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PSDB fecha posição: prefere impeachment e não TSE para tirar Dilma
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Fernando Rodrigues

Tucanos detalharam planos em encontro com PMDB

Cassação via Justiça Eleitoral é vista como arriscada

Depois do PMDB, outras legendas serão procuradas

O senador Tasso Jereissati (PSDB-CE), que organizou jantar com o PMDB na 4ª feira (9.mar.2016)

A síntese do jantar oferecido pela cúpula do PSDB a caciques do PMDB ontem (9.mar.2016), em Brasília, foi a seguinte: os tucanos preferem viabilizar uma saída para a atual crise política por meio do impeachment de Dilma Rousseff. Ninguém mais defende a cassação via Justiça Eleitoral.

Os presentes ao encontro, no apartamento do senador Tasso Jereissati (PSDB-CE), não chegaram a um consenso sobre uma estratégia comum. Há apenas pontos de convergência, como apurou este Blog e os descreve a seguir.

SAÍDA TSE
Os convidados tucanos e peemedebistas rejeitam esperar a troca de governo pela via da Justiça Eleitoral –que pode cassar a chapa completa de 2014, Dilma e Michel Temer.

Há duas razões para essa rejeição:

1) eleição imprevisível: se o TSE cassar Dilma neste ano (o que é improvável), haveria convocação de eleições diretas em 90 dias. Na opinião dos caciques do PSDB e do PMDB o resultado poderia levar um aventureiro ao Planalto, sem compromissos com reformas, mas apenas com um discurso da “antipolítica”.

Também se falou na possibilidade (indesejada para todos no jantar) de vitória de Marina Silva (Rede), que encarna uma parte do voto antiestablishment;

2) eleição indireta: o calendário do TSE indica que o caso Dilma-Temer só será concluído em 2017. Nessa hipótese, haveria eleição indireta de um novo presidente, escolhido pelo Congresso. Essa forma de sucessão agrada a tucanos e a peemedebistas. O problema é que todos acreditam que o Brasil não suportaria até lá sem uma solução na sua governança.

IMPEACHMENT
Os tucanos e os peemedebistas (exceto Renan Calheiros, que ainda tem dúvidas) preferem que a crise política seja resolvida com este roteiro:

1) Coalizão nacional: ampla articulação multipartidária deve anteceder o impeachment. Integrantes de todas as legendas serão chamados para conversar;

2) Condições para Michel Temer: o vice-presidente, que assumiria na eventual saída de Dilma Rousseff, teria de se comprometer a fazer um governo de união nacional (tentando atrair, inclusive, setores do PT) e declarar que não é candidato à reeleição em 2018;

3) Impeachment: uma vez fechados os 2 itens acima, o impeachment de Dilma Rousseff será chancelado pelo Congresso.

PRÓXIMOS PASSOS
O PSDB vai agora procurar o PSB para uma reunião semelhante à que teve ontem (4ª) com o PMDB.

Havia 3 representantes do PMDB no jantar oferecido por Tasso Jereissati ontem (4ª) à noite: os senadores Renan Calheiros (AL), Romero Jucá (RR) e Eunício Oliveira (CE).

Pelo PSDB, além do próprio Tasso, estavam à mesa no jantar de ontem Aécio Neves, Aloysio Nunes Ferreira, Antonio Anastasia, Cássio Cunha Lima e Ricardo Ferraço.

RENAN CALHEIROS
O presidente do Senado tem sido retratado no noticiário com alguém que estaria já prestes a pular do barco governista. Não é exatamente isso o que está se passando.

Renan Calheiros, de fato, tem melhorado sua relação com vice-presidente da República, Michel Temer. Ambos compartilham da avaliação sobre o governo de Dilma Rousseff estar próximo do esgotamento.

Essa reaproximação, entretanto, não significa que já se estabeleceu um liame sólido entre os dois. Renan não acredita que Michel Temer, uma vez empossado no Planalto, possa dar a ele o conforto que espera no momento a respeito das investigações da Lava jato.

Por essa razão, o único no jantar de Tasso Jereissati ontem que ainda não aderiu ao projeto “impeachment-com-Michel-Temer-no-comando” era Renan Calheiros.

DÚVIDA
Consultados, nenhum dos participantes do encontro de ontem à noite aceitaria vocalizar um grande ponto de interrogação a respeito da capacidade de sustentação de um eventual governo Michel Temer.

Trata-se da dúvida sobre quantos integrantes das cúpulas de cada partido no momento estão –ou não– encrencados com acusações da Lava Jato. Para citar apenas 2 políticos do PMDB que estavam no jantar de ontem: Renan Calheiros e Romero Jucá. Ambos enfrentam acusações da Lava Jato –e negam as irregularidades.

No próprio PSDB são recorrentes as citações ao nome do presidente nacional da legenda, Aécio Neves –que também nega envolvimento com os casos de corrupção na Petrobras.

Por fim, o eventual substituto de Dilma Rousseff, o vice-presidente Michel Temer, é sempre lembrado por suas relações com o presidente da Câmara, Eduardo Cunha (PMDB-RJ). Ninguém sabe se Temer, uma vez abraçando o projeto presidencial, ficaria imune a acusações da Lava Jato.

De tudo o que sobrou do jantar oferecido por Tasso Jereissati, o mais relevante é que pela primeira vez, desde o início da atual crise, políticos sentaram-se à mesa para tentar encontrar alguma saída pactuada.

Não é certo que uma fórmula será encontrada. Mas é um sinal robusto de que o establishment está se movendo.

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Vitória de Macri na Argentina mostra força da alternância, diz FHC
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Fernando Rodrigues

Ex-presidente criticou “populismo” dos Kirchners

Em menção indireta, tucano ataca gestão fiscal petista

Já o PT lamenta derrota de Scioli nas redes sociais

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Fernando Henrique Cardoso em sua foto de perfil no Facebook

Tucanos comemoraram nas redes sociais a derrota do candidato de Cristina Kirchner nas eleições do último domingo (22.nov.2015). Para a oposição brasileira, a derrota de um governo aliado a Dilma Rousseff pavimenta o caminho para mudanças no Brasil em 2018.

No seu perfil no Facebook, o ex-presidente Fernando Henrique Cardoso disse que a vitória do oposicionista Mauricio Macri mostra “a força das ideias democráticas e a importância da alternância no poder” –numa menção indireta ao Brasil.

O tucano não poupou críticas à ex-presidente Cristina Kirchner. “O populismo dos Kirchners não foi empecilho para o povo argentino abraçar as mudanças que se impunham, mesmo após tanto tempo de o mesmo grupo estar no poder”, escreveu o ex-presidente.

Sem citar diretamente o Brasil e nem Dilma, FHC alfinetou a gestão fiscal do governo petista. “O manejo irresponsável do Orçamento e da dívida pública é simplesmente isso: irresponsabilidade. Assim como seu manejo correto é apenas senso de dever e não direitismo”.

Mais cedo, o presidente nacional do PSDB e senador por Minas Gerais, Aécio Neves, postou uma curta homenagem a Macri na mesma rede social. “Telefonei há pouco para o presidente eleito da Argentina, Mauricio Macri, para cumprimentá-lo pela bela vitória nas eleições de ontem e desejar-lhe sorte na empreitada”.

Militantes do PT usaram as redes sociais para lamentar a derrota de Daniel Scioli, o candidato kirchnerista. Alguns petistas chegaram a substituir as fotos de seus perfis no Facebook por uma imagem de um rosto mesclado à bandeira argentina, derramando lágrimas.

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Veja como FHC derrubou o pedido de impeachment em 1999
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Fernando Rodrigues

Imagens mostram PT e PSDB em papéis trocados

UOL recuperou os vídeos gravados 16 anos atrás

Tucanos falavam em “assegurar a democracia”

PT falava em “estelionato eleitoral” e pedia “fora FHC”

Dirigentes de partidos de oposição, sobretudo do PSDB e do DEM, defendem hoje levar adiante um pedido de impeachment contra a presidente Dilma Rousseff (PT).

Há 16 anos, deu-se uma cena muito parecida no plenário da Câmara. Mas os papéis eram invertidos em relação ao que se dá agora, em 2015.

No começo de 1999, era o PT quem trabalhava pela saída do então presidente Fernando Henrique Cardoso (PSDB). Meses antes, em outubro de 1998, Fernando Henrique havia sido reeleito derrotando Lula (PT) e Ciro Gomes (então filiado ao PPS). O tucano saiu-se vitorioso no 1º turno, com 53,06% dos votos.

Meses depois da posse de FHC para seu 2º mandato foram apresentados 4 pedidos de impeachment. O então presidente da Câmara, Michel Temer (PMDB), mandou todos para o arquivo. O primeiro pedido de impedimento havia sido formulado pelo então deputado Milton Temer (que era filiado ao PT), em 29.abr.1999. Quando o requerimento foi arquivado, a oposição recorreu ao plenário.

É exatamente essa a estratégia da oposição no momento: esperar que o atual presidente da Câmara, Eduardo Cunha (PMDB-RJ), arquive um pedido de impeachment com alguma consistência. Em seguida, haverá um recurso ao plenário –este post descreve em detalhes a estratégia.

O Blog foi até os arquivos da Câmara e recuperou as imagens produzidas na sessão em que os deputados votaram o recurso da oposição há 16 anos. Foi na noite de 18.mai.1999. Depois de 1 hora e 42 minutos de discussão, o governo sepultou o pedido por 342 votos a 100. Houve 3 deputados que se abstiveram. Saiba aqui como cada deputado votou naquela ocasião. A apuração é do repórter do UOL André Shalders.

No pedido de 1999 (eis a íntegra, à página 29.095 deste documento), o então deputado petista Milton Temer (RJ) acusava Fernando Henrique de ter cometido crimes de responsabilidade durante a execução do Programa de Estímulo à Reestruturação do Sistema Financeiro Nacional, o Proer. O programa foi iniciado em 1995, no primeiro mandato de FHC. Havia também a acusação –negada pelo tucano– de que o Planalto teria constrangido o Ministério Público e outros órgãos durante a investigação do que havia se passado.

Fernando Henrique também enfrentava baixas taxas de popularidade, decorrentes de dificuldades na economia e dos efeitos da desvalorização do real ocorrida no começo do 2º mandato. Em setembro de 1999, a aprovação do governo de FHC caiu a 13%.

Os argumentos usados pela oposição em 1999 eram semelhantes aos usados hoje pelo grupo que deseja a queda de Dilma Rousseff. “E não venham dizer que a oposição quer apenas fazer a denúncia. Nós estamos com propostas, estamos com alternativas. Mas a oposição tem o dever de dizer a outro poder (o Executivo) que não pode exercê-lo de maneira absoluta”, dizia José Genoíno, então deputado.

Aécio Neves (PSDB-MG), então líder da bancada tucana na Câmara (e hoje na oposição), pediu em 1999 ao grupo anti-FHC que trabalhasse para “assegurar a democracia”. Aécio acusou o PT de não aceitar o resultado das eleições. Exatamente como faz hoje o PT.

“Na verdade, o que presumo é que existe ainda uma frustração enorme na alma e no peito desses ilustres parlamentares [da oposição], que não concordam ou não aceitam a deliberação majoritária da sociedade brasileira”, disse Aécio na ocasião.

Essa frase de Aécio é muito parecida à usada neste ano de 2015 pelos dilmistas. “Parece que o senador Aécio perdeu em 2014 e agora não aceita mais derrota”, disse em fevereiro o líder do PT no Senado, Humberto Costa (PE).

Além das supostas irregularidades, a oposição acusava FHC de ter cometido “estelionato eleitoral” e de ter tentado impedir as investigações em curso no Ministério Público Federal (MPF) e na chamada “CPI dos Bancos”. Dias antes, FHC havia criticado a Polícia Federal e o MPF por terem realizado uma operação de busca e apreensão na casa do então presidente do Banco Central, Francisco Lopes.

“Não vamos discutir aqui o estelionato eleitoral de Fernando Henrique Cardoso, ao prometer um 2º mandato de crescimento e criação de empregos, ao tempo em que negociava com o Fundo Monetário Internacional a política de recessão em que nos encontramos”, disse Milton Temer.

Na propaganda partidária divulgada nesta 2ª feira (28.set.2015), é o próprio FHC quem acusa os petistas de “estlionato eleitoral”. Segundo ele, o PT prometeu “o céu” ao povo, e “não teve a competência para gerir a economia. E hoje oferece o inferno da crise e do desemprego”.

