Blog do Fernando Rodrigues

Arquivo : Fernando Haddad

Viradas como a de SP são mais comuns
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Fernando Rodrigues

O 2º colocado passa o 1º quando a diferença foi pequena entre ambos no primeiro turno…

…mas inversão é sempre rara: Brasil já teve 135 segundos turnos e só em 30 houve viradas

Cidade de São Paulo nunca teve uma virada em toda a sua história eleitoral

A pesquisa Datafolha que inverte as posições de Fernando Haddad (PT) e José Serra (SPDB) na disputa pela Prefeitura de São Paulo mostra ser possível haver uma virada na capital paulista. Será um fato inédito se ocorrer no dia 28 de outubro: nunca um candidato que passou para a rodada final como segundo colocado terminou depois na primeira colocação e venceu a eleição.

Por outro lado, a história moderna de eleições municipais no Brasil mostra que as viradas, quando ocorrem, são exatamente em situações semelhantes a essa protagonizada por Haddad e Serra: 1) o segundo colocado chega ao final da primeira fase da campanha em alta e 2) a diferença para o que está na frente não é muito grande –no caso, Serra só ficou 1,8 ponto percentual à frente de Haddad.

O Brasil teve até hoje 135 segundos turnos municipais desde 1996 (não há dados disponíveis e confiáveis sobre 1992, quando esse sistema começou a ser usado nas cidades). Nesses 135 segundos turnos, só 30 tiveram viradas, com a inversão de posição dos candidatos entre o primeiro e o segundo turnos. Ou seja, só 22% de reviravoltas.

Eis um resumo dos segundos turnos no país de 1996 a 2008 nas eleições municipais:

É possível então analisar o que ocorre nas viradas. Nota-se que situações como as de Haddad e Serra são as mais comuns –o que não garante, é sempre bom ressaltar, que isso vai se cristalizar nas urnas eletrônicas em 28.out.2012.

Como dito no início deste post, há um padrão mais ou menos lógico nas viradas: quanto mais perto terminam os candidatos que vão ao segundo turno, mais fácil é de as posições se inverterem.

No caso das 30 reviravoltas até agora nas cidades, de 1996 para cá, apenas 15 ocorreram quando o segundo colocado foi para o turno final com mais de 5 pontos percentuais atrás do líder. Ou seja, só em 11% dos casos esse “milagre” ocorre.

Já em cidades como São Paulo e Salvador, a inversão não é tão improvável. Na capital baiana, a decisão do 1º turno foi ainda mais apertada do que na disputa paulistana. Entre os eleitores soteropolitanos, apenas 0,4 ponto percentual separou o líder ACM Neto (DEM) de Nelson Pelegrino (PT) –e o petista esteve em clara ascensão nos últimos dias.

 

INEDITISMO

Outro fator a ser considerado também é a tradição de algumas cidades. Em São Paulo nunca o segundo colocado conseguiu passar para a primeira colocação no turno final.

Mas, pela configuração atual, 6 cidades que nunca tiveram virada de resultado entre 1º e 2º turnos são as que mais têm chances de registrar reviravolta agora em 2012: São Paulo (SP), Salvador (BA), Ponta Grossa (PR), Montes Claros (MG), Duque de Caxias (RS) e Cuiabá (MT).

Em quatro delas o PT está em segundo e tem chances de virar. Em uma o cenário é oposto para o petista na disputa. E em uma não há representante do PT no turno final.

Por fim, um último dado estatístico: nas 30 viradas registradas nos segundos turnos em cidades de 1996 a 2008, o PMDB é o detentor do recorde de 7. Em seguida, vem o PT, com 5. Depois, PSDB e o PP, com 4 cada um.

Eis o quadro geral dos 50 segundos turnos no país e a diferença em pontos percentuais dos finalistas:

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Nas “internas”, SP terá 3 vencedores hoje
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Fernando Rodrigues

Serra, Russomanno e Haddad propagam vitória em suas pesquisas reservadas

PSDB acha que diferença do 2º para 3º colocado será de 40 mil a 68 mil votos

Como se sabe, Datafolha e Ibope dão um triplo empate na disputa paulistana entre José Serra (PSDB), Celso Russomanno (PRB) e Fernando Haddad (PT). Aqui, os dados. Este Blog tem também todas as principais pesquisas das cidades brasileiras.

