio, de 61%. A pesquisa foi feita em 29 e 30 de setembro.

Assista abaixo ao programa. O discurso foi gravado durante evento com militantes do PSB e da Rede e apoiadores de Marina em São Paulo nesta 3ª feira (30.set.2014).

O Blog analisou a reta final da corrida presidencial no post “Fortalecida, Dilma agora pode escolher quem prefere enfrentar no 2º turno“, publicado nesta 4ª feira (1°.out.2014).

O blog está no Twitter e no Facebook.


Fortalecida, Dilma agora pode escolher quem prefere enfrentar no 2º turno
Comentários Comente

Fernando Rodrigues

Estratégia eficaz na TV permite à petista influir sobre quem será seu adversário

A presidente Dilma Rousseff (PT) chegou a esta fase da campanha eleitoral de 2014 com um trunfo nada desprezível: está em suas mãos a decisão de colocar no segundo turno Marina Silva (PSB) ou Aécio Neves (PSDB). A petista vai escolher quem preferirá enfrentar.

É evidente que Dilma gostaria de vencer ela própria a disputa já no primeiro turno do dia 5.out.2014. Mas essa é uma possibilidade incerta e mais improvável, como mostrou a pesquisa Datafolha realizada ontem e anteontem (29-30.out.2014).

Dilma tem 40% contra 25% de Marina. Aécio está em terceiro, com 20%. As curvas de intenção de voto do Datafolha mostram que Dilma pode ter chegado muito perto de seu limite máximo. Ela tem agora os mesmos 40% da semana passada.

Já Marina parece ainda não ter chegado ao seu piso. E Aécio tem se beneficiado dos votos perdidos pela pessebista. É o tucano, e não Dilma, que parece estar herdando os eleitores em processo de descolamento do marinismo

O que isso significa? Quatro coisas principais:

1) Narrativa do medo deu certo: funcionou muito bem para Dilma a estratégia de bater sem dó nem piedade em Marina nos comerciais de TV. Entrou na cabeça de muitos eleitores o sentimento de dúvida e de medo do desconhecido. A pessebista entrou em curva descendente acentuada;

2) PT aproxima-se do seu patamar: ainda falta um pouco, mas a presidente em busca da reeleição começa a ficar mais perto da taxa de intenção de votos que teve nesta mesma época em 2010 (tinha 47%) e à de Lula às vésperas do primeiro turno em 2006 (46%);

3) Marina desidratou: a candidata a presidente pelo PSB guarda semelhanças com a equipe de futebol do Santos contra a do Barcelona, em Tóquio, na final do campeonato mundial de times da Fifa, em 2011. Mesmo com excelentes jogadores (Neymar e Ganso em forma), o Santos ficou de joelhos enquanto apanhava do Barcelona, até que o placar de 4 a 0 para os espanhóis encerrou o sofrimento. A impressão hoje é que se a eleição fosse apenas em dezembro, Marina terminaria devendo votos, pois reage mal ou não reage aos ataques dos quais vem sendo alvo;

4) Aécio ajudou a tática do PT: mesmo com apenas cerca de 4 minutos na TV, o tucano escolheu bater em Marina. Pode parecer pouco, mas ao dizer que “a Marina é a Dilma com outra roupa”, Aécio contribuiu para a afirmação do nefando processo de “assemelhamento” da política (“os políticos são todos iguais”). De um lado, a campanha presidencial do PT mostrava as inconsistências programáticas de Marina. Do outro, o PSDB dizia que as duas eram a mesma coisa.

Em meio a esse cenário, o eleitor viu ser alimentado o sentimento de desencanto com a política.

Tudo isso levou a uma vitamização inaudita de Dilma Rousseff e da arriscada (e arrojada) estratégia desenhada pelo seu marqueteiro, João Santana.

Hoje, com seus 12 minutos na TV, dezenas e dezenas de comerciais ainda para colocar no ar, Dilma tem duas decisões pela frente. Pode continuar a malhar Marina nos próximos dias antes da eleição e acabar de destruir as chances da candidata do PSB. Alternativamente, pode retirar o pé do acelerador e ajudar o marinismo a passar para o segundo turno no olho mecânico –até porque o processo está em curso e nada pode ser feito de maneira automática, simplesmente apertando um botão.

