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Posso até ‘dilmar’, diz Benjamin Steinbruch
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Fernando Rodrigues

Nas últimas semanas, Benjamin Steinbruch demonstrou em entrevistas e conversas privadas simpatia pela candidata a presidente pelo PSB, Marina Silva. Agora, resolveu modular essa interpretação. “Meu voto é a favor das mudanças”, afirma.

Mas pode votar em Dilma Rousseff? “Se a presidente Dilma propor mudanças com relação ao futuro do Brasil, ela tem chance de ter meu voto”. Repete esse axioma também para Marina e para Aécio Neves (PSDB). Na entrevista ao programa Poder e Política, da “Folha” e do UOL, ressaltou: “Não sei em quem vou votar ainda. Posso até ‘dilmar’. Desde que atendidas algumas mudanças”.

O presidente da Fiesp e dono da CSN (Companhia Siderúrgica Nacional) diz não ter intenção de revelar em quem votará para presidente. Para ele, empresários podem sofrer perseguição “de toda ordem” se declararem abertamente em quem vão votar.

Benjamin tem negócios imbricados com o governo federal. Por exemplo, a concessão para construção e operação da ferrovia Transnordestina, obra com 1.750 km de extensão.

O recuo retórico de Benjamin ocorre depois de ele ter começado a falar de maneira mais explícita sobre eventuais qualidades de Marina Silva. Na semana passada, o Palácio do Planalto enviou recados ao empresário, dizendo que a presidente da República estava desapontada com suas declarações.

Por algum momento, o governo cogitou transferir para Brasília um evento com empresários que estava marcado para esta segunda-feira (29), às 10h, na sede da Federação das Indústrias do Estado de São Paulo. Passado um mal-estar inicial, o encontro foi mantido. Devem estar presentes dezenas de empresários para ouvir o ministro da Fazenda Guido Mantega, tendo Benjamin Steinbruch como um dos anfitriões.

Não que o presidente da Fiesp tenha recuado completamente das observações positivas que faz sobre candidatos de oposição. Apesar de dizer que pode até “dilmar”, Benjamin cita Aécio Neves como “boa opção”, o mesmo qualificativo usado para Marina. Sobre o tucano, faz uma ressalva: “Poderia ser mais agressivo nas [propostas de] mudanças”.

Marina Silva, afirma, “sintetiza (…) o voto contra as condições que existem, [desejo] que foi manifestado nos movimentos de rua”. A pessebista “é consistente, uma pessoa que evoluiu (…). Não acho um risco”.

Gostaria de participar de algum governo como ministro? “Se eu tivesse condições do ponto de vista da iniciativa privada, ter certeza que os negócios estariam bem administrados, aceitaria sim”. Em que área? “Qualquer uma. Eu tenho uma característica de ser fazedor. Educação, saúde, cultura, habitação”.

ECONOMIA
Benjamin Steinbruch acha que se Dilma for reeleita, o ideal é que anuncie logo em seguida quem será o novo ministro da Fazenda, para acalmar os agentes econômicos. Em entrevista recente, a petista já afirmou que trocará sua equipe.

“Se for do desejo dela [Dilma] que saia [o atual ministro da Fazenda, Guido Mantega], quanto antes nomeasse, melhor. Até mesmo para ter uma transição tranquila, já segue jogando”, afirma Benjamin. Para ele, “em caso de continuidade do governo, quanto antes as coisas claras, melhor”.

O presidente da Fiesp afirma que Mantega “tem feito um esforço grande de aumentar a interlocução com os empresários”. Acha que tem sido um “esforço brutal” para diminuir as divergências entre os empresários e o governo.

ALMOÇO MAIS CURTO
Defensor de uma flexibilização nas leis trabalhistas, Steinbruch considera possível conseguir novas regras sem retirar direitos como FGTS, gratificação de férias ou 13º salário. Fala em mudar aspectos mais laterais, como o horário de almoço.

“Aqui temos uma hora de almoço. Normalmente, não precisa de uma hora. Se você vai numa empresa nos EUA, você vê [o funcionário] comendo o sanduíche com a mão esquerda e operando a máquina com a mão direita. Tem 15 minutos para o almoço. Se for vontade dos empregados, por que não? Será que não é mais legal ele voltar antes para casa do que ficar uma hora sem ter o que fazer? Estou falando em benefício do empregado também. Poderia ser negociado”, explica.

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Poder e Política na semana – 29.set a 5.out.2014
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Fernando Rodrigues

As eleições serão realizadas neste domingo. Falta uma semana. Até lá, os candidatos viajam o país em campanha.

Nesta 2ª feira, a presidente Dilma Rousseff, candidata à reeleição pelo PT, realiza comício com o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva em Campo Limpo, zona sul de SP. Na 6ª feira, Dilma deve fazer caminhada de campanha no centro de SP.

Marina Silva, candidata do PSB a presidente, faz campanha no Recife nesta 2ª feira. Na 3ª feira, Marina reúne apoiadores da sua candidatura em ato em SP. Renata Campos, viúva de Eduardo Campos, deve comparecer. Na 4ª feira e na 5ª feira, Marina faz campanha no Rio. Na 6ª feira, Marina vai a Rio, São Paulo e Belo Horizonte e, no sábado, passa o dia em Rio Branco.

Aécio Neves, candidato do PSDB a presidente, participa de ato na manhã desta 2ª feira em SP com o governador Geraldo Alckmin, candidato à reeleição pelo PSDB. À tarde, Aécio faz campanha em Uberlândia (MG) e Belo Horizonte. Na 3ª feira, Aécio faz campanha no Rio.

Os candidatos a presidente participam, na 5ª feira, de debate promovido pela Rede Globo.

Na 3ª feira, Ibope e Datafolha podem divulgar nova rodada de pesquisas presidenciais e nos Estados. Cabe aos institutos e aos contratantes definirem o dia e o horário da publicação.

Guido Mantega, ministro da Fazenda, reúne-se nesta 2ª feira em SP com Benjamin Steinbruch, presidente da Federação das Indústrias do Estado de São Paulo e da CSN, Robson de Andrade, presidente da Confederação Nacional das Indústrias, e diversos empresários para anunciar medidas de estímulo às exportações.

Ainda nesta semana, o ministro do STF Teori Zavascki pode decidir se abre inquérito contra congressistas citados na delação premiada de Paulo Roberto Costa, ex-diretor da Petrobras. O Banco Central também divulga, em data a definir, seu Relatório Trimestral da Inflação.