A seguir, os vídeos da votação (rodam em smartphones e tablets, com opção de assistir em HD):

1999: PT pedia impeachment de Fernando Henrique (principais trechos)

1999: José Dirceu pedia impeachment de Fernando Henrique

1999: PT acusa FHC de “estelionato eleitoral”

1999: Aécio dizia que PT não aceitava resultado da eleição

1999: Aécio falava em “assegurar a democracia”

1999: José Genoíno pede impeachment de FHC

1999: impeachment de FHC era derrotado na Câmara

1999: PT pedia impeachment de Fernando Henrique – íntegra (parte 1 de 3)

1999: PT pedia impeachment de Fernando Henrique – íntegra (parte 2 de 3)

1999: PT pedia impeachment de Fernando Henrique – íntegra (parte 3 de 3)

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Governo encolhe na “elite” do Congresso
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Fernando Rodrigues

52% dos congressistas mais influentes de 2015 são governistas

Em 2014, havia 69% de aliados do Planalto entre os “cabeças”

Lista “Cabeças do Congresso”, do Diap, tem os 100 mais influentes

Grupo de Eduardo Cunha conquista espaço na elite da Câmara

A representação de deputados e de senadores aliados ao governo encolheu dentro do grupo considerado de “elite” no Congresso Nacional. É o que mostra a edição de 2015 dos “Cabeças do Congresso”, levantamento anual produzido pelo Departamento Intersindical de Assessoria Parlamentar (Diap).

O Blog teve acesso aos dados que serão divulgados hoje (31.ago.2015).

Este ano, 52 dos 100 deputados e senadores mais influentes pertencem a partidos aliados ao governo. No ano passado, 69 dos 100 mais influentes eram de partidos aliados à administração de Dilma Rousseff (PT). A lista completa pode ser consultada no fim desta postagem. A apuração é do repórter do UOL André Shalders.

A tabela a seguir mostra a divisão dos “cabeças” por partidos políticos (clique na imagem para ampliar):

cabecas_DIAP_2015
A edição de 2015 também mostra um ligeiro recuo do PT entre os deputados e senadores mais influentes. Em 2014, o partido tinha 27 congressistas na lista dos “Cabeças”. Este ano, são 24. O PMDB saiu de 15 (2014) para 12 na lista dos mais influentes. O PSDB ampliou o espaço entre a “elite” do Congresso, passando de 11 para 14 nomes entre 2014 e 2015. O resultado coloca os tucanos como a 2ª força com mais nomes entre os “cabeças”. Um resumo da edição de 2015 está disponível aqui

O levantamento deste ano registra também o avanço do grupo de apoio ao presidente da Câmara, Eduardo Cunha (PMDB-RJ). Vários dos novos “Cabeças” de 2015 são ligados ao político fluminense. É o caso de Leonardo Picciani (PMDB-RJ), eleito líder da bancada peemedebista em fevereiro; de André Moura (PSC-SE), líder do partido; e de Júlio Lopes (PP-RJ), entre outros.

Vários outros aliados de Cunha foram incluídos no grupo dos congressistas “Em Ascensão”. Segundo o Diap, são deputados e senadores que vêm ganhando relevância no Congresso. É o caso de Hugo Motta (PMDB-PB), Beto Mansur (PRB-SP), Lúcio Vieira Lima (PMDB-BA) e Efraim Filho (DEM-PB), por exemplo.

Para o analista político Antônio Augusto de Queiroz, diretor do Diap, a edição de 2015 reflete a desarticulação da base governista. “Percebe-se um déficit de coordenação política da parte do governo. A dita base aliada não trabalha de forma coordenada, e vários dos deputados e senadores que são nominalmente aliados trabalham contra o governo no dia a dia”, destacou Toninho, como é conhecido o coordenador do levantamento.

Esta é a 22ª edição do levantamento dos “Cabeças” do Congresso. A primeira edição do estudo foi publicada em 1994. As edições anteriores do levantamento podem ser consultadas aqui.

Veja a lista dos 100 mais influentes do Congresso em 2015, segundo o DIAP:
*Os nomes em letras maiúsculas são os dos deputados e senadores que entraram este ano para a lista dos 100 mais influentes.

PT (24)
Deputados (14)
AFONSO FLORENCE (BA)
Alessandro Molon (RJ)
Arlindo Chinaglia (SP)
Carlos Zarattini (SP)
ERIKA KOKAY (DF)
Henrique Fontana (RS)
JORGE SOLLA (BA)
José Guimarães (CE)
Marco Maia (RS)
MARIA DO ROSÁRIO (RS)
Paulo Teixeira (SP)
SIBÁ MACHADO (AC)
VICENTE CÂNDIDO (SP)
Vicentinho (SP)

Senadores (10)
Delcídio do Amaral (MS)
FÁTIMA BEZERRA (RN)
Gleisi Hoffmann (PR)
Humberto Costa (PE)
Jorge Viana (AC)
José Pimentel (CE)
Lindbergh Farias (RJ)
Paulo Paim (RS)
PAULO ROCHA (PA)
Walter Pinheiro (BA)

PSDB (14)
Deputados (7)

Bruno Araújo (PE)
Carlos Sampaio (SP)
Domingos Sávio (MG)
Luiz Carlos Hauly (PR)
MARCUS PESTANA (MG)
NILSON LEITÃO (MT)
Paulo Abi-Ackel (MG)

Senadores (7)
Aécio Neves (MG)
Aloysio Nunes Ferreira (SP)
Álvaro Dias (PR)
ANTONIO ANASTASIA (MG)
Cássio Cunha Lima (PB)
JOSÉ SERRA (SP)
TASSO JEREISSATI (CE)

PMDB (12)
Deputados (4)
Darcísio Perondi (RS)
Eduardo Cunha (RJ)
LEONARDO PICCIANI (RJ)
MANOEL JUNIOR (PB)

Senadores (8)
Eunício Oliveira (CE)
Renan Calheiros (AL)
RICARDO FERRAÇO (ES)
Roberto Requião (PR)
Romero Jucá (RR)
ROSE DE FREITAS (ES)
Valdir Raupp (RO)
WALDEMIR MOKA (MS)

PSB (8)
Deputados (5)

FERNANDO COELHO FILHO (PE)
GLAUBER BRAGA (RJ)
JÚLIO DELGADO (MG)
Luiza Erundina (SP)
TADEU ALENCAR (PE)

Senadores (3)
Antônio Carlos Valadares (SE)
JOÃO CAPIBERIBE (AP)
LÍDICE DA MATA (BA)

DEM (7)
Deputados (5)

JOSÉ CARLOS ALELUIA (BA)
Mendonça Filho (PE)
Onyx Lorenzoni (RS)
Pauderney Avelino (AM)
Rodrigo Maia (RJ)

Senadores (2)
José Agripino Maia (RN)
Ronaldo Caiado (GO)

PCdoB (6)
Deputados (5)

Alice Portugal (BA)
Daniel Almeida (BA)
Jandira Feghali (RJ)
LUCIANA SANTOS (PE)
ORLANDO SILVA (SP)

Senadora (1)
Vanessa Grazziotin (AM)

PP (5)
Deputados (3)

Eduardo da Fonte (PE)
JÚLIO LOPES (RJ)
RICARDO BARROS (PR)

Senadores (2)
Ana Amélia (RS)
Ciro Nogueira (PI)

PTB (4)
Deputados (3)

ALEX CANZIANI (PR)
Arnaldo Faria de Sá (SP)
Jovair Arantes (GO)

Senador (1)
Fernando Collor (AL)

PDT (3)
Deputado (1)

André Figueiredo (CE)

Senadores (2)
ACIR GURGACZ (RO)
Cristovam Buarque (DF)

PR (3)
Deputados (2)

Lincoln Portela (MG)
MAURÍCIO QUINTELLA LESSA (AL)

Senador (1)
BLAIRO MAGGI (MT)

PSol (3)
Deputados (2)

Chico Alencar (RJ)
Ivan Valente (SP)

Senador (1)
Randolfe Rodrigues (AP)

SD (3)
Deputados (3)

ARTHUR MAIA (BA)
LAÉRCIO OLIVEIRA (SE)
Paulo Pereira da Silva (SP)

PPS (2)
Deputados (2)

Roberto Freire (SP)
Rubens Bueno (PR)

PSC (2)
Deputados (2)

ANDRE MOURA (SE)
Silvio Costa (PE)

PRB (1)
Deputado (1)

CELSO RUSSOMANO (SP)

Pros (1)
Deputado (1)

Miro Teixeira (RJ)

PSD (1)
Deputado (1)

ROGÉRIO ROSSO (DF)

PV (1)
Deputado (1)

Sarney Filho (MA)

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FHC apenas reagiu à aproximação entre Serra e PMDB, avalia governo
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Fernando Rodrigues

Rena-Serra-Foto-JonasPereira-Agencia-Senado-7abr2015

Renan e Serra: aliança forte dentro do Senado (foto: Jonas Pereira/Agência Senado – 7.abr.2015)

Saiba como o governo avalia a guinada do tucano

A presidente Dilma Rousseff e alguns ministros próximos ao Palácio do Planalto se dedicaram nas últimas 24 horas a interpretar a guinada ontem (17.ago.2015) no discurso de Fernando Henrique Cardoso.

O tucano havia mantido uma posição moderada a respeito da crise política. Sempre dava declarações no sentido de manter a ordem institucional. Sugeria ser contra a troca de governo antes das eleições de 2018. Nesta semana resolveu adotar um tom mais acerbo em relação à Dilma Rousseff.

“Se a própria presidente não for capaz do gesto de grandeza (renúncia ou a voz franca de que errou, e sabe apontar os caminhos da recuperação nacional), assistiremos à desarticulação crescente do governo e do Congresso, a golpes de Lava Jato”, escreveu FHC em sua página no Facebook.

Na avaliação do governo, FHC estaria reagindo à movimentação do senador José Serra (PSDB-SP), que se aproximou do PMDB nas últimas semanas. O tucano estaria adotando uma estratégia para evitar que seu partido, mais uma vez (repetindo a crise de 2005/06, do mensalão), perdesse a chance de recuperar o Palácio do Planalto.

O raciocínio governista é assim:

1) José Serra se inviabilizou no PSDB: o tucano já foi duas vezes candidato a presidente (2002 e 2010). Está com 73 anos. Em 2018, terá grandes dificuldades de viabilizar uma 3ª candidatura presidencial via PSDB. É comum ouvir no mundo peessedebista que Serra não tem chances de ser o nome do partido na próxima disputa pelo Planalto;

2) Serra aproxima-se do PMDB: enquanto a crise política evoluiu neste ano, o tucano se aproximou do PMDB, sobretudo do presidente do Senado, Renan Calheiros. Serra ajudou em parte na formulação da chamada “Agenda Brasil”, também conhecida como “pauta do Renan” –um conjunto de ideias que tenta mudar o foco da crise política dentro do Congresso.

O PMDB é um partido à deriva. Ajudou o Brasil a retornar à democracia, mas nunca teve um candidato a presidente competitivo. Ulysses Guimarães (em 1989) e Orestes Quércia (em 1994) tiveram desempenhos sofríveis, com perto de 4% dos votos. Nunca mais um peemedebista foi candidato a presidente. Serra poderia preencher esse vácuo.

3) Serra ensaia candidatura ao Planalto pelo PMDB: o tucano se dá bem com alguns caciques peemedebistas. Os chefes do PMDB estão à caça de uma saída para a crise que permita ao partido continuar a exercer o que está no DNA da legenda: entrar e ficar no poder.

É claro que todos aceitariam “con gusto” trocar Dilma Rousseff pelo atual vice-presidente, Michel Temer. Mas essa saída não é facilmente executável. Há risco de cair o governo inteiro. Novas eleições seriam convocadas. Nesse cenário, o mais provável seria a vitória do senador Aécio Neves (PSDB-MG), que teria de necessariamente fazer uma administração sem a “velharia” do PMDB. Aliás, Aécio trabalhou ostensivamente contra a permanência de Renan Calheiros na presidência do Senado.

O melhor para o PMDB de Renan e seu grupo seria ter uma opção competitiva de candidato a presidente em 2018. Esse nome é Serra –que teria de deixar o PSDB e filiar-se ao seu antigo partido (assim como a maioria dos tucanos, o senador iniciou sua carreira como peemedebista).

