Blog do Fernando Rodrigues

Arquivo : maio 2014

A onda
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Fernando Rodrigues

BRASÍLIA – É difícil interpretar grandes acontecimentos quando os fatos ainda estão se passando. O Brasil teve a onda de protestos de rua em junho do ano passado. A violência tomou conta. O povo sumiu. Mas as manifestações persistiram, pipocando aqui e ali. Leia mais (para assinantes do UOL e da Folha).


PSOL agiu como esquerda do século 19, diz Safatle
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Bruno Lupion

Professor de filosofia da USP não será mais candidato ao governo de SP

Ele diz ter tido troca de e-mails divulgada e compara situação à NSA

Adriano Vizoni/Folhapress - 6.jul.2012

Vladimir Safatle, professor de filosofia da USP que postulava a candidatura ao governo paulista pelo PSOL, está fora da disputa pelo Palácio dos Bandeirantes.

Irritado com a legenda e o processo de disputa interna, Safatle questiona o tratamento que recebeu e a relação com a direção do partido. No domingo (18.mai.2014), o diretório paulista do PSOL indicou o historiador e cartunista Gilberto Maringoni para seu lugar.

Segundo o professor, a candidatura ao governo paulista nunca foi uma prioridade para o partido e isso tornou o conflito “inevitável”. Ele diz que e-mails privados para a direção da legenda foram publicados sem a sua autorização, o que poderia abrir espaço para uma ação na Justiça.

Safatle compara o desfecho de sua pré-campanha a uma peça de teatro. “É uma comédia que todo mundo vê de longe, os caras da esquerda se matando como se as questões internas fossem as mais importantes do mundo, um vaudeville [gênero teatral] do século 19, mostrando mais uma vez que a esquerda não está madura para apresentar uma alternativa crível”, diz.

O professor coordenou o programa de governo na área da Cultura do então candidato do PT à Prefeitura de São Paulo, Fernando Haddad. Ele chegou a ser cotado para assumir a pasta, hoje comandada pelo ex-ministro Juca Ferreira.

Apesar das críticas severas à direção paulista do PSOL, Safatle descarta trocar de partido. “Não é uma questão de fidelidade, mas de um momento da esquerda nacional, de reconfiguração profunda. Uma esquerda pós-PT, que vai ter que ser criada, e vai ser, com muita dificuldade e algumas situações traumáticas”, diz.

Leia mais detalhes no post abaixo. A seguir, trechos da entrevista:

Por que a sua pré-candidatura ao Palácio dos Bandeirantes naufragou?

A direção do PSOL nunca viu a candidatura a governador [de São Paulo] como uma prioridade, e quando isso ficou claro o conflito tornou-se inevitável. A estrutura que eu pedi era mínima, não dá nem para eleger um vereador em Franco da Rocha [município da região metropolitana de SP]. E ela foi conseguida por outros membros do partido. Eu mesmo me engajei para levantar fundos.

O sr. tinha um orçamento de R$ 300 mil para a campanha, é isso?

Era mais ou menos isso. Eu fui convidado para ser candidato, não pedi para ser candidato. Em abril descobri que não havia recurso algum em caixa. Nada. A não ser uma permuta para [produzir o programa de] televisão. E insisti na necessidade de ter uma aliança de frente de esquerda, mas setores do partido eram muito refratários. Acho que foi isso que inviabilizou. Alguns setores se acomodaram a um tipo de campanha na qual os candidatos majoritários não têm muita função dentro do embate eleitoral. Briguei para que o partido pudesse alcançar em torno de 6%, 7% [dos votos na eleição de governador].

O sr. divulgou que teria obtido os R$ 300 mil necessários. Quem se dispôs a doar?

Pessoas físicas que se entusiasmaram com a candidatura. E existiam outros partidos da frente de esquerda que se dispuseram a colaborar. Devido à inércia do partido, eu tomei a frente do processo. A situação era tal que faltavam as condições mínimas.

O PSOL diz que o sr. enviou um e-mail formalizando a desistência da sua candidatura. Mas o sr. afirma que quem não quis a sua candidatura foi o PSOL. O que ocorreu?

Eu me engajei cotidianamente na articulação da campanha, não foram poucas as vezes em que dei entrevistas e fiz intervenções públicas. Por outro lado, há cerca de 10 dias o PSOL virou para mim e disse: ‘Precisa oficializar a candidatura agora’. Eu perguntei quais eram as condições, e eles disseram que em caixa não tinham nada. Eu respondi que não era possível, que dessa forma não teria condições. Eu tensionei o processo, disse ‘ou damos um jeito, ou estou fora’. Enquanto eles já estavam divulgando a nota sobre minha pré-candidatura, eu ainda estava discutindo com o Randolfe [Rodrigues, pré-candidato do PSOL a presidente da República] as possibilidades para viabilizar a campanha. [A minha resposta] era uma questão de jogo interno. E eles, de uma maneira equivocada, jogaram para o campo externo.

Como o senador Randolfe Rodrigues se posicionou?

O Randolfe tentou intervir, ele sabe fazer as contas. Viu que precisava de um palanque no Estado com o maior colégio eleitoral do país. Sabia que era importante, tentou intervir no processo, mas os setores de São Paulo barraram a intervenção dele, aí aconteceu o que aconteceu.

O sr. poderia relatar como foi a disputa interna?

Eles publicaram inclusive uma troca de e-mails [com a direção do PSOL]. Eu acho que quem fez isso deveria procurar emprego na NSA [Agência de Segurança dos EUA]. Porque fazer pública uma correspondência privada é algo até que eu poderia processar. Sem falar no absurdo que é seu partido ter a palavra ‘liberdade’ no nome e ter membros que fazem coisas dessa natureza. O que vai fazer da próxima vez? Divulgar uma conversa telefônica? [Tensionar durante uma negociação] acontece um milhão de vezes, em todas as negociações políticas, você tensiona o processo para destravar uma situação desfavorável. Se fosse tão simples, as pessoas teriam me ligado e perguntado: ‘Você desistiu mesmo, é para valer?’.

Esse episódio parece uma má peça de teatro, que cheira às coisas mais antigas e problemáticas da esquerda. Quando você tenta eliminar algo que não está disposto a aceitar e começa a jogar nas costas dos indivíduos. Se de fato houvesse interesse [na candidatura ao governo de SP], nada disso teria acontecido. A candidatura nunca foi uma prioridade do partido e eles não tinham coragem de dizer isso publicamente. Mas disseram isso nos atos. E isso ficou claro para 99% da militância. As reações são radicalmente contrárias ao que aconteceu.