A definição de Dilma e de João Santana parece clara: o PT prefere mil vezes enfrentar Aécio no segundo turno. E não Marina. Assim como lá atrás, o maior temor dos petistas era que Eduardo Campos (que morreu em 13.ago.2014) pudesse crescer e passar para a fase final da disputa.

Por que havia (com Eduardo) e há (com Marina) esse temor? Simples. Instalou-se no Brasil ao longo dos últimos anos uma fadiga entre os eleitores a respeito da política tradicional. Ninguém mais aguenta chegar em casa, ligar a TV e assistir a mais uma reportagem sobre roubalheira em Brasília com políticos engravatados dizendo “eu posso explicar”.

Num cenário como o atual, quando a eleição torna-se mais equânime (no segundo turno), fica sempre em vantagem política aquele candidato que evoca o “novo” e tem um discurso mais afinado com as manifestações de junho de 2013. Não importa que seja apenas retórica. Há uma demanda aguda na sociedade por mudanças. Mesmo que apareça alguém preenchendo essa necessidade só no gogó, sempre terá chances de prosperar –para o bem e para o mal, diga-se.

Isso não significa que se o segundo turno for entre Dilma e Marina a vitória é certa para o PSB. Claro que não. Mas certamente terminaria o estado de catatonia a que Marina se acorrentou no momento. Não seria tão fácil Dilma pelear com a pessebista se as duas tivessem as mesmas armas (tempo de TV igual e dinheiro).

Na dúvida, Dilma e João Santana sabem que é muito melhor disputar contra algo que já se conhece. O segundo turno do PT contra o PSDB não seria uma moleza para ninguém, mas as táticas já são todas manjadas.

Há também o fato de que Aécio, mesmo que passe para o segundo turno, estará bem debilitado em seu Estado natal, Minas Gerais, onde há reais chances de derrota do candidato do PSDB ao governo mineiro, Pimenta da Veiga. Pior: pode vencer o nome petista, Fernando Pimentel, que vem a ser amigo pessoal de Dilma Rousseff –ambos militaram na luta armada no final dos anos 1960.

Minas Gerais, nunca é demais lembrar, é o segundo maior colégio eleitoral do país. Em 2010, com pouquíssima estrutura, Marina teve forte votação entre os mineiros e poderia repeti-la neste ano, num eventual segundo turno.

Por todas essas razões, Dilma e João Santana tendem a acelerar o quanto puderem o processo de desconstrução de Marina. O comercial que vai à TV nesta quarta-feira (1º.out.2014) é prova disso. A diferença de 5 pontos percentuais que separa a pessebista de Aécio no Datafolha pode ser dilapidada até domingo, dia da eleição, 5.out.2014.

É claro que alguma reação poderá surgir por parte de Marina. Mas essa atitude deveria ter surgido há pelo menos umas duas semanas, no mínimo. Por exemplo, não deixando no ar acusações tão graves como a de que teria mentido a respeito de como votou, no Senado, no caso da CPMF, o imposto do cheque para a saúde.

Talvez nenhum eleitor brasileiro escolherá seu candidato a presidente pensando em como Marina votou sobre a CPMF. É verdade. Mas esse episódio é apenas um entre vários que ajudaram a produzir buracos na embarcação marinista.

João Santana não fez nenhum comercial mortal, para produzir um nocaute. Como numa luta de boxe, foi dando “socos de 30 segundos” no fígado do adversário. E continua na mesma toada.

É curioso que uma política experiente como Marina tenha ficado até agora em estado quase catatônico, sem tentar algum tipo de reação ou resposta mais convincente quando foi atacada. Não vale dizer que ela não teve tempo de TV para se explicar. É só observar que o PSB tampouco teve tempo de TV quando a candidata estava quase 10 pontos percentuais à frente de Dilma, na média das pesquisas.

A OPÇÃO DE AÉCIO
Seria um erro ou uma injustiça dizer que Aécio foi apenas linha auxiliar do PT, incorporando bovinamente a estratégia de João Santana e sentando a pua em Marina? Talvez.

Mas foi exatamente o que aconteceu.

O tucano pode até disparar e vir a vencer a eleição presidencial mais adiante. Tomará posse em 1º de janeiro de 2015. Tudo então será esquecido.

