Blog do Fernando Rodrigues

Foragida da Lava Jato é vista no Panamá
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Fernando Rodrigues

Chefe da Mossack Fonseca Brasil estava na sede panamenha

Informações foram publicadas pelo jornal “La Prensa”

Mossack & Fonseca diz que escritório do Brasil era “franquia”

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A Cidade do Panamá, centro financeiro do país

A advogada Maria Mercedes Riaño Quijano, chefe do Mossack Fonseca no Brasil, foi vista na 4ª feira (27.jan.2016) na Cidade do Panamá, capital do país.

Mercedes é procurada pela Polícia Federal brasileira desde 4ª feira, quando o juiz federal Sergio Moro aceitou um pedido de prisão preventiva contra ela. A informação foi publicada pelo jornal panamenho “La Prensa”.

Para o Ministério Público Federal, a Mossack & Fonseca Brasil auxiliou investigados da Lava Jato a ocultar dinheiro de propinas.

A apuração é do repórter do UOL André Shalders.

Mercedes esteve na sede global da Mossack & Fonseca, na Cidade do Panamá, no mesmo dia em que a PF deflagrava a fase “Triplo X” da Lava Jato.

A Mossack Fonseca Brasil também enviou nota ao jornal na madrugada de ontem (28.jan), assinada pela própria Mercedes.

Em outra nota enviada ao jornal, a Mossack Fonseca panamenha diz que o escritório brasileiro era apenas “uma franquia” da companhia, administrada por Mercedes. Clique aqui para ler a íntegra.

A seguir, a íntegra da nota da Mossack Fonseca Brasil, assinada pela foragida Maria Mercedes Riaño Quijano. Ela trata do uso de offshores para comprar imóveis no Guarujá, num edifício que foi alvo da Operação Lava Jato:

''A Mossack Fonseca Brasil deseja manifestar sua posição a respeito das informações divulgadas nos meios de comunicação. Nossa empresa está sendo injusta e erroneamente envolvida em assuntos os quais não temos qualquer envolvimento ou ingerência alguma.

Esclarecemos que:

– A solicitação de aquisição de companhia foi recebida por parte de um cliente intermediário, o qual, por sua vez, atende aos clientes finais. 


–­ Contamos com um departamento que conduz exaustivos programas de diligência para verificar a legitimidade de cada um de nossos clientes. 


– No momento de receber a solicitação da companhia mencionada, se realizaram as buscas das informações e as diligências correspondentes, as quais não se encontraram resultados negativos nem vinculação com alguma pessoa politicamente exposta.

– Não participamos da compra, empréstimo ou financiamento de qualquer imóvel, assim como tampouco não oferecemos assessoria imobiliária no Brasil. 


– ­Não temos nenhum tipo de relação com os personagens políticos expostos que são mencionados recentemente em diferentes meios de comunicação. 


– Não somos investigados e não recebemos nenhuma demanda judicial ou policial por parte de autoridade local ou estrangeira.

– Não apadrinhamos nem facilitamos o descumprimento da legislação vigente no Brasil.

– Sempre cumprimos e respeitamos estritamente toda a legislação brasileira e internacional.

– Todos os serviços que prestamos são prestados dentro do âmbito da legalidade e seguem as estritas normas éticas e de verificação da idoneidade dos clientes.

– Estamos sempre dispostos a cooperar com as autoridades que solicitem informações pelos canais legalmente estabelecidos e cumprindo com todos os procedimentos da legislação.

Esclareceremos toda a situação com a imprensa local em relação às acusações equivocadas feitas contra nossos colaboradores e nossa empresa.

Maria Mercedes Riaño

Gerente General 


MOSSACK FONSECA BRASIL


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Acordo para recuperar rio Doce deve custar menos de R$ 20 bilhões
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Fernando Rodrigues

Valor só será calculado após estudos sobre recuperação

Governo tem se mostrado favorável a acordo extrajudicial

Decisão deve ser apresentada até a próxima 4ª feira (03.fev)

Moradores do vilarejo de Bento Rodrigues, destruído pela lama

As mineradoras Vale e BHP Billiton, controladoras da Samarco, pretendem gastar bem menos do que os R$ 20 bilhões anunciados pelo governo para recuperar os danos decorrentes do rompimento da barragem de Fundão, em Mariana (MG).

O Blog apurou que o acordo não fixará valores, mas apenas metas de recuperação ambiental a serem custeadas pelas empresas. As mineradoras avaliam que o custo dessas ações será bem menor do que o total de R$ 20 bilhões anunciados pelo governo.

A apuração é do repórter do UOL André Shalders.

Segundo o ministro-chefe da Advocacia-Geral da União, Luís Inácio Adams, um acordo entre as empresas e o governo deve ser apresentado até a próxima 4ª feira (03.fev).

Entre as ações a serem implementadas estão a recuperação do rio Doce, a limpeza da área e o reflorestamento. O custo total só será calculado depois da realização de estudos para estimar os custos. O valor de R$ 20 bilhões foi quanto a União e os governos de Minas Gerais e do Espírito Santo arbitraram em uma  ação judicial iniciada contra as mineradoras em nov.2015.

Representantes das empresas relataram ao governo federal que, como as companhias têm ações negociadas em bolsa, não poderiam simplesmente desembolsar os valores sem definir antes o custo de cada ação. Os gastos sem justificativa criariam problemas entre os gestores das companhias e acionistas.

PLANOS ANTERIORES PREVIAM GASTOS MENORES
Iniciativas anteriores de recuperação da área do rio Doce previam custos bem menores para a revitalização de áreas degradadas. Antes do rompimento da barragem, a ONG Instituto Bioatlântico (Ibio) estimava gastos de cerca de R$ 2,8 bilhões em ações de recuperação da área do rio Doce para os próximos 10 anos.

O Ibio é comissionado pela Agência Nacional de Águas (Ana) para aplicar os recursos da Cobrança pelo Uso de Recursos Hídricos. No caso do rio Doce, o total arrecadado gira em torno de R$ 30 milhões anuais. Em 2013, a ONG firmou um protocolo de compromisso com os governos do Espírito Santo e de Minas Gerais para realizar ações de recuperação do rio Doce.

As ações previstas pelo Ibio estão detalhadas em 2 documentos: o Programa de Disponibilidade de Água da Bacia do rio Doce (PDA-Doce), assinado em set.2015 e voltado para o reflorestamento e para áreas rurais; e o Plano Diretor da Bacia do rio Doce, cujo foco até 2015 estava na área de saneamento. A partir deste ano de 2016, o objetivo do Plano Diretor deve mudar para ações de reflorestamento.

