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Geraldo Alckmin: não tem solução sem crescimento
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Fernando Rodrigues

O Blog traz um artigo do governador de São Paulo, Geraldo Alckmin

São Paulo - O governador de SP, Geraldo Alckmin anuncia a convocação de mais de 20 mil professores para o próximo ano letivo, no Palácio dos Bandeirantes (Rovena Rosa/Agência Brasil)

O governador do Estado de São Paulo Geraldo Alckmin

Quem governa está obrigado a ter otimismo e confiança na superação das dificuldades. Os sinais preocupantes que o Brasil emite neste novembro – em que a recessão não cede como se previa e recuam os níveis de confiança de consumidores e indústria – indicam que as nossas tarefas para retomar o ciclo do crescimento ficaram maiores e sua execução é mais urgente.

Este artigo de opinião foi originalmente publicado no Poder360

O Brasil não tem 12 milhões de desempregados apenas, tem outros 6 milhões de pessoas que desistiram de procurar emprego e mais 5 milhões em situação de subemprego, vivendo precariamente de bicos. Temos 60 milhões de consumidores inadimplentes, com prestações atrasadas há 60 dias ou mais. Já se estima que a retomada do emprego não virá antes do segundo semestre de 2017: até lá, haverá mais postos perdidos que vagas abertas na economia.

É muito ruim que neste momento não haja discurso de crescimento, apenas um limitado discurso de ajuste. O ajuste que pode destravar o crescimento é o das macrorreformas previdenciária, trabalhista, política e tributária. É obrigatório fazer imediatamente a reforma da Previdência, cujos gastos sobem mais que o previsto e exponencialmente. Postergá-la agrava uma desconfiança que, por sua vez, alonga a espiral recessiva.

A política de crescimento que pode reverter essa espiral tem vetores importantes, como exportações e investimento em infraestrutura. Temos de aproveitar a manutenção do câmbio favorável em 2017 e buscar no exterior a demanda forte que pode recuperar a indústria. O Brasil tem hoje 40% de sua capacidade produtiva ociosa. Já o investimento em infraestrutura gera competitividade, emprego e renda; se internamente falta dinheiro para financiá-la, o dinheiro tem de vir no setor privado externo. E ele virá, desde que existam instâncias regulatórias e segurança jurídica para investimento, incluindo a possibilidade de seguro de risco cambial.

Não existe crescimento sustentável sem responsabilidade fiscal, é preciso insistir sempre. Não se trata de uma visão economicista de governo. É uma visão social. Os brasileiros precisam recuperar a confiança de que os impostos que pagam com muito sacrifício estão sendo bem empregados. As pessoas precisam do emprego, da segurança, dos serviços públicos prestados com qualidade, e os governos precisam ter a capacidade de fazer mais e melhor com menos dinheiro.

São Paulo tem experiência a oferecer em austeridade e gestão. Desde Mario Covas, o precursor da Lei de Responsabilidade Fiscal, o Estado mantém suas contas em dia. Em 2014, quando a atual crise começou a dar os primeiros sinais, cortamos despesas para adequá-las às receitas em queda, na contramão do que fazia então o governo federal. Controlando o gasto e realocando investimentos, foi possível manter serviços, programas sociais, obras públicas e ainda fazer superávit.

Manter um alto volume de investimento em infraestrutura tem sido possível porque o Estado não conta somente com os recursos do Tesouro paulista para alavancar novas obras e negócios: cada vez mais, utiliza as Parcerias Público-Privadas e as concessões públicas para movimentar a sua economia. Essas medidas permitem que São Paulo, hoje, não só pague seus servidores em dia como promova ações que geram emprego e renda, mesmo em situação de queda de receita.

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Aécio Neves: “já não se trata mais apenas do ajuste fiscal necessário”
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Fernando Rodrigues

