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Arquivo : opinião

Em artigo, Marina Silva pede que Temer abdique do cargo; leia a íntegra
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Fernando Rodrigues

“Quem não tem grandeza para abrir mão de ser rei quando já perdeu a majestade, induz à total insurgência”

Brasília - Marina Silva da Rede Sustentabilidade lança a campanha Nem Dilma Nem Temer, Nova Eleição é a Solução (Elza Fiuza/Agência Brasil)

A líder da Rede Sustentabilidade, Marina Silva

A ex-ministra Marina Silva, líder da Rede Sustentabilidade, sugere em artigo que Temer renuncie. No texto, diz que o presidente “perdeu a majestade”. Leia.

O artigo foi originalmente publicado no Poder360. Receba a newsletter.

Rei de si mesmo

Espero que o homem das letras Michel Temer, nestes dias em que se senta à cadeira presidencial no Palácio do Planalto, possa lembrar-se de um livro que certamente leu, “Rei Lear”, do genial William Shakespeare. Apesar de minha entrada tardia no mundo letrado, ainda me considerava jovem quando o li pela primeira vez. Entretanto, o que mais me impressionou e foi para mim o ensinamento mais significativo, não foi a sagacidade de serpente das ambiciosas filhas mais velhas do rei, Goneril e Regana, nem a simplicidade de pomba da dedicada e fiel Cordélia, mas a paradoxal sensatez do bobo da corte, que não mediu palavras para admoestar seu senhor, dizendo-lhe de forma amorosa, ainda que irreverente: “tu não deverias ter ficado velho antes de ter ficado sábio”. Já não me considero tão jovem aos 58 anos e confesso que não é fácil revisitar a repreensão do bobo, quando ainda careço do atributo que ele exige.

Numa primeira e superficial olhada, a tragédia protagonizada por Lear parece simbolizar as agruras trazidas pela velhice do corpo. Mas a sentença do bobo estende-se a todo tipo de envelhecimento sem o indispensável preparo da sabedoria, tanto das pessoas quanto das instituições e de toda a civilização. E talvez o maior dano causado por essa irremediável falha ocorra exatamente quando acomete os alicerces do poder e das instituições, os paradigmas da ciência e da filosofia, os estímulos que ensejam o processo criativo da arte e as estruturas que sustentam as verdades das religiões. Para tudo isso pode –e inevitavelmente vai– chegar a velhice, que, sem o atenuante benéfico da sabedoria, traz males irremediáveis.

O exemplo está no lamento de Tirésias: “como é terrível saber, quando o saber de nada serve a quem o possui.” Está também no castigo de Procusto, que acabou por ter que deitar na cama que usava como armadilha para ajustar o tamanho dos outros a seu deleite cruel e egoísta. E, certamente, está na mulher do julgamento de Salomão, que se descredenciou como digna do filho a quem dizia tanto querer por ter preferido retê-lo morto, partido ao meio, ao invés de deixá-lo vivo no seio de outra mulher.

Nestes momentos, que a moda é chamar de “estranhos e difíceis”, a maior dificuldade vem da estranheza que sentimos com impotência da política. Ao invés de ser instrumento para nos ajudar a resolver os problemas, a política tornou-se uma fonte geradora de mais e maiores problemas. A política, ao que parece, envelheceu sem sabedoria.

Em tal situação, resta buscar em outros suportes do espírito humano, ainda mais antigos, a sabedoria que possa acorrer em nossa ajuda. Primeiro na fé, a bem-aventurança da humildade que ensina: quando somos fracos é que somos fortes. Mas a arte também pode nos ensinar, e eis a genialidade da tragédia shakespeariana de Rei Lear: quem não tem grandeza para abrir mão de ser rei quando já perdeu a majestade, induz à total insurgência, aquela em que o sujeito insurgiu-se contra tudo e contra todos, inclusive e sobretudo contra si mesmo.

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Essa sabedoria a arte herdou da mitologia, como mostram os insights de Joseph Campbell: o que institui o herói como tal, não é a sua extraordinária coragem para vencer a permanência do medo nem a grandiosidade de seus feitos sobre-humanos em concorrência com os poderes dos deuses, mas a humana e frágil decisão de não recusar-se ao chamado.

Saber qual é o seu verdadeiro chamado é uma arte. E isso só se pode entender após os benéficos resultados de não tê-lo recusado, pois o que o recusa, ensina Campbell, perde-se para sempre, principalmente de si mesmo –e jamais será reencontrado.