É muito triste, porque a população olha isso como se fosse uma grande comédia na qual ela já viu todos os atores e já sabe o que vai acontecer. Está vendo os caras da esquerda se matando como se as questões internas fossem as mais importantes do mundo, enquanto o país está pedindo por um conjunto de propostas e ações que possam surgir como alternativa. Você gasta tempo demais brigando, discutindo, batendo boca com problemas internos, como vai ter tempo para discutir as questões centrais? É uma comédia que todo mundo vê de longe, com se fosse uma comédia antiga, um vaudeville [gênero teatral] do século 19, como se os personagens fossem os mesmos, mostrando mais uma vez que a esquerda não está madura para apresentar uma alternativa crível.

O sr. avalia trocar de partido?

Eu não saio do PSOL por entender que é um partido de muitas frentes, com sensibilidade única. Não é uma questão de fidelidade, mas de um momento da esquerda nacional, de reconfiguração profunda. Uma esquerda pós-PT, que vai ter que ser criada, e vai ser, com muita dificuldade, com algumas situações traumáticas. É uma esquerda que não precisa se mostrar uma alternativa eleitoral, mas precisa ser capaz de mostrar que pode se organizar de outra forma.

Na opinião do sr., o que precisa mudar na esquerda?

Perder o ranço dirigista, centralizador. Não é possível você propor à sociedade um tipo de experiência política e, para dentro do partido, fazer o inverso do que propôs. Daí vem muito do rechaço aos partidos que vimos de forma muito forte a partir de junho de 2013.

O que mais me entristece nesse processo é compreender que não é a primeira vez que isso ocorre. O que aconteceu com a Marina [Silva, em 2010]? Ela tentava representar um tipo de posição ideológica clara. E se viu confrontada com uma burocracia partidária que não tinha outros interesses ideológicos. Não é idêntico ao que aconteceu comigo, mas isso mostra a dificuldade de se agir no Brasil com os partidos que nós temos. Existe uma demanda cada vez mais forte por fazer política de outra forma, e as estruturas partidárias aparecem mais como um bloqueio, e não como um canal.

Por que o sr. aceitou ser pré-candidato pelo PSOL?

Não sou alguém que quer fazer carreira política. Estou feliz como professor. Mas acho que existe uma tradição brasileira de intelectuais que entram pontualmente no debate público, para destravar o fechamento desse debate. Abrir, colocar novas pautas, novas questões. Minha ideia era essa. Entrar nesse processo local, de São Paulo, ligado aos protestos de junho, e depois voltar para a academia. Mostrar que há espaço para um discurso de esquerda mais radical e que ele tem densidade eleitoral. E que é importante explorar esse espaço.

O Brasil caminha para uma polarização crescente da política. Vamos ter um polo orgânico da direita conservadora. O pastor Everaldo [pré-candidato do PSC a presidente da República] tem hoje 2% das intenções de voto. E se terminar com 6%? Acho muito sintomático. A extrema direita não precisa vencer uma eleição para definir a pauta política. Veja a Europa, por exemplo. [Com esse patamar de votos,] ela já puxa o debate para o seu lado. A direita não precisa governar, mas influencia a todo momento o debate. Temo que isso ocorra no Brasil em um futuro próximo. E se não houver um polo à esquerda, para fazer um contrapeso, a política como um todo tende a cair para a direita.

Leia mais no post abaixo.

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Naufraga a candidatura de Vladimir Safatle ao governo de SP
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Fernando Rodrigues

Professor aponta falta de estrutura e diz que seu nome incomodou lideranças

Partido afirma que precisava definir pré-candidato a tempo da convenção

Adriano Vizoni/Folhapress - 9.jul.2012

O PSOL informou no domingo (18.mai.2014) que Vladimir Safatle não será mais seu candidato ao governo de São Paulo. O partido e o professor da USP divergiram sobre estrutura e financiamento de campanha. No seu lugar, o diretório paulista da legenda escolheu o historiador e cartunista Gilberto Maringoni.

Safatle filiou-se ao PSOL em outubro de 2013, em cima do prazo hábil para disputar as eleições deste ano. Ele vinha tentando atrair o PSTU e a Rede, de Marina Silva, em torno do seu nome. Seu rompimento com o projeto de conquistar o Palácio dos Bandeirantes foi pontuado por declarações belicosas.

O professor tinha o objetivo de conquistar de 6% a 7% dos votos, mas imaginava ser difícil alcançar esse patamar sem uma estrutura profissional de campanha e apoio de outros partidos de esquerda.

Safatle havia pedido a garantia de pelo menos R$ 300 mil para contratar uma equipe profissional de 10 a 12 pessoas para as áreas de assessoria de imprensa, consultoria jurídica e pesquisas de opinião. Um orçamento modesto, se comparado aos valores envolvidos na disputa pelo governo paulista.

O PSOL respondeu que não tinha como levantar esse dinheiro –o partido não costuma buscar doações de empresas e realiza campanhas com trabalho voluntário dos militantes.

O professor diz ter encontrado pessoas interessadas em doar o valor pretendido, mas ameaçou desistir da candidatura se a legenda não se comprometesse a buscar mais recursos. O PSOL interpretou a declaração de Safatle como um abandono da disputa e indicou Maringoni para seu lugar.

Ao Blog, Safatle afirma que a direção estadual do PSOL “nunca viu” a candidatura ao Palácio dos Bandeirantes como uma prioridade, e quando seu nome começou a arregimentar apoio na legenda o conflito tornou-se “inevitável˜.

“Quando isso aconteceu, uma parte da burocracia partidária ficou com receio de que a candidatura teria ficado grande demais para algumas lideranças”, diz. Questionado sobre quais lideranças seriam essas, Safatle preferiu não comentar.

Contribuiu para esse desfecho a dificuldade de atrair o PSTU para a aliança. As duas legendas não se uniram para o pleito nacional e o diretório fluminense do PSOL rejeitou uma proposta de coligação local com o PSTU. A Rede, de Marina Silva, também discutiu apoiar o professor, mas a negociação foi interrompida.

