Blog do Fernando Rodrigues

Arquivo : setembro 2014

Apoio a Dilma cai em Estados mais dependentes do Bolsa Família
Comentários Comente

Fernando Rodrigues

7 Estados com mais de 40% das famílias beneficiadas dão menos votos hoje à petista do que em 2010

No total, intenção de voto em Dilma é menor do que sua votação em 2010 em 19 Estados

Em 8 deles, presidente está 10 ou mais pontos abaixo do que estava na última eleição

A votação estrondosa que Dilma Rousseff (PT) obteve em 2010 nos Estados mais beneficiados pelo Bolsa Família não deve se repetir neste ano, segundo as últimas pesquisas.

Sete Estados onde o programa de transferência de renda tem grande impacto dão menos votos hoje para o PT do que na última eleição presidencial: Maranhão, Piauí, Ceará, Pernambuco, Bahia, Pará e Amazonas.

A petista só está hoje melhor do que em 2010 em 4 dos 12 Estados com mais de 40% das famílias no programa federal, segundo as últimas pesquisas disponíveis: Paraíba, Sergipe, Roraima e Acre.

Em 2006 e 2010, o mapa eleitoral repetiu um padrão duocromático de vermelho (PT) no Nordeste e Norte e azul (PSDB) no Sul e Sudeste, com exceções pontuais.

Mantido o cenário atual nos Estados mais beneficiados pelo Bolsa Família, Dilma terá menos fôlego eleitoral para compensar baixas votações na porção mais ao sul do país.

A tabela abaixo mostra o desempenho da petista por Estado e o alcance do Bolsa Família. A intenção de voto em Dilma é hoje menor do que sua votação em 2010 em 19 Estados. Em 8 deles, ela está 10 ou mais pontos abaixo do que estava em 2010.

Arte

Há uma correlação direta entre o percentual de famílias beneficiadas pelo Bolsa Família e a intenção de voto em Dilma. A tendência é o PT ter melhor desempenho nos Estados mais dependentes do programa de transferência de renda.

Algumas unidades da Federação fogem à regra. Roraima e Acre são exemplos. Têm mais de 40% das famílias inscritas no Bolsa Família, mas registram intenção de votos válidos na petista de 34% e 27%, respectivamente, abaixo da média de Estados com o mesmo patamar de dependência do programa.

Também há pontos fora da curva que beneficiam a petista. Rio Grande do Sul tem 13% das famílias atendidas pelo Bolsa Família e Santa Catarina, 7% –o Estado menos dependente do programa–, e oferecem bons índices de voto para a reeleição da presidente.

O gráfico abaixo mostra essa correlação:

Arte

Este Blog mantém a mais completa página de pesquisas eleitorais da internet brasileira, com levantamentos de todos os institutos desde o ano 2000. É possível consultar os cenários do 1º turno de 2014 para as disputas de presidente, governador e senador e do 2° turno de 2014 para presidente e governador.

Pesquisas utilizadas (instituto, data de entrevistas, margem de erro e registro): AC (Ibope, 9-11.set.2014, 3 p.p., AC-00042/2014), AL (Ipespe, 13-15.set.2014, 2,4 p.p., AL-00014/2014), AM (Ibope, 8-11.set.2014, 3 p.p, AM-00039/2014), AP (Ibope, 9-11.set.2014, 3 p.p., AP-00010/2014), BA (Ibope, 6-9.set.2014, 3 p.p., BA-00020/2014), CE (Datafolha, 18-19.set.2014, 3 p.p., CE-00022/2014), DF (Ibope, 16-17.set.2014, 3 p.p., DF-00043/2014), ES (Ibope, 9-11.set.2014, 3 p.p., ES-00020/2014), GO (Ibope, 7-9.set.2014, 3 p.p., GO-112/2014), MA (Ibope, 17-19.set.2014, 3 p.p., MA-00052/2014), MG (Ibope, 13-15.set.2014, 2 p.p., MG-00092/2014), MS (Famasul, 29.ago-4.set.2014, 3,1 p.p., MS-00031/2014), MT (Gazeta Dados, 5-8.set.2014, 3 p.p., MT-00079/2014), PA (Ibope, 8-11.set.2014, 3 p.p., PA-00026/2014), PB (Ibope, 16-18.set.2014, 3 p.p., PB-00029/2014), PE (Ipespe, 18-19.set.2014, 2 p.p., PE-00027/2014), PI (Ibope, 7-9.set.2014, 2 p.p., PI-00127/2014), PR (Ibope, 16-18.set.2014, 3 p.p., PR-00037/2014), RJ (Datafolha, 8-9.set.2014, 3 p.p., RJ-00034/2014), RN (Seta, 16-18.set.2014, 3 p.p., RN-00029/2014), RO (Ibope, 13-15.set.2014, 3 p.p., RO-00032/2014), RR (Ibope, 9-11.set.2014, 3 p.p., RR-00008/2014), RS (Ibope, 7-9.set.2014, 3 p.p., RS-00016/2014), SC (Ibope, 14-16.set.2014, 3 p.p., SC-00024/2014), SE (Datavox, 31.ago-2.set.2014, 3,5 p.p., SE-00021/2014), SP (Datafolha, 8-9.set.2014, 2 p.p., SP-00029/2014), TO (Ibope, 8-10.set.2014, 3 p.p., TO-00025/2014), BR (Datafolha, 17-18.set.2014, 2 p.p., BR-0064/2014).

O blog está no Twitter e no Facebook.


Câmara processa juiz da Ficha Limpa
Comentários Comente

Fernando Rodrigues

Deputado Henrique Alves (PMDB-RN) se irritou com descrição da corrupção na política

Magistrado Márlon Reis reafirmou acusação, feita em um programa de TV:

“Há entre os deputados pessoas que alcançaram seus mandatos por vias ilícitas”

“A Constituição assegura a liberdade de expressão (…) Nem todos se aperceberam disso”

Sérgio Lima/Folhapress - 6.set.2012

A Câmara dos Deputados, por meio de seu presidente, Henrique Alves (PMDB-RN), resolveu processar o juiz Márlon Reis (foto), um dos idealizadores do movimento que resultou na Lei da Ficha Limpa.

Henrique Alves (que no momento disputa o governo do Rio Grande do Norte) enxergou uma ofensa numa participação de Márlon Reis numa reportagem do programa “Fantástico”, da TV Globo, veiculada em 8.jun.2014.

As declarações do juiz foram apenas repetições a respeito de tudo o que se conhece de corrupção entre políticos. Em todas as suas falas, Márlon Reis teve o cuidado de não generalizar, mas dizer que as práticas eram comuns e usadas por grande parte dos congressistas. Por exemplo, a cobrança de propina na liberação de emendas ao Orçamento.

Estudioso do assunto, o juiz escreveu um livro, “O Nobre Deputado”, no qual relata as práticas mais corriqueiras de corrupção na política. Para tornar mais fácil a compreensão, cria uma personagem fictícia, o deputado Cândido Peçanha, que pratica várias irregularidades. Na reportagem de junho, é usada também a figura do “deputado Peçanha” para dar mais inteligibilidade ao material divulgado.

Para a Câmara dos Deputados, Márlon Reis cometeu “ilícitos”. Na peça inicial do processo, o deputado Henrique Alves acusa: “De modo leviano, por meio de acusações genéricas contra sujeitos não identificados, que inviabilizam o direito de defesa, o Reclamado [Márlon Reis ] assacou conduta desonesta e criminosa a todos os integrantes do Poder Legislativo”.

O que irritou Henrique Alves foi a seguinte afirmação: “[Os corruptos] ocupam grande parte das cadeiras parlamentares do Brasil e (…) precisam deixar de existir”. Embora o juiz em momento algum diga que todos os políticos sejam corruptos, foi assim que o presidente da Câmara entendeu.