A coisa muda de figura quando se conversa com os comandos de Serra, Russomanno e Haddad. As “internas”, pesquisas reservadas de cada candidato, mostram sempre um quadro diferente. O Blog não sabe qual será o resultado final, mas compartilha com os internautas os depoimentos de pessoas importantes coletados ontem (6.out.2012) à noite e hoje (7.out.2012) bem cedo:

 

Campanha de Fernando Haddad:

[final do dia ontem, 6.out.2012]:

Pergunta: o que achou dos números do Datafolha?

“[O levantamento do Datafolha está] completamente errado! Datafolha mais uma vez vai dançar”.

Pergunta: mas quem vai ao segundo turno?

[hoje, 7.out.2012, às 6h38 da manhã]: “Super pesquisa nossa, saída do forno esta madrugada: Haddad 29%; Russomanno 28%; Serra 26%; Chalita 12%. Anote e confirme!”

 

Campanha de José Serra:

[informações de ontem, 6.out.2012, à noite]:

Pergunta: como será a reta final e o que achou dos números do Datafolha?

“Eu acho que será o Russomanno, mas com o Serra em primeiro. Mas nossa pesquisa também indica a possibilidade de o Haddad subir e passar o Russomanno. No nosso tracking [pesquisa diária das campanhas], Russomanno parou de cair e Haddad não sobe. Só se for uma onda sexta e sábado”.

Pergunta: estão todos empatados na margem de erro… Quem passa ao segundo turno?

“Não estão empatados. Serra esta 5 pontos na frente. Russomanno está um na frente nos votos válidos, mas a curva é desfavorável. Mantida a tendência, Haddad pode passar por um ponto, 68 mi votos. Na nossa aposta, é Russomanno 40 mil votos na frente. E Serra 400 mil na frente do segundo”.

 

Campanha de Celso Russomanno:

Pergunta do Blog: estão todos empatados na margem de erro… Quem vai ao segundo turno?

“Meu caro. Não faço ideia. Acho que vai dar Russomanno e Serra”.

 

Comentário do Blog 1: como se observa, é cada um vendendo o seu peixe. Mas chama a atenção o comentário econômico e lacônico da campanha de Celso Russomanno.

Comentário do Blog 2: hoje à noite será possível comparar não apenas as pesquisas de opinião com os resultados finais das urnas, mas também as previsões dos comandos das campanhas de Serra, Russomanno e Haddad.

 

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Conheça as estratégias da reta final em SP
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Fernando Rodrigues

Russomanno se afasta de polêmica e tentar reduzir danos

Serra vai mirar em Haddad e no PT, ligando-os ao mensalão

Haddad colará imagem em Lula e Dilma e espera militância

É impossível saber quem será o próximo prefeito de São Paulo, mas dá para analisar as estratégias dos 3 candidatos competitivos remanescentes na disputa:

Celso Russomanno (PRB): líder nas pesquisas, tentará fazer o mínimo possível de movimentos bruscos. Ele não quer confusão.

Não interessa a Russomanno causar polêmica. Na semana passada, ele perdeu pontos por ter sido muito atacado pelos adversários. A ideia geral da campanha de Russomanno é mantê-lo longe de confusões e garantir assim uma vaga no 2o turno.

Em certa medida, a trajetória de Russomanno guarda alguma similitude com a de Fernando Collor em 1989 (pelos aspectos imagéticos projetados).

O candidato do PRB (Partido Republicano Brasileiro) é hoje, assim como foi Collor em 1989, o que mais encarna o “novo” na cabeça do eleitor. É filiado a um partido pequeno. Está deixando para trás nomes famosos da política. E é um dos mais atacados.

Em 1989, Collor era do nanico PRN (Partido da Renovação nacional). Enfrentou uma queda nas pesquisas na reta final do 1º turno, mas ainda assim passou com alguma folga. E depois venceu –numa disputa contra Lula, do PT.

O objetivo de Russomanno é entrar no 2º turno com uma vantagem que possa lhe conferir tranquilidade para curta campanha da segunda rodada de votação.

 

José Serra (PSDB): o Blog comentou num post de sábado que o tucano segue uma estratégia um pouco nebulosa. Foi uma observação incompleta.

Na realidade, o que se passa é que nesta eleição há muitas ações tomadas como se fossem microcirurgias. Às vezes, são pouco notadas. Mas têm o efeito desejado para o candidato.

Serra conhece as dificuldades que têm (a alta rejeição e a imagem de ser um político que deixa a cadeira depois de eleito). Ao mesmo tempo, tem o benefício de ter um voto sólido entre cerca de 20% dos eleitores paulistanos do espectro mais conservador.