O Blog traz artigo do ex-governador de Minas Gerais

Belo Horizonte- MG- Brasil- 01/07/2016- Centenas de pré-candidatos do PSDB de Minas Gerais a prefeito, vice-prefeito e vereador de todas as regiões do Estado participaram nesta sexta-feira (1º/07), em Belo Horizonte de um curso de preparação com vistas às eleições municipais deste ano. O curso foi conduzido pelo presidente do PSDB-MG, deputado federal Domingos Sávio, e contou também com a presença do presidente nacional do Instituto Teotônio Vilela (ITV), senador José Aníbal (PSDB-SP). O treinamento foi ministrado por especialistas do ITV nacional, que proferiram palestras sobre Social Democracia, Comunicação e Marketing Político na Campanha Municipal, Redes Sociais e Legislação Eleitoral. Ao final do curso, foi realizado um ato político, que contou com as participações também dos senadores Aécio Neves e Antonio Anatasia e de vários deputados estaduais e federais do PSDB-MG. O deputado estadual João Leite foi apresentado como pré-candidato do PSDB à prefeitura de Belo Horizonte. Foto: Marcus Desimoni/Nitro

Aécio Neves em entrevista na capital mineira

PONTE PARA O FUTURO
O ano que caminha para o fim foi um dos mais difíceis de toda a história política brasileira. Em nenhum outro fomos atingidos tão duramente por tantas crises graves, deletérias e simultâneas.

Este artigo de opinião foi originalmente publicado no Poder360

O desastre econômico tantas vezes denunciado pelas oposições e pelos especialistas independentes foi elevado à enésima potência pela crise ética, depois política e, por fim, de governança.

O Brasil, então, desceu ao fundo do poço, arrastado por uma tempestade perfeita: recessão, desemprego em escala; inflação alta, juros na estratosfera, alta inadimplência da população e quase nenhum investimento, resultado de um país sem governo.

Um final melancólico para uma verdadeira epopeia trágica. Em poucos anos, a Nação mais promissora entre as economias emergentes acabou decaída à posição de lanterna, engolfada pela corrupção endêmica, pela incompetência, desconfiança e pelo descrédito.

Com o impedimento da presidente da República, em razão de um crime de responsabilidade, descortinou-se um cenário ainda mais severo do que o imaginado e o esperado.

Os rombos são superlativos, quase inacreditáveis. E como a crise é sistêmica, replica o desastre para outras esferas executivas, alcançando agora os estados e prefeituras. Amplia-se, assim, ainda mais, a crise de governabilidade e a precarização das grandes políticas públicas nacionais.

Neste cenário de perdas importantes e riscos ainda maiores, já não se trata mais apenas de realizar o ajuste fiscal necessário, adiado pela leniência dos que estavam à frente do governo. Mas de enfrentar com coragem a tarefa de recolocar em curso as reformas constitucionais, descontinuadas não por acaso assim que se instalou o já vencido ciclo de poder.

Apesar de não estar à frente do comando do novo governo, o PSDB não fugiu ao seu dever, assim como jamais o fez em outros momentos críticos de nossa história recente. Por isso oferece apoio político e sua visão de país, ciente das suas responsabilidades e da sua vocação histórica.

O Brasil não pode mais ignorar a necessidade de rigorosa austeridade fiscal. Sem o ajuste nos gastos públicos, não há caminho à frente. Passo seguinte, e complementar, é o combate efetivo ao gigantismo e ao modelo de Estado ineficiente e perdulário.

Não há como postergar as mudanças urgentes e profundas no sistema de previdência, na estrutura tributária e mesmo nas relações trabalhistas. E repactuar responsabilidades administrativas entre as esferas de governo para racionalizar e garantir alguma qualidade e efetividade ao gasto público.

O maior desafio colocado à frente para os brasileiros é compreender com exatidão a gravidade da hora. A esta altura, não cabe mais o arrivismo divisionista ou arbitrar a defesa do que fizeram ou deixaram de fazer os diferentes governos.

Nada é mais urgente do que canalizar a energia da indignação e dos legítimos protestos do inconformismo para a formação de um novo diálogo nacional – matéria prima para uma inédita convergência em torno do mais importante, do principal. Primeiro: salvar o país da ruína. Em seguida, construir novas pontes para o futuro, recuperando o sonho brasileiro sobre o país que queremos, podemos e merecemos ser.

Nunca foi tão atual a ideia-força de que em cada grande crise há sempre preciosas lições e oportunidades. Que não percamos as nossas, aprendendo com nossos erros.

Ninguém fará por nós o que é nosso dever.

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Maioria das capitais sem dinheiro em caixa trocou de prefeito nas eleições
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Fernando Rodrigues

Entre as 6 com menos recursos, apenas em São Luís houve reeleição

Em Goiânia, ex-governador Iris Rezende (PMDB) desbancou candidata apoiada pelo atual prefeito

Em Goiânia, ex-governador Iris Rezende (PMDB) desbancou candidata apoiada pelo atual prefeito

Das 8 capitais com menos dinheiro em caixa em 2015, 5 escolheram trocar os governantes ou votar contra o apadrinhado político do atual prefeito.