“Note-se o desserviço prestado pelo Reclamado [Márlon Reis ] à democracia e ao exercício da cidadania, no que nutrida a crença –falsa– de que todos os políticos –sem exceção– seriam corruptos e de que a política seria totalmente subserviente a interesses escusos e alheia às legítimas demandas dos eleitores”, escreve Henrique Alves no pedido de punição a Márlon Reis.

O juiz aguardava para saber se o processo seria simplesmente arquivado, pela inépcia da acusação. Mas ocorreu o oposto. O magistrado foi notificado pelo Conselho Nacional de Justiça na semana passada, num ofício datado de 16.set.2014. Terá agora 15 dias para se manifestar.

Se o CNJ entender que Márlon Reis cometeu um ato irregular ao falar que existem políticos corruptos e ao descrever como eles agem, a punição para o juiz pode variar de uma simples advertência até a perda do cargo por meio de uma aposentadoria compulsória.

O Blog falou com Márlon Reis, que reagiu da seguinte forma, numa nota por escrito:

“O Presidente da Câmara dos Deputados, Henrique Eduardo Alves, apresentou reclamação disciplinar contra mim junto ao Conselho Nacional de Justiça por eu haver levado a público, no livro ‘O Nobre Deputado’, informações por mim coletadas ao longo de anos para minha tese de doutoramento”.

“A Constituição Federal assegura a todos plena liberdade de pensamento e de expressão. A atividade intelectual, por outro lado, é insuscetível de censura. Infelizmente, nem todos se aperceberam disso”.

“Afirmei e reafirmo que há entre os deputados pessoas que alcançaram seus mandatos por vias ilícitas. Estes precisam ser detidos, o que demanda uma profunda mudança do vigente sistema eleitoral, corroído por uma mercantilização do conceito de política”.

“Em vários outros livros e artigos tenho apontado as fragilidades grosseiras presentes no sistema eleitoral brasileiro, que estimula o desvio de recursos públicos para o fomento das campanhas, possibilitando a compra do apoio de chefes políticos locais. Esse fato, do conhecimento de todos os brasileiros, é por mim minuciosamente estudado e descrito em minhas obras em virtude da minha condição de pesquisador dedicado ao tema. Minha condição de magistrado não inibe minhas vocações intelectuais. Seguirei fazendo o que sempre fiz”.

O blog está no Twitter e no Facebook.


PMDB, PT e PSDB devem continuar a dominar Senado em 2015
Comentários Comente

Fernando Rodrigues

A posição das 3 principais forças políticas no Senado não deve se alterar em 2015, apesar da crescente fragmentação partidária. PMDB, PT e PSDB estão posicionados para repetir, nessa ordem, o pódio de maiores bancadas da Casa, segundo as últimas pesquisas disponíveis.

O PMDB, a maior força política no Senado desde 1994, hoje com 19 cadeiras, tem chance de iniciar o próximo ano legislativo com até 20 senadores. Esse cálculo já considera o possível retorno de 2 senadores peemedebistas afastados para comandar ministérios do governo Dilma Rousseff: Edison Lobão (MA), que comanda a pasta de Minas e Energia, e Garibaldi Alves Filho (RN), atual ministro da Previdência Social.

Mesmo que Dilma Rousseff vença a disputa pelo Planalto, é dado como certo que haverá trocas de ministros –inclusive os nomes do PMDB. Nesse caso, é quase certo que os senadores Edison Lobão e Garibaldi Alves Filho retornem ao Congresso em 2015.

O PT, hoje com 13 senadores, tem possibilidade de ir até a 16 cadeiras no ano que vem, consolidando sua posição de segunda maior bancada. O cálculo também inclui o possível retorno da senadora afastada Marta Suplicy (SP), atual ministra da Cultura.

O PSDB, com uma bancada de 12 cadeiras, seguirá como a terceira maior força, com até 14 senadores a partir de 2015. A projeção considera que Aécio Neves (MG) e Aloysio Nunes Ferreira (SP), ambos senadores com mandato até 2019, não se elegerão presidente e vice-presidente da República, como indicam as últimas pesquisas.

Haverá mudanças no pelotão dos partidos médios, que reúnem 5 a 10 senadores. O PSB, hoje dono de uma bancada diminuta de 4 senadores, começará o próximo ano com 7 cadeiras, no melhor cenário. Se a previsão se confirmar, os pessebistas terão a quarta maior bancada da Casa, empatados com o PDT, que hoje tem 6 senadores e pode subir para 7.

Na outra ponta, o PTB verá sua atual bancada de 6 senadores encolhida, pelo menos, à metade. Também apresenta viés de queda o PP –que hoje tem 5 senadores, e, no melhor cenário, terá 3 a partir de 2015.

O Senado de 2015 deverá ter a composição mais fragmentada da história, com 17 partidos diferentes. Em 2003, início do governo do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, a Casa tinha senadores de apenas 9 partidos. Hoje há 16 legendas representadas no Senado. Quanto mais partidos, mais demorada e custosa é a busca de consenso em projetos de lei do interesse do Poder Executivo.

A tabela a seguir mostra a evolução das bancadas, por partido, desde a eleição de 1994 e a projeção do melhor cenário para cada legenda de acordo com as pesquisas de intenção de voto mais recentes:

Arte

COMO É FEITA A PROJEÇÃO PARA 2015
A projeção de bancadas para o Senado em 2015 considera 3 fatores:

1) pesquisas: são contabilizados todos os candidatos que estão em primeiro lugar nas pesquisas de intenção de voto (isolados na frente ou empatados na margem de erro do levantamento com algum adversário);

2) suplentes: também é considerada nesta projeção a entrada dos suplentes dos 8 senadores com mandato até 2019 que hoje lideram a disputa pelos governos dos respectivos Estados. Se vencerem, sairão do Senado para dar a vaga ao suplente imediato. Os 8 senadores que podem virar governadores em 2015 são os seguintes: Eduardo Braga (PMDB-AM), Eunício Oliveira (PMDB-CE), Delcídio do Amaral (PT-MS), Wellington Dias (PT-PI), Cássio Cunha Lima (PSDB-PB), Pedro Taques (PDT-MT), Ana Amélia (PP-RS) e Rodrigo Rollemberg (PSB-DF);

3) volta de titulares: o cálculo projeta que 3 senadores hoje afastados para atuar em ministérios do governo federal devem voltar à Casa em 2015. Seja devido a um cenário em que Dilma, reeleita, decida reformular sua equipe, ou a uma alternância de poder no Palácio de Planalto, com a eleição de Marina Silva (PSB) ou Aécio Neves (PSDB).

Se o cálculo for mais rígido, considerando apenas os líderes isolados nas pesquisas, fora da margem de erro, o cenário muda um pouco. Nessa perspectiva, o PMDB seguiria líder, mas com 17 senadores. O PT iria a 11 cadeiras, O PSDB, a 10. PDT e DEM teriam 5 senadores cada um. O PSB manteria o número atual de 4 cadeiras. PP, PTB e PSD ficariam com 3 senadores cada um. O PR faria uma bancada de 2 senadores. Os demais partidos teriam um senador cada um.

A seguir, a tabela com as disputas pelo Senado nas 27 unidades da Federação:

ArteEste Blog mantém a mais completa página de pesquisas eleitorais da internet brasileira, com levantamentos de todos os institutos desde o ano 2000. É possível consultar os cenários do 1º turno de 2014 para as disputas de presidente, governador e senador e do 2° turno de 2014 para presidente e governador.

O blog está no Twitter e no Facebook.