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3 medidas para permitir a disrupção no Legislativo em 2016
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Fernando Rodrigues

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Os presidentes do Senado e da Câmara, Renan Calheiros e Eduardo Cunha

Por FABIANO ANGÉLICO*

Tecnologias disruptivas chacoalham mercados estabelecidos, oferecendo soluções consideradas mais adequadas ao nosso tempo. Na dinâmica dos mercados, tais tecnologias, ao oferecer uma solução a um custo menor e com maior praticidade, expõem as carências e falhas do sistema anterior.

A Operação Lava Jato, que não se cansa de trazer surpresas e novidades, chacoalhou o mercado da política brasileira, atingindo em cheio a grandes empresas (públicas e privadas) e afetando ainda mais a legitimidade e confiança da população nos políticos, nos partidos e nas instituições. Conseguiu explicitar as carências e lacunas do sistema – apresentou-nos o ambiente em que vicejam a corrupção e a ineficiência. Sob o risco de vermos a confiança na Democracia se esfacelar, dando espaço a extremismos, é chegada a hora de pensar seriamente em construir as soluções.

O baixíssimo grau de confiança nas instituições, porém, indica que há pouco espaço para soluções incrementais e graduais. É recomendável, pois, buscar soluções disruptivas, que apontem mais celeremente caminhos para o fim da crise política.

Por incompetência, perfil ou falta de incentivos, a atual classe política, no entanto, não parece muito propensa a oferecer soluções disruptivas. É preciso, portanto, criar condições e ambientes propícios.

Um possível primeiro passo é a reformulação no processo de escolha dos que comandam as Casas Legislativas. Apontado na teoria política clássica como o espaço mais próximo e representativo da sociedade, o Poder Legislativo é, dentre os três poderes, o que está em melhor posição para absorver as inovações que vêm de vários setores e grupos sociais.

E a conjuntura é favorável a uma reformulação no comando do Legislativo brasileiro. Estão à frente das duas Casas legislativas em âmbito federal políticos sobre quem recaem sérias acusações. Em algum momento não muito distante, Eduardo Cunha e Renan Calheiros vão deixar o comando – seja por decisão judicial, por renúncia ou, no limite, pelo fim de seus mandatos – e é preciso desde já preparar o terreno para que as futuras Mesas Diretores da Câmara e do Senado estejam mais próximas da sociedade e do nosso tempo, em termos de agenda, desejos e procedimentos. É fundamental que nossas Casas Legislativas, no pós-Cunha e pós-Renan, estejam preparadas para incorporar processos baseados em diretrizes contemporâneas como tecnologia, inovação, transparência e colaboração.

No entanto, os parlamentares da atual Legislatura não escolherão os próximos presidentes com base na necessidade de produzir processos disruptivos: ao contrário, a tendência, caso nada seja feito, é que novamente sejam selecionados, para comandar a Câmara e o Senado, políticos que mantenham o sistema vigente.

Assim, a principal medida, a ser adotada – imediatamente –, é abrir, escancarar o processo de escolha dos que comandam o Legislativo brasileiro.

Os presidentes das Casas Legislativas, além de serem os primeiros na linha sucessória do comando da Nação, têm enorme poder e grande discricionariedade e podem ser um ponto de equilíbrio ou de distúrbio no sistema político. A importância desses cargos justifica o maior cuidado que a Democracia brasileira deve ter na escolha dos políticos que os ocuparão.

Três alterações simples podem promover maior abertura ao processo de eleição das Mesas Diretoras:

1. Registro público e antecipado das candidaturas;
2. Obrigatoriedade de debates públicos envolvendo os candidatos a Presidente; e
3. Voto aberto na eleição à Presidência das Casas Legislativas

Registro público e antecipado das candidaturas
Hoje, os candidatos à Presidência da Casas Legislativas podem se apresentar no mesmo dia da eleição. Tal possibilidade é altamente antidemocrática porque exclui o debate público. Idealmente, as chapas completas para os postos das Mesas Diretores devem ser apresentadas com uma antecedência mínima de um mês – para que haja tempo de conhecer as propostas e os perfis dos candidatos. Uma possibilidade é determinar o registro de candidaturas no início de fevereiro e adiar a eleição para o início de março, mantendo-se o segundo mês do ano para o escrutínio público. Ou, ainda, reduzir a recesso, promovendo o retorno dos trabalhos para meados de janeiro e mantendo a eleição no início de fevereiro.

Obrigatoriedade de debates públicos entre os candidatos
Em 2015, diferentes grupos de mídia promoveram debates com candidatos a presidente de um time de futebol do Rio de Janeiro. Dada a relevância do Presidente de uma Casa Legislativa e dada a enorme discricionariedade deste cargo, é fundamental que este político seja alguém sobre quem não pese acusações de improbidades e, mais ainda, alguém antenado com os dias atuais. Somente após alguns debates, pronunciamentos públicos e questionamentos, será possível identificar o perfil e as agendas e interesses dos candidatos. Mais ainda: com maior visibilidade, pautas-bomba podem ser desmontadas e não serão publicamente defendidas por nenhum candidato à Presidência da Câmara ou do Senado.

Voto aberto
O Supremo Tribunal Federal definiu em 2015 que comissões formadas para decidir sobre impeachment presidencial devem ser eleitas com voto aberto. A decisão não foi aceita unanimemente. Cientistas políticos respeitados argumentam que o voto secreto seria recomendável, pois o voto aberto eleva o “custo de dissidência”.

Entendeu-se, porém, que a transparência deve prevalecer. A ministra Rosa Weber, por exemplo, defendeu que o voto deve ser aberto em todas as etapas do processo, lembrando que “a deliberação final há de ser em voto aberto por força da própria Constituição”. Assim, “a constituição da comissão especial, que seria acessório, não pode deixar de seguir a sorte do principal, na mais absoluta transparência”, arrematou a ministra.

Uma vez que o STF entende que mesmo em eleições de comissão formada para decidir sobre impeachment – um caso extremo –, não faz sentido manter secreta a votação que escolhe os Presidentes das Casas. E o custo de dissidência pode ser minimizado, reduzindo-se a discricionariedade do Presidente, adotando-se critérios mais objetivos para a escolha de presidentes das comissões, por exemplo.

Com a votação aberta, os parlamentares serão questionados por suas escolhas e podem adotar uma postura mais próxima ao desejo dos eleitores, em vez de tomar a decisão olhando apenas para seus próprios interesses.

Como se vê, medidas simples podem garantir um ambiente mais democrático para a escolha dos futuros comandantes do Poder Legislativo. E um Poder legislativo mais aberto a inovações poderá ajudar a repensar o sistema político vigente. Não é possível mais deixar como está, acreditando que “pior do que está não fica”. Em 2015, vimos que, sim, sempre pode piorar.

(*) Fabiano Angelico, 39, jornalista, é mestre em Administração Pública pela Fundação Getúlio Vargas de São Paulo e tem pós-graduação em Transparência, Accountability e Combate à Corrupção pela Universidade do Chile. Pesquisador, consultor e palestrante, é autor do livro “Lei de Acesso a informação: Reforço ao Controle Democrático” e presta ou já prestou serviços a organizações como Banco Mundial, Transparência Internacional, Global Integrity, Associação Brasileira de Jornalismo Investigativo (Abraji) e Associação Brasileira de Organizações não governamentais (Abong).