4) FHC quer barrar o avanço do projeto Serra-PMDB: o ex-presidente notou a consolidação da aliança entre peemedebistas e Serra. Fernando Henrique Cardoso sabe que essa possibilidade ainda é remota e incerta. Mas se o governo Dilma resistir como um zumbi até 2018, crescem as chances de nomes mais consolidados no eleitorado –e com o reforço de partidos de centro, com o PMDB.

Ao notar essa movimentação, FHC resolveu dinamitar a iniciativa Serra-PMDB –que seria a grande ameaça para o próprio PSDB voltar ao poder.

Mas se essa é a intenção de FHC, porque sugerir a renúncia de Dilma? A renúncia apenas colocaria o PMDB no Planalto, por meio da posse de Michel Temer. A resposta, no entender do governo, é simples: FHC sabe que Dilma não vai renunciar, mas sabe que falar sobre esse tema drena as energias da administração dilmista, colocando água no moinho do impeachment.

O MEDO DE REPETIR 2005/06
Na visão do governo Dilma, FHC deu uma guinada em seu discurso por tudo o que está exposto acima.

A estratégia inicial do ex-presidente, de esperar até 2018, poderia colocar os tucanos na mesma situação que já enfrentaram em 2005. O governo petista era então comandado por Luiz Inácio Lula da Silva e estava destruído politicamente por causa do mensalão.

Naquela época, o PSDB achou por bem deixar Lula na cadeira. Vigorou a teoria de “deixar sangra”, pois achavam que a vitória eleitoral viria naturalmente em 2006. Como se sabe, o PT se recuperou, venceu a disputa e Lula foi reeleito.

Agora, poucos tucanos acham que Dilma e o PT se recuperam até 2018 –sobretudo porque as perspectivas da economia são muito sombrias. Mas abre-se espaço para outras soluções surgirem.

Aécio Neves é o favorito para vencer uma eleição agora –o pleito seria convocado em 90 dias na eventualidade de a chapa completa (Dilma e Temer) sair do poder.

Daqui a 3 anos e meio, quem sabe como estará o Brasil e quem poderia ter chances eleitorais? Para o Planalto, FHC está agora engajado em derrubar o governo –a chapa completa, Dilma e Temer– para que o PSDB retorne imediatamente ao poder.

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Na TV, tucanos usam mau momento da economia para atacar governo
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Fernando Rodrigues

Inserções vão ao ar nesta semana, 3ª e 5ª feiras

Aécio aparece 1 minuto e meio nos comerciais

Serra e Alckmin só têm 8 segundos cada um

aécio cropped

Aécio diz que país voltou a ter problemas “de antes do Plano Real”

O PSDB usa o mau momento da economia para atacar o governo da presidente Dilma Rousseff nas inserções da legenda na TV aberta, que vão ao ar nesta 3ª e 5ª feiras (28 e 30.jul.2015).

O presidente nacional da legenda, senador Aécio Neves (MG), sugere que os governos petistas fizeram o Brasil recuar para um patamar anterior ao do Plano Real, lançado em 1994 –informa o repórter do UOL André Shalders.

É uma forma que o PSDB achou para se antecipar e responder previamente ao que o PT dirá em seus comerciais de TV de 6 de agosto. Luiz Inácio Lula da Silva explicou assim ao marqueteiro petista, João Santana, qual deve ser a “ideia-força” dos comerciais da sigla: “O país vive dificuldades. A situação não está boa. Nós precisamos dar respostas aos problemas. Mas com tudo o que está aí, ainda está bem melhor do que antes da gente”.

Nos comerciais do PSDB, Aécio diz: “O cenário adiante sinaliza, infelizmente, que estão comprometidos e em risco os principais avanços que os brasileiros conquistaram nas últimas duas décadas. O desafio nacional é controlar a inflação, retomar o crescimento, garantir os empregos, e evitar o agravamento da crise social na qual já estamos, infelizmente, mergulhados”.

Em outro momento, o tucano afirma que o país voltou a lidar com problemas “de antes do Plano Real”. Ou seja, é o PSDB dizendo que hoje o Brasil regrediu a uma situação pré-1994. À época de seu lançamento, o Plano Real foi comandado pelo então ministro da Fazenda, Fernando Henrique Cardoso –que foi eleito em 1995 para a Presidência da República.

Eis os vídeos:

AÉCIO DOMINA; SERRA E ALCKMIN SOMEM 
As seis inserções do PSDB foram produzidas com declarações de líderes tucanos na Convenção Nacional do partido, realizada no início do mês.

Com 30 segundos cada, os vídeos também expressam a disputa interna de poder entre o três principais líderes do partido: enquanto Aécio ocupa 89 segundos somando todas as suas aparições nas propagandas, o senador José Serra (PSDB-SP) e o governador de São Paulo, Geraldo  Alckmin, ficam com apenas 8 segundos cada um.

Atualmente, Aécio, Serra e Alckmin são cotados como os principais nomes da legenda para ocupar a vaga de candidato ao Planalto em 2018. Também aparecem nos vídeos o ex-presidente Fernando Henrique Cardoso; os líderes do PSDB na Câmara, Carlos Sampaio (SP), e no Senado, Cássio Cunha Lima (PB).

A líder do PSDB Mulher, Solange Jurema, também é contemplada com uma aparição.

Com as inserções comerciais desta semana os tucanos esperam ajudar a esquentar o clima preparatório para os protestos contra o governo, marcados para 16 de agosto.

“Estamos hoje, imaginem, tendo que lidar com os mesmos problemas que lidávamos antes do Plano Real”, diz Aécio em um dos trechos, aludindo ao aumento da inflação no último período. “Cresce o déficit, a inflação se mantém alta, o emprego cai. Entramos num círculo vicioso infernal, que é aquele que o governo nos meteu”, afirma em outro momento José Serra.

O partido evitou incluir trechos sobre um eventual impeachment de Dilma. Gravados em um tom próximo ao do preto-e-branco, as inserções fazem críticas à corrupção e à suposta “incompetência” da administração petista.

“O que temos hoje é um governo afogado em denúncias, paralisado pela incompetência e desacreditado pela falta de confiança”, declara Aécio em um trecho. “Esse Brasil que nos é apresentado diariamente não supera os limites estreitos de uma propaganda enganosa, movida pela fragilidade de resultados”.

“Não sabem (o PT) governar. Nós estamos assistindo a desmoralização do funcionamento do atual sistema político”, diz FHC.

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Por fim da reeleição, Aécio diz que mandato de 10 anos para senador é opção
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Fernando Rodrigues

Se houver aumento para 10 anos, tucano quer senadores sem direito à reeleição

Para senador, PT age com hipocrisia no debate da maioridade penal

Cunha e Renan devem considerar renúncia se STF aceitar denúncia na Lava Jato

O PSDB vai considerar apoiar uma proposta de aumentar de 8 para 10 anos os mandatos de senadores se essa for a condição necessária para aprovar o fim da reeleição, medida que já passou pela Câmara dos Deputados.

A informação é do presidente nacional do PSDB, o senador Aécio Neves (MG), em entrevista ao programa “Poder e Política”, do UOL. O tucano diz que essa não é a solução preferida por ele. Seria apenas a forma de viabilizar o fim da reeleição com mandatos de 5 anos para todos os ocupantes de cargos executivos.

Como os senadores hoje têm mandatos de 8 anos, haveria uma falta de sincronia nas eleições. Uma possibilidade seria dar apenas 5 anos de mandatos para senadores. Mas essa opção sofre forte rejeição no plenário do Senado.

“O que começa a surgir como uma alternativa, não é algo que eu goste, é mandato de 10 anos sem possibilidade da reeleição. O senador teria um mandato de 10 anos e não teria o direito sucessivo a reeleições, como tem hoje. Ameniza um pouco? Talvez”.

Acha possível debater essa proposta? “É possível debatê-la. O fim da reeleição e mandato de 5 anos oxigena o processo político brasileiro. E se o preço for esse, de 8 para 10 anos [o mandato de senadores], com a contrapartida de não permitir a reeleição, é algo que aceitamos discutir”, responde Aécio.

Aos 55 anos e tendo sido candidato ao Palácio do Planalto com 48,4% dos votos válidos no segundo turno de 2014, o tucano no momento modera o discurso a respeito sobre um eventual pedido de impeachment contra a presidente Dilma Rousseff.

“O impeachment é fruto da combustão de 2 componentes: um de ordem jurídica e o outro de ordem política”. O aspecto jurídico, no entender de Aécio, já existe porque Dilma teria cometido crime de responsabilidade ao não respeitar a Lei de Responsabilidade Fiscal –como apontou relatório do Tribunal de Contas da União sobre as chamadas “pedaladas” que o governo deu em suas finanças em 2014.

E haverá “combustão” quando se o TCU eventualmente rejeitar em definitivo as contas de Dilma? “É difícil prever. Hoje não haveria. Hoje não há uma maioria para isso. Mas o Congresso se move muito em relação da opinião pública”, opina Aécio. “O que para nós é essencial é o seguinte: houve crime de responsabilidade”.

O tucano diz enxergar um risco nos 30 dias que o TCU concedeu para o Palácio do Planalto se explicar. “Vai abrir mais um espaço para pressões de toda forma. Devemos estar atentos a quais tipos de pressão o governo federal ainda fará nesses 30 dias”.

Na entrevista, o senador discorda da percepção geral sobre o PSDB estar se consolidando com uma sigla à direita no espectro político. Afirma ser contrário à redução da maioridade penal e que o PT se omite desse debate com hipocrisia.

Nesta quinta-feira (18.jun.2015), Aécio deve embarcar com um grupo de senadores para uma viagem à Venezuela. Vai se solidarizar com os parentes e correligionários de presos políticos naquele país. E critica o Planalto:

“O que me chama mais a atenção é que o Brasil é governado por uma ex-presa política, que não se comove, não se solidariza com a situação pela qual passam hoje presos políticos num país aqui tão próximo ao nosso. Essa omissão do governo brasileiro na questão da Venezuela é vergonhosa. Avilta a nossa dignidade enquanto cidadãos, enquanto democratas”.

A seguir, trechos da entrevista gravada nesta quarta-feira (17.jun.2015), no estúdio do UOL, em Brasília:

O PSDB ensaiou algumas posições nas últimas semanas sobre redução da maioridade penal. Qual é a decisão final do PSDB?
Esse tema foi colocado na pauta pelo presidente da Câmara dos Deputados. O PSDB defende as mesmas propostas que defendia na campanha eleitoral [de 2014]. Redução da maioridade em crimes hediondos, ouvido o Ministério Público, o promotor da criança e do adolescente e autorizado pelo juiz.
O promotor, se identifica naquele jovem consciência para o cometimento do crime, eventualmente uma reincidência e uma possiblidade de isso vir a acontecer à frente, apresenta ao juiz a proposta de exclusão da maioridade naquele caso. O juiz abre um procedimento interno e pode, nesses casos específicos de crimes hediondos, estupro seguido de morte, latrocínio, esse jovem seria julgado com base no código penal e cumpriria a eventual pena em estabelecimentos distintos do sistema prisional oficial. Pode ser até mesmo dentro do mesmo sistema, mas em alas separadas.

Essas salas não existem. Se a proposta de emenda constitucional for aprovada, vai demorar para serem construídas.
Mas o poder público terá a obrigação de viabilizar o cumprimento da lei. Temos um fundo penitenciário, aprovado pelo Congresso Nacional. Que não foi executado sequer em 10% ao longo destes últimos 4 anos.
O Fundo Penitenciário poderia incluir a construção dessas alas.

Havia uma aproximação entre PSDB e PT para contornar a simples redução da maioridade penal. Nos últimos dias parece que o PSDB se aliou à posição do presidente da Câmara dos Deputados, Eduardo Cunha, do PMDB do Rio de Janeiro, e endureceu um pouco mais a proposta. É isso ou não?
Não. É exatamente o contrário. Existiam duas posições. Uma capitaneada pelo presidente da Câmara, e com amplo apoio em vários partidos, que era pura e simplesmente a redução da maioridade para 16 anos.
E de outro lado a posição do PT, no outro extremo, que achava que não se tinha que tocar nesse assunto.
Nós resgatamos a proposta do senador Aloysio [Nunes Ferreira (PSDB-SP)], que permite [a redução da maioridade] nos casos extremos de crimes hediondos –e estamos falando de algo que representa 2% a 3% do conjunto dos crimes cometidos pelos adolescentes em 16 e 18 anos.
[Surgiram] mais duas propostas. Uma lançada inicialmente pelo governador Geraldo Alckmin que estende o tempo de permanência dos jovens nessas instituições dos atuais 3 anos para 8 anos, cumprindo a pena também em estabelecimentos diferenciados.
E outra, de minha autoria, que chega a triplicar a pena para os maiores de idade que utilizam menores de idade para cometimento de crime. Porque isso virou uma indústria. Uma quadrilha bota um jovem no meio, vai assaltar um banco. Ali há uma morte do guarda, por exemplo. O jovem, o menor de idade, assume o crime mais grave. E depois de 3 anos esse jovem está com a ficha limpa, fora do estabelecimento.
Tentamos votar esse projeto hoje [quarta-feira, 17.jun.2015] na Comissão de Constituição e Justiça. Não conseguimos. Vou levar para ser votado diretamente no plenário do Senado.