Em São Paulo, a maior estrela do partido é o deputado federal Ivan Valente. Egresso do PT, o deputado está no seu quinto mandato consecutivo. O Blog tentou falar com Valente na noite de 2ª feira (19.mai.2014) e deixou recado com o seu assessor, mas não obteve resposta até o momento.

Troca de farpas. O diretório paulista do PSOL e Safatle publicaram versões diferentes sobre o ocorrido. Segundo o partido, Safatle comunicou oficialmente em 10 de maio a desistência da candidatura. Entre os motivos, estariam a “precariedade financeira” do partido e “questões de ordem pessoal e familiar”.

O PSOL também alega que esperou o máximo possível pela decisão de Safatle e havia alcançado um limite cronológico. A convenção estadual do partido ocorre em menos de um mês, em 14.jun.2014, e os militantes pressionavam pela definição de um nome para iniciar a pré-campanha.

Em carta aberta publicada no sábado (17.mai.2014), o professor da USP não passou recibo pelo fracasso da candidatura. “A nota interna emitida pela executiva estadual a respeito de minha pretensa renúncia à candidatura expõe tal questão como se tratasse praticamente de um delírio megalomaníaco de minha parte. Tal visão é simplesmente falsa”, afirmou.

Safatle diz que foi surpreendido, apenas em abril, pela falta de recursos disponíveis no PSOL para sua campanha. “Durante meses ninguém me alertara para isto, expondo a real situação apenas na reta final. Eu amo demais as ideias políticas para deixá-las naufragar por falta de planejamento estratégico mínimo”, escreveu. Ele não descarta, no entanto, disputar futuras eleições pelo partido.

A pré-candidatura de Maringoni deve ser confirmada na convenção estadual do PSOL. Leia no post acima entrevista de Safatle ao Blog.

(Bruno Lupion)

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Kassab reafirma a Dilma apoio à reeleição
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Fernando Rodrigues

Ex-prefeito paulistano e presidente do PSD foi ao Planalto na última 4a feira

Kassab disse a Dilma que seu partido ficará com a presidente em outubro

Meirelles como candidato a vice-presidente de Aécio Neves é opção remota

Alan Marques/Folhapress - 20.nov.2013

Está próxima de zero a possibilidade de o PSD, do ex-prefeito paulistano Gilberto Kassab, desertar do governo federal do PT e embarcar na canoa do PSDB na disputa presidencial.

Não foi noticiado, mas Kassab esteve com Dilma Rousseff para um encontro reservado na última quarta-feira (14.mai.2014), no Palácio do Planalto, em Brasília.

Nessa conversa, Kassab foi logo pedindo desculpas pelo tom de um comercial do PSD de Minas Gerais, que havia feito um ataque a Dilma Rousseff de maneira frontal na semana anterior. O Blog noticiou o assunto.

Dilma aceitou as desculpas de Kassab. Ouviu do ex-prefeito que o PSD deve reafirmar em convenção nacional em junho o apoio oficial à reeleição da petista.

Kassab entende que neste momento seria um desastre completo para o PSD desertar de Dilma Rousseff e escolher um outro candidato a presidente. O ganho seria pequeno e não compensaria o custo político, altíssimo.

O PSD é um partido que nasceu sob o signo da desconfiança, em 2011. Seria apenas mais uma sigla oportunista e de aluguel. Iria se mover ao sabor das ofertas do poder.

Para tentar debelar essa imagem, Kassab montou um sistema de consultas formais aos 27 diretórios do PSD nos Estados e no Distrito Federal. Essas consultas, por óbvio, tinham grande influência do próprio Kassab. Ainda assim, o método divulgado à mídia era uma novidade. É raro um partido não ideológico se comportar dessa forma.

As consultas resultaram numa ampla maioria dos diretórios do PSD a favor do apoio formal à campanha de reeleição de Dilma Rousseff. Essa adesão é muito relevante para a presidente. O PSD tem hoje o terceiro maior tempo de TV e de rádio no horário eleitoral, empatado (com diferença de alguns segundos) com o PSDB (os maiores tempos são do PT e do PMDB, nessa ordem).

Tempo de rádio e de TV é vital para campanhas políticas no Brasil.

Com o anúncio da adesão a Dilma de forma tão antecipada, Kassab deseja que o PSD ocupe um espaço vago na política brasileira. Esse papel era desempenhado pelo antigo PFL (agora Democratas), como uma sigla de centro-direita confiável quando se propunha a fazer acordos.

Desistir de Dilma Rousseff agora que a presidente está enfrentando dificuldades em nada colaboraria para construir a imagem pretendida por Kassab para o PSD. Insistir nessa aliança, mesmo num momento não tão positivo para o Planalto, faz o PSD subir mais alguns degraus na direção de ser uma sigla (embora não ideológica) confiável para fazer acertos políticos.

HENRIQUE MEIRELLES E JOSÉ SERRA
Mas então é impossível Kassab e o PSD desistirem de Dilma agora? Em política, nada é impossível. Mas há indicações reais de que são furadas, pelo menos, as especulações sobre Henrique Meirelles (o ex-presidente do Banco Central é filiado ao PSD) ser o candidato a vice-presidente do tucano Aécio Neves.

Há nuances que não foram captadas pelas notícias a respeito desse assunto.

Aécio Neves está à caça de um candidato a vice-presidente que de fato o ajude na campanha eleitoral –sobretudo em solo paulista. O PSD colaboraria muito por causa do seu tempo de TV.

Ocorre que Henrique Meirelles ao lado de Aécio Neves como candidato a vice-presidente seria também um problema de razoáveis proporções para o tucano na campanha em São Paulo.

Por quê? Porque Aécio Neves tem hoje 2 problemas em São Paulo (e um terceiro seria a escolha de Meirelles).

Primeiro, o governador do Estado de São Paulo, Geraldo Alckmin (PSDB), tentará se reeleger e não dá indicações de que fará algum esforço real para ajudar Aécio a ganhar o Planalto.

O segundo problema de Aécio em São Paulo se chama José Serra, o tucano paulista que sonhou a vida inteira em ser presidente da República. Serra não nutre admiração por Aécio. Por enquanto, nada indica que Serra vá ajudar na campanha presidencial do seu colega de partido (apesar, é claro, das declarações oficiais).