O chamado, na maioria das vezes, não dá sinais de que é um chamado. Ele apenas nos compromete e implica. Pode ser para lutar, como Davi; para não reagir, como Gandhi; para perdoar, como Mandela; para doar, como Tereza de Calcutá; para surpreender, como Duchamp; para revolucionar, como Simone de Beauvoir; para preservar, como Chico Mendes. E tudo o que todos esses fizeram –da forma mais eficaz que se pode fazer, que é com o exemplo extraído da própria vida– foi admoestar, mesmo correndo o risco de parecer bobagem, como o bobo da corte de Lear.

Aliás, as melhores admoestações vêm mais das bobagens ditas a nosso respeito pelos que nos são distantes do que dos próximos, que às vezes nos usam como boia na tentativa de não naufragarem em suas próprias insuficiências. Costumo dizer que Deus, em sua misericórdia, nem sempre manda anjos para nos ajudarem lançando flores em nosso caminho. Na maioria das vezes, atiram pedras e cravam espinhos. Cuidemos para que algum não nos chame à luta corporal e nos possa ferir “sobre a juntura da coxa”, como fez com o insistente Jacó. Esforço-me para ser grata pelos que, de vez em quando, encontro no caminho.

Por isso penso que o mais importante é entender e atender ao chamado. Quando não o atendemos, precisamos que a misericórdia de Deus nos venha em socorro, como fez com Jonas pela boca do peixe, para nos conduzir ao lugar onde o dever se realize.

Ocorre-me que é por isso que a velha e sábia Educação sempre deu tanta importância ao que se chamava de “vocação” (vocatio = chamado), assim como a política antes de envelhecer dava importância à utopia, muito mais que ao pragmatismo.

Em algum ponto perdeu-se o ideal, deixou-se de ouvir o chamado, e a maior parte da geração que está no poder parece irremediavelmente perdida. Mas ainda nos reencontraríamos se, num momento de sabedoria, ouvíssemos o chamado do bobo shakespeariano que também ecoa nos versos de Pessoa: “Abdica, e sê rei de ti mesmo”.

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Opinião: “Só eleições podem resgatar a credibilidade das instituições”
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Fernando Rodrigues

Artigo do advogado Henri Clay Andrade

Henri-Clay-Andrade

O governo Temer e o Congresso Nacional não têm legitimidade popular, nem autoridade moral, para fazer reformas estruturantes no país.

O texto foi originalmente publicado no Poder360. Assine a newsletter.

A PEC 55, que congela investimentos sociais por 20 anos, as pretensas reformas previdenciária e trabalhista são golpes covardes e cruéis contra o povo.

Neste momento tenebroso, o mínimo ético impõe que essas reformas, ao menos, sejam submetidas ao referendo popular.

Urge uma reforma política que incremente a cidadania participativa, aprofunde a democratização nos três poderes e efetive radical mudança no sistema político.

Se não destruirmos esse sistema corrupto, vamos continuar vivendo em uma cleptocracia.

Se não mudarmos para valer, qualquer operação poderá até lavar a sujeira da superfície, mas não conseguirá remover a lama incrustada nos tapetes dos palácios.

Somente eleições gerais podem resgatar a credibilidade das instituições democráticas e restabelecer a estabilidade política necessárias para superarmos a crise econômica.

Esgaçou! Não dá mais para continuarmos sangrando até 2018. É chegada a hora de irmos às ruas clamar por diretas já!

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Marina Silva: “o abuso no poder”
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Fernando Rodrigues

O Blog traz um artigo da líder da Rede Sustentabilidade Marina Silva

Plenário da Câmara dos Deputados durante sessão solene em homenagem ao Dia do Índio, comemorado em 19 de Abril. Desde terça-feira (14), quando deram início ao Acampamento Terra Livre, as lideranças indígenas cumprem agenda no Parlamento onde apresentam suas reivindicações. ex-senadora e ambientalista, Marina Silva. Foto: Geraldo Magela/Agência Senado

Marina Silva, líder da Rede Sustentabilidade

Por iniciativa de parlamentares incomodados pelas investigações da Operação Lava-Jato, abriu-se no Congresso Nacional um debate sobre abuso de poder e de autoridade. Minha caracterização do que vem a ser esse abuso é rápida e baseada em exemplos.