Entre as cidades com finanças mais saudáveis, o resultado foi o oposto: a maior parte dos prefeitos conseguiu permanecer no cargo.

As informações são do repórter do UOL Guilherme Moraes.

O Blog cruzou os resultados das eleições com os dados do boletim divulgado na 6ª feira (4.nov) pelo Tesouro Nacional. Segundo o documento, 8 capitais apresentaram resultado negativo na relação entre disponibilidade de caixa líquida e despesa média mensal. Ou seja, esses municípios são incapazes de honrar seus pagamentos se não obtiverem novas receitas.

Dos 8 prefeitos dessas cidades, apenas 3 conseguiram a reeleição em outubro: Zenaldo Coutinho (PSDB), em Belém, Rui Palmeira (PSDB), em Maceió, e Edivaldo Holanda Jr. (PDT), em São Luís.

A capital maranhense foi a única entre os 6 piores casos que escolheu dar continuidade à gestão atual. Segundo os dados do Tesouro Nacional, a relação entre disponibilidade de caixa e a despesa média mensal de São Luís é de -306%.

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Em Goiânia, por exemplo, o Partido dos Trabalhadores não conseguiu emplacar o sucessor do atual prefeito Paulo Garcia (PT), que está há mais de 6 anos no cargo. A candidata Adriana Accorsi (PT) obteve menos de 7% dos votos no 1º turno e terminou apenas na 5ª colocação.

Na capital goiana, o ex-ministro, governador e senador Iris Rezende (PMDB) conseguiu retomar a prefeitura. Ele foi eleito para o cargo em 2008, mas renunciou em abril de 2010. Quem assumiu foi seu vice, justamente Paulo Garcia.

Em Porto Velho, 4ª capital com menor disponibilidade de caixa, o desempenho do atual prefeito foi ainda pior. Eleito pela 1ª vez em 2012, Mauro Rasul (PSB) não conseguiu sequer passar para o 2º turno em 2016. O escolhido pela população foi Dr. Hildon (PSDB).

Das 13 capitais com saldo positivo nessa relação, 7 reelegeram seus atuais prefeitos. Um dado curioso é que, das 5 capitais com saldo igual a zero, todas manterão os mandatários.

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Trump na Casa Branca pode reduzir fluxo de capitais, diz Meirelles
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Fernando Rodrigues

Para o ministro, o menor volume de recursos pode reverter taxa de crescimento em países

O Brasil também dependente de capital internacional, está inserido neste contexto 

O ajuste fiscal é o caminho para diminuir a vulnerabilidade ao fluxo de capitais e ao risco

Marcelo Camargo/Agência Brasil

Brasília – O ministro da Fazenda, Henrique Meirelles

O Blog conversou com Henrique Meirelles (ministro da Fazenda), que havia feito um breve pronunciamento oficial sobre a eleição do republicano Donald Trump (leia abaixo). Meirelles acredita que ainda é prematuro fazer prognósticos. Mas enxerga uma possível redução do fluxo de capitais disponíveis para países como o Brasil –caso os EUA confirmem as políticas protecionistas anunciadas na campanha eleitoral. Eis trechos da entrevista:

Já é possível avaliar qual será o impacto da eleição de Donald Trump sobre a economia brasileira?
Henrique Meirelles – Ainda é prematuro. Mas se provocar mais aversão ao risco no mercado certamente pode gerar um aumento dos custos, uma redução da disponibilidade de capitais. Nessa hipótese, poderia levar à reversão da taxa de crescimento para diversos países. Inclusive o Brasil, que está inserido nesse contexto, que depende do fluxo de capitais internacionais, que tem déficit de conta corrente. Há uma grande presença de empresas internacionais no Brasil.

E o impacto na área comercial?
Tudo vai depender do que ele [Trump] de fato fizer. Por enquanto, estamos apenas falando em relação ao que ele disse como candidato e que foi parcialmente contrabalançado pelo discurso dele de hoje [quando o republicano adotou tom mais conciliatório].

Haverá uma guerra comercial se ele de fato cumprir as promessas de ser mais restritivo, mais protecionista?
Pode haver. Mas é preciso ver ainda o que ele vai fazer. Quanto disso é retórica de campanha e quanto é de fato uma política a ser implementada?