Eis, a seguir, o drive político da semana. Se tiver algum reparo a fazer ou evento a sugerir, escreva para frpolitica@gmail.com. Atenção: esta agenda é uma previsão. Os eventos podem ser cancelados ou alterados.

 

2ª feira (29.set.2014)
Dilma e Lula em SP – presidente Dilma Rousseff, candidata à reeleição pelo PT, realiza comício com o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva em Campo Limpo, zona sul de SP.

Lula e Padilha em Franco da Rocha – antes do comício com Dilma, Lula participa de ato com Alexandre Padilha, candidato do PT ao governo de SP, em Franco da Rocha.

Atos do PT – legenda realiza 26 atos em diversas unidades da Federação com a presença de ministros.

Marina em Pernambuco – Marina Silva, candidata do PSB a presidente da República, faz campanha no Recife.

Aécio em SP e Minas – Aécio Neves, candidato do PSDB a presidente, participa de ato de manhã em SP com o governador Geraldo Alckmin, candidato à reeleição pelo PSDB. À tarde, Aécio faz campanha em Uberlândia (MG) e Belo Horizonte.

Luciana em SP – Luciana Genro, candidata do PSOL a presidente, faz campanha na capital paulista e em Campinas.

Pesquisa – Vox Populi pode divulgar nova pesquisa presidencial. A data exata de divulgação é decidida pelo instituto.

Mantega e empresários em SP – Guido Mantega, ministro da Fazenda, reúne-se com Benjamin Steinbruch, presidente da Federação das Indústrias do Estado de São Paulo e da CSN, Robson de Andrade, presidente da Confederação Nacional das Indústrias, e diversos empresários para anunciar medidas de estímulo às exportações.

Petrobras – Paulo Roberto Costa, ex-diretor da Petrobras, deve deixar o presídio onde está no Paraná e seguir para prisão domiciliar no Rio de Janeiro, com uso de tornozeleira eletrônica.

Indústria – IBGE divulga a Pesquisa Industrial Mensal sobre Produção Física. FGV apresenta resultado da Sondagem da Indústria.

Inflação – FGV divulga o IGP-M de setembro.

 

3ª feira (30.set.2014)
Marina em SP – Marina Silva, candidata do PSB a presidente, reúne apoiadores da sua candidatura em ato em SP. Renata Campos, viúva de Eduardo Campos, deve comparecer. Imagens do encontro serão usadas na sua propaganda de TV.

Aécio no Rio – Aécio Neves, candidato do PSDB a presidente, faz campanha no mercado de Madureira, no Rio.

Pesquisas – Ibope e Datafolha podem divulgar nova rodada de pesquisas presidenciais e nos Estados. Cabe aos institutos e aos contratantes definirem o dia e o horário da publicação.

Greve dos bancários – categoria inicia greve nacional. Os bancários pedem reajuste de 12,5%, ganho real de 5,8% descontada a inflação pelo INPC.

Leilão do 4G – governo realiza leilão da faixa de 700 MHz para uso de telefonia celular 4G. Expectativa é arrecadar pelo menos R$ 7,7 bilhões.

Prisão em flagrante – data a partir da qual e até 48 horas depois do encerramento da eleição nenhum eleitor poderá ser preso ou detido, salvo em flagrante delito, ou em virtude de sentença criminal condenatória por crime inafiançável.

Ditadura – Comissão Nacional da Verdade realiza diligencia no 12º Regimento de Infantaria, em Belo Horizonte.

 

4ª feira (1°.out.2014)
Marina no Rio – Marina Silva, candidata do PSB a presidente, faz campanha no Rio.

Aposentadoria no STJ – ministro Gilson Dipp, do STJ, completa 70 anos e se aposenta da Corte.

Serviços – FGV divulga sua Sondagem de Serviços.

 

5ª feira (2.out.2014)
Debate presidencial – TV Globo promove debate entre os principais candidatos a presidente da República.

Marina no Rio – Marina Silva, candidata do PSB a presidente, faz campanha no Rio.

Eduardo Jorge em SP e Rio – Eduardo Jorge, candidato do PV a presidente, faz caminhada de campanha em São Paulo, de manhã, e no Rio, à tarde.

Propaganda eleitoral – último dia para a divulgação da propaganda eleitoral gratuita no rádio e na televisão.

Comícios – último dia para a realização de comícios com aparelhagem de sonorização fixa.

Pesquisas – Ibope divulga nova rodada de pesquisa presidencial e nos Estados. Cabe aos institutos e aos contratantes definirem o dia e o horário da publicação.

 

6ª feira (3.out.2014)
Dilma em SP – Dilma Rousseff pode fazer caminhada de campanha no centro de SP.

Marina no Rio, SP e BH – Marina Silva, candidata do PSB a presidente, faz campanha no Rio, em São Paulo e Belo Horizonte.

Luciana no Rio – Luciana Genro, candidata do PSOL a presidente, faz campanha no Rio.

Propaganda eleitoral – último dia para a divulgação paga, na imprensa escrita, e a reprodução na internet do jornal impresso, de propaganda eleitoral.

 

Sábado (4.out.2014)
Encerramento da campanha – último dia para a propaganda eleitoral com uso de alto-falantes ou amplificadores de som, entre as 8 e as 22 horas. Também é o último dia para a distribuição de material gráfico e a promoção de caminhada, carreata, passeata ou carro de som que transite pela cidade divulgando jingles ou mensagens de candidatos.

Marina no Acre – Marina Silva, candidata do PSB a presidente, passa o dia em Rio Branco.

 

Domingo (5.out.2014)
Eleição – data das eleições para presidente, senador, deputado federal, governador e deputado estadual.

Rivaldo Gomes/Folhapress - 3.out.2010

 

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Marina mente sobre CPMF, diz comercial de Dilma na TV
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Fernando Rodrigues

Marina-comercial-Dilma-PT-mentira-28set2014

A campanha de Dilma Rousseff (PT) colocou hoje (28.set.2014) no ar um comercial de 30 segundos no qual afirma que Marina Silva (PSB) mentiu sobre como foi seu voto no Senado a respeito da CPMF (Contribuição Provisória sobre Movimentação Financeira). Eis o vídeo:

Vários veículos da mídia já haviam registrado essa contradição na fala da candidata do PSB, repetida em alguns eventos de campanha. Ela afirmou em 26.ago.2014, durante o debate entre presidenciáveis na TV Bandeirantes, que seu voto foi a favor da CPMF durante o governo de Fernando Henrique Cardoso (PSDB).