Mas se a vitória não vier, terá de ser creditada ao fato de Aécio não ter enxergado em anos recentes o sentimento geral dos brasileiros a respeito de mudanças. Houve uma última chance para ele em junho de 2013. Aécio poderia ter pensado: “Vai ser difícil eu ganhar uma eleição presidencial apenas com a política tradicional, aliando-me ao DEM e falando com a mesma entonação de meu avô nos discursos públicos”.

A palavra chave na política do século 21 é “conexão”. Os eleitores desejam se sentir conectados aos governantes. Aspiram a um outro tipo de interação em vez de apenas votar uma vez a cada 4 anos para presidente. Querem se sentir participantes do processo.

Aécio ficou longe de incorporar atitudes que pudessem ensejar essa nova abordagem. Até meados deste ano de 2014, o tucano sequer participava de redes sociais. Não tinha perfil no Facebook nem no Twitter.

Alguns dirão: mas se tudo isso é verdade, por que Dilma tem 40% nas pesquisas e pode ganhar? Afinal, a petista pode ser tudo, mas não tem nada a ver com formas modernas de fazer política,

A resposta é simples. Essa nova embocadura dos políticos é esperada de quem pretende fazer oposição. Dilma e todos os governadores que fazem administrações medíocres, mas sem nenhuma grande catástrofe para o dia a dia dos cidadãos, continuam bem fortes.

Contrariamente ao senso comum, o brasileiro é, antes de mais nada, um conservador. Basta ver o sucesso das propagandas com a narrativa do medo, estimulando a dúvida das pessoas a respeito do desconhecido que é Marina –como já elaborei neste post aqui.

Cabe ao opositor estruturado se apresentar como novidade, mas ofertando segurança na transição de um modelo para o outro. Aécio e a política tradicional do PSDB não oferecem isso.

O tucano, é sempre bom ressaltar, pode até acabar vencendo –sobretudo numa eleição com tantas surpresas como a atual. Mas não é o que mostra a lógica do atual ciclo eleitoral. Alguém acredita em docilidade de Dilma e de João Santana no segundo turno?

E é muito importante também olhar para São Paulo. O Estado não está uma maravilha. Sofre com a iminência do esgotamento da água. A sensação de que a segurança vai mal é generalizada. Ainda assim os tucanos, agora com Geraldo Alckmin, vão ficando no poder. Por quê? Porque as alternativas não oferecem, aos olhos dos eleitores, uma relação custo-benefício aceitável: mudar com chances de tudo melhorar.

Os paulistas podem ser classificados de conservadores, mas ninguém pode acusá-los de não enxergar grandes alternativas e novidades em Paulo Skaf (presidente da Fiesp) nem em Alexandre Padilha (político profissional).

No plano federal, Aécio acerta ao dizer que faz campanha contra o PT e contra Dilma. De fato, há eleitores no país que gostariam de mudar.

Só que quando Eduardo Campos morreu, em 13 de agosto, o tucano começou a ficar em pânico porque despencou nas intenções de voto, tendo seus votos corroídos pela onda pró-Marina. A reação espasmódica –e não política– foi atacar a pessebista: “Marina me tira votos? Vou espancá-la”.

Aécio e seus marqueteiros jogaram dama e não xadrez. Não tentaram ganhar o jogo pensando no máximo de movimentos possíveis do adversário. Ao atacarem Marina, desidrataram quem talvez pudesse se robustecer para, de fato, derrotar o PT no segundo turno.

Os tucanos então vão reclamar dizendo: mas você escreve que Aécio está sendo linha auxiliar do PT e está sugerindo que ele fosse linha auxiliar da Marina?

Não, não é nada disso.

Em política ganha o jogo quem faz a melhor análise de conjuntura. Não adianta ficar emburrado e achando que vai ganhar a eleição dizendo “esta é minha vez”. Ulysses Guimarães, venerado por tantos (não por mim), cometeu esse erro. Em 1989 colocou na cabeça que aquela era a vez dele. Teve 4% dos votos. Se em algum momento tivesse optado por montar uma frente ampla contra Fernando Collor, talvez o Brasil pudesse ter sido privado daquele que foi um dos piores presidentes da história do país.