O tucano notou logo no início da propaganda de TV que teria de se equilibrar na segunda posição. Concluiu que seria preciso poupar Celso Russomanno e conter uma eventual alta de Fernando Haddad, do PT.

Por que Serra não ataca Russomanno de maneira mais dura? Simples. Se Celso Russomanno fosse atacado sem dó nem piedade pelo tucano, o maior beneficiário teria sido Fernando Haddad, e não próprio Serra. É que os votos dos “mannos”, como são conhecidos os eleitores do candidato do PRB, estão concentrados em áreas “vermelhas” da cidade, tradicionalmente petistas.

Quando Russomanno perde, quem mais ganha é Haddad –e não Serra.

Por outro lado, Serra teve de usar o que estava à mão para impedir que Haddad subisse. Aí está explicada a estratégia de tentar colar o mensalão no candidato do PT.

Embora os petistas digam que o julgamento do mensalão afete marginalmente as eleições deste ano, não é verdade. Em São Paulo, conforme apurou o Datafolha, 19% dos eleitores dizem ter mudado de voto por causa do escândalo.

Quando se faz um recorte para saber quem foi o mais prejudicado, dá a lógica: 10% dos eleitores paulistanos dizem que estavam propensos a votar em Haddad, mas mudaram de voto por causa do mensalão.

Ou seja, para Serra o ideal é calibrar sua estratégia para manter Haddad em 3º lugar, mas torcendo para Russomanno desidratar ao máximo e já chegar ao segundo turno fragilizado.

 

Fernando Haddad (PT): como esperado, o petista vai colar sua imagem ao máximo nesta última semana aos seus principais padrinhos políticos: o ex-presidente Lula e a presidente Dilma Rousseff.

Ao mesmo tempo, Haddad também usará a estratégia de explorar a rejeição a José Serra em regiões paulistanas tipicamente petistas, mas que hoje estão dispersas e depositando muitos votos em Russomanno.

Como revelado aqui num post no sábado, a ideia do PT é pedir o voto útil em Haddad na zona leste: vote em Haddad para evitar Serra no segundo turno, será o argumento.

O petista enfrenta um grande revés nesta semana: o julgamento do mensalão, que deve avançar para réus ilustres do PT, como José Dirceu. José Genoino e Delúbio Soares.

O assunto, por ter relevância jornalística, vai inundar os telejornais de todas as emissoras de TV.

Mal comparando e guardadas todas as devidas proporções, o mensalão chega ao seu ápice podendo ser para o PT o que foram os conflitos na CSN em 1988 –mas com o efeito contrário.

Em 1988, a CSN (Companhia Siderúrgica Nacional) teve uma greve que foi combatida com violência. Operários morreram. As fotos dos corpos e dos caixões apareceram no noticiário. O país estava ainda entrando na democracia e houve muita comoção.

Naquela semana em 1988 a candidata a prefeita pelo PT, em São Paulo, era Luiza Erundina. Ela disparou 10 pontos percentuais e venceu Paulo Maluf, então o principal adversário –à época, não havia segundo turno.

Agora, o mensalão pode funcionar como um obstáculo para Haddad conseguir os votos necessários para ir ao segundo turno.

 

Outros candidatos
Por fim, há os outros candidatos fora do páreo. Os principais, de partidos estruturados, são Gabriel Chalita (PMDB0, Soninha (PPS) e Paulinho da Força (PDT). Juntos, esses 3 têm 14% no Datafolha.

É lícito supor que parte dos eleitores de Chalita, Soninha e Paulinho acabem migrando para os 3 candidatos que estão no topo da disputa. Para onde irão esses 14% é uma incógnita, mas aí também pode estar a chave para saber que irá ao segundo turno na eleição para prefeito da cidade de São Paulo.

 

Comentário do Blog: tudo considerado, a única coisa é certa nesta eleição paulistana é que os 3 candidatos (Russomanno, Serra e Haddad) têm chance de ir ao segundo turno. Quem vai passar? Só saberemos dia 7 de outubro.

 

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PT perdeu dois terços de seus eleitores pobres
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Fernando Rodrigues

O jornalista e pesquisador da FGV-SP, Fabiano Angélico, envia análise sobre onde o PT está fazendo água em São Paulo. Eis o artigo:

De 2008 a 2012, PT perdeu dois terços de seus eleitores de baixa renda

Movimento similar ocorreu entre os eleitores de baixa escolaridade

Por Fabiano Angélico, jornalista e pesquisador da FGV-SP

Com uma distância de exatos quatro anos, o Datafolha divulgou duas pesquisas eleitorais sobre a corrida à Prefeitura de São Paulo em que chama a atenção a disparidade na intenção de votos entre os dois candidatos do Partido dos Trabalhadores (PT): 22 pontos percentuais separam a Marta de 18 de setembro de 2008 do Haddad de 18 de setembro de 2012:

Uma pergunta bastante pertinente para se fazer aos números é: em quais grupos de eleitores a diferença entre Marta e Haddad são mais pronunciadas?