Este artigo de opinião foi originalmente publicado no Poder360

Um grupo de parlamentares tem a ousadia de querer introduzir, num projeto de iniciativa popular que institucionaliza o combate à corrupção, uma emenda que dá anistia ao crime eleitoral de caixa dois. O presidente do Senado, investigado pela polícia, mobiliza o Poder Legislativo para tolher os poderes da Justiça. O constitucionalista presidente da República procura justificativas para apoiar, no Congresso, tais ações que visam salvar a si mesmo e aos seus. Forma-se uma força tarefa, com partidos e partidários da oposição e da situação, uns operando diretamente, outros por omissão, para desmoralizar, enfraquecer e, por fim, desmontar a Lava-Jato. Abuso de poder e de autoridade é um assunto muito sério para ser usado como uma tentativa de safar-se.

A sociedade acompanha os esforços do Ministério Público e da Polícia Federal que proporcionam coerência a uma justiça que não se intimida. A expectativa e o apoio à Justiça é a continuidade de um desejo manifestado nas ruas. Desde 2013, milhões de brasileiros se manifestam em grandes mobilizações que se autoconvocam à revelia de organizações partidárias ou sindicais e de seus velhos líderes, carismáticos ou burocráticos. Os que tentaram a aventura oportunista de surfar a grande onda, hoje lutam para salvar-se do afogamento. A tudo e todos que representam um poder que se demonstrou ilegítimo, a sociedade desautorizou com o velho refrão musical: “você abusou”.

Infelizmente, a insurgência das ruas não foi respondida senão com mais abuso: contra a lei, contra o povo, contra a justiça e a polícia, até mesmo contra os fatos, a realidade e o bom-senso. A situação política do Brasil tornou-se tão absurda, que parece não existir mais poder ou autoridade, somente o abuso. Nossa salvaguarda são as instituições, que vêm se consolidando desde a retomada da democracia e – graças a Deus e à Constituição cidadã de 88 – insistem em funcionar.

Como se pode pretender varrer para debaixo dos tapetes verde e azul do Congresso o Petrolão, as fraudes nos fundos de pensão, dos empréstimos consignados, dos propinodutos, de Belo Monte, das suspeitas envolvendo dois ex-governadores do Rio de Janeiro, dos crimes de corrupção confessados por empreiteiros, diretores, doleiros e marqueteiros, do crime de caixa dois, de todo esse resíduo tóxico do abuso de poder e autoridade que escorre a céu aberto pelo Brasil? Como podem tantos operadores da política, usando os cargos que ocupam na República, diante dos olhos da nação indignada, desprezarem os pesos e medidas da Lei e da ética e demonstrarem tamanho apego a esse objeto de prazer em que se tornou o poder?

Que a sociedade não tenha todas as respostas é típico destes tempos difíceis que vivemos. Nossa esperança, entretanto, persiste nas perguntas boas e incômodas. Mantendo nossas perguntas brasileiras e indignadas, tomo ainda emprestada a indagação de Adolfo Guggenbuhl-Craig, para quem, em um país democrático, a pergunta é como criar mecanismos legítimos, que possam impedir o avanço da psicopatia política. Sua sugestão é que talvez a melhor resposta consista em fazer com que o poder disponível nas mais altas posições administrativas fique tão reduzido que não chegue “a atrair os psicopatas”. Não deixa de ser uma boa pergunta e uma boa indicação de resposta.

É exatamente isso que venho tentando dizer quando repito que a Lava-Jato pode estar fazendo uma espécie de reforma política na prática. Isso será possível se, além de desmontar as estruturas corruptas, conseguirmos institucionalizar o combate contínuo à corrupção aprovando – sem “jabuti”, é claro – a emenda das dez medidas.

A sociedade terá retirado um pouco de poder daqueles que dele abusam. Em terreno tão difícil, será, sem dúvida, um importante passo à frente.

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Geraldo Alckmin: não tem solução sem crescimento
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Fernando Rodrigues

O Blog traz um artigo do governador de São Paulo, Geraldo Alckmin

São Paulo - O governador de SP, Geraldo Alckmin anuncia a convocação de mais de 20 mil professores para o próximo ano letivo, no Palácio dos Bandeirantes (Rovena Rosa/Agência Brasil)

O governador do Estado de São Paulo Geraldo Alckmin

Quem governa está obrigado a ter otimismo e confiança na superação das dificuldades. Os sinais preocupantes que o Brasil emite neste novembro – em que a recessão não cede como se previa e recuam os níveis de confiança de consumidores e indústria – indicam que as nossas tarefas para retomar o ciclo do crescimento ficaram maiores e sua execução é mais urgente.