Em resumo, mais do que um candidato a vice-presidente, Aécio Neves precisa de um nome que o ajude a pacificar o PSDB de São Paulo. Serra seria esse nome. Se entrasse na chapa de Aécio, não teria como não fazer campanha. E como efeito colateral, empurraria Alckmin também para a linha de frente aecista.

Ocorre que Serra ontem (18.mai.2013) anunciou que não deseja ser candidato a vice-presidente.

Não há como saber se Serra faz tal declaração para aumentar ainda mais o valor de seu passe até a data da convenção nacional do PSDB, em 14 de junho, quando a chapa poderá ser anunciada –embora nessa data possa sair só o nome do candidato a presidente; o do vice ficaria para até o último minuto de 30 de junho, o prazo legal.

Noves fora as especulações, no momento, sabe-se que Serra está dizendo em público que não será o candidato a vice-presidente na chapa encabeçada por Aécio.

E onde entra Henrique Meirelles nessa equação como o “terceiro problema”? Simples: Meirelles é uma personalidade incompatível com José Serra. O tucano não tem admiração (para dizer o mínimo) pelas ideias do ex-presidente do Banco Central.

Se a chapa do PSDB fosse composta por Aécio Neves e Henrique Meirelles, os tucanos paulistas liderados por Serra ficariam muito insatisfeitos. A dupla Aécio-Meirelles seria desprezada pelos serristas.

Ou seja, o problema político de Aécio só vai piorar em São Paulo se o seu candidato a vice fosse Meirelles.

Este Blog notou nos últimos dias que esse balão de ensaio sobre Meirelles como vice de Aécio foi muito mais inflado pelo mercado financeiro do que por forças políticas reais na disputa presidencial.

Para terminar, mais uma informação dos bastidores desse processo. No caso de ocorrer o altamente improvável descolamento do PSD de Dilma Rousseff, o partido teria um nome certo para ser candidato a vice-presidente República: Gilberto Kassab, que agora só aparece como possível candidato a vice-governador na chapa de Geraldo Alckmin, em São Paulo.

Kassab é amigo de Serra, a quem é muito fiel.

Kassab resolveria os problemas de Serra se fosse vice de Aécio. O tucano teria alguém de sua inteira confiança política dentro do projeto presidencial do PSDB. Não precisaria se humilhar ficando na posição subalterna de vice de alguém que não aprecia verdadeiramente.

E Kassab resolveria também os problemas de Aécio: daria mais tempo de TV e de rádio para o tucano. E pacificaria o cenário no PSDB de São Paulo.

Mas as chances de toda essa bruxaria política se materializar são mínimas, quase inexistentes. Tão pequenas quanto as de Luiz Inácio Lula da Silva tomar o lugar de Dilma Rousseff na corrida pelo Planalto.

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Poder e Política na semana – 19 a 25.mai.2014
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Fernando Rodrigues

Nesta semana, Dilma inaugura trecho da ferrovia Norte-Sul e a CPI da Petrobras ouve José Sérgio Gabrielli e Nestor Cerveró.

Na manhã desta 2ª feira, a presidente Dilma Rousseff lança o Plano Agrícola e Pecuário 2014/2015, no Palácio do Planalto. À tarde, reúne-se com José Melo, governador do Amazonas, e Marcos Pereira, presidente do PRB. Na 3ª feira, Dilma visita fábrica da Embraer em Gavião Peixoto, no interior de SP, e inaugura o Terminal 3 do aeroporto de Guarulhos. À noite, participa de encontro com a comunidade judaica, na capital paulista. Na 4ª feira, Dilma assina decreto que institui a Política Nacional de Participação Social. Na 5ª feira, a presidente inaugura trecho de 855 km da ferrovia Norte-Sul com cerimônias em Anápolis (GO) e Porto Nacional (TO). Na 6ª feira, vai a Ji-Paraná (RO) entregar máquinas agrícolas e títulos de regularização fundiária.

Aécio Neves, pré-candidato do PSDB a presidente da República, participa nesta 2ª feira do pré-lançamento da chapa do tucano Pimenta da Veiga ao governo de Minas Gerais. À tarde, Aécio vai a Curitiba para lançamento de livro sobre José Richa (1934-2003), ex-governador do Paraná. No sábado, Aécio participa do lançamento da pré-candidatura da senadora Ana Amélia (PP) ao governo gaúcho, em Porto Alegre.

Eduardo Campos, pré-candidato do PSB a presidente da República, visita diversas cidades do Nordeste. Na 3ª feira, vai a Paulo Afonso e Feira de Santana, na Bahia. Na 4ª feira, a João Pessoa e Campina Grande, na Paraíba. Na 5ª feira, a Natal e Santa Cruz, no Rio Grande do Norte.

A semana terá desdobramentos da CPI da Petrobras. Na 3ª feira, a CPI instalada no Senado ouvirá José Sérgio Gabrielli, ex-presidente da estatal, e na 5ª feira colherá depoimento de Nestor Cerveró, ex-diretor da área internacional da empresa. Também na 3ª feira, os Democratas lançam um painel na Câmara pressionando pela instalação imediata da CPI mista, com deputados e senadores.

O Congresso realiza sessão conjunta para analisar 14 vetos da presidente Dilma na 3ª feira –incluindo ao projeto de lei que permite a criação de novos municípios e a dispositivos da minirreforma eleitoral.

Na 6ª feira, o governo federal retoma programa de concessão de rodovias com leilão de trecho da Belém-Brasília, entre Anápolis (GO) e Gurupi (TO).

Eis, a seguir, o drive político da semana. Se tiver algum reparo a fazer ou evento a sugerir, escreva para frpolitica@gmail.com. Atenção: esta agenda é uma previsão. Os eventos podem ser cancelados ou alterados.

 

2ª feira (19.mai.2014)
Dilma e a agricultura – presidente Dilma Rousseff lança Plano Agrícola e Pecuário 2014/2015. No Palácio do Planalto, às 10h. Às 16h30, Dilma reúne-se com o governador do Amazonas, José Melo (Pros). Às 18h, recebe Marcos Pereira, presidente do PRB. É possível que Dilma também reúna-se com Gilberto Kassab, presidente do PSD.