No caso de Aécio, faltou sangue frio. Ele é jovem. Poderia ter participado de uma estratégia mais ampla. Marina vive dizendo que se ganhar ficará só um mandato no Planalto. Em política quatro anos é muito tempo. É sempre temerário firmar um acordo com essa antecedência. Mas essa parecia ser uma janela real para o PSDB tentar retornar ao poder em 2018.

O PSDB e Aécio poderiam ter continuado, como vinham fazendo até agosto, na sua estratégia de falar aos eleitores a respeito do que consideram não funcionar na administração federal do PT. Ao abdicar dessa tarefa e se juntar a Dilma na cruzada anti-Marina, o tucano pode até –isso ainda não é certo– ter conseguido um passe para entrar no segundo turno.

Mas entrará como? Possivelmente, Aécio indo ao segundo turno terá aproximadamente 23% a 25% dos votos totais do dia 5 de outubro. Marina estará um pouco abaixo. Dilma estará lá em cima, com algo na casa dos 40%. Em todas as eleições brasileiras, quem terminou o primeiro turno bem à frente, sempre ganhou a rodada final –essa não é uma regra imutável, mas alguma coisa de lógica existe aí.

O tucano terá então ajudado para que se autocumprisse a “profecia de João Santana”. O marqueteiro disse uma vez que Dilma ficaria nesta eleição flanando no Olimpo enquanto os anões políticos se digladiariam na planície. É exatamente o que está se passando.

Eleições como esta de 2014 são vencidas na política. Dilma fez o diabo, como ela própria disse que poderia fazer. Marina ficou paralisada, esperando a providência divina. E Aécio pensou que ser eleito presidente era como ganhar a eleição para governador de Minas Gerais.

EFEITO COLATERAL
Para terminar este texto excessivamente longo, uma última observação.

Imagine o que acontecerá se Dilma vencer a disputa com a fórmula que todos estamos vendo: muito tempo de TV + aliança ampla de partidos não-ideológicos (perdão pelo pleonasmo “partidos não-ideológicos”) + propaganda negativa tecnicamente perfeita quando as coisas apertam?

Essa passará a ser a receita de ouro de todos os políticos, sejam candidatos a presidente, governador ou a prefeito.

E daí? Daí que as forças hegemônicas farão de tudo e mais um pouco para jamais alterar as bases deste sistema perverso que permite a montagem de alianças na base da fisiologia, como Dilma, Lula e FHC já fizeram.

Quem se importa que os debates no primeiro turno sejam um lixo, com figuras tristes como a de Levy Fidelix produzindo despautérios? O que importa é ganhar a eleição. E o modelo atual dá a muitos políticos o acesso ao paraíso.

O blog está no Twitter e no Facebook.


Em novo ataque, Dilma diz que Marina anda com “gente da ditadura”
Comentários Comente

Fernando Rodrigues

Comercial de 30 segundos mostra candidata do PSB ao lado de Jorge Bornhausen

Marina-velha-politica

Em novo comercial de 30 segundos, que começa a ser exibido amanhã (01º.out.2014), na TV, a campanha de Dilma Rousseff (PT) faz mais um ataque frontal a Marina Silva (PSB).

O filme mostra a imagem da candidata do PSB a presidente ao lado das de Jorge Bornhausen e de Heráclito Fortes, dois políticos que no passado foram importantes líderes do PFL (hoje DEM).

Ao descrever Bornhausen, o comercial preparado pelo marqueteiro João Santana diz que se trata de representante “dos ruralistas e dos banqueiros. Gente que vem lá do tempo da Arena e da ditadura”. Político de Santa Catarina, Bornahusen militou na Arena, o partido de sustentação da ditadura militar. Eis o filme:

No início do comercial, um locutor diz que Marina “revelou com quem pretende renovar a política”. Ao final, conclui: “Se Marina tem alguma coisa de novo, certamente não são as suas companhias”.

Na realidade, hoje os principais candidatos a presidente têm entre seus apoiadores políticos que foram, no passado, ligados à ditadura. Dilma Rousseff, por exemplo, tem ao seu lado o senador José Sarney (PMDB-AP).

Ocorre que se Marina entrar nesse debate, terá de admitir que todos os candidatos, de alguma forma, se relacionam à chamada “velha política”. É um ataque que só pode piorar se o PSB responder no mesmo nível.