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Brasil cai 7 posições em ranking de percepção da corrupção
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Fernando Rodrigues

País caiu da 69ª posição em 2014 para 76ª em 2015

Estudo da Transparência Internacional cita Petrobras

Ranking é baseado em entrevistas com especialistas

Foto: Valter Campanato - Agência Brasil

Sede da Procuradoria Geral da República com faixa de campanha contra corrupção

O Brasil perdeu 7 posições no ranking do Índice de Percepção da Corrupção (The Corruption Perceptions Index), elaborado pela Transparência Internacional. O país aparece em 76º lugar na edição de 2015 entre 167 países pesquisados.

Em 2014, o Brasil estava na 69ª posição entre 174 países.

O país perdeu pontos no ranking: tinha 43 pontos em 2014 e ficou com 38 em 2015. Quanto mais pontos, menor é a percepção da corrupção.

O levantamento é baseado em entrevistas com especialistas no assunto. Mede a percepção de corrupção no setor público dos países pesquisados.

Os primeiros lugares do ranking de 2015 ficaram com países do norte da Europa. Dinamarca, Finlândia e Suécia encabeçam a lista. Em 2014, os 3 países já estavam entre os 5 primeiros.  A Nova Zelândia caiu 2 posições, do 2º lugar em 2014 para o 4º em 2015.

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“Não é surpresa que o Brasil ­– que enfrentou o maior escândalo de corrupção de sua história em torno da Petrobras – tenha sido o país que mais caiu posições nas Américas, ainda que as investigações tenham atingido pessoas que pareciam intocáveis 12 meses antes”, concluiu  a organização.

CORRUPÇÃO É “PROBLEMA SÉRIO” EM 68% DOS PAÍSES
De acordo com a edição de 2015, há problemas sérios de corrupção em 68% dos países. Metade dos países do G20 integram esse grupo. Mais de 6 bilhões de pessoas são afetadas de forma séria pela corrupção, segundo o estudo.

A organização ressalta que nenhum país do mundo é “livre da corrupção”. Em conjunto, mais países avançaram no índice do que caíram de 2014 a 2015.

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Justiça manda Petrobras sustar venda da Gaspetro e estatal perde R$ 1,9 bi
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Fernando Rodrigues

Operação serviria para empresa fazer caixa e mitigar crise

Juiz questiona transparência e o valor da transação

Bancos avaliavam Gaspetro em até R$ 5 bilhões

Houve contestação também por parte do governo da Bahia

Os deputados federais da Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) que investiga irregularidades na Petrobras fazem uma visita técnica à sede da empresa no Rio (Tânia Rêgo/Agência Brasil)

Sede da Petrobras, no Rio de Janeiro

Uma decisão de um juiz federal da Bahia resultou num revés financeiro para a Petrobras, que perdeu a chance de embolsar US$ 700 milhões (R$ 1,93 bilhão) pela venda de 49% da Gaspetro, uma de suas subsidiárias, à empresa japonesa Mitsui.

A transação permitiu à Petrobras atingir a economia de US$ 700 milhões em 2015, meta determinada em seu Plano de Negócios e Gestão 2015-2019. Agora, nada poderá ser contabilizado por causa da liminar expedida ontem (25.jan.2016) pelo juiz federal João Paulo Pirôpo de Abreu, da cidade de Paulo Afonso (BA).

A liminar (decisão provisória com efeito imediato) foi concedida a uma ação popular apresentada por José Gama Neves, membro do diretório estadual do DEM na Bahia, em parceria com o deputado federal José Carlos Aleluia (DEM-BA), que move ação semelhante no Tribunal de Justiça do Estado da Bahia.

A liminar suspende a transação e impede a Mitsui de operar os ativos provenientes do negócio. Além disso, pede a apresentação de cópia de toda a documentação da venda. Colaborou com essa apuração o repórter Mateus Netzel.

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A decisão é baseada em 3 pontos: 1) a suspeita de que não foram cumpridas todas as exigências do processo de licitação; 2) falta de transparência da negociação, sobretudo em relação ao valor da venda, fechada em R$ 1,93 bilhão; e 3) as implicações no controle da Bahiagás, distribuidora estadual de gás natural, que tem ações em poder da Gaspetro, da Mitsui e do governo do Estado da Bahia.

Além de lançar dúvidas sobre a lisura do processo de licitação, o juiz argumenta que a falta de transparência sobre os critérios que determinaram o valor de R$ 1,93 bilhão provoca suspeita de subfaturamento para a estatal e consequente prejuízo aos cofres públicos. Na decisão, ele cita estimativas feitas em setembro de 2015 pelos bancos JP Morgan e Brasil Plural, que relatam que a transação poderia render até R$ 5 bilhões para a Petrobras.

Ao discorrer sobre o possível prejuízo aos cofres públicos, o juiz compara mais de uma vez o caso com a compra da refinaria em Pasadena (EUA) pela Petrobras em 2006, investigado por suspeitas de superfaturamento e evasão de divisas.

BAHIAGÁS
A compra de 49% da Gaspetro pela Mitsui teria também implicações diretas no controle da Bahiagás. A companhia tem suas ações divididas entre o governo baiano, a Gaspetro e a Bahia Participações Ltda., empresa do Grupo Mitsui Gás e Energia do Brasil, sob a forma de um acordo que garante ao governo estadual o direito de exercer o poder político sobre a empresa.

Com a incorporação da Gaspetro à Mitsui, o equilíbrio acionário e de capital da Bahiagás seria comprometido e o acordo tripartite seria infringido. O juiz também alega que a comunicação da transação ao governo baiano não teria ocorrido com antecedência e transparência.

Baseado nesse ponto, o Estado da Bahia, representado por sua Procuradoria Regional, ingressou com um pedido liminar de suspensão da negociação da Gaspetro. O acordo havia sido aprovado em 23.out.2015 pelo Conselho de Administração da Petrobras.

A liminar pedida pela Procuradoria foi concedida pela Justiça baiana em 2.dez.2015 e a negociação suspensa. O entrave durou até o dia 18.dez.2015, quando o Estado da Bahia desistiu formalmente da ação cuja liminar havia sido concedida.

No mesmo dia, o presidente da Petrobras, Aldemir Bendine, publicou uma carta de intenções endereçada ao governador da Bahia, o petista Rui Costa, em que assegura o compromisso da estatal  com o Estado e comenta a “possibilidade de realização de novos esforços conjuntos”, citando privilégios na importação pelos portos baianos, o consumo de gasolina produzida pela Braskem no Estado e a melhoria no aproveitamento dos campos de petróleo.