O que o Brasil pode fazer?
O que já estamos fazendo. O ajuste fiscal, que diminui a vulnerabilidade ao fluxo de capitais e diminui o risco. Ficamos mais sólidos para enfrentar turbulências.
Por outro lado, temos também o ajuste da política monetária, com a inflação convergindo para a meta. Estamos caminhando para ter uma economia mais estável. E temos algo construído na década passada que são as reservas internacionais.

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Receita extra do governo com repatriação já supera PIBs de 55 países
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Fernando Rodrigues

Fisco anunciou arrecadação de R$ 40,1 bilhões até esta 5ª feira

Cifra vale “uma Nicarágua” ou quase “meio Paraguai” em 2015

Dinheiro dá fôlego ao governo, que revisará estimativa de receitas

O secretário da Receita, Jorge Rachid fala sobre a assinatura de Acordo (TIEA) para a troca de informações tributárias (Wilson Dias/Agência Brasil)

O secretário da Receita Federal, Jorge Rachid

O montante arrecadado pelo governo brasileiro com a lei da repatriação de recursos já é maior que o PIB de 55 países. A Receita Federal anunciou na manhã de hoje (5ª) que o valor já havia chegado a R$ 40,1 bilhões.

A cifra é equivalente ao PIB (Produto Interno Bruto) da Nicarágua em 2015, por exemplo.

As informações são do repórter do UOL Guilherme Moraes.

Segundo dados do Banco Mundial, o montante também supera a soma de todos os bens e serviços produzidos em outras 54 nações no ano passado. Representa, ainda, 46% do PIB paraguaio e 38,5%, do boliviano.

No gráfico a seguir, há uma comparação, utilizando a cotação do dólar do fim do dia de ontem (26.out) para mostrar o PIB de alguns países:

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R$ 2,7 BILHÕES POR DIA
Em 19 de outubro, o Fisco divulgou o saldo  parcial da arrecadação com impostos e multas relacionados à repatriação: R$ 18,6 bilhões. Ou seja, em 8 dias, entraram R$ 21,5 bilhões no caixa do governo –média de R$ 2,7 bilhões por dia.

De acordo com os dados divulgados nesta 5ª feira, os brasileiros que aderiram ao programa já regularizaram R$ 133,6 bilhões mantidos no exterior.

O Planalto acredita em uma enxurrada de novas adesões até a próxima 2ª feira (31.out), quando termina o prazo. Para atender à demanda, o Banco Central estendeu das 19h para as 23h o horário para registrar operações de câmbio. O novo horário vale até o dia 31.

Dentro do governo, a expectativa é que a arrecadação final com impostos e multas sobre valores repatriados possa ficar na casa dos R$ 70 bilhões. Desse montante, 75% ficam nos cofres federais e 25% são distribuídos para Estados e municípios.

A arrecadação acima do esperado permite ao governo melhorar o resultado das contas públicas em 2016. O Congresso já autorizou o governo a fechar o ano com déficit de R$ 170,5 bilhões.

Nos próximos dias, a Receita Federal também deve revisar a estimativa de arrecadação para este ano. A projeção atual leva em conta apenas R$ 6,2 bilhões a mais com a repatriação.

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Para salvar governo Dilma, PT pressiona por uso de reservas internacionais
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Fernando Rodrigues

Uso desse dinheiro seria saída para reanimar a economia

Reservas turbinariam infraestrutura e reduziriam o déficit

Ideia conta com o apoio de Lula e de Ricardo Berzoini

Brasília - O ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva participa do 3º Congresso Nacional da Juventude do PT (Antonio Cruz/Agência Brasil)

Lula no 3º Congresso Nacional da Juventude do PT, em nov.2015

Uma das principais propostas econômicas pelas quais o PT tem pressionado o governo é o uso das reservas cambiais. O partido quer injetar na economia até cerca de 1/3 dos US$ 372 bilhões que o Brasil tem em moeda forte.

Essa medida representaria perto de US$ 120 bilhões na economia. O dinheiro seria para um Fundo Nacional de Desenvolvimento e Emprego. Os recursos seriam usados em “obras de infraestrutura, saneamento, habitação, renovação energética e mobilidade urbana”, como está num documento do PT divulgado no fim de fevereiro.