Ocorre que os registros do site do Senado indicam que Marina votou contra a CPMF em 1995 e em 1999.

O comercial de Dilma Rousseff é duríssimo contra Marina. Faz parte da estratégia conduzida pelo marqueteiro João Santana de desconstruir a imagem da candidata do PSB. Eis o roteiro integral da propaganda:

[Imagem de Marina Silva – Locutor inicia narração]: Marina diz que não quer ser eleita em cima de uma mentira.

[Imagem de Marina falando no debate da Band, em 26.ago.2014]: Quando foi a votação da CPMF, ainda que o meu partido fosse contra, em nome da saúde, em nome de respeitar os interesses dos brasileiros, eu votei favorável, mesmo sendo do seu governo, o PSDB [era uma resposta ao tucano Aécio Neves].

[Locutor narra sobre imagens de arquivos oficiais de votações do Senado]: Os documentos do Senado registram a verdade. Marina fez duas vezes o contrário do que diz. Mudar de opinião, ainda vá lá… Agora, falar que fez o que não fez, isso tem outro nome”.

[Fim do comercial de 30 segundos].

A eficácia da “narrativa do medo” usada por João Santana na campanha de Dilma Rousseff já foi analisada aqui neste Blog num post de 20.set.2014. Além do comercial de hoje sobre a “mentira de Marina sobre a CPMF”, já foram veiculados outros. Um fazendo comparação da pessebista com Jânio Quadros e com Fernando Collor. Insinuação de que um Banco Central independente tira a comida do prato dos mais pobres. E um no qual se afirma o pré-sal no marinismo seria relegado ao segundo plano, resultando em menos dinheiro de bancos públicos para programas como o Minha Casa, Minha Vida.

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Sem declarar voto, Joaquim Barbosa reclama de tarifa de celular
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Fernando Rodrigues

O ex-presidente do Supremo Tribunal Federal Joaquim Barbosa tem sido cortejado por muitos políticos nesta campanha eleitoral. Mas tem se recusado a declarar em quem vai votar.

Por enquanto, Joaquim Barbosa tem preferido fazer observações mais prosaicas em seu perfil no microblog Twitter. Por exemplo, hoje (24.set.2014), tuitou 3 vezes sobre o sistema de tarifação de telefonemas via celulares no Brasil.

Joaquim defende uma tarifa nacional para o Brasil, sem cobrança de interurbanos. Eis seus comentários (clique na imagem para ampliar):

Joaquim-Twitter-24set2014

A propósito de possíveis apoios político-eleitorais do ex-presidente do STF, os candidatos devem ser desenganados a respeito desse tema. É que Joaquim Barbosa não deve votar em ninguém neste ano. Ele tem uma viagem ao exterior marcada para o dia 2 de outubro (o 1º turno da eleição é em 5.out.2014). A volta está marcada só para 15 de novembro (o 2º turno é em 26.out.2014).

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Ibope cristaliza embate Dilma-Marina e mostra Aécio quase fora do jogo
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Fernando Rodrigues

Pesquisa também debela boatos sobre alta de tucano e 2º turno mais folgado para a petista

Arte

A pesquisa Ibope sobre intenções de voto para presidente traz os seguintes recados, além de debelar alguns boatos plantados nos últimos dias na “cracolândia digital” que se tornou o ambiente de militantes políticos nas redes sociais:

1) 2º turno cristalizado: só um fato de proporções inauditas pode, a esta altura, alterar a disputa final na corrida pelo Planalto. Dilma Rousseff (PT) e Marina Silva (PSB) devem estar na rodada de votação do dia 26 de outubro.

O Ibope realizou seu levantamento de 20 a 22.set.2014. Deu o seguinte: Dilma com 38%, seguida por Marina, com 29%, e Aécio Neves (PSDB), em terceiro lugar, com 19%.

O tucano teve o mesmo percentual registrado na semana passada. Não apresentou sinais de crescimento –apesar de uma grande onda de rumores a esse respeito plantada na internet por alguns de seus seguidores.

Nunca nas eleições presidenciais brasileiras dos últimos 20 anos um 3º colocado com 19% conseguiu passar os demais concorrentes para ir ao 2º turno –nesta fase da campanha. Tecnicamente, é claro, isso seria cenário possível. Mas não se trata de algo usual. Longe disso;

 

2) Dilma tem um teto no 2º turno: a presidente que tenta a reeleição tem oscilado, subindo e descendo, na faixa de 36% a 42% nas simulações de 2º turno desde a entrada de Marina Silva na disputa –após a morte de Eduardo Campos, em 13.ago.2014.

Na semana passada, Dilma tinha 40%. Agora, tem 41%. Há duas semanas, o percentual era de 42%. A pesquisa Ibope serviu também para demolir os boatos espalhados por parte dos militantes petistas a respeito de uma suposta melhora da candidata à reeleição nas simulações de 2º turno;

 

3) Marina também tem seu teto: depois da onda emocional forte no início da sua empreitada como candidata a presidente, a pessebista se acomodou em simulações de 2º turno na faixa de 41% a 43%. Agora, está em 41%;

 

4) Narrativa do medo segurou Dilma na frente: a série de comerciais de ataque do PT e do PSDB contra Marina Silva teve dois efeitos. Primeiro, impediu que a pessebista continuasse a surfar sem nenhum tipo de contraditório no horário eleitoral. Segundo, serviu para que a petista se segurasse em 1º lugar nas simulações de primeiro turno, o que é muita coisa –do ponto de vista psicológico, para animar a militância.

Um terceiro possível efeito –ainda a ser comprovado– teria sido a volta de Aécio Neves para os 19% que ostentava no fim de agosto. É possível, mas o tucano e seu partido nunca chegaram ao final de uma eleição presidencial, desde 1994, com menos de 20%. Talvez esse movimento fosse ocorrer até por inércia, mesmo que o candidato tivesse continuado com sua estratégia anterior de campanha.

 

E O QUE VAI ACONTECER AGORA?
Esta é uma das mais acirradas disputas presidenciais desde 1989, a primeira eleição direta pós-ditadura militar.