Aécio e Pimenta – Aécio Neves, pré-candidato a presidente da República pelo PSDB, participa de pré-lançamento da chapa do tucano Pimenta da Veiga (foto) ao governo de Minas Gerais. O pré-candidato a vice na chapa será Dinis Pinheiro e, ao Senado, Antonio Anastasia. Em Belo Horizonte. À tarde, Aécio participa do lançamento de livro sobre José Richa (1934-2003), ex-governador do Paraná, em Curitiba.

Divulgação

Campos em Pernambuco – Eduardo Campos, pré-candidato a presidente da República pelo PSB, participa de reuniões internas com correligionários em Recife.

Prefeitos unidos – Cerca de 50 prefeitos de grande cidades brasileiras reúnem-se em SP para discutir temas de interesse comum dos municípios, como renegociação de dívidas, pagamento de precatórios e cobrança do IPTU. Até 3ª feira (20.mai.2014).

Marta e Padilha – Marta Suplicy, ministra da Cultura, reúne-se com Alexandre Padilha, pré-candidato do PT ao governo de SP, na capital paulista.

Skaf e a infraestrutura – Fiesp e Firjam realizam seminário sobre infraestrutura brasileira, com participação de gestores governamentais e empresários dos setores de energia, saneamento, transportes e telecomunicações. Paulo Skaf, pré-candidato do PMDB a governador de SP, abre o evento.

Sabatina com TarsoUOL, “Folha” e SBT promovem sabatina com Tarso Genro, governador do Rio Grande do Sul e candidato à reeleição pelo PT. Às 11h, com transmissão por internet e televisão.

PDT com Pezão – diretório estadual do PDT do Rio formaliza apoio à candidatura de Luiz Fernando Pezão (PMDB) ao governo do Estado.

CNJ reunido – sessão do Conselho Nacional de Justiça delibera sobre distribuição de verbas entre os órgãos do Judiciário do primeiro e segundo grau e procedimentos disciplinares contra juízes.

Justiça de transição – Comissão Nacional da Verdade apresenta estrutura de capítulos do seu relatório final e troca informações com Comissões da Verdade Estaduais e Municipais. No auditório do Banco do Brasil, em SP.

Fichas sujas – Ministério Público Federal deve completar banco de dados com informações de pessoas inelegíveis em todo o país.

Greve em SP – funcionários da Companhia Paulista de Trens Metropolitanos reúnem-se com representantes da empresa no Tribunal Regional de Trabalho para discutir reajuste salarial. Caso não haja acordo, está prevista paralisação nos trens urbanos de SP a partir de 3ª feira (20.mai.2014).

Inflação – FGV divulga resultados do IPC-S Capitais e IGP-M do segundo decêndio de maio.

 

3ª feira (20.mai.2014)
Dilma com Padilha em SP – presidente Dilma Rousseff visita fábrica da Embraer em Gavião Peixoto e inaugura o Terminal 3 do aeroporto de Guarulhos, acompanhada de Alexandre Padilha, pré-candidato do PT ao governo de SP. À noite, Dilma participa de encontro com a comunidade judaica, na capital paulista.

Campos na Bahia – Eduardo Campos, pré-candidato a presidente da República pelo PSB, vai a Paulo Afonso para roda de conversa com a juventude da Faculdade Sete de Setembro. Depois viaja a Feira de Santana, onde visita ao Hospital da Mulher e reúne-se com estudantes da Universidade de Ensino Superior de Feira de Santana.

Marina no Chile – Marina Silva, pré-candidata a vice-presidente da República pelo PSB e líder da Rede, apresenta palestra sobre desenvolvimento sustentátel em Santiago.

CPI da Petrobras – reunião da Comissão Parlamentar de Inquérito da Petrobras do Senado deve requerer os autos da Operação Lava-Jato em posse da Justiça do Paraná.

Gabrielli no Senado – CPI da Petrobras no Senado ouve José Sérgio Gabrielli, ex-presidente da estatal, às 10h15, sobre a compra da refinaria de Pasadena.

CPMI da Petrobras – vence o prazo para os partidos indicarem os membros da Comissão Parlamentar Mista de Inquérito do Petrobras, que reúne deputados e senadores. A oposição pressiona pela instalação imediata da CPMI, o governo é contra. O Democratas inaugura, no Salão Verde, painel com o nome dos integrantes já nomeados para a CPMI e os partidos que ainda não indicaram seus representantes.

Congresso analisa vetos – sessão do Congresso Nacional analisa 14 vetos da presidente Dilma Rousseff. Os principais vetos são a projeto de lei que permite a criação de novos municípios e a dispositivos da minirreforma eleitoral.

Alckmin e emendas – Geraldo Alckmin, governador de SP, libera R$ 300 milhões em emendas de deputados estaduais.

Skaf em Jundiaí – Paulo Skaf, pré-candidato do PMDB a governador de SP, visita escola do Senai em Jundiaí, no interior paulista.

Legalização de drogas – Comissão de Constituição e Justiça do Senado realiza debate sobre legalização das drogas, solicitado por mais de 10 mil internautas. Às 9h, aberto ao envio de perguntas pela internet.

Greve de professores em SP – professores municipais de SP em greve realizam manifestação e assembleia no vão livre do Masp.

Rodrigues na Unica – Roberto Rodrigues, ex-ministro da Agricultura, deve assumir a presidência do conselho deliberativo da Unica (União da Indústria de Cana-de-açúcar).

Serviços – IBGE divulga resultado da Pesquisa Mensal de Serviços

PSC na TV – legenda tem 5 minutos de propaganda em rádio e televisão, divididos em inserções de 30 segundos ou 1 minuto.

 

4ª feira (21.mai.2014)
Dilma e a sociedade civil – Dilma assina decreto que institui a Política Nacional de Participação Social, que orientará órgãos da administração pública federal a aumentarem o diálogo com a sociedade civil.

Campos na Paraíba – Eduardo Campos, pré-candidato a presidente da República pelo PSB, apresenta palestra em Campina Grande, no campus da UFCG, sobre inovação, tecnologia e desenvolvimento regional. Depois, em João Pessoa, reúne-se com dom Aldo Pagotto, presidente da Pastoral da Criança, e apresenta palestra no Fórum de Jovens Líderes da Paraíba.

Lula na Bolívia – ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva participa de seminário sobre mudanças climáticas, em Santa Cruz. Até 5ª feira (22.mai.2014). O evento é preparativo à reunião de cúpula do G77 (Grupo de países em desenvolvimento) + China, prevista para 14.jun.2014, também em Santa Cruz.