Pós-Marina, PSB se recupera e já disputa 4 Estados com chance de vitória
Comentários Comente

Fernando Rodrigues

No início de agosto, o PSB corria o risco de ficar sem nenhum governador de Estado a partir de 2015, perdendo os 5 que tem no momento. Depois do lançamento de Marina Silva como candidata a presidente, os pessebistas ressurgiram pelo país afora.

Agora, há candidatos do PSB com chances reais de vitória em 3 unidades da Federação (Distrito Federal, Pernambuco e Paraíba). O partido tem chance também de virar o jogo em Roraima –com a nova configuração de candidaturas naquele Estado.

No Espírito Santo, a disputa continua apertada, mas não tanto como na metade deste ano. O atual governador, Renato Casagrande (PSB), e mais os outros candidatos somados estão a 1 ponto de distância (considerado o limite da margem de erro) do líder das pesquisas, Paulo Hartung (PMDB).

Com 3, 4 ou 5 governadores eleitos, o quadro para o PSB nos Estados já é bem melhor do que o de 50 dias atrás.

Quando se observa a situação geral dos partidos, o PMDB aparece ainda com o maior número de favoritos: 9 candidatos a governador com chances de vitória. Em segundo lugar vem o PSDB, com 6. Depois, o PT, com 4.

Eis a seguir uma compilação feita pelo Blog com as pesquisas mais recentes em todas as 27 unidades da Federação:

Arte
Como se observa, há dois Estados com mudanças de candidaturas e ainda sem pesquisas disponíveis testando os novos cenários. Em Mato Grosso e Roraima, políticos fichas sujas saíram da disputa. Em Brasília, também ocorreu uma troca, mas já há pesquisas para a nova configuração de candidaturas.

No Mato Grosso, a saída de José Riva (PSD) tende a não alterar o quadro de maneira substantiva. Nesse Estado, a liderança folgada era de Pedro Taques (PDT), com 39%.

Já em Roraima, quem deixou a disputa foi o líder nas pesquisas, Neudo Campos (PP). O segundo colocado era Chico Rodrigues (PSB).

Quando se observam os Estados para os quais há pesquisas disponíveis, nota-se que a 2 semanas da eleição, só 10 disputas estaduais devem terminar no 1º turno

Se as pesquisas forem confirmadas nas urnas, esta será uma das mais apertadas disputas estaduais em décadas. Em 1994 houve apenas 9 eleições de governadores decididas no 1º turno. Nos anos seguintes, o número foi sempre maior.

Os 10 Estados nos quais pode haver uma decisão definitiva em 5 de outubro, com um candidato tendo, pelo menos, 50% mais 1 dos votos, são os seguintes: Acre, Alagoas, Bahia, Maranhão, Minas Gerais, Mato Grosso, Piauí, Santa Catarina, São Paulo e Tocantins.

Este Blog mantém a mais completa página de pesquisas eleitorais da internet brasileira, com levantamentos de todos os institutos desde o ano 2000. É possível consultar os cenários do 1º turno de 2014 para as disputas de presidente, governador e senador e do 2° turno de 2014 para presidente e governador.

O blog está no Twitter e no Facebook.


Poder e Política na semana – 22 a 28.set.2014
Comentários Comente

Fernando Rodrigues

Faltam 13 dias para as eleições. Nesta semana, Dilma vai a Nova York e Ceilândia (DF) e Marina e Aécio viajam pelo país. A Record promove debate presidencial no domingo.

A presidente Dilma Rousseff faz campanha em Ribeirão das Neves (MG) nesta 2ª feira ao lado de Fernando Pimentel, candidato do PT ao governo mineiro. Na 4ª feira, estará em Nova York para proferir o discurso de abertura da Assembleia Geral da ONU. Na 5ª feira, ao lado do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, participa de comício com o governador do DF Agnelo Queiroz, candidato à reeleição pelo PT, em Ceilândia. Na 6ª feira, Dilma concede entrevista para blogueiros no Palácio da Alvorada. No sábado, Dilma deve liderar comício em Porto Alegre com Tarso Genro, governador gaúcho e candidato à reeleção pelo PT.

Marina Silva, candidata do PSB a presidente, reúne-se com ciclistas e apresenta palestra em Brasília nesta 2ª feira. À tarde, participa de evento sobre acesso à banda larga, em SP. Na 3ª feira, Marina faz campanha em Curitiba, Florianópolis e Porto Alegre. No dia seguinte, estará em São Paulo e no Rio. Na 5ª feira, Marina visita a Central Única de Favelas, no Rio. Na 6ª feira, Marina faz campanha em cidades mineiras e, no sábado, na capital paulista.

Aécio Neves, candidato do PSDB, faz campanha nas cidades mineiras de Belo Horizonte, Betim e Contagem na 2ª feira. Na 3ª feira, participa de eventos políticos em Niterói, no Rio. Na 4ª feira retorna a Minas, para atos em Belo Horizonte e Uberaba. Na 5ª feira o tucano faz um giro pela região Sul e pede votos em Santa Maria e Caxias do Sul, no Rio Grande do Sul, em Blumenau, em Santa Catarina, e Pinhais, no Paraná. Na 6ª feira, Aécio estará em São Paulo.

Ainda no mundo tucano, o ex-presidente Fernando Henrique Cardoso e Armínio Fraga, ex-presidente do Banco Central, participam de almoço na 2ª feira organizado pelo Lide (Grupo de Líderes Empresariais), em SP.

No domingo, os candidatos a presidente da República confrontam-se em debate promovido pela Record. E ao longo da semana novas pesquisas retratam o fôlego dos candidatos na disputa. Levantamento do Vox Populi pode ser divulgado pela Record a partir de 2ª feira; Ibope, na Globo e jornal “O Estado de S.Paulo”, e CNT/MDA a partir de 3ª feira; e Datafolha a partir de 4ª feira. Cabe aos institutos e aos contratantes definirem o dia e o horário da publicação.

Os escândalos de corrupção envolvendo a Petrobras continuam a repercutir. Na 3ª feira, integrantes da CPI mista sobre a estatal reúnem-se com Ricardo Lewandowski, presidente do STF, e Rodrigo Janot, procurador-geral da República. Os congressistas vão insistir para terem acesso à liberação da íntegra da delação de Paulo Roberto Costa.

Eis, a seguir, o drive político da semana. Se tiver algum reparo a fazer ou evento a sugerir, escreva para frpolitica@gmail.com. Atenção: esta agenda é uma previsão. Os eventos podem ser cancelados ou alterados

 

2ª feira (22.set.2014)
Dilma em Minas – presidente Dilma Rousseff, candidata do PT à reeleição, faz campanha em Ribeirão das Neves (MG) ao lado de Fernando Pimentel, candidato do PT ao governo mineiro.

Marina em Brasília e SP – Marina Silva, candidata do PSB a presidente, reúne-se com ciclistas na “Vaga Viva”, na Asa Sul, em Brasília, às 9h. Em seguida, apresenta palestra para a Associação Nacional de Educação Católica, na Confederação Nacional dos Trabalhadores do Comércio, também em Brasília. Às 17h, Marina participa de debate sobre acesso à banda larga, em SP.

Aécio em Minas – Aécio Neves, candidato do PSDB a presidente, faz campanha em Belo Horizonte, Betim e Contagem. À noite, segue para o Rio de Janeiro.

FHC e Armínio em SP – ex-presidente Fernando Henrique Cardoso e Armínio Fraga, ex-presidente do Banco Central, participam de almoço-debate sobre “Uma agenda econômica viável para a retomada do crescimento brasileiro”. Organizado pelo Lide (Grupo de Líderes Empresariais), em São Paulo.

Jorge em NY – Eduardo Jorge, candidato do PV a presidente, participa de cerimônia de premiação, promovida pelo C40, das dez cidades líderes em ações para mitigar e adaptar as mudanças climáticas. No The Mahattan Center, em Nova York.