O componente do medo do desconhecido será muito importante e presente agora dentro das estratégias de campanha. Dilma vai reforçar esse sentimento na cabeça dos eleitores. Marina vai se esforçar para debelar a ideia de que seu governo será um tiro no escuro.

Quem leva vantagem? Difícil dizer, pois o quadro parece quase congelado no momento.

Só que é necessário registrar um fato objetivo. Hoje, Dilma tem cerca de 11 minutos no horário eleitoral. Marina, só 2 minutos.

No 2º turno, o tempo será igual para ambas: 10 minutos para cada candidatura.

P.S.1: vale a pena dar uma sapeada na tabela e no gráfico do post abaixo, “Apoio a Dilma cai em Estados mais dependentes do Bolsa Família”. São mais alguns elementos a respeito de como pode ser o 2º turno da eleição presidencial.

P.S.2: e para saber como estão todas as pesquisas eleitorais nos Estados, visite a mais completa compilação de levantamentos de intenção de voto na internet brasileira.

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Apoio a Dilma cai em Estados mais dependentes do Bolsa Família
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Fernando Rodrigues

7 Estados com mais de 40% das famílias beneficiadas dão menos votos hoje à petista do que em 2010

No total, intenção de voto em Dilma é menor do que sua votação em 2010 em 19 Estados

Em 8 deles, presidente está 10 ou mais pontos abaixo do que estava na última eleição

A votação estrondosa que Dilma Rousseff (PT) obteve em 2010 nos Estados mais beneficiados pelo Bolsa Família não deve se repetir neste ano, segundo as últimas pesquisas.

Sete Estados onde o programa de transferência de renda tem grande impacto dão menos votos hoje para o PT do que na última eleição presidencial: Maranhão, Piauí, Ceará, Pernambuco, Bahia, Pará e Amazonas.

A petista só está hoje melhor do que em 2010 em 4 dos 12 Estados com mais de 40% das famílias no programa federal, segundo as últimas pesquisas disponíveis: Paraíba, Sergipe, Roraima e Acre.

Em 2006 e 2010, o mapa eleitoral repetiu um padrão duocromático de vermelho (PT) no Nordeste e Norte e azul (PSDB) no Sul e Sudeste, com exceções pontuais.

Mantido o cenário atual nos Estados mais beneficiados pelo Bolsa Família, Dilma terá menos fôlego eleitoral para compensar baixas votações na porção mais ao sul do país.

A tabela abaixo mostra o desempenho da petista por Estado e o alcance do Bolsa Família. A intenção de voto em Dilma é hoje menor do que sua votação em 2010 em 19 Estados. Em 8 deles, ela está 10 ou mais pontos abaixo do que estava em 2010.

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Há uma correlação direta entre o percentual de famílias beneficiadas pelo Bolsa Família e a intenção de voto em Dilma. A tendência é o PT ter melhor desempenho nos Estados mais dependentes do programa de transferência de renda.

Algumas unidades da Federação fogem à regra. Roraima e Acre são exemplos. Têm mais de 40% das famílias inscritas no Bolsa Família, mas registram intenção de votos válidos na petista de 34% e 27%, respectivamente, abaixo da média de Estados com o mesmo patamar de dependência do programa.

Também há pontos fora da curva que beneficiam a petista. Rio Grande do Sul tem 13% das famílias atendidas pelo Bolsa Família e Santa Catarina, 7% –o Estado menos dependente do programa–, e oferecem bons índices de voto para a reeleição da presidente.

O gráfico abaixo mostra essa correlação:

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Este Blog mantém a mais completa página de pesquisas eleitorais da internet brasileira, com levantamentos de todos os institutos desde o ano 2000. É possível consultar os cenários do 1º turno de 2014 para as disputas de presidente, governador e senador e do 2° turno de 2014 para presidente e governador.

Pesquisas utilizadas (instituto, data de entrevistas, margem de erro e registro): AC (Ibope, 9-11.set.2014, 3 p.p., AC-00042/2014), AL (Ipespe, 13-15.set.2014, 2,4 p.p., AL-00014/2014), AM (Ibope, 8-11.set.2014, 3 p.p, AM-00039/2014), AP (Ibope, 9-11.set.2014, 3 p.p., AP-00010/2014), BA (Ibope, 6-9.set.2014, 3 p.p., BA-00020/2014), CE (Datafolha, 18-19.set.2014, 3 p.p., CE-00022/2014), DF (Ibope, 16-17.set.2014, 3 p.p., DF-00043/2014), ES (Ibope, 9-11.set.2014, 3 p.p., ES-00020/2014), GO (Ibope, 7-9.set.2014, 3 p.p., GO-112/2014), MA (Ibope, 17-19.set.2014, 3 p.p., MA-00052/2014), MG (Ibope, 13-15.set.2014, 2 p.p., MG-00092/2014), MS (Famasul, 29.ago-4.set.2014, 3,1 p.p., MS-00031/2014), MT (Gazeta Dados, 5-8.set.2014, 3 p.p., MT-00079/2014), PA (Ibope, 8-11.set.2014, 3 p.p., PA-00026/2014), PB (Ibope, 16-18.set.2014, 3 p.p., PB-00029/2014), PE (Ipespe, 18-19.set.2014, 2 p.p., PE-00027/2014), PI (Ibope, 7-9.set.2014, 2 p.p., PI-00127/2014), PR (Ibope, 16-18.set.2014, 3 p.p., PR-00037/2014), RJ (Datafolha, 8-9.set.2014, 3 p.p., RJ-00034/2014), RN (Seta, 16-18.set.2014, 3 p.p., RN-00029/2014), RO (Ibope, 13-15.set.2014, 3 p.p., RO-00032/2014), RR (Ibope, 9-11.set.2014, 3 p.p., RR-00008/2014), RS (Ibope, 7-9.set.2014, 3 p.p., RS-00016/2014), SC (Ibope, 14-16.set.2014, 3 p.p., SC-00024/2014), SE (Datavox, 31.ago-2.set.2014, 3,5 p.p., SE-00021/2014), SP (Datafolha, 8-9.set.2014, 2 p.p., SP-00029/2014), TO (Ibope, 8-10.set.2014, 3 p.p., TO-00025/2014), BR (Datafolha, 17-18.set.2014, 2 p.p., BR-0064/2014).