A direção petista entende que a atual crise política requer uma reativação imediata da economia. As propostas até agora apresentadas por Dilma Rousseff seriam insuficientes. A presidente tem insistido na recriação da CPMF e na reforma da Previdência. São medidas cuja aprovação é incerta por depender do Congresso.

Na avaliação petista, o uso das reservas cambiais seria a solução ideal na atual conjuntura. Permitiria a injeção imediata de bilhões de dólares também em programas como o “Minha Casa, Minha Vida” (reativando a construção civil, que tem uso intensivo de mão de obra).

Diferentemente do que pensa o mercado, o comando do PT acredita que o Brasil não ficaria vulnerável a um ataque especulativo se Dilma Rousseff aceitasse usar parte das reservas.

DISPUTA INTERNA
No PT, a ideia é defendida pelo ex-presidente Lula. No Planalto, é partidário do uso das reservas o ministro Ricardo Berzoini (Secretaria de Governo). No embalo a favor, Jaques Wagner (Casa Civil) também pode aderir à tese.

Na oposição à ideia estão o ministro da Fazenda, Nelson Barbosa, e o presidente do Banco Central, Alexandre Tombini. O PT ainda acredita ser capaz de convencer o primeiro, tarefa a cargo de Lula.

Dilma Rousseff tem uma posição ambígua. Em entrevista em 21.jan.2016, a presidente disse não ser a favor nem contra o uso das reservas. Tudo dependeria da circunstância.

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Previsões do PIB indicam que Brasil terá recessão recorde em 2016
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Fernando Rodrigues

PIB terá encolhido 6,4% no final de 2016

Inflação de  7% estará acima do teto da meta

Câmbio favorável ajuda na balança comercial

Brasília - O ministro Nelson Barbosa na solenidade de transmissão de cargo ao novo ministro do Planejamento, Valdir Simão (Antonio Cruz/Agência Brasil)

O ministro, da Fazenda, Nelson Barbosa

O Brasil passa pelo seu maior período de recessão na história recente e caminha, segundo várias projeções, para aprofundar esse recorde durante o ano de 2016.

A queda de 1,7% no PIB no 3º trimestre de 2015 em relação ao anterior marcou o 6º trimestre consecutivo de retração. Caso os prognósticos do mercado para do crescimento em 2016 se confirmem, os 2 anos consecutivos de recessão levariam o PIB a um nível muito próximo ao de 2013, representando uma queda de 6,4% em relação ao final de 2014. As informações são do repórter Mateus Netzel.

As projeções mais recentes do mercado indicam uma retração de quase 3% em 2016. Bradesco, Itaú e a última edição do boletim Focus, publicação do Banco Central, calculam que a queda ficará em 2,8%. Em 2015, o resultado negativo ficará em torno de 3,7%.

Os dados também apontam para um cenário indesejado na contenção da inflação. Em novembro deste ano de 2015 o IPCA ultrapassou a marca de 10% no acumulado de 12 meses pela 1ª vez desde 2003. Embora haja consenso de que esse percentual cairá em 2016, a redução não deve ser suficiente para recolocar a taxa abaixo do teto da meta de inflação, definida para 2016 em 4,5%, com tolerância de 2 pontos percentuais.

Na maioria das projeções, o valor do IPCA em 2016 superará o teto estabelecido pelo Banco Central depois de passar 5 anos muito próximo à marca dos 6,5%. Das 6 estimativas reunidas pelo Blog, apenas a do Bradesco situava o IPCA abaixo do teto no final de 2016.

Para a taxa básica de juros (Selic), até a última semana, o entendimento do mercado era o de manutenção do valor atual de 14,25% até o fim de 2016. A perspectiva mudou e o último boletim Focus, do Banco Central, publicado nessa 2ª feira (21.dez.2015) registra pela 1ª vez um aumento da Selic em meio ponto percentual, encerrando o próximo ano a 14,75%.

No campo fiscal, a descrença no controle das contas públicas está registrada nas previsões de novo déficit. Itaú, Santander e CNI (Confederação Nacional da Indústria) não acreditam que o governo conseguirá cumprir a meta fiscal de 0,5% do PIB de superávit primário. Pelo contrário, antecipam rombos que vão de 0,5% a 1,3% do PIB. O país já vem de 2 anos consecutivos de déficit, sendo que em 2015 o valor pode chegar a R$ 120 bilhões (2,1% do PIB), outro recorde.