Luciana no Sul – Luciana Genro, candidata do PSOL a presidente faz campanha em Porto Alegre.

Pesquisas presidenciais – a partir desta data pode ser divulgada nova pesquisa Vox Populi contratada pela Record sobre a sucessão presidencial. Cabe ao instituto e à contratante definirem o dia e o horário da publicação.

Pesquisas em debate – Mauro Paulino, diretor-geral do Datafolha, apresenta palestra na Cátedra de Jornalismo Octavio Frias de Oliveira, do Centro Universitário Fiam-Faam, sobre a interpretação de pesquisas eleitorais. Às 20h, no campus Liberdade da Fiam-Faam.

Poder Judiciário em números – FGV do Rio divulga a pesquisa “O Supremo e o Tempo” sobre a tramitação de processos no Supremo Tribunal Federal entre 1988 e 2013 e o desempenho de cada ministro.  A FGV de SP e a “Folha” promovem debate sobre “Lentidão da Justiça brasileira e prejuízos ao cidadão” na Justiça com o ministro Luís Roberto Barroso, em SP, a partir das 9h30.

Ditadura – Comissão Nacional da Verdade colhe depoimentos de familiares de Raul Amaro Nin Ferreira, engenheiro mecânico morto em 12 de agosto de 1971 após ser preso por agentes do regime militar. No Arquivo Nacional, no Rio.

Maconha – Comissão de Direitos Humanos e Legislação Participativa do Senado promove audiência pública sobre a regulamentação do uso recreativo, medicinal e industrial da maconha. Com transmissão pela internet.

USP e a greve – universidade volta às atividades após 116 de greve. Na 3ª feira (23.set.2014), comissão retoma análise sobre a reforma do estatuto da USP.

 

3ª feira (23.set.2014)
Marina no Sul – Marina Silva, candidata do PSB a presidente, participa de eventos de campanha em Curitiba, Florianópolis e Porto Alegre.

Aécio no Rio – Aécio Neves, candidato do PSDB a presidente, faz campanha em Niterói.

Propostas de Luciana – Luciana Genro, candidata do PSOL a presidente, lança seu programa de governo com ato às 16h em São Paulo. Em seguida, participa de conversa sobre protagonismo feminino com a cantora Marina Lima, a escritora Márcia Tiburi e a blogueira Clara Averbuck. À noite, é entrevista por Rafinha Bastos no programa “Agora é tarde”.

Pesquisas presidenciais – a partir desta data podem ser divulgadas novas pesquisas Ibope, contratada pela Rede Globo, e CNT/MDA sobre a sucessão presidencial. Cabe aos institutos e aos contratantes definirem o dia e o horário da publicação.

Petrobras – integrantes da CPI mista sobre a Petrobras reúnem-se com Ricardo Lewandowski, presidente do Supremo Tribunal Federal, e Rodrigo Janot, procurador-geral da República. Os congressistas pressionam para ter acesso à íntegra da delação premiada de Paulo Roberto Costa, ex-diretor de Refino e Abastecimento da estatal. A comitiva deve ser composta pelo presidente da CPI, senador Vital do Rêgo (PMDB-PB), o vice-presidente, senador Gim Argelo (PTB-DF), o relator, deputado Marco Maia (PT-RS), e o líder do DEM no Senado, José Agripino (DEM-RN). Às 18h, no STF.

Lula em Guarulhos – ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva faz campanha ao lado de Alexandre Padilha, candidato do PT ao governo do Estado, em Guarulhos.

Meio ambiente – Izabella Teixeira, ministra do Meio Ambiente participa da Cúpula do Clima na ONU, em Nova York.

Ditadura – Comissão Nacional da Verdade realiza diligências no 1º Batalhão de Polícia do Exército, no Rio, local da morte do deputado Rubens Paiva e um dos principais centros de tortura na cidade durante o regime militar.

Leilão do 4G – empresas interessadas na nova banda para o 4G devem apresentar suas propostas. O leilão está agendado para o dia 30.set.2014.

Greve nos Correios – funcionários dos Correios no Amazonas, Paraíba, Pernambuco, Santa Catarina, Piauí, São José do Rio Preto (SP), Campinas (SP) e Vale do Paraíba (SP) fazem assembleia para decidir se aderem à greve da categoria.

STF julga políticos – está na pauta da Primeira Turma do Supremo a análise de inquéritos contra os deputado Eliene Lima (PSD-MT), Rodrigo Garcia (DEM-SP) e Pedro Chaves (PMDB-GO) e o senador Cássio Cunha Lima (PSDB-PB). Na Segunda Turma, há dois inquéritos contra o deputado Paulo Cesar Quartiero (DEM-RR).

Inflação – FGV divulga o IPC-S e o Indicador de Expectativa de Inflação dos Consumidores.

Indústria – FGV apresenta a prévia da Sondagem da Indústria.

 

4ª feira (24.set.2014)
Dilma em Nova York – presidente Dilma Rousseff (foto) faz discurso de abertura na 69ª Assembleia Geral da ONU, em Nova York.

Richard Drew/AP - 24.set.2013

Marina no Sudeste – Marina Silva, candidata do PSB a presidente, participa de ato com líderes sindicais em São Paulo. Depois, segue para o Rio de Janeiro.

Aécio em Minas – Aécio Neves, candidato do PSDB a presidente, faz campanha em Belo Horizonte e Uberaba.

Luciana em Pernambuco – Luciana Genro, candidata do PSOL a presidente, faz campanha em cidades pernambucanas.

Jorge no Rio – Eduardo Jorge, candidato do PV a presidente, faz campanha no Rio.

Pesquisa presidencial – a partir desta data pode ser divulgada nova pesquisa Datafolha sobre a sucessão presidencial. Cabe ao instituto definir o dia e o horário da publicação.

Lula no ABC – ex-presidente Lula faz campanha em Santo André e Mauá com Alexandre Padilha, candidato do PT ao governo de SP.

Urbanismo – conferência Arq.Futuro discute soluções urbanísticas para grandes cidades. Devem comparecer os prefeitos Fernando Haddad (São Paulo), Gabriel Ferrato (Piracicaba), Paulo Alexandre Barbosa (Santos), Rui Moreira (Porto) e Mark Holland (Kansas City).

Consumo – FGV divulga a Sondagem do Consumidor.

Inflação – FGV apresenta resultado do IPC-S Capitais.

Emprego – Dieese divulga pesquisa sobre emprego e desemprego.

 

5ª feira (25.set.2014)
Dilma e Lula com Agnelo – presidente Dilma Rousseff, ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva e Agnelo Queiroz, governador do DF candidato à reeleição, fazem comício na Praça da Bíblia, em Ceilândia (DF). Às 19h.

Marina no Rio – Marina Silva (foto), candidata do PSB a presidente, visita a Central Única de Favelas, em Madureira, no Rio.

Eduardo Anizelli/Folhapress - 20.set.2014

Aécio no Sul – Aécio Neves, candidato do PSDB a presidente, faz campanha em Santa Maria e Caxias do Sul, no Rio Grande do Sul, em Blumenau, em Santa Catarina, e Pinhais, no Paraná.

Luciana no Rio – Luciana Genro, candidata do PSOL a presidente, faz campanha no Rio e apresenta palestra na UERJ, em São Gonçalo.

Annan em SP – Kofi Annan, Nobel da Paz e secretário-geral da ONU de 1997 a 2006, apresenta palestra em evento de comemoração de 25 anos da agência Heads. No Copacabana Palace, no Rio.

Telefonia – assembleia de acionistas da Telecom Italia decide futuro da TIM Brasil, segunda maior operadora de celular no país. Uma das alternativas estudadas é usar a TIM para comprar a Oi, quarta maior operadora de celular no Brasil.