Eis a íntegra do roteiro do comercial “Marina e a velha política”:

[Tela escura com a foto de Marina ao centro]

[Música incidental de tom trágico]

Locutor: Finalmente, Marina apresentou uma grande novidade nesta campanha: ela revelou com quem pretende renovar a política…

[surge na tela aparece uma reportagem da Folha com o seguinte título: “Marina negociará com ‘velha polítca’, diz coordenador de Marina”, numa referência a uma frase de Walter Feldman]

Locutor: …com os Bornhausen, por exemplo…

[surge na tela a foto de Jorge Borhausen, ao lado da de Marina]

Locutor: … representantes dos ruralistas e dos banqueiros. Gente que vem lá do tempo da Arena e da ditadura… E Heráclito Fortes…

[surge do outro lado da tela, a foto de Heráclito Fortes]

Locutor: … ex-Arena, ex-PFL e ex-DEM. Se Marina tem alguma coisa de novo, certamente não são as suas companhias”.

Esse comercial é mais uma peça que compõe a “narrativa do medo” usada por João Santana na campanha de Dilma Rousseff: despertar na mente dos eleitores dúvidas a respeito de como seria um eventual governo Marina Silva quando se compara o que a candidata do PSB diz com o que ela poderia fazer se estivesse no Palácio do Planalto.

Essa estratégia já foi analisada aqui neste Blog num post de 20.set.2014. Além do comercial de amanhã sobre “velha política”, outros que se destacam mostram uma comparação da pessebista com Jânio Quadros e com Fernando Collor. Uma insinuação de que um Banco Central independente tira a comida do prato dos mais pobres. Outro no qual se afirma o pré-sal no marinismo seria relegado ao segundo plano, resultando em menos dinheiro de bancos públicos para programas como o Minha Casa, Minha Vida. E o filme no Marina é acusada de ter mentido sobre como votou no Senado sobre a CPMF.

p.s.: este post foi corrigido em 18.out.2014 (às 14h30) no trecho que cita Jorge Bornhausen e Heráclito Fortes como “dois políticos que no passado foram importantes líderes do DEM (hoje PFL)”. O certo (como já está no texto) é “líderes do PFL (hoje DEM)”.

O blog está no Twitter e no Facebook.


Poder e Política na semana – 29.set a 5.out.2014
Comentários Comente

Fernando Rodrigues

As eleições serão realizadas neste domingo. Falta uma semana. Até lá, os candidatos viajam o país em campanha.

Nesta 2ª feira, a presidente Dilma Rousseff, candidata à reeleição pelo PT, realiza comício com o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva em Campo Limpo, zona sul de SP. Na 6ª feira, Dilma deve fazer caminhada de campanha no centro de SP.

Marina Silva, candidata do PSB a presidente, faz campanha no Recife nesta 2ª feira. Na 3ª feira, Marina reúne apoiadores da sua candidatura em ato em SP. Renata Campos, viúva de Eduardo Campos, deve comparecer. Na 4ª feira e na 5ª feira, Marina faz campanha no Rio. Na 6ª feira, Marina vai a Rio, São Paulo e Belo Horizonte e, no sábado, passa o dia em Rio Branco.

Aécio Neves, candidato do PSDB a presidente, participa de ato na manhã desta 2ª feira em SP com o governador Geraldo Alckmin, candidato à reeleição pelo PSDB. À tarde, Aécio faz campanha em Uberlândia (MG) e Belo Horizonte. Na 3ª feira, Aécio faz campanha no Rio.

Os candidatos a presidente participam, na 5ª feira, de debate promovido pela Rede Globo.

Na 3ª feira, Ibope e Datafolha podem divulgar nova rodada de pesquisas presidenciais e nos Estados. Cabe aos institutos e aos contratantes definirem o dia e o horário da publicação.

Guido Mantega, ministro da Fazenda, reúne-se nesta 2ª feira em SP com Benjamin Steinbruch, presidente da Federação das Indústrias do Estado de São Paulo e da CSN, Robson de Andrade, presidente da Confederação Nacional das Indústrias, e diversos empresários para anunciar medidas de estímulo às exportações.