BALANÇA POSITIVA
Dentre todos os principais indicadores, apenas 1 apresenta perspectivas positivas: o saldo da balança comercial. O cenário de depreciação do real frente ao dólar e um possível início de recuperação dos preços das commodities agrícolas no mercado internacional devem impulsionar o valor das exportações brasileiras.

O real fraco pode resultar numa duplicação do superávit da balança comercial em relação a 2015. As projeções mais recentes indicam um saldo positivo de US$ 15 bilhões neste ano. A maior parte das projeções situa esse saldo acima de US$ 30 bilhões em 2016, chegando a quase US$ 50 bilhões nos números do Bradesco.

A tendência de depreciação do real se mantém para o próximo ano, com divergências sobre o valor em que a moeda deve se estabilizar. Apenas o Bradesco aposta em valorização em relação ao final de 2015. O Itaú fixa a maior depreciação, com o dólar fechando 2016 a R$ 4,50.

Leia um consolidado de projeções de 6 instituições para os principais indicadores da economia brasileira para 2016 (clique na imagem para ampliar):

Projecoes-economia-2016
ESTIMATIVAS INTERNACIONAIS
Organizações econômicas internacionais apresentam maior otimismo em suas projeções. Tanto a OCDE (Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico) quanto o FMI (Fundo Monetário Internacional) preveem quedas menos acentuadas do PIB brasileiro. A OCDE  projeta queda de 1,2%, enquanto o FMI prevê uma retração de 1%.

Os índices mais modestos, no entanto, não oferecem grande alento para o novo ministro da Fazenda, Nelson Barbosa. Para 2015, por exemplo, as projeções da OCDE e do FMI para o Brasil eram de crescimento de 1,5% e 1,4% do PIB, respectivamente. Uma diferença de mais de 5 pontos percentuais acima do resultado, que deve ser de retração em torno de 3,7%.

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Rachel Sheherazade foi maior difusora da crítica do Santander sobre Dilma
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Fernando Rodrigues

Comentário da apresentadora do SBT teve o mais amplo número de reproduções no Twitter

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A apresentadora de telejornal do SBT Rachel Sheherazade foi a principal propagadora da notícia sobre a análise negativa feita pelo Banco Santander a respeito da economia brasileira sob a presidente Dilma Rousseff. O dado aparece em um relatório da empresa de consultoria Bites.

As redes sociais deram grande repercussão à notícia publicada com exclusividade aqui neste Blog em 25.jul.2014. Até ontem (4.ago.2014), foram postadas 17.549 citações ao caso, sendo que o Twitter concentrou 84% dessas menções.

“O tweet com maior taxa de RTs [retuítes] (número de vezes que o post foi republicado por outros perfis, além do original) foi produzido pela âncora do SBT, Rachel Sheherazade. Ela conseguiu 225 RTs e alcançou 792.075 impressões (número de vezes que o conteúdo potencialmente ficou em exposição na linha do tempo de outras contas)”.

Sheherazade fez um link para a reportagem publicada sobre o assunto na versão online do jornal “Folha de S. Paulo”. Na manhã desta terça-feira (5.ago.2014), o post da apresentadora já havia sido retuitado 265 vezes –o que indica que o assunto continua em evidência na web.

Segundo a Bites, “houve uma campanha pelo fechamento de contas correntes no Santander por quem acreditava que a instituição havia passado do seu limite”. O padrão de propagação da notícia, entretanto, “mostrou que o PT não estruturou uma ação mais organizada para constranger o banco. Vários perfis influentes do partido publicaram críticas, mas eles não conseguiram o mesmo resultado da jornalista do SBT [Sheherazade]”.

Os ataques ao banco espanhol puderam ser medidos por variadas hashtags, como #forasantander#boicotesantander. Nesse universo, a hashtag mais bem sucedida (#forasantander) apareceu 3.848 vezes no Twitter. “Entre os perfis de maior autoridade a utilizá-la” estava “o ministro Ricardo Berzoini (@ricardoberzoini)”, informa a Bites. O ministro deu um retuíte num post com essa hashtag.

O dano de imagem para o Santander foi além das fronteiras brasileiras. “A associação entre Dilma e Santander apareceu 2.097 vezes em perfis em inglês e espanhol no Twitter”, relata a Bites.