Eleições na CNC – Confederação Nacional do Comércio elege sua nova diretoria. Estão na disputa o atual presidente, Antonio de Oliveira Santos, que comanda o órgão há 34 anos e busca seu nono mandato, e Orlando Diniz, oriundo da Fecomércio do Rio.

Pesquisa no Legislativo – Interlegis, órgão do Congresso Nacional, promove o I Seminário de Estudos e Pesquisas no Poder Legislativo.

Cobertura política – Vera Magalhães, editora licenciada da coluna Painel, da “Folha”, apresenta palestra na Cátedra de Jornalismo Octavio Frias de Oliveira, do Centro Universitário Fiam-Faam, sobre características e dificuldades da cobertura política. Às 20h, no campus Liberdade da Fiam-Faam.

Construção civil – FGV divulga o INCC e a Sondagem da Construção.

Emprego – IBGE apresenta resultados da Pesquisa Mensal de Emprego.

Moeda – Conselho Monetário Nacional reúne-se em Brasília.

Dívida – Tesouro Nacional divulga resultado da dívida pública federal de agosto.

.

6ª feira (26.set.2014)
Dilma e blogueiros – presidente Dilma Rousseff, candidata à reeleição pelo PT, concede entrevista para blogueiros. Às 11h, no Palácio da Alvorada.

Marina em Minas – Marina Silva, candidata do PSB a presidente, faz campanha em cidades mineiras.

Aécio em SP – Aécio Neves (foto), candidato do PSDB a presidente, faz campanha em Guarulhos e São Paulo.

Moacyr Lopes Júnior/Folhapress - 1°.abr.2014

Jorge em Santa Catarina – Eduardo Jorge, candidato do PV a presidente, faz campanha em Tubarão (SC).

Disputa pelo Bandeirantes – Record promove debate entre os candidatos ao governo de SP.

Imprensa – Associação Brasileira de Imprensa realiza eleição interna.

Indústria – IBGE divulga o Índice de Preços ao Produtor nas Indústrias de Transformação.

Comércio – FGV divulga a Sondagem do Comércio.

 

Sábado (27.set.2014)
Dilma no Sul – presidente Dilma Rousseff, candidata à reeleição pelo PT, deve fazer comício em Porto Alegre com Tarso Genro, governador do Rio Grande do Sul e candidato à reeleição pelo PT.

Marina em SP – Marina Silva, candidata do PSB a presidente, faz campanha na capital paulista.

Jorge no Paraná – Eduardo Jorge, candidato do PV a presidente, faz campanha em Curitiba.

 

Domingo (28.set.2014)
Debate presidencial – Rede Record promove debate entre os candidatos à Presidência da República.

Saúde na Suíça – suíços realizam referendo para decidir se o país deve criar um seguro público de saúde.

 

O blog está no Twitter e no Facebook.


Assim como na Escócia, medo do desconhecido ajuda Dilma no Brasil
Comentários Comente

Fernando Rodrigues

narrativa do medo funcionou até agora para a petista, que lidera a disputa

ainda assim, Dilma e PT enfrentam em Marina a adversária mais forte até hoje

nunca o 3º colocado numa disputa  foi tão anti-PT como Aécio Neves

Por que os eleitores na Escócia rejeitaram se separar do Reino Unido? Há muitos motivos, mas certamente um dos componentes foi o medo do desconhecido, o temor de que a divisão pudesse, eventualmente, trazer mais problemas do que benefícios.

O medo é um dos sentimentos inconscientes mais presentes no dia a dia de qualquer pessoa. Para simplificar, ninguém atravessa uma rua de olhos fechados. Ninguém desce uma escada correndo no escuro.

Em eleições presidenciais, quando o país está mais ou menos estável (embora com a economia tendo um desempenho medíocre), o medo do desconhecido é relevante na hora em que as pessoas tomam suas decisões.

No Brasil, assim como na Escócia, há um sentimento difuso a favor de mudanças.

Os escoceses acham que contribuem mais com o Reino Unido do que recebem de volta. Ainda assim, a maioria achou que deveria manter as coisas como estão.

Entre os brasileiros, esse desejo a favor de mudanças apareceu com força nas manifestações de junho de 2013. O Datafolha mostra, pesquisa depois de pesquisa, que mais de 70% gostariam de ter uma forma diferente de governo no país.

Mas esses mesmos brasileiros, em grande parte, dão hoje a dianteira para Dilma Rousseff (PT), na disputa presidencial, e para Geraldo Alckmin (PSDB), na corrida pelo Palácio dos Bandeirantes, em São Paulo. Só para lembrar, o PT governa o Brasil há 12 anos. O PSDB manda em São Paulo há 20 anos.

Há uma contradição apenas parcial entre o desejo de mudança e o voto em políticos tradicionais. Mudar, qualquer um sempre quer. Mas como se faz essa mudança? Há riscos? Pode acontecer de as coisas ficarem ainda piores? Essas dúvidas e sentimentos são explorados “ad nauseam” pelos políticos e por seus marqueteiros em uma campanha. É assim no mundo inteiro onde se adota a democracia representativa de modelo ocidental.

Giuseppe Tomasi di Lampedusa, em “O Leopardo”, estava certíssimo ao formular uma de suas frases mais conhecidas: “Se queremos que tudo permaneça como está, é preciso que tudo mude”.

No Brasil, no atual ciclo eleitoral, a equipe de marketing de Dilma Rousseff preparou uma bateria de comerciais sobre como poderia ser (no entender dela e do PT) uma eventual administração Marina Silva.

É o chamado processo de “desconstrução” da candidata a presidente pelo PSB. Quando se observam as curvas da pesquisa Datafolha realizada nos dias 17 e 18 de setembro, nota-se uma tendência a favor de Dilma e negativa para Marina. Eis os gráficos:Datafolha-1oturno-17-18set2014

Dilma Rousseff (PT) lidera com 37%. É seguida por Marina Silva (PSB), com 30%. Num distante terceiro lugar está Aécio Neves (PSDB), com 17%.

A taxa de brancos, nulos e a dos que ainda dizem não saber em quem votar está compatível com esta fase da campanha, comparando com eleições anteriores –13% estão nessa categoria. Em geral, quando esses brasileiros resolvem escolher alguém em quem votar, o grupo de divide na mesma proporção das intenções de voto de cada candidato no dia da eleição.

NARRATIVA DO MEDO
Muitos políticos e analistas não gostaram do tom das propagandas de Dilma Rousseff na TV. Houve comparação da pessebista com Jânio Quadros e com Fernando Collor. Insinuação de que um Banco Central independente tira a comida do prato dos mais pobres. Que o pré-sal seria relegado a segundo plano. E que haveria menos dinheiro de bancos públicos para programas como o Minha Casa, Minha Vida.

A campanha de Marina Silva reagiu. Disse que tudo era mentira.

Do ponto de vista estritamente legal, não houve crime eleitoral. O Tribunal Superior Eleitoral julgou improcedente um pedido de direito de resposta de Marina Silva em relação ao comercial dilmista sobre os riscos de conceder autonomia ao Banco Central.

A esta altura da campanha, parece comprovada em parte a eficácia da “narrativa do medo” usada pelo marqueteiro do PT, João Santana. É inegável que o efeito foi positivo (ainda que limitado) para Dilma Rousseff.

Para julgar o impacto da estratégia dilmista, entretanto, é necessário considerar o cenário da corrida presidencial de 2014: a) cerca de 70% dos eleitores brasileiros dizem desejar mudanças; b) a economia sob Dilma Rousseff, não importa a métrica usada, apresenta um desempenho sempre muito ruim ou medíocre; c) a presidente é uma política pouco loquaz (para dizer o mínimo) e seu carisma tende a ser zero; d) surgiu uma adversária respeitável, Marina Silva, com ares sacralizados depois da morte de Eduardo Campos.