Pastores e eleições – Confederação dos Pastores do Brasil reúne-se em Brasília para discutir calendário de sabatinas com os pré-candidatos a presidente da República.

Skaf em Bragança – Paulo Skaf, pré-candidato do PMDB ao governado de SP, visita escola do Senai em Bragança, no interior paulista.

Padilha e portugueses – Alexandre Padilha, pré-candidato do PT ao governo de SP, é convidado para almoço-palestra do Conselho de Administração da Câmara Portuguesa, em SP.

Construção Civil – ocorre em Goiânia (GO) o 86º Encontro Nacional da Indústria da Construção. 

Investigação eleitoral – STF deve avaliar constitucionalidade da resolução do TSE que obriga procuradores e promotores a pedir autorização da Justiça para investigar crimes eleitorais.

Partidos nas eleições – Supremo julga ação direta de inconstitucionalidade proposta pelo ex-PL, hoje PR, contra dispositivo da lei eleitoral que exige que os partidos sejam registrados com 1 ano de antecedência para participar das eleições.

Geller em Rondônia – Neri Geller, ministro da Agricultura, abre a 3ª Feira Rondônia Rural Show, em Ji-Paraná (RO).

Policiais protestam – sindicatos de policiais civis e militares de diversos Estados programam marchas em protesto por melhores salários.

Plano Nacional de Educação – plenário da Câmara pode votar as emendas do Senado ao Plano Nacional de Educação. A mais importante determina que o governo invista 10% do PIB no setor no prazo de 10 anos.

Paralisação na USP – servidores da USP prometem paralisação contra o congelamento de salários anunciado para este ano, em função da crise financeira da universidade. O Conselho de Reitores, com representantes da USP, Unicamp e Unesp, discute o tema.

Tributação de pequenas empresa – plenário da Câmara dos Deputados pode vota emendas ao projeto de lei que altera o Supersimples (Estatuto da Micro e Pequena Empresa).

Jornal cubano – Yoani Sánchez, blogueira cubana, lança jornal digital independente “14 y medio”.

Inflação – IBGE apresenta resultados do INPC Amplo 15.

 

5ª feira (22.mai.2014)
Dilma e ferrovias – presidente Dilma Rousseff inaugura trecho de 855 km da ferrovia Norte-Sul com cerimônias em Anápolis (GO) e Porto Nacional (TO).

Campos no Rio Grande do Norte – Eduardo Campos, pré-candidato a presidente da República pelo PSB, visita o Hospital Infantil Varela Santiago, em Natal, e visita Santuário Alto Santa Rita de Cássia, em Santa Cruz.

Cerveró na Câmara – CPI da Petrobras no Senado ouvirá Nestor Cerveró, ex-diretor da área internacional da estatal, às 10h15, sobre a compra da refinaria de Pasadena.

Feliciano no Supremo – está na pauta do STF julgamento de ação penal contra o deputado Pastor Marco Feliciano (PSC-SP), por estelionato. Ele é acusado de ter inventado um acidente no Rio de Janeiro para justificar a ausência em evento no Rio Grande do Sul, para o qual já havia recebido cachê, passagens e hospedagem. O Supremo também pode analisar inquéritos contra o deputado Júlio Delgado (PSB-SP) e o senador Sérgio Petecão (PSD-AC).

Skaf no ABC – Paulo Skaf, pré-candidato do PMDB a governador de SP, visita obras de escola do Senai em Santo André e inaugura unidade móvel da entidade em São Bernardo do Campo.

Protesto em SP – MTST planeja realizar manifestação na capital paulista contra a Copa do Mundo e a favor de moradias populares.

Tesouro – Conselho Monetário Nacional reúne-se em Brasília.

Emprego – IBGE apresenta resultados da Pesquisa Mensal de Emprego.

Indústria – FGV divulga a prévia da Sondagem da Indústria.

DEM na TV – partido veicula propaganda em rede nacional. No rádio das 20h às 20h10; na TV, das 20h30 às 20h40. Legenda também tem 5 minutos de propaganda em rádio e televisão, divididos em inserções de 30 segundos ou 1 minuto.

Europa vota – União Europeia realiza eleições em 28 países para o Parlamento Europeu. Até domingo (25.mai.2014).

 

6ª feira (23.mai.2014)
Dilma em Rondônia – presidente Dilma Rousseff vai a Ji-Paraná entregar máquinas agrícolas e títulos de regularização fundiária.

Concessão de rodovia – governo federal retoma programa de concessão de rodovias com leilão de trecho da Belém-Brasília (BR-153), entre Anápolis (GO) e Gurupi (TO).

Segurança na Copa – Rio estreia o Centro Integrado de Comando e Controle, estrutura que centralizará as operações de segurança durante a Copa.

Skaf em Araras – Paulo Skaf, pré-candidato do PMDB a governador de SP, inaugura escola do Sesi em Araras, no interior paulista.

Assembleia dos Piratas – Partido Pirada realiza sua 1ª Assembleia Nacional, em Curitiba (PR), com transmissão pela internet.

Inflação – FGV divulga resultados do IPC-S

Consumo – FGV apresenta sua Sondagem do Consumidor.

 

Sábado (24.mai.2014)
Aécio e Ana Amélia – Aécio Neves, pré-candidato do PSDB a presidente da República, participa do lançamento da pré-candidatura da senadora Ana Amélia (PP) ao governo gaúcho. Em Porto Alegre.

Aeroporto Juscelino Kubitschek – Aeroporto de Brasília deve concluir totalmente as obras de ampliação.

PSC na TV – legenda tem 5 minutos de propaganda em rádio e televisão, divididos em inserções de 30 segundos ou 1 minuto.

 

Domingo (25.mai.2014)
Colômbia vota – país latino-americano realiza eleições presidenciais. Os candidatos com mais chances de vitória são o atual presidente Juan Manuel Santos, que busca a reeleição, e Ivan Zuluaga, que conta com os serviços do marqueteiro Duda Mendonça.

Ucrânia vota – país realiza eleições presidenciais dividido entre pressões do Ocidente e da Rússia.