As tabelas divulgadas no site do Datafolha ajudam a responder essa pergunta. Vamos então analisar o eleitorado que declara voto no PT nos recortes de renda, escolaridade e idade:

A maior diferença entre Marta e Haddad está na porção do eleitorado que ganha até 2 Salários Mínimos: 30 pontos percentuais. Isso quer dizer que de cada três eleitores do PT em setembro de 2008 apenas um mantém o voto no partido em setembro de 2012.

A segunda maior diferença está nos eleitores de 35 a 44 anos: 29 pontos.

E a terceira maior diferença localiza-se entre os eleitores com Ensino Fundamental: 28 pontos porcentuais.

Os menos escolarizados e de baixa renda mudaram a intenção de voto por causa do partido ou por causa do candidato? Por que a faixa etária dos 35 aos 44 anos mudou tanto, em relação ao candidato do PT?

Deixo aos sociólogos, cientistas políticos e observadores mais atentos as respostas a essas novas perguntas.

Acesse os dados do Datafolha de setembro de 2008 e os dados do Datafolha de 18 de setembro de 2012.

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Haddad tem menos da metade do PT em SP
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Fernando Rodrigues

33% dos paulistanos dizem achar “ótimo” ou “bom” o PT na Prefeitura

Mas o candidato de Lula só tem 15% e não consegue se conectar aos eleitores

Por que o candidato do PT a prefeito de São Paulo, Fernando Haddad, não decola?

Tem sido comum analisar essa situação procurando alguma razão exógena à disputa local. Algum fato externo estaria provocando o estancamento de Haddad. Seria o julgamento do mensalão? Seria o desgaste do PT? Seria a propaganda negativa que os adversários fazem contra ele?

Todos esses fatores podem influir, claro. Mas há também um aspecto real e mais objetivo: a dificuldade do próprio candidato para ser um “político eleitoral”, fazer campanha com gosto e empolgar os militantes de sua legenda e os eleitores paulistanos. Esses são predicados inexistentes até agora no desempenho pessoal de Haddad.

O Datafolha investigou o tema. Descobriu algo desolador para Fernando Haddad –e também, em grande medida, para o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, responsável direto pela escolha do candidato. Continua firme e forte na cidade de São Paulo a teoria de que um terço dos paulistanos “é PT”.

Hoje, 33% dos paulistanos dizem que consideram “ótimo” ou “bom” ter um prefeito do PT na capital do Estado. A esta altura da campanha, a maioria dos eleitores sabe quem é do PT e quem não é. O problema é que Haddad está hoje com uma taxa de intenção de votos de apenas 15%, menos da metade do que seria o potencial de seu partido. Mesmo com uma propaganda de TV de primeira linha. Mesmo com o apoio de petistas ilustres. E com recursos fartos para gastar.

Ou seja, o PT até que não vai tão mal na cidade de São Paulo. Aliás, o PT mantém uma popularidade muito boa com seus 33% de seguidores fiéis. Quem não está bem é o candidato do PT. E, por óbvio, todas as estrelas petistas que se apresentam como fiadores de Fernando Haddad.

Numa eventual derrota, o fracasso não terá sido só de Haddad. Serão sócios majoritários desse projeto o ex-presidente Lula (o maior responsável pela escolha do candidato), a presidente Dilma Rousseff e a ex-prefeita e agora ministra da Cultura, Marta Suplicy –que era contra Haddad, mas converteu-se ao “haddadismo” após ser bajulada pelo Palácio do Planalto.

Eis os dados do Datafolha sobre o que pensam os paulistanos e o partido do próximo prefeito da cidade:

A pesquisa Datafolha realizada na cidade de São Paulo nos dias 18 e 19 de setembro mostra um quadro de estagnação perigoso para Fernando Haddad. Ele oscilou em uma semana de 17% para 15%.

Ao mesmo tempo, José Serra (PSDB) oscilou de 20% para 21%. E Celso Russomanno (PRB) foi de 32% para 35%.