Marina é, sem chance de errar na assertiva, a adversária mais forte que o PT enfrenta desde que ascendeu ao poder federal.

Em meio a todo esse ambiente adverso, Dilma Rousseff nunca chegou a perder votos dentro daquele um terço do eleitorado que há mais de uma década estacionou no petismo. Mais do que isso, a presidente agora mostra que está se aproximando de um patamar superior nas intenções de voto.

O que aconteceu nos últimos 30 dias? A presença maciça dos candidatos na TV e os comerciais no horário eleitoral –e, mais recentemente, os filmes negativos que bateram em Marina Silva para tentar desconstruir a imagem da pessebista.

Em resumo e de forma bem direta, só há uma conclusão (pelo menos, por enquanto): Dilma Rousseff melhorou sua posição nas pesquisas porque bateu em Marina Silva.

Pode-se, é claro, discutir o tamanho desse impacto. Ou se essa estratégia é sustentável até o final do 2º turno. Antes de elaborar a respeito desses tópicos, vale a pena verificar como estavam as pesquisas de intenção de voto para presidente nesta mesma época em todos os ciclos eleitorais anteriores desde 1994:

A-2-semanas-do10turno-20set2014

Como se observa, quem estava à frente numa simulação de 2º turno nesta mesma época em 1994, 1998, 2002, 2006 e 2010, acabou vencendo a disputa.

Ocorre que desta vez ninguém está à frente. Há um empate técnico entre Marina, com 46%, e Dilma, com 44%.

É possível inferir que Dilma continuará a recuperar terreno numa velocidade de 2 pontos percentuais por semana? Impossível saber. A petista de fato fez o que estava ao seu alcance até agora. Daqui para a frente, esta eleição continua sem um desfecho claro, pelas suas especificidades.

É útil analisar o que Dilma e Marina têm de pontos a favor e contra.

DILMA E SUAS ARMAS
Os principais ativos de Dilma Rousseff são os seguintes: a) a força do governo e de suas alianças formais pelo país; b) a equipe de marketing mais bem estruturada na comparação com as outras campanhas; c) a aversão ao desconhecido que parte do eleitorado nutre a respeito de Marina Silva; d) a força do PT em momentos decisivos, quando o instinto de sobrevivência do partido fala mais alto e militantes vão para as ruas para empurrar seus candidatos na reta final de uma eleição.

Em teoria, todos esses fatores somados podem fazer com que Dilma acabe suplantando todas as dificuldades. Mas é também necessário confrontar tudo isso com as ferramentas que Marina tem a seu favor.

MARINA E SUAS ARMAS
A candidata do PSB parece ter desidratado um pouco nos últimos 20 dias. Mas para quem tem apenas cerca de 2 minutos na TV, chega a ser quase inacreditável que ela continue com 30% das intenções de voto. Ainda mais considerando-se que sua campanha inteira foi redesenhada há cerca de 30 dias, depois da morte de Eduardo Campos (em 13.ago.2014).

Marina tem alguns fatores que jogam a seu favor. A saber: a) ela é a candidata que mais incorporou em sua narrativa o desejo de mudanças expresso nas manifestações de junho de 2013. Quando fala de uma “nova política”, está falando aos milhões de brasileiros que não toleram mais assistir todas as noites aos telejornais mostrando as mesmas caras de políticos antigos em Brasília; b) no eventual segundo turno contra Dilma, os tempos de propaganda eleitoral na TV e no rádio são iguais, com cada uma das candidatas recebendo 10 minutos; c) o PT enfrenta cenários adversos nos 2 principais cenários do Nordeste, Bahia e Pernambuco; d) o terceiro colocado da eleição deste ano deve ser Aécio Neves (PSDB), cujo eleitorado é preponderantemente anti-PT, anti-Lula e anti-Dilma. Nas 3 últimas eleições presidenciais (2002, 2006 e 2010), os terceiros e quartos colocados tinham eleitores mais propensos a votar no candidato no PT (Anthony Garotinho, Ciro Gomes, Heloisa Helena, Cristovam Buarque, Plínio de Arruda Sampaio e Marina Silva). Não será simples para Dilma Rousseff ter os votos de eleitores aecistas mais adiante.

É bem verdade que Aécio Neves tem feito uma propaganda forte contra Marina Silva nas últimas semanas (“Marina é a Dilma com outra roupa”). Ainda assim, não está claro se o eleitorado do PSDB –possivelmente perto de 20% dos votos válidos nesta eleição– vai preferir dar mais 4 anos ao PT no Palácio do Planalto ou se vai arriscar uma novidade, apoiando a candidata do PSB no 2º turno.

A decisão dos aecistas –e de muitos outros eleitores– vai depender de como Marina Silva reagirá nas próximas duas semanas (até o 1º turno, em 5.out.2014). Se a pessebista demonstrar fragilidade excessiva e entrar muito desidratada na fase final da campanha, a profecia de que ela não tem como ganhar vai se autocumprir.

Como se observa na tabela acima deste post, nunca um candidato que entrou no 2º turno muito atrás nas pesquisas conseguiu reverter o quadro para vencer a disputa.

Desde a semana passada, Marina Silva resolveu reagir dentro do campo em que se dá melhor: o da emoção. No sábado (13.set.2014), ela começou a mostrar sua artilharia. Mais recentemente, falou sobre como foi sentir fome quando era criança no Acre, seu Estado natal. Todas as pesquisas internas das campanhas presidenciais indicam que esses comerciais tiveram impacto positivo para Marina.

É claro que ninguém faz campanha até o último dia apenas provocando emoção nos eleitores ao relatar uma infância difícil. Mas essa foi uma amostra grátis de como será Marina no 2º turno, quando terá reforço na campanha de TV e rádio –hoje basicamente sob o comando de Diego Brandy, que trabalha com poucos recursos e tempo exíguo. O cineasta Fernando Meirelles deve ser incorporado ao time em breve.

Ocorre que Marina precisa também dissipar o medo do desconhecido que existe no eleitorado em relação a ela. Nesse caso, seus programas e exposição midiática terão de encontrar uma narrativa que satisfaça aqueles que estão hoje em dúvida. Não é fácil, embora tampouco seja impossível.

E COMO FICA O PSDB
É importante fazer um último registro antes que tucanos se irritem e digam que o próprio Aécio tem chances de ir ao 2º turno. Tudo ainda é possível numa eleição tão cheia de surpresas como a atual. É claro que, tecnicamente, qualquer um dos 11 candidatos inscritos na corrida pelo Planalto pode chegar à rodada final de votação.

Mas a história recente das disputas presidenciais mostra que seria um fato realmente muito inaudito ver o candidato hoje com 17% conseguir passar ao 2º turno. Basta olhar a tabela acima neste post e verificar que isso nunca ocorreu no Brasil.

O segundo turno será realizado, como determina a Constituição, no último domingo de outubro, que neste ano é o dia 26. E tudo indica que o PSDB está fora desse jogo.

A se confirmar esse cenário, Aécio Neves terá sido o candidato a presidente pelo PSDB com o pior desempenho nos últimos 20 anos. O estrago poderá ser ainda maior se ele também registrar um revés em Minas Gerais, com o seu candidato a governador, Pimenta da Veiga, sendo derrotado, como sinalizam as pesquisas.

Tudo considerado, esta é a eleição presidencial brasileira mais cheia de possibilidades desde a de 1989. E como não poderia deixar de ser, o desfecho continua completamente indefinido.

O blog está no Twitter e no Facebook.