Após a retirada da ação por parte do governo baiano, as negociações prosseguiram até a conclusão da transação, anunciada pela estatal em 28.dez.2015.

Agora, a Petrobras e a Mitsui têm 5 dias para apresentar a documentação relativa à negociação e podem entrar com recursos para derrubar a decisão.

OUTRO LADO
A assessoria da Petrobras encaminhou a seguinte resposta ao Blog: ''A Petrobras informa que a empresa não foi intimada da decisão judicial a respeito da venda de ações da Gaspetro à Mitsui. Oportunamente, promoverá sua defesa mediante as medidas judiciais cabíveis. Informa, ainda, que a operação foi realizada dentro da absoluta legalidade e aprovada, sem restrições, pelo Conselho Administrativo de Defesa Econômica (Cade)''.

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SBM paga só US$ 120 mil e livra 2 funcionários de processo na Lava Jato
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Fernando Rodrigues

Empresa holandesa aceitou acordo proposto pelo Ministério Público

Outros 5 funcionários da SBM responderão a processo por corrupção

Foto: Tânia Rego - Agência Brasil - 17dez2015

Procurador apresenta denúncia contra envolvidos no esquema entre a Petrobras e a SBM Offshore

A SBM Offshore, empresa holandesa que fabrica e aluga navios-plataforma para a Petrobras, anunciou hoje (25.jan.2016) que fechou acordo extrajudicial com o Ministério Público Federal (MPF) para livrar 2 de seus executivos de processos relativos à Operação Lava Jato.

O atual presidente da empresa, o francês Bruno Chabas, e um dos membros do Conselho de Supervisão, o holandês Sietze Hepkema, são acusados de favorecimento pessoal e pagarão R$ 250 mil (cerca de US$ 60 mil) cada um para escapar do processo judicial. O acordo foi proposto pelo MPF e não envolve admissão de culpa por parte dos 2 funcionários.

Os 2 executivos foram denunciados pelo Ministério Público Federal do Rio de Janeiro em 17.dez.2015 por favorecimento nos casos de pagamento de propina da SBM para funcionários da Petrobras, de 1999 a 2012. A denúncia (leia a íntegra) foi aceita pela 3ª Vara Federal do Rio na última semana (20.jan.2016).

Os outros 5 empregados da SBM denunciados pelo MPF respondem a acusações mais pesadas, que não são passíveis de acordo extrajudicial. Os agentes de venda da empresa no Brasil –Julio Faerman e Luis Eduardo Campos Barbosa da Silva– são acusados de corrupção ativa, lavagem de dinheiro, evasão de divisas e associação criminosa. Os executivos estrangeiros Robert Zubiate, Didier Henri Keller e Anthony John Mace respondem a acusações de corrupção ativa e associação criminosa.

Além deles, são denunciados os ex-funcionários da Petrobras Pedro Barusco, Paulo Roberto Carneiro, Jorge Luiz Zelada, pelos crimes de corrupção passiva, lavagem de dinheiro, evasão de divisas e associação criminosa, e Renato Duque pelos crimes de corrupção passiva e associação criminosa.

Na mesma denúncia, embora não relacionados à SBM, o dinamarquês Anders Mortensen, presidente da empresa de aluguel de navios Progress Ugland, é acusado de corrupção ativa pelo pagamento de US$ 4 milhões em propina.

O ex-representante da SBM, Philippe Levy, também é acusado de favorecimento pessoal no esquema de propinas.

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Usar reservas cambiais pode ser uma hipótese, diz Dilma
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Fernando Rodrigues

Agora não é o momento, mas petista não se diz contra

Sobre Cunha, se STF o cassar, é uma ''decisão tomada''

Para 2018, Dilma evita falar em nomes do PT para sucedê-la

E Ciro candidato ao Planalto? ''Gosto do Ciro. Ele tem direito''

Brasília - DF, 22/01/2016. Presidenta Dilma Rousseff durante entrevista para o UOL. Foto: Roberto Stuckert Filho/PR

Dilma Rousseff durante entrevista para o UOL nesta 6ª feira

A presidente Dilma Rousseff não é a favor, mas não é contra o uso das reservas cambiais do Brasil, hoje acima de US$ 360 bilhões. Agora não seria a hora. Mas “tem momentos em que isso possa vir a ser colocado como uma hipótese”, afirmou em entrevista hoje (22.jan.2016) ao UOL, em seu gabinete no Palácio do Planalto.

A maioria dos integrantes da equipe econômica já se manifestou contrária ao uso das reservas. Mas há uma corrente silenciosa no governo que defende, se diversas iniciativas falharem na reativação do crescimento, que os dólares da reserva sirvam para irrigar as atividades e fazer o Brasil sair da recessão.

A frase de Dilma sobre uso de reservas cambiais é uma novidade. Sinaliza um flerte com o campo da heterodoxia. Até porque, nesta sua longa entrevista sobre temas econômicos, a presidente não apresentou ideias novas dentro dos cânones da ortodoxia. Falou sobre reforma do sistema de impostos, da Previdência e do ajuste fiscal –sempre com um discurso de que o Congresso precisa ajudar aprovando as medidas, algo que é incerto e remoto.

A presidente falou sobre o processo no Supremo Tribunal Federal que pede a  remoção do presidente da Câmara Eduardo Cunha (PMDB-RJ). Dilma não enxerga nesse eventual desfecho (o afastamento) um agravamento da crise política. Uma decisão STF nessa linha “está tomada. Isso vale para tudo”. A presidente não demonstra torcer a favor nem contra nesse caso.

A petista apareceu em alguns eventos recentes usando um Apple watch. Ela relata ter recebido o gadget do prefeito do Rio, Eduardo Paes (PMDB). “Uso muito quando vou sair de bicicleta. É muito prático. Mede o batimento cardíaco. Precisa estar sempre usando um iPhone junto. Tem uma função que avisa: ‘Levante que está há muito tempo sentado’. É muito bom. Mas não tenho usado muito agora porque está com um problema na bateria… Não está durando muito. Acho que caiu dentro d’água”.

A seguir, trechos da entrevista da presidente ao UOL:

JUROS
Não comento juros.

DÓLAR ACIMA DE R$ 4
As bolsas internacionais caíram [ontem, 21.jan.2016] vertiginosamente. O presidente do Banco Central Europeu foi a público dizer que, se fosse necessário, tomaria outras medidas. Desde o início de janeiro enfrentamos um momento de grande instabilidade econômica, com queda no preço do petróleo, uma instabilidade no mercado de ações chinês. É público e notório.
Subir ou descer o dólar pode ser momentâneo. A gente tem visto isso. Ele vai, ele volta.
[Em qual patamar estacionária a cotação?]Não ouso fazer uma avaliação. Não sou mágica. Não tenho bola de cristal.