 

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A antipolítica no ar
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Fernando Rodrigues

BRASÍLIA – A adesão aos protestos da superquinta (15) foi baixa. Mas os efeitos causados foram semelhantes aos produzidos pelos atos de junho do ano passado. Ruas e estradas fechadas. Patrimônio público e privado depredado. Cidadãos com medo de sair de casa. E continua no ar aquele sentimento difuso de antipolítica. Leia mais (para assinantes do UOL e da Folha).


YouTube derrubou página do PT por várias horas
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Fernando Rodrigues

Comercial do partido ficou inacessível; legenda suspeita de ataque antipetista

A disputa eleitoral nos meios digitais será pesada neste ano. Um exemplo se deu na noite de 5ª feira (15.mai.2014), quando a página do PT no YouTube foi derrubada e ficou fora do ar até por volta das 11h desta 6ª feira (16.mai.2014).

A queda da página petista ocorreu justamente no momento em que o partido tinha interesse em promover o vídeo de 10 minutos do programa de TV que colocou no ar na noite de 5ª feira, mostrando o que considera avanços da gestão de Dilma Rousseff (assista abaixo).

 

Segundo o Blog apurou, a página petista caiu porque muitos usuários (possivelmente adversários do PT) “denunciaram” o vídeo dizendo que o conteúdo era impróprio. O YouTube derruba as páginas automaticamente quando há muitas reclamações. Depois, um funcionário verifica o que houve. No caso do PT, ficou provado que não havia conteúdo que ferisse a política do site e os vídeos voltaram a ficar disponíveis.

Quem tentava acessar a página encontrava a seguinte mensagem:

“Esta conta foi suspensa devido a múltiplas ou graves violações da política do YouTube relacionada a spam, jogos, conteúdo enganoso ou outras violações dos Termos de Serviço” (reprodução abaixo).

PT-YouTube2

O ocorrido foi um revés para o PT, que pretendia aumentar a repercussão do seu programa de TV exibido na 5ª feira. O programa repete o comercial de 1 minuto que havia sido exibido no início da semana, mostrando o que o partido chama de “fantasmas do passado”, como inflação e desemprego. Esse vídeo está na TV UOL.

Todos os vídeos do YouTube permitem aos usuários denunciar conteúdo abusivo nas seguintes categorias: Conteúdo sexual, Conteúdo violento ou repulsivo, Conteúdo abominável ou abusivo, Atos perigosos, Abuso infantil, Spam ou enganoso, Infringe meus direitos e Relatório de legendas (CVAA).

O YouTube informa: “Vídeos e usuários denunciados são analisados pela equipe do YouTube 24 horas por dia, sete dias por semana, para determinar se eles violam as Diretrizes da comunidade. As contas são penalizadas por violações dessas diretrizes, sendo que violações graves ou repetidas podem levar ao encerramento da conta”.

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“Fantasmas do passado”
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Fernando Rodrigues

BRASÍLIA – O eleitor vota quase sempre movido por dois sentimentos, o medo ou a esperança. Às vezes, a combinação de ambos. Leia mais (para assinantes do UOL e da Folha).


PT copia FHC de 1998 e usa discurso do medo para alavancar Dilma
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Fernando Rodrigues

O PT divulga na noite desta 3ª feira (13.mai.2014) comercial de televisão de 1 minuto no qual explora o discurso do medo para tentar alavancar a candidatura da presidente Dilma Rousseff à reeleição.

As imagens mostram pessoas empregadas, com acesso a remédios, estudo e lazer, em contraposição com pessoas desempregadas, passando fome e pedindo dinheiro em semáforos, que seriam “fantasmas do passado”, o título do comercial petista. Assista ao comercial abaixo:

 

O locutor, em tom dramático, alerta: “Não podemos deixar que os fantasmas do passado voltem e levem tudo o que conseguimos”. Ao final, diz que “não podemos dar ouvidos a falsas promessas”, em referência indireta às propostas que vêm sendo feitas por candidatos da oposição a presidente da República, como Aécio Neves (PSDB) e Eduardo Campos (PSB).

Aécio tem falado, por exemplo, em adotar “decisões impopulares” na economia, e Campos promete buscar uma inflação anual de 3% a partir de 2019.

Essa estratégia é muito semelhante à utilizada em 1998 pelo então presidente Fernando Henrique Cardoso (PSDB), que enfrentava dificuldades com sua taxa de popularidade e o estado geral da economia.

À época, FHC usou o discurso do medo dizendo que só ele seria preparado para continuar a combater a inflação, que havia começado a ser debelada em 1994. O adversário do tucano, em 98, era Luiz Inácio Lula da Silva (PT), que perdeu aquela eleição.

O comercial do PT usa agora uma estratégia que já rechaçou e conseguiu derrotar em 2002. Naquele ano, o PSDB novamente tentou usar o discurso do medo para eleger José Serra, apresentado ao eleitorado como o único capacitado para manter as conquistas de estabilidade econômica dos anos FHC (e até usou a atriz Regina Duarte em um filme). Lula era o candidato de oposição pela quarta vez consecutiva. O publicitário petista à época, Duda Mendonça, criou o slogan “a esperança vai vencer o medo”. O PT ganhou.

O comercial de hoje foi produzido pela Polis, do marqueteiro João Santana. A criação é de Antonio Meirelles, João Santana e Marcelo Kertész. O filme foi dirigido por Henry Meziat, com direção de fotografia de Franco Pinochi e locução de Antonio Grassi.

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Correios gastam R$ 42 milhões para mudar logomarca
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Fernando Rodrigues

Campanha publicitária foi lançada com a presença do ministro Paulo Bernardo

Enviar cartas é algo cada vez mais raro, mas os Correios vão gastar R$ 42 milhões para alterar a sua logomarca.

O novo símbolo –uma flecha amarela e outra azul, apontando para direções opostas– foi lançado em Brasília na 3ª feira passada (6.mai.2014), com a presença do ministro das Comunicações, Paulo Bernardo, e atletas patrocinados pela empresa.

marcas

O assunto recebeu pouco destaque na mídia, embora já estejam sendo gastos R$ 30 milhões em uma campanha publicitária para divulgar a nova marca. O comercial está sendo veiculado nos intervalos de redes de TV e de rádio do país (vídeo abaixo).

 

O desenvolvimento da marca custou R$ 390 mil –a criação do pequeno desenho. A troca dos letreiros das 11 mil agências próprias e comunitárias espalhadas pelo país consumirá outros R$ 9,9 milhões, segundo cálculo da estatal –uma média modesta de meros R$ 819 para reformar cada agência.