Tem sido usual nesta corrida paulistana ouvir a muitas perorações sobre o “fenômeno Russomanno” e sobre o “declínio de José Serra”. Quando o assunto é Haddad, o senso comum é um só: na reta final da campanha o candidato petista vai crescer, porque essa tem sido a lógica há décadas.

Por enquanto, essa profecia petista não tem se provado verdadeira quando se compara o que se passou em disputas anteriores.

A esta altura da disputa pela Prefeitura de São Paulo, todos os candidatos petistas que foram ao segundo turno em todas as eleições passadas já estavam em condições mais confortáveis se comparados aos 15% de Haddad hoje. Eis os dados:

 

1992 (23.set): Eduardo Suplicy tinha 22%

1996 (23.set): Luiza Erundina tinha 22%

2000 (22.set): Marta Suplicy tinha 35%

2004 (17.set): Marta Suplicy tinha 33%

2008 (18.set): Marta Suplicy tinha 37%

 

Nada impede que Fernando Haddad dê uma disparada nos próximos 17 dias até a data do primeiro turno (em 7 de outubro). Ocorre que os dados históricos mostram que ele terá de suar muito mais a camisa.

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Os convidados de Marta Suplicy
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Fernando Rodrigues

A maior dúvida dentro do Palácio do Planalto neste momento é: Fernando Haddad vai comparecer à posse da nova ministra da Cultura, Marta Suplicy?

Ou ainda: é conveniente ele estar presente?

Fernando Haddad tem desculpas de sobra para faltar. É o candidato do PT a prefeito de São Paulo. Está em campanha.

Mas não há impedimento legal para Haddad participar da posse da sua talvez mais vistosa aliada na disputa pela prefeitura paulistana. A lei impede a ida de candidatos a inaugurações de obras públicas. A posse de Marta Suplicy não é propriamente uma “obra pública”. Trata-se de uma cerimônia privada e ocorrerá dentro do Palácio do Planalto, nesta quinta-feira (13.set.2012), às 11h da manhã.

E há também outras dúvidas sobre a posse de Marta. Por exemplo, o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva estará presente?

E os representantes de partidos políticos que estão sendo relegados ao segundo plano em São Paulo na eleição atual. Por exemplo, o ministro da Pesca, Marcelo Crivella, do PRB, vai prestigiar a posse de Marta Suplicy sabendo que a petista está sendo colocada nessa cadeira pelo apoio e fidelidade à campanha de Haddad? Como se sabe, no momento, o líder nas pesquisas em São Paulo é Celso Russomanno, do PRB.

Tudo considerado, a posse de Marta Suplicy será um espetáculo político tanto pelas presenças como pelas ausências de algumas personalidades.

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Os “mannos” e o Ralph Nader brasileiro
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Fernando Rodrigues

publicitário analisa como Russomanno pode acabar ganhando eleição paulistana

O publicitário Rui Rodrigues envia ao Blog uma excelente reflexão sobre a disputa pela Prefeitura de São Paulo. Ele já participou de várias campanhas presidenciais para vários tucanos e é agora um consultor em comunicacao institucional e política. Conhece como poucos o comportamento do eleitorado brasileiro –e muito o paulistano.

A liderança de Celso Russomanno (PRB) na corrida paulistana é colocada em perspectiva: “Ele não é só o ‘candidato Procon’ que está sendo vendido na mídia”.

Para o publicitário, Russomanno (ou o político que se dispuser) tem tudo para neste século 21 usar sua ênfase sobre consumo e direitos do consumidor para cobrar mais respeito ao uso do dinheiro público.

“Não vejo a mesma ênfase para o dinheiro dos impostos que deveria, na contrapartida, oferecer serviços de qualidade na saúde, educação, transporte, segurança e outros. Cadê o recall do governo? (…) E nessa praia, defendendo a ‘cidadania’ aparece o paladino Russomanno, defendendo o ‘cidadão consumidor’, o brasileiro, e por excelência o paulistano dos nossos dias. Com um pouco de jeito pode vir a ser o Ralph Nader brasileiro”.

A referência, nesse caso, é ao influente ativista político norte-americano Ralph Nader. Advogado, ele atua em proteção ao consumidor, causas humanitárias, meio ambiente e governança democrática. Ganhou notoriedade ainda nos anos 60 quando fez um estudo profundo da falta de segurança nos automóveis dos Estados Unidos.

Nader já participou de seis campanhas presidenciais nos EUA. Nunca teve sucesso, mas em 2000 sua presença acabou ajudando na eleição do Republicano George W. Bush, pois a candidatura independente de Nader retirou votos do democrata Al Gore.