Para quem olha de fora pode ficar a impressão de que o PT é contra a redução da maioridade penal, porque acha isso um absurdo. E que o PSDB tem uma posição mais conservadora. Acontece isso?
O PT não é parâmetro para nós em absolutamente nada. Não é em comportamento ético, em capacidade de gestão e muitos menos nos comportamentos oportunistas.
Essa proposta que hoje [17.jun.2015] o PT defende por meio do seu ministro da Justiça [José Eduardo Cardozo], que apoia a extensão do prazo de internação dos jovens, uma mudança no Estatuto da Criança e da Adolescência, o PT impediu durante todos os últimos anos que fosse votada. A proposta estava pronta para ser votada, o PT se opôs violentamente a ela.

É hipocrisia do PT?
É claro que sim. Retirou o quórum de todas as reuniões. Com essa proposta, podíamos não ter chegado ao debate como ele está hoje.
O PT agora percebe que há uma pressão de opinião pública para que alguma atitude seja feita e se alia a uma das nossas propostas.
Nós do PSDB não concordamos com a redução pura e simples da maioridade penal. O PSDB cumpre um papel de equilíbrio e busca de convergência.

A presidente Dilma mandou dizer que isso era assunto do Congresso. O sr. faz qual juízo dessa atitude do Palácio do Planalto?
Mais uma vez uma atitude oportunista. Durante a campanha eleitoral, tive a clareza de dizer que apoiávamos essa proposta. E ela disse nem sim, nem não. Não chegou a dizer que era contra a redução da maioridade durante a campanha. Porque sabia que na opinião pública havia uma maioria.
O PT é um partido que se move pelas correntes. Se move em razão das pressões.

O sr. falou na campanha sobre redução da maioridade penal. O fim do fator previdenciário teve apoio do PSDB. O pedido de impeachment da presidente Dilma dividiu setores do PSDB. O PSDB ficou mais conservador em relação ao que foi na sua origem?
Não acho. Esse talvez seja o discurso dos nossos adversários.
O PSDB tem manifestado as suas opiniões em relação a temas que são controversos. O PSDB é um partido que não tem um dono, cuja voz é absoluta e de alguma forma conduz todas as outras.
A questão do impeachment era uma demanda de setores da sociedade. Nós debatemos internamente e não consideramos que ainda havia os elementos jurídicos para impetrar essa ação.
A decisão do partido foi a mais responsável. Entramos com uma representação criminal contra a presidente na Procuradoria Geral da República, porque ela cometeu crime de responsabilidade.
Isso que hoje [17.jun.2015] o Tribunal de Contas da União atesta no relatório do ministro Augusto Nardes. A presidente burlou a legislação. Fez com que os bancos públicos financiassem o Tesouro, o que é vedado pela Lei de Responsabilidade Fiscal.
Esse é um caminho que deveria levar a Procuradoria Geral da República a abrir uma investigação em relação à presidente da República.
Quanto ao fator previdenciário. O Congresso Nacional acabou com o fator em 2010. O presidente Lula vetou. O curioso é que esse mesmo presidente Lula que vetou o fator previdenciário, agora apela para a presidente da República para que não faça isso.
Na campanha eu propunha uma alternativa. E o 85/95 é uma alternativa. Se a gente estivesse no governo, estaríamos discutindo com as centrais sindicais, esse era o nosso compromisso, uma alternativa que ao longo do tempo minimizasse o peso do fator sobre os aposentados, mas que de alguma forma garantisse também a sobrevivência da Previdência.

O Tribunal de Contas da União deu à presidente Dilma prazo de 30 dias para que ela se explique pessoalmente a respeito do que vem sendo chamado de “pedaladas fiscais”. Se as explicações da presidente não forem acatadas e o TCU vier realmente a rejeitar as contas da presidente, e enviar para o Congresso essas contas com sugestão de rejeição, haverá elemento objetivo para requerer o impeachment?
É algo absolutamente grave. Pela primeira vez na história uma presidente da República está sendo diretamente instada a dar explicações ao Tribunal de Contas. Por quê? Porque foi cometido um crime.
É preciso que as pessoas compreendam qual é esse crime. O que ocorreu no ano de 2014? O governo superestimava suas receitas de forma absolutamente irresponsável, sabendo que elas não ocorreriam, e desconsiderava as despesas que estava tendo. Por exemplo, esqueceu que havia uma previsão de déficit de R$ 4 bilhões no FAT [Fundo de Amparo ao Trabalhador], aumento de despesas de R$ 7 bilhões no seguro-desemprego. Desconsiderou isso e manteve os programas em andamento.
O que fez o governo? Já que não tinha dinheiro, fez com que a Caixa Econômica Federal pagasse o Bolsa Família, e ela era meramente instituição repassadora do Bolsa Família. Fez com que o Banco do Brasil pagasse o Crédito Rural, e ele é meramente repassador do Crédito Rural. Essas instituições, na verdade, cobravam juros do governo. É o que veda a Lei de Responsabilidade Fiscal. Você se lembra, vários bancos estaduais foram extintos porque foram quebrados, porque financiavam o Tesouro.
Ao mesmo tempo, o governo ampliava outros programas com objetivo meramente eleitoral. O Fies [Fundo de Financiamento Estudantil], por exemplo, aumentou de R$ 6,5 bilhões para R$ 12 ou R$ 13 bilhões no ano eleitoral. Agora vai cair pela metade. O Pronatec de R$ 5 para R$ 7 bilhões. O seguro defeso de R$ 500 milhões para R$ 2,5 bilhões. O que é que fez o governo? Gastou o que não tinha.
É como se uma dona de casa tivesse no final do mês na conta apenas R$ 100 e tivesse gasto R$ 100 na conta da padaria e R$ 100 no verdureiro. E deu 2 cheques de R$ 100. Um vai bater na porta dela no dia seguinte para cobrar, porque um está sem fundos. Gastou o que não tinha. Isso é crime. E a lei tem que valer para todos.
O Tribunal de Contas da União tem uma oportunidade histórica de dizer isso. A legislação foi feita para todos, e quem não cumpre a legislação tem que responder por isso.

Se o TCU acatar o relatório do ministro Augusto Nardes e enviar ao Congresso o pedido de rejeição das contas há elemento concreto para requerer o impeachment da presidente?
A primeira consequência será outra. A Procuradoria Geral da República já tem em mãos uma ação do PSDB nessa direção. Se houver essa decisão do Tribunal de Contas, não há como a PGR deixar de abrir um processo de investigação em relação à presidente da República.
O impeachment é fruto da combustão de 2 componentes: um de ordem jurídica, que estaria ali colocado de forma clara e definitiva, e o outro de ordem política.

O sr. acha que haverá essa combustão?
É difícil prever. Hoje não haveria. Hoje não há uma maioria para isso. Mas o Congresso se move muito em relação da opinião pública
O que para nós é essencial é o seguinte: houve crime de responsabilidade.

Daqui a um mês, após a presidente ter dado explicações e o TCU votado, surgirá esse componente político contra a permanência da presidente na cadeira?
Tenho muita confiança na integridade dos ministros do Tribunal de Contas. Mas esse tempo dado à presidente da República vai abrir mais um espaço para pressões. Pressões de toda forma de um governo que nos mostrou que não sabe distinguir o que é privado do que é público, o que é partidário, do que é público. Devemos estar atentos a quais tipos de pressão o governo federal ainda fará nesses 30 dias.

A Câmara dos Deputados votou uma série de medidas da reforma política. Em breve, todas estarão no Senado. Quais serão aprovadas pelos senadores?
A verdade é que a montanha pariu um rato. Perdemos mais uma grande oportunidade. Fazer uma reforma política com 28 partidos em funcionamento na Câmara é uma missão quase impossível.

É impossível. Estamos vendo.
Mesmo assim tinha uma expectativa nos médios partidos, com representatividade na sociedade.
Temos dezenas de partidos meramente cartoriais. E a aliança deles impediu que algumas questões que resultariam em avanço fossem votadas.
Uma questão já melhoraria muito o funcionamento do processo político partidário: o fim das coligações proporcionais. Aquela carona que os partidos sem quadros pegam nos grandes partidos. Em troca de quê? Do seu tempo de televisão.
Houve uma aliança na Câmara em torno de algo absolutamente esdrúxulo, o tal do distritão. Que seria, na minha avaliação, a falência absoluta dos partidos políticos. Cada parlamentar seria uma entidade própria. Com sua fração de tempo de televisão e de fundo partidário.
A aliança que alguns setores buscaram em torno do distritão inviabilizou uma aliança que poderia ter sido feita em benefício da cláusula de barreira ou do fim das coligações proporcionais.

Seu partido participou de tudo isso na Câmara.
Verdade. As propostas do PSDB quais eram? Mandato de 5 anos, sem reeleição. As mesmas que eu defendi durante a campanha eleitoral. Voto distrital misto –uma parcela eleita por distrito e outra pela lista partidária, baseado no modelo alemão. Fim de coligação proporcional. Cláusula de barreira. E financiamento misto de campanha.
Todas foram derrotadas, com exceção dos 5 anos e reeleição.

Fim da reeleição passa no Senado?
Acho que sim, talvez essa seja a mais madura delas.

O fim da reeleição está ligado a outro tema, que são os 5 anos de mandato para deputados e cargos no Executivo. Só que 5 anos de mandato pressupõe que os senadores teriam 10 anos de mandato.
Eu defendo 5 anos para o Senado.

Hoje são 4 anos para deputados e 8 para senador. Pelo que ouço de seus colegas do Senado é impossível aprovar mandato de 5 anos para eles.
Há divergências. A proposta do PSDB é 5 anos para todo mundo e vamos defendê-la.

A bancada do PSDB defende isso em peso no Senado?
Não só defende como votará essa proposta.
O que começa a surgir como uma alternativa, se eventualmente houver essa coincidência… Não é algo que eu goste, mas é algo que começa a ser discutido. Mandato de 10 anos sem possibilidade da reeleição. O senador teria um mandato de 10 anos e não teria o direito sucessivo a reeleições, como tem hoje.
Ameniza um pouco? Talvez. Mas ainda não é a nossa proposta, que será a de 5 anos.

O sr. acha possível debater essa proposta?
É possível debatê-la. O fim da reeleição e mandato de 5 anos oxigena o processo político brasileiro. E se o preço for esse, de 8 para 10 anos, com a contrapartida de não permitir a reeleição, é algo que aceitamos discutir.

Seria necessário colocar um limite para a reeleição de deputados federais e estaduais, como em vários países já existe?
Não sei se isso é saudável para o processo legislativo. Você ter um Parlamento só de novatos, onde todos vão sentar ali pela primeira vez, para aprender o processo legislativo, a dinâmica de como ele funciona, não sei se é bom para qualquer país.

Nos Estados Unidos os mandatos de deputado são de 2 anos e metade dos Estados tem um número máximo de reeleições.
Cada Estado tem sua legislação. Mas é uma outra cultura, lá tem 2 partidos políticos, e isso de alguma forma orienta as posições no Congresso americano.
Nós quase não temos partidos políticos no Brasil. Temos um emaranhado, um conjunto de siglas partidárias. E aí, foram 2 intervenções… Falar mal do Supremo é difícil, mas eu vou dizer. As 2 vezes em que o Supremo Tribunal Federal interveio no processo político brasileiro trouxeram atrasos.