 


Agronegócio apoia Marina só se ela reescrever programa, diz Rodrigues
Comentários Comente

Fernando Rodrigues

O coordenador do Centro de Agronegócio da Fundação Getúlio Vargas, Roberto Rodrigues, diz ainda haver desconfiança a respeito de Marina Silva. Para que a candidata a presidente pelo PSB dissipe dúvidas, terá de “reescrever” parte do seu programa antes do final da campanha eleitoral.

Rodrigues foi ministro da Agricultura de 2003 a 2006, durante o primeiro mandato de Luiz Inácio Lula da Silva. Em entrevista ao programa Poder e Política, do UOL e da “Folha”, aponta dois aspectos principais que considera necessários para Marina conquistar o apoio mais amplo do setor de agronegócio.

Primeiro, esclarecer que a meta de “desmatamento zero” no programa de governo do PSB se refere a “desmatamento ilegal zero”. Para ele, zerar o desmatamento é “um pouco utópico”. Acredita que seja necessário “abrir algum cerrado” no Brasil para garantir o suprimento de alimentos no futuro.

Segundo, que o índice de produtividade de propriedades rurais (usado em casos de desapropriações) sirva para premiar quem consegue bons resultados, e não punir os que ficam para trás.

Rodrigues diz ter expressado essas condições nesta semana para Beto Albuquerque, candidato a vice-presidente na chapa com Marina Silva. “Ele concorda que o tema [desmatamento] deve ser trabalhado na linha da legalidade (…) [Sobre o índice de produtividade], foi mais enfático: disse que houve uma má interpretação. Falou que o objetivo é dar prêmios aos mais produtivos, em vez de castigo aos menos. O índice de produtividade será um bônus, não um ônus ao produtor”.

Seria “ótimo” se Marina vocalizasse essas propostas, mas insuficiente para convencer o setor, diz Rodrigues. Para ele, “tem que reescrever o programa”.

No primeiro turno da eleição presidencial, Roberto Rodrigues afirma que votará em Aécio Neves (PSDB). No segundo turno, se a disputa ficar entre Marina e Dilma Rousseff (PT), não revela sua preferência. Dá a entender que ele e muitos empresários do agronegócio vão aguardar mais compromissos de ambas as candidatas.

Diz que Dilma “não é” campeã de popularidade do setor. E que a petista e Marina Silva “têm que olhar para o setor com especificidades”. Acha que a candidata do PSB parece ter demonstrado “uma disposição ao diálogo muito maior que no passado. (…) As pessoas aprendem mais, isso é possível, todo mundo vai para a frente”. Mas ressalta: “É importante que a candidata [Marina] diga de maneira clara o que ele [Beto Albuquerque] está dizendo”.

Com mais de 50 anos de atuação no agronegócio, Roberto Rodrigues defende fundir os ministérios da Agricultura, do Desenvolvimento, da Pesca e do Meio Ambiente em apenas um: o Ministério da Agricultura, Floresta e Pesca. O objetivo seria reduzir a “dispersão de recursos” e harmonizar estratégias. Afirma ter ouvido uma concordância a respeito por parte de Beto Albuquerque.

Indagado sobre a antiga rixa entre ruralistas e ambientalistas, Rodrigues acredita que a aprovação do novo Código Florestal, em 2002, “arrefeceu” os ânimos ao estabelecer regras claras. Hoje haveria mais conhecimento sobre a importância do meio ambiente. “O produtor rural tem convicção de que (…) se não preservar o solo, tem erosão, se não cuidar na beira de rio, vai ter problema de desagregação. Então, ele virou um ambientalista”, diz.

Rodrigues, que também preside a Unica (União da Indústria de Cana-de-Açúcar), afirma que o setor passa por uma crise devido ao preço desfavorável do etanol em relação à gasolina. A solução, defende, passa pela retomada da Cide (Contribuição de Intervenção no Domínio Econômico), empréstimos do BNDES para modernizar as caldeiras e uma política governamental de longo prazo.

Para Rodrigues, a magnitude da ajuda necessária para o setor é equiparável ao Proer [Programa de Estímulo à Reestruturação e ao Fortalecimento do Sistema Financeiro Nacional], implementado em 1995 no início do governo de Fernando Henrique Cardoso para sanear bancos em dificuldade.

O blog está no Twitter e no Facebook.


No DF, Rollemberg (PSB) tem 28,2% e Agnelo (PT), 19,5%, diz O&P
Comentários Comente

Fernando Rodrigues

Pesquisa realizada em 14 a 16.set; margem de erro de 3,09 pontos percentuais

Desistência de Arruda beneficiou Rollemberg; Agnelo ficou estagnado

Ruy Baron/Folhapress - 7.dez.2012

O senador Rodrigo Rollemberg (PSB) (foto) lidera a disputa pelo governo do Distrito Federal com 28,2% das intenções de voto, segundo pesquisa realizada pelo instituto O&P. O governador Agnelo Queiroz (PT) está em segundo lugar, com 19,5%.

O levantamento foi realizado nos dias 14 a 16 de setembro, após o ex-governador José Roberto Arruda (PR), que liderava as pesquisas, desistir da disputa.

Luiz Pitiman (PSDB) pontuou 7,2% e Jofran Frejat (PR), 5,8%. Toninho do PSOL tem 2,6% das intenções de voto e Perci Marrara (PCO), 0,3%. Votos em branco e nulo são 11,1% e indecisos, 25,3%. A margem de erro é de 3,09%, para mais ou para menos.

No segundo turno, Rollemberg venceria Agnelo por 43,6% a 21,5%, segundo a pesquisa O&P. Brancos e nulos são 13,9% e indecisos, 21%.

A saída de Arruda do páreo beneficiou Rollemberg –na última pesquisa Datafolha, feita em 8 a 9 de setembro, o pessebista tinha 18% e estava em empate técnico com Agnelo, que pontuava 19%.

Senado
Na disputa pela única vaga disponível ao Senado, o deputado federal José Antônio Reguffe (PDT) lidera com 37,8% das intenções de voto. Em segundo lugar está o também deputado federal Geraldo Magela (PT), com 15,4%.

O senador Gim Argello (PTB) tem 8,2% e Sandra Quezado (PSDB), 2,1%. Os demais candidatos pontuaram menos de 1%. Brancos e nulos são 8,6% e indecisos, 25,6%.

Presidente
Entre os eleitores do DF, Marina Silva (PSB) lidera com 38,9%. Dilma Rousseff (PT) tem 19,1% e Aécio Neves (PSDB), 17,2%.

Luciana Genro (PSOL) e Pastor Everaldo (PSC) têm 1% cada um. Os demais candidatos não pontuaram. Votos em branco e nulo são 7,3% e indecisos, 14,9%.

A pesquisa do instituto O&P foi custeada por recursos próprios e entrevistou 1.000 eleitores em 14 a 16 de setembro de 2014. Está registrada na Justiça Eleitoral sob o protocolo DF-00050/2014.

P.S. às 20h de 18.set.2014: Pesquisa do Ibope realizada em 16 a 17 de setembro e divulgada na noite desta quinta-feira teve resultado divergente da pesquisa O&P. Segundo o Ibope, Rollemberg tem 28% e Agnelo e Frejat estão empatados com 21% cada um.

Consulte a tabela com as pesquisas disponíveis de todos os institutos para o Distrito Federal nas eleições para governador no 1º turno e 2° turno e para senador.

Este Blog mantém a mais completa página de pesquisas eleitorais da internet brasileira, com levantamentos de todos os institutos desde o ano 2000. É possível consultar os cenários do 1º turno de 2014 para as disputas de presidente, governador e senador e do 2° turno de 2014 para presidente e governador.

O blog está no Twitter e no Facebook.


