44% não se lembram em quem votaram para deputado federal em 2010
Fernando Rodrigues
Amnésia é mais forte em relação aos candidatos ao Poder Legislativo
No Poder Executivo, 82% recordam em quem votaram para governador e 91%, para presidente
Apenas 28% dos jovens de até 29 anos tentam convencer amigos a votar em determinado político
Pesquisa divulgada nesta 3ª feira (30.set.2014) mostra como ainda é baixo o interesse do brasileiro por política: 44% dos eleitores não se lembram em quem votaram para deputado federal; 43% não se recordam quem escolheram para deputado estadual e 38% se esqueceram de como foi seu voto para senador.
Essa falta de memória ocorre ao mesmo tempo em que mais de 70% dos eleitores têm expressado, em várias pesquisas, um desejo difuso de mudança. Falam sobre a necessidade de o Brasil ser governado de uma maneira diferente. Reclamam da qualidade dos políticos que se apresentam como candidatos nas eleições.
A democracia no Brasil, em geral, é vista apenas como o ato de votar a cada 2 anos. A maioria dos políticos não procura os eleitores entre uma disputa e outra. E os brasileiros também não se interessam em cobrar as promessas feitas pelos eleitos.
É curioso que a amnésia dos eleitores seja mais forte em relação aos ocupantes do Poder Legislativo, justamente aquele que deve servir de conexão entre o Estado e os seus cidadãos.
Quando indagados sobre o voto para o Poder Executivo em 2010, 82% dos pesquisados responderam se lembrar quem escolheram para governador e 91% se recordaram do seu voto para presidente.
Os dados constam de levantamento feito pela consultoria Expertise com 1.188 pessoas de ambos os sexos, todas as classes sociais e unidades da Federação, por meio de questionário online, no mês de setembro.
A iniciativa de convencer amigos e parentes a votar em um determinado político também é uma atitude pouco usual no cotidiano de muitos eleitores brasileiros. Dois terços dos entrevistados responderam que não tentam influenciar seus conhecidos nesse sentido.
O percentual de eleitores que faz campanha dentro do seu círculo de amizades é maior na população mais velha e rica: atinge 42% entre as pessoas com 50 anos ou mais e 42% entre eleitores das classes A e B.
Os jovens parecem ser mais alienados, apesar de terem sido a maioria nos protestos de junho de 2013. Não parecem agora propensos a fazer campanha no atual ciclo eleitoral. Só 28% dos eleitores de até 29 anos tentam convencer conhecidos sobre as qualidades de um determinado candidato.
O levantamento da Expertise também perguntou quais seriam os fatores mais relevantes para um eleitor escolher um candidato. O principal são as propostas apresentadas, citadas por 86% dos entrevistados, o histórico do político (82%) e o fato dele estar ou não enquadrado na Lei da Ficha Limpa (80%). O partido ao qual o candidato é filiado foi considerado importante por apenas 27% dos eleitores –reforçando a percepção de que, no Brasil, os eleitores votam na pessoa, e não na legenda (imagem abaixo).
A pesquisa mediu os principais meios de informação utilizados pelos brasileiros para formarem sua opinião sobre as eleições. Os debates são o principal, citados por 61% dos entrevistados, seguidos pelos portais de notícias na internet (50%), o horário eleitoral gratuito (44%) e as redes sociais (35%).
O levantamento tem margem de erro de 2,8 pontos percentuais e está registrado no Tribunal Superior Eleitoral sob o número BR-000578/2014.