A seguir, o artigo de Rui Rodrigues que merece ser lido por quem deseja entender o que se passa na eleição paulistana de 2012:

 

RUI RODRIGUES (*)
PUBLICITÁRIO

Eu me perguntava a razão de Celso Russomano estar tão bem posicionado e pensava…

1. Lá estão os simpatizantes do PT que não sabem quem é o candidato do PT.

2. Lá estão também aqueles que gostam do sujeito, gente de menos informação política, com a cabeça feita completamente pela mídia televisiva que é o reino do Russomano.

3. Lá estão também os que não gostam do PT e não são tucanos. Com o Russomano, acharam alguém para votar que não o Serra, completo tucano, ou o Chalita, um voto muito indefinido.

4. Aliado a isso tudo o fato de o sujeito não ter rejeição. O que se falava ou se fala contra ele?

Bem, essas eram as razões para o voto no Russomano.

Eu imaginava que a lógica seria o voto do Russomano migrar para o Haddad e para o Serra num movimento que repetisse a polarização histórica da cidade.

Não aconteceu assim. O Haddad ganha votos, mas não do Russomano, e o Serra não ganha votos. Ele perde. E perde para o Russomano e não para o Haddad. Então fiz outras reflexões.

O voto no Russomano é mais sólido do que eu podia supor.

O Russomano não é só o ‘candidato Procon’ que está sendo vendido na mídia.

Aqui no Brasil o que conferiu cidadania ao povo, e isso vem sendo martelado insistentemente pela propaganda oficial, é o consumo. E o consumo de bens oferecidos pela indústria e não o consumo de serviços oferecidos pelos governos.

O que define o cidadão brasileiro é a possibilidade de ter um carro, uma TV, uma geladeira etc.… Não é a qualidade do serviço de saúde ou educação… Pede-se com ênfase (Russomanno é mestre nisso) o respeito ao dinheiro gasto comprando algo, tanto que recall passou a ser, a meu ver, um instrumento de marketing e não a constatação de que lhe venderam uma droga (bem, isso é assunto para outra conversa).

Pede-se com ênfase esse respeito, a esse dinheiro, e não vejo a mesma ênfase para o dinheiro dos impostos que deveria, na contrapartida, oferecer serviços de qualidade na saúde, educação, transporte, segurança e outros. Cadê o recall do governo? Vão dizer que é na eleição… Então tá.

Vamos lá.

E nessa praia, defendendo a “cidadania”, aparece o paladino Russomano, defendendo o “cidadão consumidor”, o brasileiro, e por excelência o paulistano dos nossos dias.

Com um pouco de jeito pode vir a ser o Ralph Nader brasileiro.

Ele poderia propor a transição do cidadão consumidor de produtos para o cidadão consumidor de serviços públicos.

Daria um belo discurso e um posicionamento único para ele.

Então…voltando para o voto…

José Serra não bateu no sujeito porque achava que por gravidade o voto do Russomano se não está com o PT poderia vir para ele como o cara que ganha do PT.

O PT não bateu em Russomanno porque achava que o voto petista que está lá viria assim que o grau de conhecimento de Fernando Haddad aumentasse –e ainda mais com a benção de Lula.

Na verdade, a meu ver, o voto em Russomanno estava mais consolidado do que se pensava:

1. Ele tem o voto dos que não querem o PT e se cansaram de Serra.

2. Todos que se cansaram da velha dicotomia têm alguém para votar e em quem o povo acredita.

3. Russomanno tem inclusive o voto dos que eram simpatizantes do PT e que se decepcionaram com o mensalão mas não querem votar tucano (por falar nisso, em São Paulo o efeito mensalão é diferente dos de outros Estados e cidades).

4. Russomanno tem o voto do cidadão consumidor que se sente respeitado e vê nele um real defensor dos seus direitos.

Pode acontecer o que já aconteceu: Russomanno ser a real alternativa para não deixar o PT levar e como não conseguirá governar com o que tem, poderá ir para os braços do PSDB. Já aconteceu com Gilberto Kassab que tinha uma prefeitura tucana nos seus principais quadros.

Nesse cenário, o PT deve estar bem preocupado. Pensava que poderia perder para José Serra, e, engraçado, hoje torce para ter Serra no segundo turno –porque sabe que para Russomanno a derrota poderá ser inevitável.

RUI RODRIGUES, 61 anos, é publicitário. Atuou, entre outras, nas seguintes campanhas eleitorais: FHC e Antonio Britto (1994), FHC (1998), José Serra (2002) e Antonio Anastasia (2010).