EQUILÍBRIO FISCAL
Nós não temos equilíbrio fiscal. Sem equilíbrio fiscal nós não conseguiremos estabilizar a economia. Não acredito que haja alguém no Brasil hoje que não concorde com a importância de reestabelecer o equilíbrio fiscal. No ano passado não havia essa consciência. Tanto é que nós tivemos de enfrentar umas quantas “pautas-bomba”. Uma das grandes perdas de energia… Tive de vetar essas pautas-bomba e tive que sustentar os vetos.
O nosso esforço fiscal está em torno de R$ 130 bilhões. Desses, R$ 104 bilhões foram cortes em despesas discricionárias e em despesas obrigatórias. Das obrigatórias nós fizemos em torno de uns R$ 25 bilhões de reais.

CPMF
Tem de ter CPMF. Tem de ter CPMF, DRU, aprovação da JCP, que é [imposto sobre] juros sobre capital próprio e ganhos de capital.
Ou isso ou a extrema dificuldade. Nós teremos necessariamente de fazer como todos os países do mundo: redução de gastos com aumento de receitas.

SEM CPMF, MAIS IMPOSTOS?
É inexorável.
Para fazer também a estabilidade econômica. Você precisa disso para retomar a capacidade de investimento privado. Você precisa sinalizar para um ambiente de estabilidade fiscal.

CONGRESSO
O Congresso, quando foi chamado para contribuir, para colaborar, assim o fez. A consciência a respeito da situação do país é maior do que foi no passado. A gente não pode avaliar o Congresso como sendo um empecilho. Não concordo.

PROPOSTA SOBRE GASTOS
Vamos fazer uma proposta em relação a como o governo acha que deve ser avaliada a questão do gasto. Não vou me aprofundar nisso. Nós estamos concluindo.
[pode dar um exemplo prático?] Não posso. Não vou anunciar hoje.

OFERTA DE CRÉDITO
Vamos centrar no crédito para capital de giro. Também para todos os programas, principalmente aqueles de investimento em logística e energia elétrica. Vamos continuar com a nossa política agressiva de expansão das exportações.
Numa condição de depressão da demanda, é difícil ter uma demanda por crédito. Agora, nós percebemos que tem uma demanda por capital de giro. Porque tem um problema de liquidez e solvência.

REFORMAS
Nós também vamos propor reforma do PIS/Cofins. Queremos criar um ambiente e um caminho que mostre em que direção nós vamos. Tanto ICMS, quanto PIS/Cofins, como o Simples, acabar com o chamado “paredão tributário”, que a pequena empresa [optante do Simples] enfrenta e [quando cresce] é punida ou então sonega.
Todas essas reformas entram naquela perspectiva que está na fala de um dos assessores do [Barack] Obama: “Uma crise é algo muito doloroso para a gente desperdiçar”. Você tem de reformar. Nós reformamos para preservar programas sociais e investimentos.

CRÉDITO PARA GRANDES EMPRESAS
O BNDES não financiou só as campeãs nacionais, me desculpa. Ninguém faria uma só obra de infraestrutura nesse país sem o BNDES. No Brasil, quem empresta a 30 anos com carência e juros adequados é o BNDES. Falar que o BNDES fez só grandes campeões está errado.

PIB NEGATIVO EM 2016
Minha expectativa é que consigamos estabilizar a economia, que não tenha essa queda. Nós temos que nos esforçar por isso. Tinha um filósofo italiano que dizia que você deve ser otimista na vontade e pessimista na razão. Estou dando uma resposta otimista na vontade.

INFLAÇÃO
Estamos com todas as condições para que a inflação entre em um processo de queda. Você tem um quadro inexorável. Você tem um mundo em deflação.

USO DAS RESERVAS CAMBIAIS
[Muitos defendem] Direita, esquerda, centro, meio. Acho que quem defende isso tem suas razões.
[A senhora é contra?] Eu não sou a favor.
[Ou seja, é contra?] Não. Eu não sou a favor. É diferente.
[Qual a diferença?] Se eu sou contra, eu sou contra conceitualmente, profundamente. Eu não acho adequado fazer isso agora. Não é sagrado isso. Tem momentos em que isso possa vir a ser colocado como uma hipótese.
Nós não temos fuga de capital. Nós não temos fuga financeira.

PETRÓLEO
O Daniel Yergin, da Cera (Cambridge Energy Research Associates), diz duas coisas interessantes. O petróleo voltou, agora, aos níveis em que estava em 2013 antes da decolagem da China. E voltou numa circunstância em que algumas coisas se alteraram. Em todas as crises anteriores o mundo saiu da crise porque os produtores se uniram e acertaram preço e quantidade. Agora, isso não vai ocorrer porque o Irã entrou ao fazer o acordo com os EUA sobre a questão nuclear e tem acesso aos seus ativos financeiros congelados. Entra no mercado com petróleo e com dinheiro.
Ninguém da Opep vai diminuir a produção, principalmente o povo do Golfo Pérsico, a Arábia Saudita e os países dos Emirados. O risco de perder mercado é grande. Isso embute uma força maior no excesso de oferta.
E o shale oil, lá EUA, tem mais rapidez, flexibilidade de adaptação. No fim, ele [Daniel Yergin] diz que a oferta e a demanda vão em algum momento, no futuro, se reequilibrar com um problema: muita gente com expertise saindo do mercado. Tem muita coisa que vai levar muito tempo pra voltar. Então esse excesso de oferta pode ser consumido e o mercado não volta a produzir num espaço tão curto.

POR QUE JOAQUIM LEVY SAIU?
Porque ele pediu para deixar [o governo]. Ele não me explicou com riqueza de detalhes e eu não vou fazer aqui uma avaliação.

A ATUAÇÃO DE EDUARDO CUNHA
A única coisa que eu desejo é não avaliá-lo, mas é dizer o seguinte: acho que nessa retomada e nessa reabertura da Câmara o que nós queremos, o que o país quer, é fazer com que ocorra o trânsito das medidas necessárias à estabilidade fiscal e à recuperação da economia. Que todo o Congresso tenha maior fluidez neste ano. Nós precisamos de um esforço maior. Fizemos um esforço ano passado, mas este ano precisa de mais.

STF DEVE AFASTAR EDUARDO CUNHA?
Estamos falando de Poderes. Então, estamos falando da Constituição e da relação constitucional. A relação constitucional prevê uma série de questões na relação entre os Poderes. Tanto do Executivo com o Legislativo. Do Judiciário com o Legislativo e do Judiciário com o Executivo. Isso é algo que, para mim, eu não vejo nenhum problema se mantida a legalidade.
Arguir inconstitucionalidade do Supremo é entrar em um terreno que é o da catástrofe.
[Qualquer decisão do Supremo dentro dos parâmetros da Constituição está tomada?] Está tomada. Isso vale para tudo.
[O afastamento de um presidente da Câmara não afetaria ainda mais o cenário político?] Não vou fazer esse tipo de análise. Você me desculpe. Não acho que contribua. Acho que a questão no Brasil é a seguinte: nós temos uma democracia, tem uma relação entre Poderes, que é, obviamente, de independência e harmonia. E o que um Poder decidir dentro da legislação, da legalidade e da Constituição, tem de ser respeitado. Se não, não existe norma nenhuma.
Caso contrário, você está propondo uma ruptura. E não vejo no Brasil nenhuma condição para uma ruptura. Não tem porquê. Não tem razão.