Ainda nesta semana, o ministro do STF Teori Zavascki pode decidir se abre inquérito contra congressistas citados na delação premiada de Paulo Roberto Costa, ex-diretor da Petrobras. O Banco Central também divulga, em data a definir, seu Relatório Trimestral da Inflação.

Eis, a seguir, o drive político da semana. Se tiver algum reparo a fazer ou evento a sugerir, escreva para frpolitica@gmail.com. Atenção: esta agenda é uma previsão. Os eventos podem ser cancelados ou alterados.

 

2ª feira (29.set.2014)
Dilma e Lula em SP – presidente Dilma Rousseff, candidata à reeleição pelo PT, realiza comício com o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva em Campo Limpo, zona sul de SP.

Lula e Padilha em Franco da Rocha – antes do comício com Dilma, Lula participa de ato com Alexandre Padilha, candidato do PT ao governo de SP, em Franco da Rocha.

Atos do PT – legenda realiza 26 atos em diversas unidades da Federação com a presença de ministros.

Marina em Pernambuco – Marina Silva, candidata do PSB a presidente da República, faz campanha no Recife.

Aécio em SP e Minas – Aécio Neves, candidato do PSDB a presidente, participa de ato de manhã em SP com o governador Geraldo Alckmin, candidato à reeleição pelo PSDB. À tarde, Aécio faz campanha em Uberlândia (MG) e Belo Horizonte.

Luciana em SP – Luciana Genro, candidata do PSOL a presidente, faz campanha na capital paulista e em Campinas.

Pesquisa – Vox Populi pode divulgar nova pesquisa presidencial. A data exata de divulgação é decidida pelo instituto.

Mantega e empresários em SP – Guido Mantega, ministro da Fazenda, reúne-se com Benjamin Steinbruch, presidente da Federação das Indústrias do Estado de São Paulo e da CSN, Robson de Andrade, presidente da Confederação Nacional das Indústrias, e diversos empresários para anunciar medidas de estímulo às exportações.

Petrobras – Paulo Roberto Costa, ex-diretor da Petrobras, deve deixar o presídio onde está no Paraná e seguir para prisão domiciliar no Rio de Janeiro, com uso de tornozeleira eletrônica.

Indústria – IBGE divulga a Pesquisa Industrial Mensal sobre Produção Física. FGV apresenta resultado da Sondagem da Indústria.

Inflação – FGV divulga o IGP-M de setembro.

 

3ª feira (30.set.2014)
Marina em SP – Marina Silva, candidata do PSB a presidente, reúne apoiadores da sua candidatura em ato em SP. Renata Campos, viúva de Eduardo Campos, deve comparecer. Imagens do encontro serão usadas na sua propaganda de TV.

Aécio no Rio – Aécio Neves, candidato do PSDB a presidente, faz campanha no mercado de Madureira, no Rio.

Pesquisas – Ibope e Datafolha podem divulgar nova rodada de pesquisas presidenciais e nos Estados. Cabe aos institutos e aos contratantes definirem o dia e o horário da publicação.

Greve dos bancários – categoria inicia greve nacional. Os bancários pedem reajuste de 12,5%, ganho real de 5,8% descontada a inflação pelo INPC.

Leilão do 4G – governo realiza leilão da faixa de 700 MHz para uso de telefonia celular 4G. Expectativa é arrecadar pelo menos R$ 7,7 bilhões.

Prisão em flagrante – data a partir da qual e até 48 horas depois do encerramento da eleição nenhum eleitor poderá ser preso ou detido, salvo em flagrante delito, ou em virtude de sentença criminal condenatória por crime inafiançável.

Ditadura – Comissão Nacional da Verdade realiza diligencia no 12º Regimento de Infantaria, em Belo Horizonte.

 

4ª feira (1°.out.2014)
Marina no Rio – Marina Silva, candidata do PSB a presidente, faz campanha no Rio.

Aposentadoria no STJ – ministro Gilson Dipp, do STJ, completa 70 anos e se aposenta da Corte.

Serviços – FGV divulga sua Sondagem de Serviços.

 

5ª feira (2.out.2014)
Debate presidencial – TV Globo promove debate entre os principais candidatos a presidente da República.

Marina no Rio – Marina Silva, candidata do PSB a presidente, faz campanha no Rio.

Eduardo Jorge em SP e Rio – Eduardo Jorge, candidato do PV a presidente, faz caminhada de campanha em São Paulo, de manhã, e no Rio, à tarde.