Este artigo de opinião foi originalmente publicado no Poder360

O Brasil não tem 12 milhões de desempregados apenas, tem outros 6 milhões de pessoas que desistiram de procurar emprego e mais 5 milhões em situação de subemprego, vivendo precariamente de bicos. Temos 60 milhões de consumidores inadimplentes, com prestações atrasadas há 60 dias ou mais. Já se estima que a retomada do emprego não virá antes do segundo semestre de 2017: até lá, haverá mais postos perdidos que vagas abertas na economia.

É muito ruim que neste momento não haja discurso de crescimento, apenas um limitado discurso de ajuste. O ajuste que pode destravar o crescimento é o das macrorreformas previdenciária, trabalhista, política e tributária. É obrigatório fazer imediatamente a reforma da Previdência, cujos gastos sobem mais que o previsto e exponencialmente. Postergá-la agrava uma desconfiança que, por sua vez, alonga a espiral recessiva.

A política de crescimento que pode reverter essa espiral tem vetores importantes, como exportações e investimento em infraestrutura. Temos de aproveitar a manutenção do câmbio favorável em 2017 e buscar no exterior a demanda forte que pode recuperar a indústria. O Brasil tem hoje 40% de sua capacidade produtiva ociosa. Já o investimento em infraestrutura gera competitividade, emprego e renda; se internamente falta dinheiro para financiá-la, o dinheiro tem de vir no setor privado externo. E ele virá, desde que existam instâncias regulatórias e segurança jurídica para investimento, incluindo a possibilidade de seguro de risco cambial.

Não existe crescimento sustentável sem responsabilidade fiscal, é preciso insistir sempre. Não se trata de uma visão economicista de governo. É uma visão social. Os brasileiros precisam recuperar a confiança de que os impostos que pagam com muito sacrifício estão sendo bem empregados. As pessoas precisam do emprego, da segurança, dos serviços públicos prestados com qualidade, e os governos precisam ter a capacidade de fazer mais e melhor com menos dinheiro.

São Paulo tem experiência a oferecer em austeridade e gestão. Desde Mario Covas, o precursor da Lei de Responsabilidade Fiscal, o Estado mantém suas contas em dia. Em 2014, quando a atual crise começou a dar os primeiros sinais, cortamos despesas para adequá-las às receitas em queda, na contramão do que fazia então o governo federal. Controlando o gasto e realocando investimentos, foi possível manter serviços, programas sociais, obras públicas e ainda fazer superávit.

Manter um alto volume de investimento em infraestrutura tem sido possível porque o Estado não conta somente com os recursos do Tesouro paulista para alavancar novas obras e negócios: cada vez mais, utiliza as Parcerias Público-Privadas e as concessões públicas para movimentar a sua economia. Essas medidas permitem que São Paulo, hoje, não só pague seus servidores em dia como promova ações que geram emprego e renda, mesmo em situação de queda de receita.

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Armadilhas do Brasil pós-impeachment
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Fernando Rodrigues

O Blog traz artigo do ex-ministro da Casa Civil do governo Dilma Rousseff

Brasília - Entrevista com o ministro da Casa Civil, Jaques Wagner (José Cruz/Agência Brasil)

Jaques Wagner foi ministro-chefe da Casa Civil e governador da Bahia

O mundo mergulha numa perigosa crise. Assistimos em vários lugares do planeta a um redesenho de forças políticas, com a vitória de Donald Trump nos Estados Unidos e a perspectiva de ascensão de forças de extrema-direita em países da Europa. Parte desse movimento precisa ser entendido como reação àquilo que o modelo neoliberal prometeu há 30 anos e não entregou: uma globalização da prosperidade.

Esse artigo de opinião foi originalmente publicado no Poder360

No Brasil, ao contrário, diante da crise econômica, o governo Temer retoma um neoliberalismo tardio, conhecido e rejeitado em quatro eleições pelos brasileiros. Busca reduzir o estado de bem-estar social – apontando-o como responsável por todos os males; privatizar ativos públicos de interesse do capital – sem avaliação do seu papel estratégico; e restringir a atuação estatal – como um princípio em si.

As principais propostas de Temer refletem essa agenda míope que enganosamente espera atender às expectativas de mercado, como se a economia saísse da recessão pelo simples desejo. Tal aposta é uma armadilha perigosa. Os indicadores de confiança podem eventualmente ajudar a bolsa de valores, mas não promoverão a recuperação econômica prometida.