A cláusula de barreira?
A primeira foi a cláusula de barreira, que nós aprovamos em 1995. Eu era líder do PSDB na Câmara, um esforço enorme, com uma carência para entrar 2 eleições depois. Estabelecia que, para ter funcionamento parlamentar, o partido precisava ter pelo menos 5% dos votos para a Câmara, dividido em pelo menos 9 Estados, com pelo menos 3% em cada um dos 9 Estados.
O Supremo achou que isso deveria ter sido feito por emenda constitucional, não por lei complementar, e derrubou a cláusula. De lá para cá, [floresceu a] indústria de partidos.
A segunda intervenção foi quando, de forma paradoxal, o Supremo define que o mandato pertence aos partidos políticos, mas ao mesmo tempo diz, “com exceção de fusão ou criação de novos partidos”.
Qual foi a consequência? Uma senha. Vá ao Tribunal Superior Eleitoral, reúna 500 mil assinaturas, contrate uns cabos eleitorais para isso, junte 10, 15 parlamentares, faz um partido político. O que acontece? O tempo de televisão eles vendem na época da eleição e o fundo partidário eles dividem.
Discutimos com o senador Renan [Calheiros] (PMDB-AL), o senador Aloísio [Nunes Ferreira (PSDB-SP)] e alguns outros parlamentares sobre a possibilidade de resgatarmos a cláusula de barreira sem a necessidade de emenda à Constituição. Há uma visão de alguns juristas de que isso seria possível.
Não uma cláusula de barreira de 5%, essa seria impossível de ser aprovada hoje, mas que seja uma cláusula, por exemplo, de 2%, o que já reduziria em pelo menos 40% o número de partidos políticos hoje no Brasil.

O problema é a Câmara. O Senado votou o fim das coligações, a Câmara derrubou.
Mas é o nosso papel, temos que fazer e tentar convencer.

Li que o sr. é a favor da aprovação da proposta de emenda constitucional que determina a obrigatoriedade do diploma para o exercício da profissão de jornalista. É isso mesmo?
É isso mesmo. Não é nem uma garantia de mercado, mas uma garantia da qualidade e da responsabilidade daquele que pratica o jornalismo.
Há excepcionalidades. Você não pode impedir que alguém se apresente como comentarista de determinado assuntos específico, no qual tenha formação.
Mas o exercício da profissão de jornalista, com as responsabilidades que tem, com as prerrogativas que tem, deve ser exercida por quem se formou para isso.

Poucos países no mundo têm essa exigência. No mundo ocidental, quase nenhum. Não é uma exigência excessiva?
Isso foi muito discutido no Congresso e nós achamos que era o mais adequado. Não acredito que isso traga nenhum problema mais grave ao país. Pelo contrário, qualifica a profissão e traz também maiores responsabilidades àqueles que fazem jornalismo.

Que avaliação o sr. faz até agora das medidas que presidente Dilma Rousseff apresentou para fazer o ajuste fiscal?
São extremamente rudimentares. Só se sustentam em 2 pilares. Aumento de carga tributária e supressão de direitos trabalhistas.
Tenho dúvidas se o superávit de 1,2% será alcançado. Esse governo sofre de uma crise de confiança. E o que move investimentos, o que move mercados, que poderia estar aquecendo a economia, é exatamente a confiança, a credibilidade, e isso o atual governo perdeu.

O sr. está sendo até mais modesto nas críticas que setores do PT, que criticam muito o ajuste fiscal.
O PT quer fazer uma mágica agora.

Qual é a mágica?
Isso é perceptível, inclusive pela palavra da sua liderança maior, o presidente Lula. Ele quer caminhar para as eleições do ano que vem dizendo que o PT é uma coisa e o governo é outra coisa. Quase criar um núcleo de oposição ao governo, para justificar-se, para sinalizar para setores que tradicionalmente o apoiavam.
Nós temos a obrigação, enquanto oposição, de dizer que o que acontecendo no Brasil é responsabilidade única e exclusiva do PT que, no governo, preferiu priorizar um projeto de poder e não o interesse do país.
Eles chegarão, no ano que vem, as primeiras eleições após esse grande estelionato eleitoral, com uma gravíssima crise de identidade.

Na eleição do ano que vem o PT vai eleger menos prefeitos do que tem hoje?
Já começa a haver um movimento sintomático. Aliados tradicionais do PT começam a buscar se desgarrar desse projeto. As últimas declarações, inclusive de lideranças importantes do PMDB, corroboram uma movimentação perceptível. Muito pouca gente vai querer estar próximo de candidaturas do PT.
E, na minha avaliação e dos economistas com os quais eu converso, o momento mais agudo da crise ainda não chegou. Ele será no ano que vem. O PT terá uma dificuldade enorme de olhar para os cidadãos e dizer que merece mais um voto de confiança.

O sr. acha que o PT sai da eleição do ano que vem com menos prefeitos do que tem hoje?
Sairá, apesar de a máquina ser utilizada de forma absolutamente irresponsável e ilimitada, como já aconteceu na campanha presidencial. O PT sairá fragilizado das eleições municipais.
Esse ciclo de governo do PT acabou. Estamos vivendo os seus estertores. A presidente Dilma pode chegar ao final do mandato? Pode até chegar, isso não depende de nós. Pode ser que não chegue. Mas o PT não terá discurso, não terá sequer coragem de pedir à população brasileira mais um mandato.

Há uma ala do PT que fala muito na criação do imposto sobre herança ou grandes fortunas. O sr. gosta dessa ideia ou é contra?
Não tenho dados para dizer quanto isso arrecadaria. Não tenho a priori, nada contra. Acho que é uma discussão que deveria vir. Vamos avaliar. Isso funcionou em outros países. Não sou fechado a essa discussão.

Outra proposta que apareceu numa reunião de vários senadores com o ministro Joaquim Levy [Fazenda] semana passada foi a de repatriar recursos de brasileiros que hoje estão ilegalmente depositados no exterior. Essas pessoas trariam o dinheiro para o Brasil e teriam o crime perdoado. Qual é sua opinião sobre isso?
Isso aconteceu em alguns países do mundo, até com razoável êxito. É preciso encontrar uma forma de diferenciar uma eventual sonegação fiscal de narcotráfico ou corrupção.

É muito difícil encontrar esse caminho.
Também acho. Por isso essa proposta não avançou. Se encontrar um caminho que se possa comprovar que foi um crime meramente fiscal é algo que tem de ser discutido. Mas se isso misturar alhos com bugalhos, acho algo muito perigoso.

O PSDB tem posição sobre isso?
Não discutimos essa questão. Isso surgiu muito recentemente.

Os presidentes da Câmara, Eduardo Cunha, e do Senado, Renan Calheiros, enfrentam inquéritos no âmbito da Operação Lava Jato. Devem renunciar ou se licenciar dos cargos?
Investigação não é uma condenação prévia. Eu não votei em Renan Calheiros em nenhuma das vezes em que ele foi candidato a presidente do Senado. O PSDB não votou em Eduardo Cunha para a presidência da Câmara. Estou muito à vontade para dizer que eles têm o direito de se defenderem.

Ocupando cargos de comando no Congresso?
Foram eleitos para isso. Não com o meu voto. É uma questão de foro íntimo. Não há um instrumento legal que os obrigue a sair [das presidências da Câmara e do Senado]. Obviamente, se forem denunciados, que é a etapa seguinte, acho que aí a questão se torna mais grave. Alguém denunciado presidindo Poderes é algo mais grave do que investigado. Aí é possível que haja uma pressão de opinião pública.

Nessa hipótese, qual seria sua posição?
Acho que fica mais grave. Não vou dizer agora: ‘Vou ser o primeiro a pedir a cabeça’. Acho que o fato de serem denunciados pode tornar insustentável do ponto de vista político a permanência deles. Não é por uma ação minha, pessoal.

Uma vez denunciados, se vierem a ser, deveriam considerar a saída da presidência?
A denúncia é a aceitação por parte do Supremo Tribunal Federal de que os indícios são extremamente fortes. Aí, para preservar as instituições, provavelmente seja até o caminho que eles venham a escolher espontaneamente. Porque a coisa muda: da simples investigação –com indícios que podem não se comprovar– para um patamar superior. Obviamente não se deve contaminar as instituições a partir dessa etapa.

O sr. vai com um grupo de senadores para a Venezuela nesta quinta-feira [18.jun.2015]. Qual é o objetivo dessa viagem e o que o sr. espera disso?
Tem mais de 70 presos políticos lá [na Venezuela]. Tem colegas seus, jornalistas, que são inclusive impedidos de sair do país.
Quando se fala de democracia e de liberdades, não se tem que respeitar fronteiras. O que me chama mais a atenção é que o Brasil é governado hoje por uma ex-presa política, que não se comove, não se solidariza com a situação pela qual passam hoje presos políticos num país aqui tão próximo ao nosso. Essa omissão do governo brasileiro na questão da Venezuela é vergonhosa. Avilta a nossa dignidade enquanto cidadãos, enquanto democratas. Nós vamos lá prestar nossa solidariedade e obviamente clamar pela  liberdade dos presos políticos.
A política externa brasileira é vergonhosa. Privilegia um alinhamento ideológico que nenhum benefício traz ao país. Nós estamos isolados. Eu e senadores do PSDB recebemos uma visita do talvez maior empresário brasileiro hoje. É um dos sócios da InBev. Esteve no nosso gabinete falando um pouco sobre o mundo, sobre China. Beto. Sicupira [Carlos Alberto da Veiga Sicupira]. Um dos senadores perguntou: ‘E o Brasil hoje? Você que está vivendo mais lá do que cá, não é?’. Ele falou uma frase diferente de todas as outras que costumamos ouvir: ‘Simplesmente o Brasil não existe. É ignorado’.
Ninguém olha. Ninguém mais está preocupado com o que está acontecendo no Brasil. Passou. Esse foi o grande crime que esse alinhamento ideológico da política externa cometeu com o Brasil.

O PSDB não é conhecido por sua união interna. Como deve ser o processo interno de escolha interno do PSDB, do seu candidato em 2018 a presidente?
A vantagem do PSDB, e isso é que talvez derive para essa ideia de uma certa divisão, é que temos muitos quadros qualificados. O PSDB tem quadros extraordinários. Que partido que pode apresentar quadros para disputar a eleição como Geraldo Alckmin [governador de São Paulo], como [José] Serra [senador do PSDB paulista], e tantos outros. Eu coloco aí o governador de Goiás [Marconi Perillo]. Não descarto nem o [ex-]presidente Fernando Henrique. E outros que podem surgir. Essa é a virtude do PSDB. E no momento certo, de forma democrática, nós vamos discutir.

No passado o sr. falou em prévias. O sr. ainda gosta dessa ideia?
Gosto, Constam do estatuto do partido. Mas a prévia parte de um pressuposto: que tenha mais de um candidato.

Claro.
Em havendo apenas um candidato não há necessidade de prévias. Em havendo mais de um candidato, esse é um instrumento absolutamente adequado e que o PSDB não deve temer em utilizar.

Seu nome, evidentemente, vai ser um deles numa eleição prévia?
Não ‘evidentemente’. Cumpri com muita honra e no limite das minhas forças o meu papel. Acho que eu apresentei ao Brasil uma proposta de governo eficiente, ousado, uma política externa diferente dessa que está aí, muito mais pragmática, e acho que permitiríamos ao Brasil entrar num círculo virtuoso de crescimento e de desenvolvimento social. Cumpri o meu papel. Não sou candidato a qualquer coisa. Até porque, ser candidato a presidente da República não é uma carreira.
O candidato do PSDB, na minha avaliação deverá ser aquele que, no momento da definição, apresentar as melhores condições de encerrar definitivamente esse ciclo que aí está. Não terei a menor dificuldade de estar apoiando o outro candidato do partido que se mostre em melhores condições para vencer as eleições.

Há um estereótipo a seu respeito dentro do Congresso. Seus críticos dizem que o sr. ‘não é tão presente no plenário como poderia ser’. Ou que ‘em vez de ter continuado no pós-eleição muito duro na política, saiu um período de férias; voltou em cima da hora da eleição dos presidentes da Câmara e do Senado’. Por fim, que o sr. ‘não demonstra o desejo real de ser o principal líder da oposição’. Essas são as críticas. O que o sr. acha delas?
Acho que são muito brandas.
Uma parte de equívoco: que tirei férias e voltei em cima de eleição [para presidente da Câmara e do Senado]. Isso não aconteceu. Articulei uma candidatura para enfrentar Renan Calheiros no Senado. Vim a Brasília vários dias antes das eleições para fazer com que o PSDB não votasse na candidatura de Eduardo Cunha –a quem até respeito, mas não achava que deveríamos colocar a nossa digital naquela candidatura.
Eu cumpro o meu papel, sabendo das minhas limitações, com extrema determinação. As críticas hoje são até mais suaves. Mas são contraditórias. De um lado, sou acusado de ter uma posição mais dura contra a presidente da República enquanto outros colegas do PSDB têm uma posição de maior equilíbrio e seriam menos contundentes. Por outro lado, alguns movimentos consideram que eu tenho uma posição mais equilibrada e deveria ser mais contundente.
Acho que estou no caminho certo. Aprendi muito cedo em Minas Gerais que a virtude não está nos extremos. Geralmente está no meio. E é por aí que eu trafego.