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Câmara processa juiz da Ficha Limpa
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Fernando Rodrigues

Deputado Henrique Alves (PMDB-RN) se irritou com descrição da corrupção na política

Magistrado Márlon Reis reafirmou acusação, feita em um programa de TV:

“Há entre os deputados pessoas que alcançaram seus mandatos por vias ilícitas”

“A Constituição assegura a liberdade de expressão (…) Nem todos se aperceberam disso”

Sérgio Lima/Folhapress - 6.set.2012

A Câmara dos Deputados, por meio de seu presidente, Henrique Alves (PMDB-RN), resolveu processar o juiz Márlon Reis (foto), um dos idealizadores do movimento que resultou na Lei da Ficha Limpa.

Henrique Alves (que no momento disputa o governo do Rio Grande do Norte) enxergou uma ofensa numa participação de Márlon Reis numa reportagem do programa “Fantástico”, da TV Globo, veiculada em 8.jun.2014.

As declarações do juiz foram apenas repetições a respeito de tudo o que se conhece de corrupção entre políticos. Em todas as suas falas, Márlon Reis teve o cuidado de não generalizar, mas dizer que as práticas eram comuns e usadas por grande parte dos congressistas. Por exemplo, a cobrança de propina na liberação de emendas ao Orçamento.

Estudioso do assunto, o juiz escreveu um livro, “O Nobre Deputado”, no qual relata as práticas mais corriqueiras de corrupção na política. Para tornar mais fácil a compreensão, cria uma personagem fictícia, o deputado Cândido Peçanha, que pratica várias irregularidades. Na reportagem de junho, é usada também a figura do “deputado Peçanha” para dar mais inteligibilidade ao material divulgado.

Para a Câmara dos Deputados, Márlon Reis cometeu “ilícitos”. Na peça inicial do processo, o deputado Henrique Alves acusa: “De modo leviano, por meio de acusações genéricas contra sujeitos não identificados, que inviabilizam o direito de defesa, o Reclamado [Márlon Reis ] assacou conduta desonesta e criminosa a todos os integrantes do Poder Legislativo”.

O que irritou Henrique Alves foi a seguinte afirmação: “[Os corruptos] ocupam grande parte das cadeiras parlamentares do Brasil e (…) precisam deixar de existir”. Embora o juiz em momento algum diga que todos os políticos sejam corruptos, foi assim que o presidente da Câmara entendeu.

“Note-se o desserviço prestado pelo Reclamado [Márlon Reis ] à democracia e ao exercício da cidadania, no que nutrida a crença –falsa– de que todos os políticos –sem exceção– seriam corruptos e de que a política seria totalmente subserviente a interesses escusos e alheia às legítimas demandas dos eleitores”, escreve Henrique Alves no pedido de punição a Márlon Reis.

O juiz aguardava para saber se o processo seria simplesmente arquivado, pela inépcia da acusação. Mas ocorreu o oposto. O magistrado foi notificado pelo Conselho Nacional de Justiça na semana passada, num ofício datado de 16.set.2014. Terá agora 15 dias para se manifestar.

Se o CNJ entender que Márlon Reis cometeu um ato irregular ao falar que existem políticos corruptos e ao descrever como eles agem, a punição para o juiz pode variar de uma simples advertência até a perda do cargo por meio de uma aposentadoria compulsória.

O Blog falou com Márlon Reis, que reagiu da seguinte forma, numa nota por escrito:

“O Presidente da Câmara dos Deputados, Henrique Eduardo Alves, apresentou reclamação disciplinar contra mim junto ao Conselho Nacional de Justiça por eu haver levado a público, no livro ‘O Nobre Deputado’, informações por mim coletadas ao longo de anos para minha tese de doutoramento”.

“A Constituição Federal assegura a todos plena liberdade de pensamento e de expressão. A atividade intelectual, por outro lado, é insuscetível de censura. Infelizmente, nem todos se aperceberam disso”.

“Afirmei e reafirmo que há entre os deputados pessoas que alcançaram seus mandatos por vias ilícitas. Estes precisam ser detidos, o que demanda uma profunda mudança do vigente sistema eleitoral, corroído por uma mercantilização do conceito de política”.

“Em vários outros livros e artigos tenho apontado as fragilidades grosseiras presentes no sistema eleitoral brasileiro, que estimula o desvio de recursos públicos para o fomento das campanhas, possibilitando a compra do apoio de chefes políticos locais. Esse fato, do conhecimento de todos os brasileiros, é por mim minuciosamente estudado e descrito em minhas obras em virtude da minha condição de pesquisador dedicado ao tema. Minha condição de magistrado não inibe minhas vocações intelectuais. Seguirei fazendo o que sempre fiz”.

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PMDB, PT e PSDB devem continuar a dominar Senado em 2015
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Fernando Rodrigues

A posição das 3 principais forças políticas no Senado não deve se alterar em 2015, apesar da crescente fragmentação partidária. PMDB, PT e PSDB estão posicionados para repetir, nessa ordem, o pódio de maiores bancadas da Casa, segundo as últimas pesquisas disponíveis.

O PMDB, a maior força política no Senado desde 1994, hoje com 19 cadeiras, tem chance de iniciar o próximo ano legislativo com até 20 senadores. Esse cálculo já considera o possível retorno de 2 senadores peemedebistas afastados para comandar ministérios do governo Dilma Rousseff: Edison Lobão (MA), que comanda a pasta de Minas e Energia, e Garibaldi Alves Filho (RN), atual ministro da Previdência Social.

Mesmo que Dilma Rousseff vença a disputa pelo Planalto, é dado como certo que haverá trocas de ministros –inclusive os nomes do PMDB. Nesse caso, é quase certo que os senadores Edison Lobão e Garibaldi Alves Filho retornem ao Congresso em 2015.

O PT, hoje com 13 senadores, tem possibilidade de ir até a 16 cadeiras no ano que vem, consolidando sua posição de segunda maior bancada. O cálculo também inclui o possível retorno da senadora afastada Marta Suplicy (SP), atual ministra da Cultura.

O PSDB, com uma bancada de 12 cadeiras, seguirá como a terceira maior força, com até 14 senadores a partir de 2015. A projeção considera que Aécio Neves (MG) e Aloysio Nunes Ferreira (SP), ambos senadores com mandato até 2019, não se elegerão presidente e vice-presidente da República, como indicam as últimas pesquisas.