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“Faltam ânimo e fotos na campanha de rua”
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Fernando Rodrigues

Fotógrafo aponta desanimação na rua dos candidatos a prefeito de São Paulo

O experiente repórter fotográfico Moacyr Lopes Junior, da Folha, tem acompanhado os candidatos a prefeito de São Paulo em campanha.

Para Moacyr, “a campanha de rua está assim, engessada, desanimada, falta empolgação, ânimo e fotos!”. Eis o relato enviado ao Blog em comentário à coluna da Folha do último sábado (01.set.2012):

 

MOACY LOPES JUNIOR
REPÓRTER FOTOGRÁFICO

Estava lendo sua coluna de hoje [01.set.2012 – Cenários paulistanos] e me veio a ideia de te escrever. Quero dividir com você minha humilde observação quanto ao atual contexto dos candidatos de São Paulo em relação às agendas públicas que eles propõem a divulgar para a imprensa.

É bem verdade que eu estava cobrindo a Olimpíada e após uma semana de folga voltei à Redação nesta semana que se passou. Mal tive tempo para sentir com mais intimidade as estratégias de rua do Haddad, Serra, Russomano, Chalita.

O pouco que acompanhei foi triste. Credo, nada de foto!

Claro que está é uma avaliação prematura –uma semana não apresenta nenhuma metodologia para tirarmos conclusões firmes sobre as estratégicas adotadas– mas o que vi, decepcionado, são agendas tímidas, encontros internos, tudo controlado por assessores.

Na rua, nesta semana que se passou, só visitas relâmpago.

Em agosto fizeram algumas passagens em lugares mais movimentados (fui ver no arquivo do mês passado). Agora, pelo que observei, há uma mudança de rumo quanto à exposição pública.

Essa estratégia, de preservar os candidatos de possíveis constrangimentos, pra mim soa como falta de audácia em se expor. A estratégia de preservar o candidato é um acanhamento que nunca tinha visto numa eleição importante.

Parece que o marketing político, (pelo menos com os mais bem colocados nas pesquisas) direciona a força de indução para à TV (propagandas e debates).  É uma pena, por que ao menos, as campanhas de rua serviam para os candidatos conhecerem os lugares mais recônditos da cidade. Será que depois de eleitos voltam para os extremos pobres de São Paulo?

A falta de ousadia nas ruas, por enquanto, é decepcionante. Os candidatos não se arriscam a gestos mais espontâneos ou midiáticos, têm se permitido apenas a serem fotografados ou gravados posando com simpatizantes como time de futebol. Esse engessamento de candidatos, transformando-os em personagens perfeitos é coisa antiga, mas tá demais.

Me parece que os marqueteiros querem controlar tudo até o improviso da rua no encontro com os eleitores. Essas visitas aos bairros distantes eram momentos, algumas vezes sinceros, do contato do candidato com a dura realidade do paulistano.

Você sabe. Nossas objetivas são críticas, irônicas, mas também são imparciais e potencializam friamente a imagem real dos candidatos sem a interferência do marketing político.

Por enquanto, a campanha de rua está assim, engessada, desanimada, falta empolgação, ânimo e fotos!

 

Eis aí as observações do atento repórter fotográfico Moacyr Lopes Junior. Para os candidatos a prefeito de São Paulo, #ficaadica.

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Haddad é candidato que mais declara gastos
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Fernando Rodrigues

Valores oficiais no TSE são parciais; petista de SP apresenta maior quantia

Lei permite que políticos ocultem valores; tucano Serra declarou gasto zero

O Tribunal Superior Eleitoral (TSE) recebeu os dados da primeira prestação parcial de contas para as eleições 2012. O candidato que mais registrou despesas individuais até agora foi Fernando Haddad (PT), que disputa a Prefeitura de São Paulo.

O petista informou à Justiça Eleitoral que já teve despesas de R$ 10,7 milhões em sua campanha. O valor é 6,5 vezes maior do que o R$ 1,6 milhão declarado pelo 2º do ranking, Edson Giroto (PMDB), que concorre a prefeito de Campo Grande (MS). Os gastos de Haddad também equivalem a 8,73% do total de despesas individuais declaradas por 6.472 candidatos (R$ 122,7 milhões).

O modo como as contas são prestadas no Brasil, no entanto, não permite saber se há outros candidatos que gastaram mais do que Haddad. O petista é o que mais declarou gastos individuais até agora. Mas, numa campanha, os políticos dispõem de 3 tipos de contas: a individual, a do comitê de campanha e a do partido.