Acesse a transcrição completa da entrevista.

A seguir, os vídeos da entrevista (rodam em smartphones e tablets, com opção de assistir em HD):

1) Principais trechos da entrevista com Aécio Neves (6:07)

2) Aécio: Por fim da reeleição, mandato de 10 anos para senador é opção (1:45)

3) STF interveio 2 vezes na política e trouxe atraso em ambas, diz Aécio (1:16)

4) “Conta de Dilma rejeitada reforça tese do crime de responsabilidade” (2:09)

5) Aécio: Prazo de 30 dias do TCU abre espaço para pressão do governo (1:03)

6) PT e governo agem com hipocrisia sobre maioridade penal, diz Aécio (1:32)

7) Diploma obrigatório torna jornalista mais responsável, diz Aécio (1:32)

8) “Renúncia de Cunha e Renan é tendência se vier denúncia na Lava Jato” (3:32)

9) “É vergonhoso Dilma se omitir sobre presos políticos na Venezuela” (2:30)

10) Aécio: Se tiver mais de 1 candidato, PSDB deve fazer prévias em 2018 (1:43)

11) Quem é Aécio Neves (1:38)

12) Íntegra da entrevista com Aécio Neves (68 min.)

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Há um complô do PT para desviar foco da Lava Jato, diz tucano Beto Richa
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Fernando Rodrigues

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“Nunca pensei em renunciar, isso não passa pela minha cabeça”.

Aos 49 anos, o engenheiro Beto Richa rebate as acusações atacando os adversários:

“Estou enfrentando com coragem toda essa armação política, a divulgação dessas acusações, delações premiadas que nem podiam ser divulgadas. Existe um complô político para desviar o foco dos escândalos de corrupção que envergonham o Brasil. É mensalão, é petrolão. Se for mexer no BNDES possivelmente será pior. Pela minha honra e minha família, eu não aceito essas acusações. Querem me arrastar para o mar de lama onde eles estão atolados”.

O sr. acusa especificamente o PT? “Acuso, sim. Não tenho dúvida alguma. Dando uma grande divulgação, os ataques nas redes sociais são imensos. Identificamos origens de outros Estados do Brasil, muitos do Nordeste me atacando nas redes sociais”.

O inferno astral de Beto Richa se tornou dramático em abril, quando professores entraram em confronto com a Polícia Militar, em Curitiba. O governador diz ser contra violência, mas afirma que os dirigentes da manifestação “queriam um cadáver naquele dia”.

O problema é que os professores das escolas públicas mantidas pelo Estado do Paraná continuam em greve desde abril. Querem um reajuste salarial de 8,17%. O governo oferece apenas 5%. Dificilmente Beto Richa cederá. “Se a gente não colocar um limite nisso aí, daqui a pouco toda a arrecadação das administrações, 100% vai para pagar folha [de salários]”.

Mas o reajuste de 5% repõe menos do que foi a inflação de 2014. Para Beto Richa, essa conta deve ser feita com base nos aumentos dados em anos anteriores. “O salário que eu pago para os professores do Paraná é um dos maiores do Brasil. Dei o maior aumento salarial da história do Paraná nos últimos 4 anos aos professores. O maior aumento do Brasil: 60% de aumento salarial”. Para o tucano, esses reajustes anteriores compensariam o percentual menor agora para 2015.

E as acusações das quais Richa têm sido alvo, como receber dinheiro de propina de fiscais de impostos paranaenses? Ou que um parente distante teria fraudado uma licitação e seria o caixa de sua campanha eleitoral em 2014? Ou a citação de sua mulher, Fernanda Richa, teria extorquido dinheiro de auditores prometendo promovê-los?

Fala o governador paranaense: “Minha campanha não recebeu um centavo de fiscais da Receita através de propina e corrupção”. E o caso de sua mulher? “Essa história é uma canalhice. Garanto para você que ela nem sabe o que é auditor fiscal, nem sabe onde fica a sede da Receita [estadual]. Isso foi resultado de uma carta anônima, que jamais o Ministério Público devia ter aceito. Devia ter arquivado na hora”.

Contrário ao impeachment da presidente Dilma Rousseff (diferentemente de alguns setores do PSDB) e a favor das medidas de ajuste fiscal propostas pelo governo federal, Beto Richa não deixa de ser crítico à administração federal petista.

Para o tucano, Dilma mentiu na campanha de 2014 ao dizer que não mexeria em direitos trabalhistas. Sobre o ajuste fiscal da petista, o paranaense emite o seguinte juízo: “Se eu faço no Paraná já tinham me deposto. São medidas pesadas. Uma série de direitos trabalhistas sendo suprimidos”.

O tucano se exalta um pouco quando fala de seu adversário local no Paraná, o senador Roberto Requião (PMDB), a quem classifica de “maluco”, “irresponsável” e “mau perdedor”. Ouvido pelo UOL, Requião rebateu: “O Beto é um bobalhão. Mau piloto, quebrou o Paraná. Está à procura de um culpado disponível. Ele sucedeu seu próprio desgaste. É o único culpado”.

A seguir, trechos da entrevista de Beto Richa, concedida no início da tarde de quarta-feira (20.mai.2015), no estúdio do UOL, em Brasília:

UOL – O que o sr. acha das medidas de ajuste fiscal propostas no plano federal pela presidente Dilma Rousseff?
Beto Richa – Se eu faço [isso] no Paraná já tinham me deposto. São medidas pesadas. Diferente do que ela pregou na campanha eleitoral, [dizendo] que nem que a vaca tossisse ela ia mexer com direitos trabalhistas. Ela mexeu e foi a fundo. Abono salarial, seguro desemprego, a pensão das viúvas. Enfim, uma série de direitos trabalhistas sendo suprimidos. Eu concordo [com o ajuste].

O sr. é a favor das medidas?
Sou um político ético. Não agrido meus adversários sistematicamente só para lhes impor um desgaste, como estão fazendo comigo no Paraná. Sou a favor do ajuste fiscal. É necessário. O Brasil hoje, na situação em que está, é ingovernável.
Só que tem o seguinte. No Paraná, para reajustar algumas alíquotas de impostos e pedir esforço dos servidores, eu dei o exemplo. Diminui cinco secretarias, mil cargos comissionados, reduzi o gasto de custeio. O salário do governador e de todos os nossos secretários de primeiro escalão foi congelado. Isso faltou para o governo federal. Há 39 ministérios e nem um só ministério foi reduzido ou fundido. [Não houve] redução dos milhares e milhares dos cargos em comissão. O governo deveria dar o exemplo antes de pedir o esforço da sociedade e impor um esforço pesados aos trabalhadores.

Mas as medidas do ajuste fiscal são corretas?
Não sei exatamente quais as necessidades financeiras e orçamentárias do governo federal. O que vai gerar de economia cada uma dessas medidas. Mas não há dúvida que é uma punição muito severa aos trabalhadores, o corte de direitos conquistados historicamente. Se eu faço isso no Paraná, eu estava arrebentado.

O seu partido, o PSDB, foi na terça-feira, dia 19, à TV, e mostrou cenas da campanha de 2014, nas quais a presidente Dilma Rousseff falava sobre condução da política econômica. O PSDB afirma que a presidente mentiu ao ter dito aquilo na campanha. Ela mentiu?
Olha. Estão apontando os erros cometidos.

O programa falou que ela mentiu.
O erro ou mentira, que seja. Isso ficou claro. Ela usou até um termo mais enérgico, dizendo que “nem que a vaca tussa vou mexer em direitos dos trabalhadores”. Então a vaca tossiu. E foi feito com energia e profundidade, com a supressão de direitos trabalhistas.

O seu partido falou que a presidente mentiu. O sr. concorda?
Nesse aspecto, sim. Porque ela disse que não ia mexer e mexeu. E o Aécio [Neves] participou da campanha, vimos ali as promessas feitas pela presidente que não se confirmaram depois.

Seu partido oscila entre pedir ou não pedir o impeachment da presidente Dilma Rousseff. Qual é a sua posição?
A minha posição é pública. Não há fato jurídico que justifique, até agora, o impeachment da presidente Dilma. Faço política com responsabilidade. Nunca fui adepto do “quanto pior, melhor”, embora eu respeite a insatisfação da população que vai às ruas.

O sr. foi reeleito no primeiro turno com 56% dos votos válidos. Um levantamento do Instituto Paraná Pesquisas, em março, mostra que o sr. é desaprovado por 76% dos paranaenses. O que aconteceu?
Sem querer terceirizar responsabilidades, eu tenho culpa nisso tudo. Mas primeiro é importante lembrar que hoje existe um grande mau humor da população com a classe política. É difícil encontrar um governante que esteja bem avaliado.
Segundo, eu propus um ajuste fiscal no Paraná para o enfrentamento dessa crise financeira nacional, que atinge todas as administrações, em todos os níveis. O Paraná não é uma ilha dentro desse cenário.
Propusemos, em janeiro, a recomposição de alíquotas de ICMS e de IPVA. Sem nenhuma aberração, dentro da média do que é praticado no Brasil. Ampliamos de 2,5% para 3% o IPVA. Em São Paulo, Rio, e, se não me engano, Minas Gerais, é de 4%.
O IPVA é a principal receita do mês de janeiro. Tive que respeitar o princípio da “noventena” [imposto majorado só pode ser cobrado 90 dias depois do reajuste]. Ficamos janeiro, fevereiro e março com obras paralisadas. Dívidas que não podíamos pagar. Só íamos receber esses impostos reajustados no mês de abril. Agora estamos colocando a casa em ordem, retomando obras que estavam paralisadas.

Não teria sido melhor ter proposto esse aumento no ano anterior, para antecipar a noventena já em 2014 e poder cobrar em janeiro?
Fizemos no final do ano com a vinda do Mauro Ricardo [secretário da Fazenda do Paraná], que é um especialista no setor e identificou as áreas em que estávamos com impostos defasados em relação ao resto do país.

Em abril, policiais e professores do Paraná entraram em confronto em frente à Assembleia Legislativa, em Curitiba. Duzentas pessoas, aproximadamente, ficaram feridas. Por que a polícia agiu daquela forma violenta?
O salário que eu pago aos professores do Paraná é um dos maiores do Brasil. Dei o maior aumento salarial aos professores da história do Paraná nos últimos 4 anos. O maior aumento do Brasil: 60% de aumento salarial. Não conheço uma pessoa que tenha ganho nos últimos 4 anos 60% de aumento. Eu dei aos professores. Mas não parou por aí: ampliei a hora-atividade em 75%.

O que é a hora-atividade?
É a hora reivindicada pelos professores para ficarem fora da sala de aula. O período em que eles ficam corrigindo provas, preparando a aula seguinte. Um professor com jornada semanal de 40 horas, dá 26 horas de aula e 14 fica fora da sala.
O salário médio no Paraná é de R$ 4,7 mil. Tem professor ganhando até R$ 12 mil no Estado do Paraná.

O sr. me informou que no Paraná, em 2010, a remuneração no início de carreira era R$ 2,1 mil e em 2014, R$ 3.194.
Esse é o nosso piso. O piso nacional é R$ 1,9 mil. No Paraná é R$ 3,2 mil.