IMPEACHMENT
[Quando se resolve?] O mais rápido possível. Acho que é para assegurar a melhora das condições e da estabilidade política do país. Acho que o mais rápido possível. A minha expectativa é que esse caso se encerre. Tenho absoluta certeza que não tem fundamento no meu processo de impeachment. Quanto mais rápido acabar, melhor. E respeitando a legalidade das decisões.

JAQUES WAGNER E RICARDO BERZOINI
Os 2 foram muito bem sucedidos. Abriram o governo. Dialogaram mais. Ajudaram o governo. O que você quer que uma área de articulação política faça? Nós queremos que ela se jogue mais, que o governo seja capaz de se abrir mais para discussão, para o debate.
[Houve uma melhora na articulação política com o Congresso?] Vem melhorando, sem sombra de dúvidas. Acho que a chegada deles [Wagner e Berzoini] trouxe uma grande melhora.
[Se melhorou agora, não estava tão bom antes?] Não. É que sempre você pode melhorar.

LAVA JATO E PETROBRAS
[A sra. foi ministra Minas e Energia. Foi ministra da Casa Civil. Elegeu-se presidente. Como é possível que não soubesse de algum dos detalhes que agora são desvendados pela Operação Lava Jato?] Sabe por quê? Porque é uma contradição em termos a pergunta.
[Por quê?] Se foi preciso a Polícia Federal todinha, o Ministério Público Federal e toda a investigação, como é que você quer que alguém, eu, e todo meu conselho tivéssemos a mesma capacidade de investigação da Polícia Federal e do Ministério Público?
[E a intuição?] A intuição… Você consegue por intuição organizar as pessoas que convivem contigo lá no UOL? Você utiliza esse instrumento?
[Um pouco. Intuição é importante] Ah, sei. Tá bom, querido. Em um caso desses, eu vou usar a intuição? Eu olho para ele e intuo? Você está danado, hein? Você acredita no subjetivo de uma forma estarrecedora para o seu cargo…

[Mas e essas pessoas que agora fazem delação e falam sobre o uso de dinheiro indevido, com corrupção, inclusive para financiamento eleitoral? Não levavam a sra. a pensar na época em que fez campanhas, em que viu as doações acontecerem, que poderia existir uma série de coisas acontecendo?] Para mim jamais trabalharam. Para mim jamais tiveram qualquer ação. É estranho que eles não me mencionem, não é?! Não é? Você não acha? Sabe por quê? Porque nunca ocorreu. Se nunca ocorreu, como é que vão mencionar.

PROCESSO NO TSE
Nós levantamos a mesma coisa contra a outra campanha, só que vocês [mídia] não divulgam, não é? Não é isso? Porque se tem um caso correndo contra a minha [campanha], levantado pelo PSDB, tem um caso contra a [campanha] deles, levantado pelo PT, não é isso? Ah, tá bom. Conforme queria demonstrar.
[Há risco maior para seu mandato no caso correndo no TSE ou no processo de impeachment?] Bom, é assim ó. Vou te falar como é que foi. No início, a avaliação era que o processo mais grave era do TCU. Aí, em outra época, foi para o TSE. Voltou para o TCU. Agora está no TSE outra vez? Depois será o quê? O que será que vem depois?

A CARTA DE MICHEL TEMER
[Estava aqui nesta mesa de seu gabinete quando lhe trouxeram a carta do Michel Temer?] Eu estava dentro do Palácio do Planalto. Geralmente eu fico aqui. E me deram a carta. Eu não li na hora. Eu lembro que levantei, saí e levei. E o pessoal disse que todo mundo viu. É mentira. Porque eu não li aqui.
[Qual foi a sua primeira reação ao ler?] A minha reação é que eu não entendi a carta. Depois, conversei com o vice-presidente Michel e disse a ele que eu jamais deixei de confiar nele.
[Ele acreditou?] Dilma – Espero que sim.

LULA E 2018
[Se Lula não for candidato, quem pode ser no PT?] Você acredita que eu respondo isso?
[Acredito. Estou perguntando] Eu não respondo. Eu não faço uma coisa dessas. Eu não faço essa maldade com nenhuma pessoa.
[Maldade? Por quê?] Porque eu conheço vocês. “Yo los conozco”. Porque quando falaram que eu era candidata à Presidência da República até o casamento da minha filha foi olhado de lupa. Eu não faço isso com ninguém não.

FERNANDO HADDAD EM SÃO PAULO
[Fernando Haddad será competitivo como candidato à reeleição para prefeito de São Paulo?] Também não vou fazer previsão eleitoral. Não sou de nenhum instituto.

OLIMPÍADAS E TERRORISMO
[Há risco de atos ditos terroristas durante as Olimpíadas do Rio?] Olha, eu acho que aqui no Brasil, não.
[E por que o Brasil precisa de uma lei antiterrorismo?]
Porque precisa. Uma lei antiterrorista, precisa, sim. E ela não pode criminalizar movimento social. Sabe por quê? Nós podemos ter de enfrentar isso. Nós não somos uma ilha cercada de uma situação diferente do resto da humanidade. Nós vivemos num mundo muito globalizado. Nós estamos falando daquele negócio que é entrar num bar e matar indiscriminadamente.
[Mas para isso já tem lei…] Não, meu querido, tem algumas garantias que você não tem.
[Por exemplo?] Aí tem de olhar direitinho… Você não pode expulsar hoje uma pessoa pela lei alegando que ela é terrorista.

CIRO GOMES (PDT), PRÉ-CANDIDATO A PRESIDENTE
Companheiro Ciro. Eu gosto do Ciro. Ele tem direito [de ser candidato a presidente]. É cidadão brasileiro.
[Ele tem falado muito mal do PMDB…] Meu querido, ele falava de mim também. Teve uma época que eu falava: ‘Ciro, pode falar. Eu não vou brigar com você’.
[Michel Temer ficou bravo com as declarações de Ciro Gomes. Ele falou para a sra.?] Eu não vou falar sobre esse assunto. Não vou ficar brigando com o Ciro Gomes.

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PF aumenta operações com Dilma, mas investimentos ficam estagnados
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Fernando Rodrigues

Operações dobram desde 2011, mas investimento estaciona

Série histórica mostra os gastos com a PF nos últimos 15 anos

Gastos do Ministério da Justiça diminuíram nos anos Dilma

policia-federal-2012-AgenciaBrasil

Agentes da PF em operação contra jogo ilegal, em 2012

A Polícia Federal quase dobrou o número de operações especiais nos últimos 5 anos, mas o total investido pelo governo na corporação ficou estagnado.