Ao lançar suas receitas e despesas nas contas dos comitês e dos partidos, os políticos acabam ocultando a contabilidade real de suas campanhas –sim, a lei brasileira permite tal anomalia.

Nesta fase da campanha os políticos são obrigados a apresentar os seguintes dados: 1) despesas individuais por candidatos; 2) despesas por partido; 3) despesas por comitê de campanha; 4) receitas individuais por candidato; 5) receitas dos partidos; 6) receitas dos comitês de campanha. O Blog baixou todos os dados da primeira prestação parcial de contas em formato bruto, como divulgado pelo site do TSE. Para baixá-los clique aqui.

As contas dos candidatos a prefeito de São Paulo –que é a disputa municipal mais importante do país– exemplificam a anomalia permitida pela lei brasileira. O quadro abaixo mostra os gastos individuais declarados pelos candidatos na capital paulista na primeira parcial do TSE:

Como se observa, alguns candidatos aparecem com nenhum gasto individual porque suas despesas são realizadas em nome do partido ou do comitê de campanha –o que, vale repetir, é legal, porém esdrúxulo.

O quadro abaixo mostra que, apesar de os candidatos não declararem gastos em seus nomes, os partidos declararam gastos no município de São Paulo (por meio dos comitês municipal e estadual). Mas, outra anomalia: não se sabe para quem foram os gastos. O dinheiro pode ter sido para a campanha de qualquer um dos candidatos na cidade, a prefeito ou vereador.

Além disso, os gastos das direções nacionais dos partidos também podem abastecer qualquer campanha de um de seus candidatos. O quadro abaixo mostra quanto cada direção declarou:

 

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Haddad suga apoio de até 70% dos “Mannos”
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Fernando Rodrigues

Pesquisa qualitativa do PT pós-TV mostra alta taxa de adesão de eleitores de Celso Russomanno

O candidato do PT a prefeito de São Paulo, Fernando Haddad, comemorou hoje (23.ago.2012) a resposta positiva que seu primeiro programa de TV no horário eleitoral teve junto a eleitores pesquisados em grupos qualitativos.

O Blog teve acesso aos resultados preliminares do estudo qualitativo encomendado pelo PT –grupos de eleitores assistem aos programas, registram suas percepções e depois são entrevistados por especialistas. Há até 70% de aprovação do programa de Fernando Haddad entre os telespectadores que estavam propensos a votar em Celso Russomanno (PRB) –no jargão da campanha paulistana, os eleitores de Russomanno são chamados de “mannos”.

Como se sabe, Haddad tem 8% no Datafolha. Russomanno lidera as intenções de voto na disputa de prefeito de São Paulo, com 31%. Aqui, todas as pesquisas eleitorais disponíveis no Brasil.

Na avaliação dos haddadistas, pesaram na boa avaliação positiva do programa eleitoral do PT em São Paulo dois aspectos principais: 1) a propaganda de fato foi bem elaborada do ponto de vista técnico pelo publicitário João Santana; 2) o comercial de Russomanno perdeu grande chance de entrar com vigor no primeiro dia, que é o que tem (de longe) a maior audiência.

A propaganda eleitoral dura 45 dias. Nos 2 ou 3 primeiros programas, a audiência é maior porque há curiosidade do eleitor. Depois, há uma “barriga” na audiência. O interesse volta na última semana em que esses comerciais são exibidos.

Russomanno é hoje o único candidato que poderia colocar na TV um gráfico com as pesquisas Datafolha e mostrar sua espetacular evolução nos últimos meses. Esse é um recurso clássico usado por candidatos que estão na frente. Ajuda a instilar ânimo na militância  e nos políticos que acompanham o processo.

Mas em lugar de fazer esse programa vigoroso, Russomanno optou por aparecer bem “low profile” agradecendo aos eleitores paulistanos pelo apoio. Pior. A maior parte do seu (pouco) tempo foi gasta com o candidato a vice-prefeito na chapa do PRB, Luiz Flávio D’Urso, do PTB, contando uma parábola sobre um passarinho.

É claro que Celso Russomanno pode ainda consertar o tom de sua propaganda nos próximos dias, mas perdeu a chance de fazer uma estreia mais vibrante –quando a audiência é bem alta.

Haddad tem um desafio também razoável pela frente. Nunca um candidato vitorioso começou a campanha só com 8% de intenções de voto na véspera do programa eleitoral. Se conseguir se viabilizar, terá estabelecido um novo recorde em campanhas eleitorais paulistanas.

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