Propaganda eleitoral – último dia para a divulgação da propaganda eleitoral gratuita no rádio e na televisão.

Comícios – último dia para a realização de comícios com aparelhagem de sonorização fixa.

Pesquisas – Ibope divulga nova rodada de pesquisa presidencial e nos Estados. Cabe aos institutos e aos contratantes definirem o dia e o horário da publicação.

 

6ª feira (3.out.2014)
Dilma em SP – Dilma Rousseff pode fazer caminhada de campanha no centro de SP.

Marina no Rio, SP e BH – Marina Silva, candidata do PSB a presidente, faz campanha no Rio, em São Paulo e Belo Horizonte.

Luciana no Rio – Luciana Genro, candidata do PSOL a presidente, faz campanha no Rio.

Propaganda eleitoral – último dia para a divulgação paga, na imprensa escrita, e a reprodução na internet do jornal impresso, de propaganda eleitoral.

 

Sábado (4.out.2014)
Encerramento da campanha – último dia para a propaganda eleitoral com uso de alto-falantes ou amplificadores de som, entre as 8 e as 22 horas. Também é o último dia para a distribuição de material gráfico e a promoção de caminhada, carreata, passeata ou carro de som que transite pela cidade divulgando jingles ou mensagens de candidatos.

Marina no Acre – Marina Silva, candidata do PSB a presidente, passa o dia em Rio Branco.

 

Domingo (5.out.2014)
Eleição – data das eleições para presidente, senador, deputado federal, governador e deputado estadual.

Rivaldo Gomes/Folhapress - 3.out.2010

 

O blog está no Twitter e no Facebook.


Marina mente sobre CPMF, diz comercial de Dilma na TV
Comentários Comente

Fernando Rodrigues

Marina-comercial-Dilma-PT-mentira-28set2014

A campanha de Dilma Rousseff (PT) colocou hoje (28.set.2014) no ar um comercial de 30 segundos no qual afirma que Marina Silva (PSB) mentiu sobre como foi seu voto no Senado a respeito da CPMF (Contribuição Provisória sobre Movimentação Financeira). Eis o vídeo:

Vários veículos da mídia já haviam registrado essa contradição na fala da candidata do PSB, repetida em alguns eventos de campanha. Ela afirmou em 26.ago.2014, durante o debate entre presidenciáveis na TV Bandeirantes, que seu voto foi a favor da CPMF durante o governo de Fernando Henrique Cardoso (PSDB).

Ocorre que os registros do site do Senado indicam que Marina votou contra a CPMF em 1995 e em 1999.

O comercial de Dilma Rousseff é duríssimo contra Marina. Faz parte da estratégia conduzida pelo marqueteiro João Santana de desconstruir a imagem da candidata do PSB. Eis o roteiro integral da propaganda:

[Imagem de Marina Silva – Locutor inicia narração]: Marina diz que não quer ser eleita em cima de uma mentira.

[Imagem de Marina falando no debate da Band, em 26.ago.2014]: Quando foi a votação da CPMF, ainda que o meu partido fosse contra, em nome da saúde, em nome de respeitar os interesses dos brasileiros, eu votei favorável, mesmo sendo do seu governo, o PSDB [era uma resposta ao tucano Aécio Neves].

[Locutor narra sobre imagens de arquivos oficiais de votações do Senado]: Os documentos do Senado registram a verdade. Marina fez duas vezes o contrário do que diz. Mudar de opinião, ainda vá lá… Agora, falar que fez o que não fez, isso tem outro nome”.

[Fim do comercial de 30 segundos].

A eficácia da “narrativa do medo” usada por João Santana na campanha de Dilma Rousseff já foi analisada aqui neste Blog num post de 20.set.2014. Além do comercial de hoje sobre a “mentira de Marina sobre a CPMF”, já foram veiculados outros. Um fazendo comparação da pessebista com Jânio Quadros e com Fernando Collor. Insinuação de que um Banco Central independente tira a comida do prato dos mais pobres. E um no qual se afirma o pré-sal no marinismo seria relegado ao segundo plano, resultando em menos dinheiro de bancos públicos para programas como o Minha Casa, Minha Vida.

O blog está no Twitter e no Facebook.