Haverá mudanças no pelotão dos partidos médios, que reúnem 5 a 10 senadores. O PSB, hoje dono de uma bancada diminuta de 4 senadores, começará o próximo ano com 7 cadeiras, no melhor cenário. Se a previsão se confirmar, os pessebistas terão a quarta maior bancada da Casa, empatados com o PDT, que hoje tem 6 senadores e pode subir para 7.

Na outra ponta, o PTB verá sua atual bancada de 6 senadores encolhida, pelo menos, à metade. Também apresenta viés de queda o PP –que hoje tem 5 senadores, e, no melhor cenário, terá 3 a partir de 2015.

O Senado de 2015 deverá ter a composição mais fragmentada da história, com 17 partidos diferentes. Em 2003, início do governo do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, a Casa tinha senadores de apenas 9 partidos. Hoje há 16 legendas representadas no Senado. Quanto mais partidos, mais demorada e custosa é a busca de consenso em projetos de lei do interesse do Poder Executivo.

A tabela a seguir mostra a evolução das bancadas, por partido, desde a eleição de 1994 e a projeção do melhor cenário para cada legenda de acordo com as pesquisas de intenção de voto mais recentes:

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COMO É FEITA A PROJEÇÃO PARA 2015
A projeção de bancadas para o Senado em 2015 considera 3 fatores:

1) pesquisas: são contabilizados todos os candidatos que estão em primeiro lugar nas pesquisas de intenção de voto (isolados na frente ou empatados na margem de erro do levantamento com algum adversário);

2) suplentes: também é considerada nesta projeção a entrada dos suplentes dos 8 senadores com mandato até 2019 que hoje lideram a disputa pelos governos dos respectivos Estados. Se vencerem, sairão do Senado para dar a vaga ao suplente imediato. Os 8 senadores que podem virar governadores em 2015 são os seguintes: Eduardo Braga (PMDB-AM), Eunício Oliveira (PMDB-CE), Delcídio do Amaral (PT-MS), Wellington Dias (PT-PI), Cássio Cunha Lima (PSDB-PB), Pedro Taques (PDT-MT), Ana Amélia (PP-RS) e Rodrigo Rollemberg (PSB-DF);

3) volta de titulares: o cálculo projeta que 3 senadores hoje afastados para atuar em ministérios do governo federal devem voltar à Casa em 2015. Seja devido a um cenário em que Dilma, reeleita, decida reformular sua equipe, ou a uma alternância de poder no Palácio de Planalto, com a eleição de Marina Silva (PSB) ou Aécio Neves (PSDB).

Se o cálculo for mais rígido, considerando apenas os líderes isolados nas pesquisas, fora da margem de erro, o cenário muda um pouco. Nessa perspectiva, o PMDB seguiria líder, mas com 17 senadores. O PT iria a 11 cadeiras, O PSDB, a 10. PDT e DEM teriam 5 senadores cada um. O PSB manteria o número atual de 4 cadeiras. PP, PTB e PSD ficariam com 3 senadores cada um. O PR faria uma bancada de 2 senadores. Os demais partidos teriam um senador cada um.

A seguir, a tabela com as disputas pelo Senado nas 27 unidades da Federação:

ArteEste Blog mantém a mais completa página de pesquisas eleitorais da internet brasileira, com levantamentos de todos os institutos desde o ano 2000. É possível consultar os cenários do 1º turno de 2014 para as disputas de presidente, governador e senador e do 2° turno de 2014 para presidente e governador.

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Pós-Marina, PSB se recupera e já disputa 4 Estados com chance de vitória
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Fernando Rodrigues

No início de agosto, o PSB corria o risco de ficar sem nenhum governador de Estado a partir de 2015, perdendo os 5 que tem no momento. Depois do lançamento de Marina Silva como candidata a presidente, os pessebistas ressurgiram pelo país afora.

Agora, há candidatos do PSB com chances reais de vitória em 3 unidades da Federação (Distrito Federal, Pernambuco e Paraíba). O partido tem chance também de virar o jogo em Roraima –com a nova configuração de candidaturas naquele Estado.

No Espírito Santo, a disputa continua apertada, mas não tanto como na metade deste ano. O atual governador, Renato Casagrande (PSB), e mais os outros candidatos somados estão a 1 ponto de distância (considerado o limite da margem de erro) do líder das pesquisas, Paulo Hartung (PMDB).

Com 3, 4 ou 5 governadores eleitos, o quadro para o PSB nos Estados já é bem melhor do que o de 50 dias atrás.

Quando se observa a situação geral dos partidos, o PMDB aparece ainda com o maior número de favoritos: 9 candidatos a governador com chances de vitória. Em segundo lugar vem o PSDB, com 6. Depois, o PT, com 4.

Eis a seguir uma compilação feita pelo Blog com as pesquisas mais recentes em todas as 27 unidades da Federação:

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Como se observa, há dois Estados com mudanças de candidaturas e ainda sem pesquisas disponíveis testando os novos cenários. Em Mato Grosso e Roraima, políticos fichas sujas saíram da disputa. Em Brasília, também ocorreu uma troca, mas já há pesquisas para a nova configuração de candidaturas.

No Mato Grosso, a saída de José Riva (PSD) tende a não alterar o quadro de maneira substantiva. Nesse Estado, a liderança folgada era de Pedro Taques (PDT), com 39%.

Já em Roraima, quem deixou a disputa foi o líder nas pesquisas, Neudo Campos (PP). O segundo colocado era Chico Rodrigues (PSB).

Quando se observam os Estados para os quais há pesquisas disponíveis, nota-se que a 2 semanas da eleição, só 10 disputas estaduais devem terminar no 1º turno

Se as pesquisas forem confirmadas nas urnas, esta será uma das mais apertadas disputas estaduais em décadas. Em 1994 houve apenas 9 eleições de governadores decididas no 1º turno. Nos anos seguintes, o número foi sempre maior.

Os 10 Estados nos quais pode haver uma decisão definitiva em 5 de outubro, com um candidato tendo, pelo menos, 50% mais 1 dos votos, são os seguintes: Acre, Alagoas, Bahia, Maranhão, Minas Gerais, Mato Grosso, Piauí, Santa Catarina, São Paulo e Tocantins.