Entre os meios de comunicação com presença internacional que trataram do tema está a agência Reuters, que distribuiu a informação para seus clientes na Inglaterra, Estados Unidos e Índia. “Os sites de grandes jornais como ‘Washington Post’ e ‘El País’ também publicaram sobre a disputa entre a presidenta e o banco espanhol”.

No exterior, o portal Yahoo publicou 38 artigos em diversas línguas sobre o episódio. “Do ponto de vista geográfico, a mídia que mais falou do assunto foi a americana (25%), seguida da espanhola (22%) e da mexicana (17%)”.

O título original do post de 25.jul.2014, “Sucesso de Dilma deteriora a economia”, foi indexado “160 vezes no Google Brasil. E foi amplamente divulgado em perfis ligados ao PSDB”.

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Sucesso de Dilma deteriora economia, diz Santander a clientes ricos
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Fernando Rodrigues

O Banco Santander enviou neste mês de julho de 2014 aos seus clientes de alta renda um texto afirmando que o eventual sucesso eleitoral da presidente Dilma Rousseff irá piorar a economia do Brasil.

A análise foi impressa na última página do extrato dos clientes na categoria “Select”, com renda mensal superior a R$ 10 mil. Diz que se Dilma melhorar nas pesquisas de intenção de voto, os juros e o dólar vão subir e a Bolsa, cair.

O texto vem sob o título “Você e seu dinheiro” e orienta os clientes do Santander: um cenário eleitoral favorável à petista reverterá “parte das altas recentes” na Bolsa.

Eis a reprodução do extrato:

Reprodução

O documento do Santander ao seus correntistas mais abastados contém uma análise que já frequentava o mercado financeiro brasileiro de forma difusa, mas nunca de maneira institucional por um grande banco.

Esse tipo de comportamento do mercado não é novo. Desde a primeira eleição direta pós-ditadura ocorrem interpretações nesse sentido. Em 1989, o empresário Mário Amato deu uma entrevista dizendo que se o petista Luiz Inácio Lula da Silva ganhasse naquele ano, 800 mil empresários deixariam o Brasil.

Em 2002, quando o mercado financeiro novamente ficou apreensivo com uma possível vitória de Lula, o analista Daniel Tenengauzer, do banco Goldman Sachs, chegou a inventar o “lulômetro”, que previa a cotação futura do dólar caso o petista fosse eleito. Tenengauzer acabou repreendido pelo banco, que considerou “leviano” e de “mau gosto” o nome de seu modelo matemático.

O Santander confirmou a autenticidade do documento ao qual o Blog teve acesso. Em nota, disse adotar critérios “exclusivamente técnicos” em suas análises econômicas, “sem qualquer viés político ou partidário”.

O banco reconhece que o texto enviado a seus clientes “pode permitir interpretações que não são aderentes a essa diretriz” (de se ater a análises mais técnicas). A instituição emitiu uma nota na qual pede desculpas ao seus correntistas e diz que adotará providências internas.

De capital espanhol, o Santander é o 5º maior banco e o 1º estrangeiro em atuação no Brasil. Fica atrás de Banco do Brasil, Itaú, Caixa e Bradesco. Em 2000, massificou sua operação de varejo ao comprar o Banespa, o antigo banco estatal que pertenceu ao governo paulista.

Abaixo, a íntegra da nota do Santander:

“O Santander esclarece que adota critérios exclusivamente técnicos em todas as análises econômicas, que ficam restritas à discussão de variáveis que possam afetar os investimentos dos correntistas, sem qualquer viés político ou partidário. O texto veiculado na coluna ‘Você e Seu Dinheiro’, no extrato mensal enviado aos clientes do segmento Select, pode permitir interpretações que não são aderentes a essa diretriz. A instituição pede desculpas aos seus clientes e acrescenta que estão sendo tomadas as providências para assegurar que nenhum comunicado dê margem a interpretações diversas dessa orientação.”

P.S. às 15h de 25.jul.2014: Na tarde desta 6ª feira, o Santander colocou um grande anúncio em sua página na internet em que pede desculpas pelo texto e reitera “sua convicção de que a economia brasileira seguirá sua bem-sucedida trajetória de desenvolvimento”. O site Muda Mais, vinculado à campanha de reeleição de Dilma Rousseff, também publicou nota acusando o banco Santander de fazer “terrorismo econômico” contra o governo petista.

(Bruno Lupion)

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