O Blog ouviu no mercado, entretanto, estimativas muito maiores, na faixa de mais de R$ 100 milhões. Edifícios dos correios e pequenas agências terão de passar por reformas em alguns casos para a troca de placas e letreiros não só nas fachadas, mas nas partes internas desses locais.

Outro número curioso é a cifra informada pela empresa para trocar a identidade visual de sua frota de 16 mil veículos. Segundo os Correios, será necessário gastar R$ 1,7 milhão para adaptar esses 16 mil carros. Ou seja, apenas R$ 106 por veículo.

Por que esse número é curioso? Porque os Correios informaram inicialmente que o custo total para adaptar os carros e caminhões à nova logomarca seria de R$ 30 mil. O Blog estranhou e perguntou: só R$ 1,87 por veículo? É claro que havia um erro na informação.

Aí os Correios apareceram com a nova cifra, de R$ 1,7 milhão.

O titubeio da estatal sobre quanto vai custar essa operação pode significar duas coisas: ou os números reais estão sendo sonegados ou houve pouco planejamento na operação da mudança da marca da empresa. Ou as duas coisas.

É importante lembrar que os Correios estiveram na gênese do escândalo do mensalão, em 2005, quando um de seus funcionários foi filmado recebendo propina em dinheiro. Depois, os contratos de publicidade da empresa foram questionados por causa de suposto desvio de verbas.

Os Correios estão fazendo esse investimento num momento em que o negócio histórico da empresa está em decadência: o envio de cartas. Também é curioso que seja feito tanto investimento por uma empresa que não tem concorrentes.

No Brasil, o mercado de correspondências (cartas, cartões postais e telegramas) é um monopólio estatal nas mãos dos Correios. Trata-se de um negócio em franco declínio no mundo inteiro, que tende a ser mínimo no futuro.

Nos Estados Unidos, o número de cartas enviadas caiu 24% nos últimos 10 anos (2004 a 2013). O Canadá chegou a anunciar, no ano passado, o fim da figura do carteiro que entrega correspondência na casa das pessoas. No Brasil, o volume estaria estagnado há 5 anos –são cerca de 6,5 bilhões de cartas, cartões e telegramas por ano. A empresa, entretanto, não explica a razão pela qual esse fenômeno existe no Brasil, contrariando a tendência mundial.

Já o ramo de entrega de encomendas e cartas expressas é aberto à competição privada de empresas nacionais e estrangeiras. Cerca de 60% da renda dos Correios vêm desse serviço, do qual o Sedex é o carro-chefe. Mas a reformulação da identidade visual não abrange o produto mais lucrativo da empresa.

Além das propagandas que faz na TV, os Correios não demonstram muita capacidade de inovação.

Em setembro de 2013, o Ministério das Comunicações, que comanda os Correios, anunciou que a empresa estudava criar um serviço público e gratuito de e-mail com criptografia, para tentar evitar espionagem como a realizada pelo governo dos Estados Unidos. A previsão inicial era oferecer o serviço no segundo semestre deste ano, mas os Correios informaram que o lançamento deve ficar para 2015.

Ao Blog, a empresa afirmou que nenhum letreiro, embalagem, papel timbrado ou uniforme será jogado fora devido à adoção da nova logomarca. Segundo a estatal, todos esses itens serão substituídos por novos no prazo de 2 anos, na medida em que forem utilizados ou encerrarem sua vida útil.

P.S. (15h50 – 13.mai.2014): os Correios enviaram uma mensagem ao Blog tentando explicar melhor a razão de trocar a sua marca. No texto, não explicam o baixo valor médio previsto para reformar visualmente as 11 mil agências nem como a adaptação da frota de 16 mil veículos custará meros R$ 106 por carro. A estatal informa apenas que tudo será feito ao longo de dois anos. Eis a íntegra do comunicado:

“- a nova marca é resultado do novo posicionamento dos Correios no mercado, já que a empresa está entrando em novas atividades, como serviços postais financeiros, eletrônicos e de logística integrada e passa por um processo de revitalização desde 2011, com recuperação da capacidade de investimentos e da qualidade operacional.

– a maior parte da receita dos Correios advém do segmento de livre concorrência, que engloba não apenas o Sedex, mas todos os tipos de encomendas e os produtos de marketing direto, financeiros, e de logística, entre outros.

– o mercado concorrencial no Brasil é altamente pulverizado e competitivo, contando inclusive com a participação de gigantes multinacionais. Como todas as outras empresas do setor, os Correios realizam investimento para divulgar sua imagem e seus produtos.

– o investimento adicional de R$ 9,9 milhões em letreiros de agências e R$ 1,7 milhão para troca da marca na frota será realizado em dois anos e corresponde a 0,036% da receita dos Correios estimada para o período.

– o investimento da campanha publicitária equivale a 0,18% da receita de um ano da empresa. Lembramos ainda que o investimento em publicidade ocorre todos os anos, para divulgação institucional e de produtos e serviços.

– a queda no volume de mensagens, já sentida por operadores postais no mundo todo, ainda não é registrada no Brasil devido ao aquecimento da economia na última década, o que abriu novos nichos de negócio e gerou demanda por comunicação.

– justamente para garantir a sustentabilidade da empresa perante a tendência mundial da redução de mensagens escritas, em 2011 o governo federal ampliou o objeto social dos Correios, que agora podem atuar em segmentos de serviços modernos como telefonia móvel virtual e comunicação digital, entre outros;

– como resultado, os Correios iniciam ainda neste mês os testes para oferta de novos serviços financeiros no Banco Postal em 76 agências; até o final do ano devem iniciar a oferta de serviços de telefonia móvel virtual e do segmento postal eletrônico (comunicação multicanal e certificação digital) e no segundo semestre planejam iniciar as operações de uma empresa controlada de transporte aéreo de carga.

– os fatos referentes a 2005 foram objeto de apuração interna, que resultou em mais de 30 demissões por justa causa.

– a partir da Lei 12.490/11, os Correios também adotaram práticas modernas de gestão corporativa, controle e transparência e obtiveram parecer da Controladoria Geral da União (CGU) ressaltando a regularidade dos atos de gestão relativos a 2012, além de terem sido premiados no 1º Concurso de Boas Práticas da CGU, em 2013.”

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