Em 2011, o 1º ano de Dilma, a corporação consumiu R$ 5,78 bilhões (cifra atualizada monetariamente). Esse valor é próximo ao empregado em 2015: R$ 5,73 bilhões. Ao mesmo tempo, o número de operações especiais feitas pela PF passou de 284 (2011) para 512 (2015).

Durante os 2 mandatos de Lula (PT), o total gasto pela PF cresceu de maneira robusta: saiu de R$ 3,85 bilhões (2003) para R$ 6,09 bilhões (2010), em valores corrigidos pelo IPCA. O aumento percentual foi de 58%.

Os valores citados neste post estão corrigidos com base na inflação medida pelo Índice de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA).

Os dados são da ONG Contas Abertas. A apuração é do repórter do UOL André Shalders.

O fortalecimento e a autonomia da Polícia Federal fazem parte do discurso de Dilma e do PT desde as eleições de 2014.

Na gestão Dilma, o Ministério da Justiça como um todo diminuiu seus gastos. Foram de R$ 11,48 milhões para R$ 10,38 bilhões em 2015, em valores corrigidos.

Este ponto é enfatizado pelo governo. “Mesmo em tempos de vacas magras, nós priorizamos as polícias e a PF”, disse ao Blog o secretário-executivo do MJ, Marivaldo de Castro Pereira.

A tabela abaixo mostra o total gasto pela PF nos últimos 15 anos (clique na imagem para ampliar):

tabela_pf_v2De 2011 a 2015 não houve variação significativa no financiamento da Polícia Federal. O ano com menos gastos foi 2013, com R$ 5,35 bilhões.

JUSTIÇA PRIORIZA PF, DIZ SECRETÁRIO
Número 2 na hierarquia do Ministério da Justiça, Marivaldo de Castro enfatiza que a pasta tem priorizado a PF, mesmo em tempos de corte de gastos.

“Podemos ser criticados por muitas coisas, mas não por essa. Garantir os recursos para a Polícia Federal é uma preocupação constante nossa”, diz ele. Segundo Marivaldo, os servidores da PF estão hoje entre os mais bem pagos do Executivo federal.

Ao Blog, o secretário enfatizou ainda que o uso de valores corrigidos não é usual na discussão sobre o orçamento do governo. “Os recursos para cada área são calculados em função da demanda e dos projetos de cada ano, e não em relação ao ano anterior”, diz ele.

NOTA DO MINISTÉRIO DA JUSTIÇA
O MJ encaminhou uma nota ao Blog. Eis a íntegra da mensagem:

''De acordo com a própria Polícia Federal, em janeiro de 2016, temos o montante de R$ 543.871.513,30 de restos a pagar de anos anteriores, o que influencia significativamente no montante dos valores pagos indicado pelo levantamento do Contas Abertas.

As estatísticas dos anos anteriores serão alteradas conforme o pagamento dos restos a pagar referentes a 2012, 2013, 2014 e 2015.

Além disso, temos que incluir, no cálculo dos valores pagos do DPF, parte dos valores pagos por outras secretarias e unidades do MJ para o DPF, como é o caso da Secretaria Extraordinária de Segurança de Grandes Eventos (SESGE/MJ) que, pelo menos desde 2013 – Copa das Confederações –, vem executando parte de seu orçamento para a Polícia Federal. Enviaremos esses dados na sequência.

Por fim, cabe salientar que o número de operações e emissões de passaportes pela PF só aumentou nos últimos anos, conforme os dados abaixo.

NÚMERO DE OPERAÇÕES ESPECIAIS DEFLAGRADAS:
2015 – 512
2014 – 396
2013 – 303
2012 – 295
2011 – 284
2010 – 252
2009 – 236
2008 – 219
2007 – 183
2006 – 149
2005 – 69
2004 – 48
2003 – 18

NÚMERO DE PASSAPORTES EMITIDOS

ANO    PASSAPORTES EXPEDIDOS
2010    1.587.660
2011    2.094.589
2012    1.943.370
2013    2.131.112
2014    2.280.507″

Valores pagos pela Secretaria Extraordinária de Segurança para Grandes Eventos (Sesge) aplicados no DPF:

2011
Nominal: R$ 7.518.952,27
Corrigido pelo IPCA: R$ 9.547.937,76

2012
Nominal: R$ 2.617.698,62
Corrigido pelo IPCA: R$ 3.119.740,29

2013
Nominal: R$ 41.383.508,63
Corrigido pelo IPCA: R$ 46.629.805,27

2014
Nominal: R$ 69.652.609,07
Corrigido pelo IPCA: R$ 74.152.167,62

2015
Nominal: R$ 5.794.285,74
Corrigido pelo IPCA: R$ 5.794.285,74

Note-se que 2013 e 2014 tiveram valores elevados por conta da Copa do Mundo e das Confederações.''

A ORIGEM DOS NÚMEROS
Segundo o economista Gil Castelo Branco, fundador da ONG Contas Abertas, os números levantados representam o total financeiro desembolsado em cada ano, incluindo os chamados ''restos a pagar''. Em 2016, quando os ''restos a pagar'' forem quitados, os valores serão inclusos no total financeiro desembolsado do ano.

As cifras apresentadas na tabela mostrada neste post já consideram os recursos pagos por outras secretarias e unidades do Ministério da Justiça para a Polícia Federal, como pede o secretário Marivaldo de Castro.

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“Daqui para a frente, vou processar todo mundo”, diz Lula
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Fernando Rodrigues

Ex-presidente conversou com blogueiros pela manhã

Petista falou sobre Lava Jato e defendeu o filho de acusações

lula-blogueiros

Lula concede a 4ª coletiva a blogueiros desde 2010

O ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva disse nesta 4ª feira (20.jan.2016) a blogueiros que pretende intensificar os processos contra jornalistas e veículos que publicarem informações que ele considerar incorretas a seu respeito ou de sua família.

“Daqui para a frente, vou processar todo mundo. Para ver se colocamos ordem na casa”, afirmou o petista. O encontro com blogueiros foi na sede do Instituto Lula, em São Paulo.

“O que fazem com meu filho é uma violência. Como um cidadão tem a desfaçatez de mentir? (…) Daqui para frente vou processar. Já tenho um monte de processos e vai ter ainda mais”, disse ele. Luís Cláudio Lula da Silva, filho do ex-presidente, é alvo de investigações.

Lula atacou ainda o uso de delações premiadas na Operação Lava Jato. Para ele, “o grande problema da delação premiada é que o grande prêmio para os delatores é envolver o Lula”.

MÍDIA
O ex-presidente reclamou do comportamento da imprensa em vários momentos da entrevista. Para Lula, há “má vontade” da imprensa com o governo, com Dilma “e até com a democracia, às vezes”.