Num front, propõe-se a PEC 55, que estabelece um teto perverso para os gastos, num receituário que não foi aplicado em nenhum país do mundo. Economistas estimam que o teto provocará uma dramática queda nos investimentos sociais, em particular na educação e saúde. De outro lado, discute-se uma reforma da Previdência que vai mirar nos mais pobres. Especialistas apontam que a maior parte dos benefícios tem valor equivalente ao piso, isto é, o salário mínimo.

Em outra ponta, Temer prega uma agenda anacrônica para o Programa de Parcerias de Investimento, adotando um viés em benefício das empresas e prejuízo aos usuários, sem avaliar estrategicamente os reflexos sobre os custos da logística e serviços públicos.

Outros retrocessos ainda podem ser apontados, no abandono das políticas de promoção do desenvolvimento industrial que deram certo e nos sinais de esforço em reduzir o papel indutor do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES).

A imposição do duro ajuste fiscal sobre a maioria do povo, somada à reversão das políticas de promoção e distribuição de renda, traz grande risco ao desenvolvimento do Brasil. Não dá para aceitar o fim do círculo virtuoso da distribuição de renda, consumo e investimentos – públicos e privados – em favor de um retrocesso pelo neoliberalismo tardio e atrasado.

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Disque Câmara recebe 12 mil registros de opinião sobre o impeachment
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Fernando Rodrigues

Mais de 8 mil pessoas são favoráveis ao impedimento de Dilma

Movimento começou de forma tímida em fev.2015

Dez.2015 e mar.2016 tiveram o maior número de registros

Manifestacao-13mar2016

Manifestação em 13.mar na frente do Congresso Nacional

Os canais de atendimento da Câmara dos Deputados para registro de opiniões da população recebem uma média mensal de 17 mil mensagens. Desde fevereiro de 2015, o volume de manifestações cresceu porque mais pessoas passaram a registrar suas opiniões sobre o impeachment.

Até o final de mar.2016, o Disque Câmara já registrou 12.295 mensagens desse tipo.

A apuração é do repórter do UOL Lucas Loconte.

Os dados obtidos junto à Câmara dos Deputados corroboram pesquisas de opinião, como a do Ibope sobre a aprovação do governo da presidente Dilma Rousseff (PT). Divulgado anteontem (30.mar.2016), o levantamento aponta que apenas 10% da população avalia a gestão de Dilma como ótima ou boa.

Do total de registros sobre o impeachment no Disque Câmara, 67,16% são favoráveis ao impeachment, número próximo ao que a Datafolha divulgou em 19.mar, com 68% dos entrevistados demonstrando apoio ao impedimento da presidente.

O mês de março apresentou 9.040 manifestações, sendo 5.410 favoráveis ao impeachment e 3.630 contrárias. Em dezembro de 2015, foram 1.302 pessoas a favor do impedimento e 261 contra.

Disque-Camara-31mar2016

É possível observar que o aumento das mensagens em 2015 se deu nos meses que ocorreram manifestações no Brasil: março, abril e agosto registraram uma elevação nas manifestações captadas pelo serviço da Câmara.

Quando os advogados Hélio Bicudo, Janaína Paschoal e Miguel Reale Junior apresentaram o pedido de impeachment, o número de mensagens cresceu de forma exponencial, no período de setembro a outubro. Depois, caiu em novembro. Voltou a aumentar em dezembro.

O mesmo se verifica com os números totais recebido pelo Disque Câmara: foram 21.626 em set.2015, 19.990 em out.2015, 16.206 em nov.2015 e 13.171 em dez.2015.

Em 2016, à medida que o processo foi ganhando forma e força dentro do Congresso Nacional, o número de registros também cresceu. Até o final de março, o Disque Câmara teve 40.485 registros, 9.040 só sobre o impeachment –o equivalente a 22,33% dos registros.

Do total de mensagens, 60,93% (7.491 registros) foram via telefone, enquanto 39,07% (4.804) por meio do formulário online.

A Câmara dos Deputados explicou que as manifestações correspondem à livre e voluntária expressão dos cidadãos, relacionada a fatos políticos e legislativos.

Todas as pessoas que entram em contato com a Central de Atendimento da Câmara, seja pelo 0800 619 619 ou pelo formulário do Fale Conosco, preenchem um cadastro com dados pessoais. Como esse canal é aberto a quem quiser participar e a pessoa pode entrar em contato quantas vezes quiser, os dados não apresentam valor estatístico.

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