Os professores, na greve atual, querem um aumento salarial de 8,17%. Rejeitam o reajuste ofertado em duas parcelas pelo governo, de 5%. Na opinião do sr. não tem como chegar a 8,17%?
Foi difícil chegar a 5%. Com muita insistência convenci a minha equipe que era importante apresentar um número que demonstrasse todo o esforço do governo para mais uma vez atender os professores.
[Tivemos] 60% [de aumento] nos 4 anos anteriores. Isso garante em torno de 32% de ganho real acima da inflação [no período]. Agora estou ficando 3% [3 pontos percentuais] abaixo da inflação, mas já garanti um grande aumento de 32% acima da inflação. A greve não se justificava.
Tínhamos um projeto de lei em votação na Assembleia que o sindicato pegou como bandeira: a reestruturação no sistema previdenciário do Paraná. É o sistema previdenciário mais moderno, mais seguro, com uma das maiores solvências do Brasil. O fundo mais capitalizado que nós temos no país, com R$ 8,5 bilhões no fundo previdenciário.
Não fizemos nada além do que migrar 33 mil servidores do fundo financeiro, que é bancado com recursos do Tesouro, para o fundo previdenciário, que tem R$ 8,5 bilhões de reais, garantindo uma solvência de mais de 35 anos. Inclusive prevendo para 2021 o aporte de R$ 1 bilhão de royalties da hidrelétrica de Itaipu e a formação de uma equipe de estudo paritária, com servidores do governo, para identificar novas fontes de financiamento ou imóveis que possam ser colocados no sistema.

O sr. diz que o salário médio do professor no Paraná, em comparação com outros Estados, é maior. Ainda assim, como a educação é uma prioridade, não seria o caso de pelo menos repor as perdas inflacionárias do período anterior?
A dificuldade é financeira. Eu não posso. Seria muito confortável, para mim, como gestor e como político, atender a todas as demandas corporativistas. E o que faço com as finanças do Estado? Devo satisfação à população do meu Estado. Tenho que ser responsável. Coloquei em risco a minha imagem pessoal para colocar medidas no Paraná que garantam um desenvolvimento sustentável e vigoroso.

Mas há um impasse. Os professores estão em greve no Paraná. Querem 8,17%. O Estado oferece 5%. Não há a menor hipótese do Estado melhorar essa proposta?
É difícil. Já melhoramos bastante para 5%. Tudo é possível, só que eu vou tirar dinheiro de outra área. Não tem dinheiro sobrando hoje.

Mas é possível tirar de outra área? Tem condições?
Condições, têm. Mas dá para tirar da saúde? Dá para paralisar obras que estão em andamento? É essa a conta que tem que fazer. Tem Estado que não está dando nem 5%. Tem muitos Estados no Brasil que não estão conseguindo pagar a folha de servidores.

Se o sr. fosse compelido hoje a chegar nos 8,17%, o sr. ofereceria quanto e tiraria de qual área?
Teria que fazer um estudo mais amplo. Te garanto que os 5% estou tirando de algumas áreas. E nesse passo que estão indo as demandas corporativas, em alguns lugares abusivas, instrumentalizado por partidos políticos… Se a gente não colocar um limite, daqui a pouco toda a arrecadação das administrações, 100%, vai para pagar folha [de salários].

O sr. falou que essas demandas são instrumentalizadas politicamente por grupos que não são o seu. O sr. poderia descrever por que o sr. acha isso e quais grupos são esses?
Faço questão. Agora, só exemplificando, um levantamento na capa de um jornal mostrou que professores da rede pública hoje estão ganhando mais do que professores da rede particular. Nesse ritmo vai passar longe o que ganham.

Mas isso é bom, não é?
É bom. Só para mostrar o outro lado da coisa.
Mas vamos lá. O que aconteceu naquele confronto [de abril, entre professores e PM]? Faço questão de explicar, até porque as pessoas me conhecem. Nunca fui de confronto. Abomino. Para mim, violência, agressão, é inaceitável. Sou uma pessoa conciliadora, de fácil diálogo, acessível. O que aconteceu ali é que eles quiseram ir para o confronto.
Não há dúvida que eles queriam um cadáver naquele dia.

Os manifestantes?
Os manifestantes. Tinha a convocação de grupos radicais. Tinha convocação pela internet de black blocs. Tiraram as grades e foram para cima dos policiais.
Por que a Assembleia estava cercada? Recebi uma determinação do Tribunal de Justiça para que garantisse o funcionamento da Assembleia. Lembrando que é uma instituição democrática. Ali tem 54 deputados, que independentemente da sua orientação ideológica e da sua opinião na apreciação de uma ou outra matéria, têm a legitimidade do voto popular para representar cada um dos paranaenses.
Já tinham invadido a Assembleia uma vez. Foi uma festa lá dentro. Era bandeira dos partidos de extrema esquerda, de entidades controladas por esses partidos. E ficaram acampados dentro do plenário.
Eu nem precisava de determinação judicial para cercar a Assembleia. É obrigação do governante. A Constituição determina que são áreas invioláveis. Era invasão de uma instituição democrática. Eles foram lá para invadir. Tinha palavras de ordem: ‘Invadir e invadir’. Proibir a votação do projeto.

Por quê?
De forma maldosa, o sindicato dos professores espalhou para todos os servidores do Paraná que eu ia acabar com a aposentadoria deles. Quando, volto a insistir, o fundo é o mais capitalizado do Brasil, com recursos do contribuinte. Dei 10 passos para frente e estou dando 1 atrás, para garantir a segurança desse fundo. A projeção, nos próximos 5 anos, é a aposentadoria de mais 30 mil servidores. O que vai representar para os cofres do Estado um ônus de mais R$ 200 milhões.
Movimentos radicais jogaram pedras. Foram para cima dos policias. E aí houve um confronto. Lamentavelmente.
Já instaurei inquérito na Polícia Militar, na Polícia Civil, para apurar eventuais abusos ou excessos que possam ter sido cometidos.

Mas uma polícia estadual não tem que estar preparada para esse momento de confronto e de provocação, para saber reagir com a força correta?
A polícia estava cercando o prédio da Assembleia. Alguns manifestantes desses grupos radicais foram para cima dos policias com as grades. Os policiais reagiriam.
O único momento em que eles [policiais] foram pra cima foi para que [os manifestantes] voltassem naquela cerca de contenção, para evitar a invasão da Assembleia Legislativa. Os policias não foram lá no meio da praça bater em professores. Nunca foi a nossa ideia que isso acontecesse.
Tenho o maior respeito pelos professores. Sempre procurei visitar escolas. Sempre valorizei a classe dos professores. E aí os meus adversários políticos, os maus perdedores que derrotei na eleição passada, no primeiro turno, não aceitam o resultado. Buscam hoje um 2º turno, foram lá instigar os manifestantes no trio elétrico. Alguns que estão réus na Lava Jato querem ir lá ser meus julgadores.

Hoje, de 0 a 10, qual a chance de evoluírem essas negociações e o sr. fazer um remanejamento orçamentário para acabar com o movimento grevista?
É difícil. Cheguei com muito esforço aos 5%, que representa a mais na folha de servidores R$ 65 milhões por mês. É um dinheiro que faz falta hoje na crise que vivemos.
Mas o problema não é o salário. Cada hora é uma bandeira nova. O sindicato é comandado pelo Partido dos Trabalhadores, que conseguiu, momentaneamente, desviar o foco das denúncias do petrolão, das denúncias de mensalão. Essas denúncias e apurações têm saído do Estado do Paraná. Eles acharam por bem, lá no Paraná mesmo, desviar o foco e puxar para mim essa insatisfação da sociedade. Eles querem me arrastar para o mar de lama em que eles estão hoje.

O sr. espera, portanto, que os professores aquiesçam e aceitem os 5%?
Espero que sim. Não podemos penalizar quase 1 milhão de alunos que já estão há algum tempo sem aulas.

Um advogado, Tarso Cabral Violin, anunciou que vai protocolar um pedido de impeachment do sr. por causa do confronto de abril. Como o sr. reage a esse tipo de iniciativa?
Não reconheço a autoridade moral desse sujeito. Vou te mostrar a foto dele abraçado com o Lula, até parece embriagado. Esse sujeito montou um blog para me perseguir há algum tempo. É um petista de carteirinha. Foi diretor da Celepar [Companhia de Tecnologia da Informação e Comunicação do Paraná] no governo Roberto Requião [PMDB]. Não reconheço a autoridade moral desse sujeito para falar qualquer coisa a meu respeito.

Vou perguntar sobre algumas acusações que surgiram contra o sr. Recentemente, um auditor chamado Luiz Antônio Sousa foi preso por supostas fraudes na Receita do Paraná. Ele fez um acordo de delação premiada e disse que usou R$ 20 mil do dinheiro que desviou para comprar 70 divisórias de compensado para o seu comitê de campanha à reeleição em 2014. Luiz Antônio Sousa também afirmou que o grupo do qual fazia parte fraudava e anulava multas tributárias. E teria repassado, segundo ele, cerca de R$ 2 milhões em propina à sua campanha à reeleição no ano passado. O sr. sabia desses fatos?
Claro que eu não sabia. Ele fala que o esquema de corrupção na Receita vem de mais de 10 anos. Outros fiscais que também foram presos dizem que o esquema de corrupção na Receita vem de 30 anos. Procurei, nos 4 anos como governador, combater de todas as formas qualquer tipo de corrupção. Notadamente, na Secretaria de Fazenda, na Receita Estadual do  Estado do Paraná.
Não é fácil. Um fiscal aborda um empresário, identifica uma sonegação de milhões de reais, cobra uma propina e muitas vezes o empresário dá. Como é que você combate essa situação?
Agora, o cara está preso. E é importante destacar, com diversas acusações de pedofilia e estupro de vulnerável. Estupro de crianças. Existe uma pressão muito forte, e ele falou isso.
Nunca tive contato com esse cidadão. Minha campanha eleitoral nunca recebeu esses recursos. Estamos investigando e processando essas pessoas. Tem uma investigação na Secretaria de Fazenda, comandada pelo Mauro Ricardo, para apurar essas denúncias. Minha campanha não recebeu um centavo de fiscais da Receita através de propina e corrupção.

Mas uma compra dessas divisórias de compensado foi entregue no endereço da campanha…
Vi na televisão, R$ 5 mil em notas. Mas que seja R$ 20 [mil]. Não foi solicitação da minha campanha. Vi pela imprensa que a nota fiscal da compra desses materiais está em nome desse fiscal preso. Nós alugamos o comitê de uma empresa, pela segunda campanha consecutiva, 2010 e 2014, e já tem a manifestação do tesoureiro da campanha em Londrina que nunca houve a solicitação desses materiais. Parece que o proprietário do imóvel fez esta aquisição para o comitê. O ‘madeirite’ está lá até hoje.

O sr. está dizendo que chegou esse material e o comitê não sabe exatamente por que que chegou?
Nós alugamos o imóvel. E me parece que é todo mobiliado. Não cabe a mim, governador, saber o imóvel em cada cidade, quem comprou o telefone, onde é que está a mesa, onde é que está a divisória, a porta. Isso já foi esclarecido pelo nosso partido.

Quando o sr. diz que o auditor fiscal é uma pessoa sobre quem pesam várias acusações, há uma certa desqualificação dessa fonte. Agora, em geral é assim mesmo, alguns criminosos falam, outros não. O fato de ele ter crimes que pesam contra ele desqualifica a acusação?
Sim. Uma pessoa que estupra criança não tem nenhuma moral. E ele deu dinheiro para outro fiscal, que disse que era para a minha campanha. Se existe alguma corrupção entre eles, que já vem há décadas, como é que vai se provar que esse dinheiro veio para a minha campanha? Nós nunca trabalhamos com isso. Já é minha quinta campanha majoritária e as minhas prestações de contas são detalhadas. E todas foram aprovadas pela Justiça Eleitoral, em especial essa de 2014.