Este Blog mantém a mais completa página de pesquisas eleitorais da internet brasileira, com levantamentos de todos os institutos desde o ano 2000. É possível consultar os cenários do 1º turno de 2014 para as disputas de presidente, governador e senador e do 2° turno de 2014 para presidente e governador.

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Assim como na Escócia, medo do desconhecido ajuda Dilma no Brasil
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Fernando Rodrigues

narrativa do medo funcionou até agora para a petista, que lidera a disputa

ainda assim, Dilma e PT enfrentam em Marina a adversária mais forte até hoje

nunca o 3º colocado numa disputa  foi tão anti-PT como Aécio Neves

Por que os eleitores na Escócia rejeitaram se separar do Reino Unido? Há muitos motivos, mas certamente um dos componentes foi o medo do desconhecido, o temor de que a divisão pudesse, eventualmente, trazer mais problemas do que benefícios.

O medo é um dos sentimentos inconscientes mais presentes no dia a dia de qualquer pessoa. Para simplificar, ninguém atravessa uma rua de olhos fechados. Ninguém desce uma escada correndo no escuro.

Em eleições presidenciais, quando o país está mais ou menos estável (embora com a economia tendo um desempenho medíocre), o medo do desconhecido é relevante na hora em que as pessoas tomam suas decisões.

No Brasil, assim como na Escócia, há um sentimento difuso a favor de mudanças.

Os escoceses acham que contribuem mais com o Reino Unido do que recebem de volta. Ainda assim, a maioria achou que deveria manter as coisas como estão.

Entre os brasileiros, esse desejo a favor de mudanças apareceu com força nas manifestações de junho de 2013. O Datafolha mostra, pesquisa depois de pesquisa, que mais de 70% gostariam de ter uma forma diferente de governo no país.

Mas esses mesmos brasileiros, em grande parte, dão hoje a dianteira para Dilma Rousseff (PT), na disputa presidencial, e para Geraldo Alckmin (PSDB), na corrida pelo Palácio dos Bandeirantes, em São Paulo. Só para lembrar, o PT governa o Brasil há 12 anos. O PSDB manda em São Paulo há 20 anos.

Há uma contradição apenas parcial entre o desejo de mudança e o voto em políticos tradicionais. Mudar, qualquer um sempre quer. Mas como se faz essa mudança? Há riscos? Pode acontecer de as coisas ficarem ainda piores? Essas dúvidas e sentimentos são explorados “ad nauseam” pelos políticos e por seus marqueteiros em uma campanha. É assim no mundo inteiro onde se adota a democracia representativa de modelo ocidental.

Giuseppe Tomasi di Lampedusa, em “O Leopardo”, estava certíssimo ao formular uma de suas frases mais conhecidas: “Se queremos que tudo permaneça como está, é preciso que tudo mude”.

No Brasil, no atual ciclo eleitoral, a equipe de marketing de Dilma Rousseff preparou uma bateria de comerciais sobre como poderia ser (no entender dela e do PT) uma eventual administração Marina Silva.

É o chamado processo de “desconstrução” da candidata a presidente pelo PSB. Quando se observam as curvas da pesquisa Datafolha realizada nos dias 17 e 18 de setembro, nota-se uma tendência a favor de Dilma e negativa para Marina. Eis os gráficos:Datafolha-1oturno-17-18set2014

Dilma Rousseff (PT) lidera com 37%. É seguida por Marina Silva (PSB), com 30%. Num distante terceiro lugar está Aécio Neves (PSDB), com 17%.

A taxa de brancos, nulos e a dos que ainda dizem não saber em quem votar está compatível com esta fase da campanha, comparando com eleições anteriores –13% estão nessa categoria. Em geral, quando esses brasileiros resolvem escolher alguém em quem votar, o grupo de divide na mesma proporção das intenções de voto de cada candidato no dia da eleição.

NARRATIVA DO MEDO
Muitos políticos e analistas não gostaram do tom das propagandas de Dilma Rousseff na TV. Houve comparação da pessebista com Jânio Quadros e com Fernando Collor. Insinuação de que um Banco Central independente tira a comida do prato dos mais pobres. Que o pré-sal seria relegado a segundo plano. E que haveria menos dinheiro de bancos públicos para programas como o Minha Casa, Minha Vida.

A campanha de Marina Silva reagiu. Disse que tudo era mentira.

Do ponto de vista estritamente legal, não houve crime eleitoral. O Tribunal Superior Eleitoral julgou improcedente um pedido de direito de resposta de Marina Silva em relação ao comercial dilmista sobre os riscos de conceder autonomia ao Banco Central.

A esta altura da campanha, parece comprovada em parte a eficácia da “narrativa do medo” usada pelo marqueteiro do PT, João Santana. É inegável que o efeito foi positivo (ainda que limitado) para Dilma Rousseff.

Para julgar o impacto da estratégia dilmista, entretanto, é necessário considerar o cenário da corrida presidencial de 2014: a) cerca de 70% dos eleitores brasileiros dizem desejar mudanças; b) a economia sob Dilma Rousseff, não importa a métrica usada, apresenta um desempenho sempre muito ruim ou medíocre; c) a presidente é uma política pouco loquaz (para dizer o mínimo) e seu carisma tende a ser zero; d) surgiu uma adversária respeitável, Marina Silva, com ares sacralizados depois da morte de Eduardo Campos.

Marina é, sem chance de errar na assertiva, a adversária mais forte que o PT enfrenta desde que ascendeu ao poder federal.

Em meio a todo esse ambiente adverso, Dilma Rousseff nunca chegou a perder votos dentro daquele um terço do eleitorado que há mais de uma década estacionou no petismo. Mais do que isso, a presidente agora mostra que está se aproximando de um patamar superior nas intenções de voto.

O que aconteceu nos últimos 30 dias? A presença maciça dos candidatos na TV e os comerciais no horário eleitoral –e, mais recentemente, os filmes negativos que bateram em Marina Silva para tentar desconstruir a imagem da pessebista.

Em resumo e de forma bem direta, só há uma conclusão (pelo menos, por enquanto): Dilma Rousseff melhorou sua posição nas pesquisas porque bateu em Marina Silva.

Pode-se, é claro, discutir o tamanho desse impacto. Ou se essa estratégia é sustentável até o final do 2º turno. Antes de elaborar a respeito desses tópicos, vale a pena verificar como estavam as pesquisas de intenção de voto para presidente nesta mesma época em todos os ciclos eleitorais anteriores desde 1994:

A-2-semanas-do10turno-20set2014

Como se observa, quem estava à frente numa simulação de 2º turno nesta mesma época em 1994, 1998, 2002, 2006 e 2010, acabou vencendo a disputa.