Agora, Dilma diz que Marina vai reduzir Minha Casa, Minha Vida
Comentários Comente

Fernando Rodrigues

Comercial acusa candidata do PSB de querer reduzir “os subsídios dados pelos bancos públicos”

Cenas repetem “narrativa do medo”: financistas tramando contra pequenos produtores e programas sociais

Dilma-ataca-Marina-MinhaCasaMinhaVida-17set2014

O novo comercial da série petista que tenta desconstruir a imagem pública de Marina Silva acusa a candidata a presidente pelo PSB de querer “reduzir os subsídios dados pelos bancos públicos”.

Como nos dois comerciais anteriores de Dilma Rousseff na sua “campanha do medo” (um sobre autonomia do Banco Central e outro a respeito da exploração do pré-sal), o filme de hoje (17.set.2014) tem 30 segundos e uma lógica simples.

Primeiro, uma assertiva: “Marina tem dito que, se eleita, vai reduzir os subsídios dados pelos bancos públicos. Parece algo distante da vida da gente, né? Parece, mas não é…”

Em seguida, vem uma “explicação” em tom grave, com música incidental ajudando a criar um clima de medo e insegurança. No caso, pequenos produtores de morango trabalhando em um galpão começam a ver os produtos sumirem. O cenário é de desolação.

Além dos pequenos produtores afetados, diz o comercial, a política de Marina seria “um grande risco para programas sociais como o Minha Casa, Minha Vida e o Prouni…”

E a conclusão, na voz de um locutor: “…É isso que você quer para o futuro do Brasil?”.

Eis a íntegra do comercial sobre subsídios a bancos públicos e como isso afetaria pequenos produtores e também programas maiores, como o Minha Casa, Minha Vida:

ANÁLISE
Esses comerciais de Dilma Rousseff estão funcionando? É difícil responder a essa pergunta com precisão. A resposta possível é que algum efeito existe, mas talvez não seja exatamente como esperavam a petista e seu marqueteiro, João Santana.

Por um lado, é inegável que nas últimas duas semanas Dilma Rousseff se segurou nas pesquisas de intenção de voto no 1º turno, sempre ficando numericamente à frente de Marina Silva –embora empatadas na margem de erro. Nas simulações de 2º turno, a petista também reduziu a distância que a separava da pessebista.

Essa reação de Dilma, ainda que tímida, coincidiu com a campanha negativa contra Marina. O PT prefere evitar e rejeita expressões como “discurso do medo” ou “desconstrução”. Dilma e sua equipe dizem que estão fazendo o debate político e apresentando aos eleitores argumentos úteis na hora do voto. Outro eufemismo usado pelos dilmistas é que estão trabalhando para “dessacralizar” a principal adversária.

O fato é que Dilma está se mantendo de maneira sólida acima dos 30% nas pesquisas e até demonstrou, em alguns levantamentos, uma leve recuperação. Também vale registrar que o TSE (Tribunal Superior Eleitoral) considerou legal a narrativa usada em um dos comerciais do PT (sobre o Banco Central) e essa decisão deve valer para os demais filmes da série.

Mas se os comerciais funcionam, porque Dilma só fica pouco acima dos 30%, aparentemente sem sair do lugar e sem conseguir alargar a vantagem sobre os adversários?

Aí entra a tese da eficácia limitada dos comerciais de João Santana. Para começar, a propaganda negativa sempre dá mais resultado quando ataca um predicado bem conhecido do político que está sendo alvo.

Exemplo: um candidato é visto como uma pessoa muito honesta e alguém descobre uma prova de que se trata de um ladrão e corrupto. Tal revelação vai ecoar de maneira forte nas mentes dos eleitores.

No caso de Marina Silva, os ataques dilmo-petistas são sobre aspectos que não estão no imaginário popular a respeito da candidata do PSB. Poucos eleitores relacionam Marina com Banco Central (aliás, a imensa maioria nem sabe o que é o BC), com pré-sal ou com “subsídios dados pelos bancos públicos”. Dessa forma, a propaganda de João Santana pode até causar um ruído, mas não um deslocamento de placas tectônicas no eleitorado.

E um comentário extra: quantos dos 142 milhões de eleitores brasileiros sabem definir o que são “subsídios dados pelos bancos públicos” (frase da propaganda de hoje)? Esse é outro problema dos comerciais petistas. Talvez sejam muito elaborados e tenham uma linguagem sofisticada que não esteja ao alcance da maioria dos eleitores.

A seguir, a íntegra do roteiro do comercial ao que se refere este post:

[cenário: homens e mulheres em trajes sociais discutem em torno de monitores, evocando um ambiente empresarial. Em uma das telas, um gráfico sobre o Minha Casa, Minha Vida].

Locutor: “Marina tem dito que, se eleita, vai reduzir os subsídios dados pelos bancos públicos. Parece algo distante da vida da gente, né? Parece, mas não é…”.

[música incidental de tom grave, quase fúnebre].

[corte para cena de uma pequena empresa com pessoas produzindo e embalando geleia de morango].

Locutor: “…Isso significaria menos financiamento para a agricultura familiar e para a indústria. E um grande risco para programas sociais como o Minha Casa, Minha Vida e o Prouni…”.

[corte para os empresários demonstrando preocupação. Uma das telas exibe a foto de formatura de estudantes].

Locutor: “…Ou seja, milhões de brasileiros com menos acesso ao crédito, à educação e à casa própria…”.

[neste momento, os potes de geleia ficam vazios].

Locutor:  “…É isso que você quer para o futuro do Brasil?”.

[câmera volta para a pequena empresa. A mesa fica vazia e os produtores  ficam com expressão de espanto e tristeza].

O blog está no Twitter e no Facebook.


Aécio só tem uma saída: dedicar-se a Minas Gerais
Comentários Comente

Fernando Rodrigues

Candidato tucano ao governo mineiro, Pimenta da Veiga corre risco de derrota

Se perder no próprio Estado, Aécio fica fragilizado dentro do PSDB para 2018

Os 19% do tucano na eleição presidencial são insuficientes para sonhar com 2º turno

Vanderlei Almeida/AFP - 10.set.2014

O resultado divulgado hoje pelo Ibope sobre a disputa para governador de Minas Gerais não deixa opções para o candidato a presidente pelo PSDB, Aécio Neves: o tucano está quase obrigado a retornar para seu Estado natal para não sofrer uma derrota humilhante entre os mineiros.

Segundo o Ibope, o candidato do PT a governador de Minas Gerais, Fernando Pimentel, tem 43% de intenções de voto. O nome do PSDB, Pimenta da Veiga, tem apenas 23%, ou seja, 20 pontos a menos do que o petista.

É verdade que Aécio Neves está com honrosos 19% na pesquisa presidencial Ibope, mas continua muito distante de Dilma Rousseff (PT) e de Marina Silva (PSB). Ocorre que esses 19% são a mesma pontuação que o tucano tinha no final de agosto no Ibope. Ou seja, ele não saiu do lugar.

O que ainda dá algum alento ao PSDB é o fato de os mineiros continuarem honrando a fama de esconderem o jogo até a última hora. Na pesquisa Ibope, 10% dizem que vão votar em branco ou nulo. E outros 17% declaram ainda não terem decidido –apesar de faltarem só 19 dias para a eleição.

Aécio está em um distante terceiro lugar na disputa presidencial. Se sofrer uma derrota na disputa pelo governo de Minas Gerais, o tucano ficará fragilizado em seu próprio partido.

Em 2018, o PSDB novamente tentará disputar a Presidência da República –o tamanho da votação de Aécio e o seu desempenho em solo mineiro é que vai determinar se ele terá chances de ser candidato novamente.

Tudo considerado, sobra para Aécio nesta fase final do ciclo eleitoral se concentrar em Minas Gerais para tentar reverter o cenário que é, por enquanto, péssimo para o tucano em seu próprio Estado.

O blog está no Twitter e no Facebook.