“Que [os jornais] publiquem nos editoriais o que quiserem. A única coisa que não admito é mentira na informação”, disse o ex-presidente.

Lula reclamou que haveria um certo descontrole hoje da grande mídia. “Antigamente eu ligava para o Roberto Marinho e saía direito de resposta”, afirmou. Agora, disse que não há mais interlocução: “Hoje os jornais não têm mais dono. Viraram tudo corporação. Quem é que manda no Estadão? Ah, é o Itaú… é sempre alguém de fora”.

Esta é a 4ª vez que o ex-presidente conversa com blogueiros desde 2010, último ano dele na presidência.

Participaram do encontro cerca de 15 veículos. A lista completa não foi divulgada pelo Instituto Lula até o momento da publicação deste post. Estavam presentes Renato Rovai, Altamiro Borges, Eduardo Guimarães, Miguel Rosário e Laura Capriglione, entre outros.

SOBRE DILMA: “EU VOU DAR PALPITE”
Lula disse que voltará à cena política para defender a si próprio e ao PT. E que tentará aconselhar a presidente Dilma.

“O que eu posso fazer como amigo da Dilma, como ex-presidente? É dar palpite”, diz. “Eu vou dar palpite, vou falar mais, vou falar com o companheiro, vou ajudar o meu partido a ganhar a eleição”, prometeu ele.

O ex-presidente cobrou de Dilma uma política econômica voltada para o fortalecimento do mercado interno. Para Lula, a única forma de sair da crise é “trazer os pobres de volta para o palco”, ampliando o acesso ao crédito.

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Paulinho promete neutralidade sobre impeachment à frente da Força Sindical
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Fernando Rodrigues

“A Força nasceu plural e será plural” diz deputado

Em dezembro, ele usou a central para ameaçar governistas

Volta repentina de Paulinho desagradou Miguel Torres

“Estou magoado. Eu sei que estava fazendo um bom trabalho”

Paulinho da Força (esq.) ao lado de Miguel Torres, que deixou a presidência da Força Sindical

O deputado Paulinho da Força (SD-SP) se comprometeu a respeitar a neutralidade da Força Sindical em relação ao impeachment da presidente Dilma Rousseff.

Com um discurso de aceitação da pluralidade dos sindicatos filiados, o congressista reassumiu o comando da Força Sindical na 3ª feira (12.jan), durante reunião da executiva nacional da entidade.

“Alguns companheiros têm dúvidas sobre essa questão da pluralidade. Pra mim, é um princípio. A Força nasceu plural e será plural”, afirmou o deputado no encontro da direção da Força na 3ª feira.

As informações são do repórter do UOL, Luiz Felipe Barbiéri.

A volta de Paulinho à presidência pegou parte da direção da central de surpresa. Inclusive Miguel Torres, que ocupava a presidência interina da Força Sindical desde out.2013.

Em conversa com Blog, Torres diz estar magoado. “Não tem uma crítica à minha atuação nesses últimos 2 anos como presidente. Mas, ali, ninguém iria peitar a atitude dele. Está no estatuto”.

[Contexto: Paulinho da Força é um ferrenho opositor do governo no Congresso. Presidente e fundador do Solidariedade, é membro da chamada “tropa de choque” do presidente da Câmara, Eduardo Cunha, e defende o impeachment da presidente Dilma Rousseff. Embora tenha adotado discurso em respeito à pluralidade da Força Sindical, ele é visto com alguma desconfiança por parte dos dirigentes da organização. No dia 5.dez.2015, Paulinho tentou arrastar a central para o debate sobre o impedimento da presidente. Anunciou que a Força Sindical usaria carros de som e panfletos para constranger congressistas contrários ao impeachment em frente às suas respectivas residências. O líder do PMDB na Câmara, Leonardo Picciani (RJ), seria o primeiro da lista. A informação era falsa. Os dirigentes da Força Sindical ficaram furiosos. Esclareceram que a central mantinha-se neutra na questão, mas respeitava a posição do deputado e do Solidariedade].

 A seguir, trechos de entrevista do Blog com Miguel Torres:

O senhor é próximo ao deputado Paulinho, mas ficou sabendo pela mídia do retorno dele à presidência da Força. Ficou chateado?
É lógico, magoa. Eu sei que estava fazendo um bom trabalho. Não tinha motivo administrativo nenhum. Mas ele se beneficiou de um direito estatuário dele.

O Paulinho atua em favor do impeachment da presidente no Congresso. O senhor acredita que a Força pode abandonar a neutralidade com o deputado no comando?
Ficou muito claro que a Força é neutra. O Paulinho inclusive precisou assumir isso no final da reunião [da executiva nacional]. Temos dirigentes sindicais de todos os espectros. Não tem condições de a central sair do seu DNA. Um DNA plural. Ela nasceu plural e vai continuar plural.

O senhor foi pego de surpresa com a decisão do deputado de voltar à presidência da Força?

Fui. Eu fiquei sabendo por outras pessoas que ele voltaria. Oficialmente, eu recebi a carta às 7h de 3ª feira (12.jan). Pegou todo mundo de surpresa. Eu, principalmente. Mas, de acordo com o estatuto, é um direito dele.

Quais as consequências desse episódio?
Eu estou trabalhando. Sou metalúrgico de base, presidente do Sindicato dos Metalúrgicos de São Paulo e vou continuar trabalhando por uma agenda positiva, para termos propostas e tirar o Brasil da crise. Bola pra frente. É lógico que eu estou magoado, mas agora é trabalhar.

Por que o Paulinho decidiu voltar agora?
Ele acredita que o momento da crise no Brasil é muito grave e que ele poderia ajudar muito dentro da Força nesse período, na articulação do movimento sindical. Foi esse o discurso dele.

Como reagiram os demais dirigentes da central?
Não tem uma crítica à minha atuação nesses últimos 2 anos como presidente. Pelo o contrário. Mas, ali, ninguém iria peitar a atitude dele. Está no estatuto. É uma constituição. Ninguém vai contra. Ficou claro que ele não vai parar nada do que estamos negociando e fazendo. Independente de governo ou de apoio de governo.

Como o senhor avalia a presença de um deputado na direção da 2ª maior central sindical do País em ano de eleições?
No nosso estatuto não tem nada que proíba a participação de um dirigente parlamentar. O Paulinho é um deputado muito ativo. É o deputado mais atuante em defesa dos trabalhadores no Congresso. Ele dá de lavada em qualquer um. É polêmico, mas está sempre presente.

O Paulinho é réu em uma ação penal no Supremo Tribunal Federal. O senhor acredita que isso prejudique a imagem da Força Sindical?
Isso aí é Justiça. Ele pode até ser absolvido, caso tenha argumento para isso. É uma questão dele, de tentar provar sua inocência. Por enquanto não tem nada de definitivo. A gente precisa dar esse tempo.

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