Ocorre que desta vez ninguém está à frente. Há um empate técnico entre Marina, com 46%, e Dilma, com 44%.

É possível inferir que Dilma continuará a recuperar terreno numa velocidade de 2 pontos percentuais por semana? Impossível saber. A petista de fato fez o que estava ao seu alcance até agora. Daqui para a frente, esta eleição continua sem um desfecho claro, pelas suas especificidades.

É útil analisar o que Dilma e Marina têm de pontos a favor e contra.

DILMA E SUAS ARMAS
Os principais ativos de Dilma Rousseff são os seguintes: a) a força do governo e de suas alianças formais pelo país; b) a equipe de marketing mais bem estruturada na comparação com as outras campanhas; c) a aversão ao desconhecido que parte do eleitorado nutre a respeito de Marina Silva; d) a força do PT em momentos decisivos, quando o instinto de sobrevivência do partido fala mais alto e militantes vão para as ruas para empurrar seus candidatos na reta final de uma eleição.

Em teoria, todos esses fatores somados podem fazer com que Dilma acabe suplantando todas as dificuldades. Mas é também necessário confrontar tudo isso com as ferramentas que Marina tem a seu favor.

MARINA E SUAS ARMAS
A candidata do PSB parece ter desidratado um pouco nos últimos 20 dias. Mas para quem tem apenas cerca de 2 minutos na TV, chega a ser quase inacreditável que ela continue com 30% das intenções de voto. Ainda mais considerando-se que sua campanha inteira foi redesenhada há cerca de 30 dias, depois da morte de Eduardo Campos (em 13.ago.2014).

Marina tem alguns fatores que jogam a seu favor. A saber: a) ela é a candidata que mais incorporou em sua narrativa o desejo de mudanças expresso nas manifestações de junho de 2013. Quando fala de uma “nova política”, está falando aos milhões de brasileiros que não toleram mais assistir todas as noites aos telejornais mostrando as mesmas caras de políticos antigos em Brasília; b) no eventual segundo turno contra Dilma, os tempos de propaganda eleitoral na TV e no rádio são iguais, com cada uma das candidatas recebendo 10 minutos; c) o PT enfrenta cenários adversos nos 2 principais cenários do Nordeste, Bahia e Pernambuco; d) o terceiro colocado da eleição deste ano deve ser Aécio Neves (PSDB), cujo eleitorado é preponderantemente anti-PT, anti-Lula e anti-Dilma. Nas 3 últimas eleições presidenciais (2002, 2006 e 2010), os terceiros e quartos colocados tinham eleitores mais propensos a votar no candidato no PT (Anthony Garotinho, Ciro Gomes, Heloisa Helena, Cristovam Buarque, Plínio de Arruda Sampaio e Marina Silva). Não será simples para Dilma Rousseff ter os votos de eleitores aecistas mais adiante.

É bem verdade que Aécio Neves tem feito uma propaganda forte contra Marina Silva nas últimas semanas (“Marina é a Dilma com outra roupa”). Ainda assim, não está claro se o eleitorado do PSDB –possivelmente perto de 20% dos votos válidos nesta eleição– vai preferir dar mais 4 anos ao PT no Palácio do Planalto ou se vai arriscar uma novidade, apoiando a candidata do PSB no 2º turno.

A decisão dos aecistas –e de muitos outros eleitores– vai depender de como Marina Silva reagirá nas próximas duas semanas (até o 1º turno, em 5.out.2014). Se a pessebista demonstrar fragilidade excessiva e entrar muito desidratada na fase final da campanha, a profecia de que ela não tem como ganhar vai se autocumprir.

Como se observa na tabela acima deste post, nunca um candidato que entrou no 2º turno muito atrás nas pesquisas conseguiu reverter o quadro para vencer a disputa.

Desde a semana passada, Marina Silva resolveu reagir dentro do campo em que se dá melhor: o da emoção. No sábado (13.set.2014), ela começou a mostrar sua artilharia. Mais recentemente, falou sobre como foi sentir fome quando era criança no Acre, seu Estado natal. Todas as pesquisas internas das campanhas presidenciais indicam que esses comerciais tiveram impacto positivo para Marina.

É claro que ninguém faz campanha até o último dia apenas provocando emoção nos eleitores ao relatar uma infância difícil. Mas essa foi uma amostra grátis de como será Marina no 2º turno, quando terá reforço na campanha de TV e rádio –hoje basicamente sob o comando de Diego Brandy, que trabalha com poucos recursos e tempo exíguo. O cineasta Fernando Meirelles deve ser incorporado ao time em breve.

Ocorre que Marina precisa também dissipar o medo do desconhecido que existe no eleitorado em relação a ela. Nesse caso, seus programas e exposição midiática terão de encontrar uma narrativa que satisfaça aqueles que estão hoje em dúvida. Não é fácil, embora tampouco seja impossível.

E COMO FICA O PSDB
É importante fazer um último registro antes que tucanos se irritem e digam que o próprio Aécio tem chances de ir ao 2º turno. Tudo ainda é possível numa eleição tão cheia de surpresas como a atual. É claro que, tecnicamente, qualquer um dos 11 candidatos inscritos na corrida pelo Planalto pode chegar à rodada final de votação.

Mas a história recente das disputas presidenciais mostra que seria um fato realmente muito inaudito ver o candidato hoje com 17% conseguir passar ao 2º turno. Basta olhar a tabela acima neste post e verificar que isso nunca ocorreu no Brasil.

O segundo turno será realizado, como determina a Constituição, no último domingo de outubro, que neste ano é o dia 26. E tudo indica que o PSDB está fora desse jogo.

A se confirmar esse cenário, Aécio Neves terá sido o candidato a presidente pelo PSDB com o pior desempenho nos últimos 20 anos. O estrago poderá ser ainda maior se ele também registrar um revés em Minas Gerais, com o seu candidato a governador, Pimenta da Veiga, sendo derrotado, como sinalizam as pesquisas.

Tudo considerado, esta é a eleição presidencial brasileira mais cheia de possibilidades desde a de 1989. E como não poderia deixar de ser, o desfecho continua completamente indefinido.

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