O sr. citou agora há pouco o senador Roberto Requião, do PMDB do seu Estado. Ele publicou recentemente uma mensagem em uma rede social dizendo que a renúncia é uma das poucas saídas para o governo que “bate em professor, rouba dinheiro pública e desgoverna o Estado”. O que o sr. tem a dizer sobre essa avaliação de Requião?
Ele é um maluco. Todo mundo conhece o político irresponsável que ele é. Primeiro, nem está aqui no Brasil. Está lá na Letônia. Pode investigar. É o senador turista. Não trabalha, adora mordomias, andava a cavalo toda manhã quando era governador. Tem um inquérito no Ministério Público apontando que ele desviou R$ 8 milhões dos cofres públicos para tratar os cavalos, que ele fazia passeios com seus convidados, toda manhã.
Adorava vinho importado. Na residência oficial construiu uma adega com mais de mil garrafas, que ele ganhava dos empresários e empreiteiros. Uma vez ele me falou isso. Tem uma imagem para o público externo e o seu comportamento é muito diferente. Devia trabalhar mais, aceitar o resultado das urnas. É um mau perdedor.
Ele espalhou para todo mundo que seria candidato ao governo e ia me dar uma sova. Eu pus 2 por 1 nele na urna. Porque seus métodos são ultrapassados. Ele representa o atraso. O Paraná andou para trás no seu período de oito anos de governo, ninguém queria investir. Ouvi de empresários, dos mais renomados do mundo, como Carlos Ghosn, presidente da aliança Renault-Nissan. Só estava investindo de volta no Paraná porque tinha mudado o governo. Ele afugentava investidores, não existia segurança jurídica, ninguém queria mais se arriscar. Hoje vivemos o maior ciclo industrial. Renault investiu R$ 2 bilhões. Temos o maior investimento privado da história do Paraná acontecendo, da Klabin, de R$ 7 bilhões.
[Requião] não permitia o plantio, comercialização e transporte no porto de Paranaguá de soja transgênica. Um atraso para a agricultura, que é a base da nossa economia e salva a balança comercial brasileira.
Ele precisa pensar muito bem antes de falar de uma pessoa honrada. E faço questão. Vou levá-lo ao constrangimento de comparar o meu governo com o dele, na área que ele quiser discutir, principalmente no campo ético

Tem um inquérito no Ministério Público do Paraná que investiga Fernanda Richa, sua mulher. Ela estaria sendo acusada de exigir dinheiro de auditores fiscais para que o sr. os promovesse. O que é essa história?
Essa história é uma canalhice. É difícil eu falar porque possivelmente você não conhece a minha esposa. Qualquer marido vai defender a sua mulher. Mas pergunte no Paraná quem é Fernanda Richa. Pergunte a quem você quiser. Até no meio político, aquele que for sério, ético, vai reconhecer a mulher de valor que ela é. Nunca lidou com essas coisas. Garanto para você que ela nem sabe o que é auditor fiscal, nem sabe onde fica a sede da Receita [estadual].
Isso foi resultado de uma carta anônima, que jamais o Ministério Público, na minha opinião, deveria ter aceito. Deveria ter arquivado na hora. Até porque o Ministério Público sabe quem é a minha mulher. Uma mulher de valor, trabalhadora. Uma mulher muito religiosa, vem de um bom berço, uma boa família.
Repudio com toda a veemência a divulgação que deram ontem [19.mai.2015] a uma carta anônima. Não aceito. Já recebi dezenas de ligações de pessoas solidárias, indignadas com a divulgação que deram no Estado do Paraná por uma pessoa que nem nome nem cara tem.

Os auditores citados foram de fato promovidos em 5.mai.2014. Sua mulher conhece alguns desses auditores? Falou com eles?
Não acredito. Não conhece. Isso não existe.

Ela nunca falou com esses auditores?
Não existe. Não existe isso.

Mas ela conhece os auditores?
Acredito que não. Vou saber se ela conhece os auditores? Nós trabalhamos no governo já há 4 anos e meio. Perguntar se minha mulher conhece professores, se minha mulher conhece profissionais da saúde…

Nesse caso, como o fato foi divulgado nesta semana, o sr. chegou a conversar com ela e a indagou a respeito?
Não. Foi divulgado ontem [19.mai.2015] à noite. Eu estava aqui em Brasília.

O sr. chegou a falar com ela depois disso?
Ela chegou do México hoje [20.mai.2015] pela manhã.

E falou com ela, quando ela chegou? Ou não teve oportunidade?
Não falei com ela ainda.

Outro caso. O fotógrafo Marcelo Caramori foi preso recentemente por suspeita de envolvimento com esquema de prostituição de menores. Ao ser preso, disse que havia sido assessor do governo do Paraná, mostrou uma tatuagem em apoio ao sr., disse que era seu amigo. Marcelo Caramori de fato trabalhou para o sr.? Tem alguma relação com o sr.?
É o mesmo caso dos auditores. A investigação de exploração sexual de menores é a mesma. E esse sujeito foi contratado lá atrás pelo meu secretário de Segurança para fazer a cobertura de fotos na região norte do Estado do Paraná. Nunca tinha ouvido nenhum rumor de que esse sujeito estivesse envolvido com a exploração sexual de menores. Senão jamais teria permitido ele fazer parte da nossa equipe. Está sendo investigado, havendo a comprovação, vai ser punido. Já está afastado do governo desde o momento que surgiu essa denúncia.

A pessoa que o contratou disse o que a respeito?
Eu não falei mais com ele, não está mais no governo. Eu nem lembrava quem o tinha contratado. Ele disse que foi contratado, foi convidado, pelo primeiro secretário de Segurança que tivemos. Obviamente, assim como eu, não sabia das ações ilícitas e ilegais e reprováveis desse fotógrafo.

Último caso que eu gostaria que o sr. comentasse. Em março foi preso um suspeito de fraudar licitações para o conserto de carros oficiais do governo do Paraná. No grupo estava Luiz Abi Antoun. Qual o grau de relação que o sr. tem com essa pessoa ou de parentesco?
Essa pessoa é da minha relação pessoal, eu admito, é um parente de sétimo grau.

Sétimo grau?
Sétimo grau, segundo o Código Civil, nem parente é. Mas é da minha relação. Não vou esconder isso. Todos sabem. Teve lá uma licitação de oficina para atender às viaturas da polícia na região de Londrina. Ele participou. Ou pessoas ligadas a ele participaram.
Não há, segundo os advogados, nenhum ilícito nisso. Nós fizemos uma licitação, pregão presencial, para gestão de toda a frota de veículos do governo. Para acabar com a máfia das oficinas cobram algumas vezes mais do que custa um determinado serviço ou a reposição de uma peça em um carro.
Está investigado. Cegou a ser preso. Foi solto pelo Tribunal de Justiça, com parecer do Ministério Público dizendo que algumas prisões foram abusivas, lá na cidade de Londrina.

Marcelo Caramori, o fotógrafo, disse ao Ministério Público que o Luiz Abi Antoun seria o “grande caixa financeiro” nas campanhas de Beto Richa. O que o sr. tem a dizer sobre isso?
Eu falo, sem a menor dificuldade. É até oportuna a sua indagação para eu poder esclarecer. O que um fotógrafo sabe de arrecadação de campanha? Mesmo porque nós tínhamos a arrecadação centralizada na capital. Tínhamos um coordenador financeiro de campanha. O Luiz nunca fez parte da arrecadação da campanha.

Terminei aqui a lista de acusações. É uma lista grande de acusações que apareceram nos últimos dois, três meses…
Você não acha estranho?

Acho que é uma lista grande. Como o sr. se sentiu nesse processo todo? O sr. chegou a pensar em tomar alguma atitude como renunciar?
Nunca pensei em renunciar. Isso não passa pela minha cabeça. Fui eleito pelo voto popular. Tenho legitimidade. Estou enfrentando com coragem toda essa armação política. A divulgação dessas acusações, delações premiadas que nem podiam ser divulgadas. E está tudo na mídia.
Hoje existe um complô político para desviar o foco. Ninguém dúvida mais, no meio político, no Paraná e inclusive aqui em Brasília. Existe um complô para desvio de foco dos escândalos de corrupção que envergonham o Brasil. É mensalão, é petrolão. Se for mexer no BNDES possivelmente será pior. Já está na mídia mundial, para vergonha dos brasileiros. E agora querem ir lá me desgastar de todas as formas. Não aceito e vou reagir. Não só pela minha vida política, mas muito mais do que isso. Pela minha honra e minha família. Não aceito essas acusações. Querem me arrastar para o mar de lama onde eles estão atolados.

O sr. acusa especificamente o PT?
Acuso sim, é um partido que chegou ao poder dizendo que era diferente dos demais. Hoje, eles querem insistir dizendo que todos os demais são iguais a eles. Eu sou diferente deles.

O sr. está dizendo que o PT fez essas acusações ou está por trás delas?
Não tenho dúvida alguma. Dando uma grande divulgação. Os ataques nas redes sociais são imensos. Identificamos origens de outros Estados do Brasil, muitos Estados do Nordeste me atacando nas redes sociais.

O Paraná é um Estado muito importante. Mas o Estado de São Paulo tem o maior PIB do Brasil e é governado há 20 anos pelo PSDB. Por que que o PT, ao invés de escolher um Estado maior, como São Paulo, teria escolhido o Estado do Paraná para fazer essa operação que o sr. menciona?
Mas lá em São Paulo também tem uma greve dura de professores para atingir o governo do PSDB. Tiveram alguns movimentos lá no Pará, com o governador Simão Jatene [do PSDB]. E o Paraná, talvez por ser ali o foco das denúncias contra o PT, da Lava Jato, as investigações saem lá do Paraná.
Então entenderam que o Paraná tinha um momento propício: a votação do meu projeto de reestruturação da Previdência –que é o melhor, o mais seguro e mais capitalizado do Brasil. Não havia motivo para aquilo. A invasão da Assembleia Legislativa, com sindicatos instrumentalizados pelo PT. É o sindicato dos professores, é a CUT e outras entidades que o PT controla também, com a convocação de grupos radicais, inclusive black blocs, pela internet.

Perguntei sobre várias acusações e o sr. negou responsabilidade. Ao longo das investigações conduzidas pelo Ministério Público no Paraná, que ao final desse processo não vão aparecer evidências formais contra o sr. e a sua campanha eleitoral no ano passado?
Tenho absoluta segurança e tranquilidade que isso não vai aparecer. O que vai aparecer em breve é a verdade de toda essa armação que estão fazendo contra mim.

E o sr. está dizendo aqui que tem segurança de que não aparecerá nenhuma prova material, formal, de envolvimento do sr. com essas acusações citadas?
Óbvio que não. Porque não tem. Posso te afirmar com toda segurança.

O PSDB nunca repetiu, depois do Fernando Henrique, nenhum candidato em duas eleições presidenciais: José Serra em 2002, [Geraldo] Alckmin em 2006, Serra em 2010, Aécio [Neves] em 2014. Isso é bom ou ruim? E como deve ser a posição do partido em 2018?
Por um lado é bom, porque o PT lá teve várias vezes a mesma candidatura do Lula porque só tinha ele. O PSDB tem vários nomes qualificados para representar o partido como candidato a presidente da República. Cito o Geraldo Alckmin, o Serra, o Aécio Neves, Aloysio Nunes, Tasso Jereissati.

Em 2018, no PSDB, há uma tendência de a escolha recair sobre Aécio Neves ou Geraldo Alckmin. O sr. concorda?
Concordo. São os nomes mais fortes. Temos acompanhado essa disputa, embora ainda tenha muito tempo.
Eu me dou bem com os dois. Qualquer um dos que estiverem lá, fico feliz. O PSDB está bem atendido.

O sr. está no 2º mandato. Não pode mais se candidatar à reeleição ao cargo de governador do Paraná. Qual é o seu plano para o futuro?
Não tenho. Não é porque estou nessa situação momentânea. Vamos dar a volta por cima, com trabalho, com a verdade, com a transparência, que sempre foram muito presentes na minha vida pessoal e pública.

Nesses episódios todos, a greve, a manifestação, as acusações: teve alguma atitude da qual o sr. se arrepende?
Não. Evidente que ainda estou triste pelo ocorrido. Sempre fui avesso a confronto.
Sou do diálogo. Sou uma pessoa de muito equilíbrio emocional. Como toda pessoa de bem, óbvio que não gosto de ver aquelas imagens do confronto da polícia com manifestantes. Isso me causa muito tristeza. Que sirva de lição.

Acesse a transcrição completa da entrevista.

A seguir, os vídeos da entrevista (rodam em smartphones e tablets, com opção de assistir em HD):

1) Principais trechos da entrevista com Beto Richa (12:52)
2) Existe complô do PT para desviar foco da Lava Jato, diz Beto Richa (2:31)
3) Manifestantes queriam um cadáver no protesto, diz Beto Richa (1:52)
4) Professor no Paraná ganha bem e 5% de reajuste é limite, diz Richa (4:41)
5) Se faço o ajuste fiscal de Dilma no PR, seria deposto, diz Richa (2:21)
6) Minha mulher nem sabe o que é auditor fiscal, diz Beto Richa (2:43)
7) Não penso em renúncia, diz Beto Richa (1:00)
8) Requião é um maluco, irresponsável e mau perdedor, diz Beto Richa (2:49)
9) Auditor preso não deu 1 centavo à minha campanha, diz Beto Richa (4:07)
10) Richa: Luiz Abi é meu parente em 7º grau e não foi caixa de campanha (2:31)
11) Não vai aparecer nenhuma prova contra mim, diz Beto Richa (1:46)
12) Quem é Beto Richa? (1:40)
13) Íntegra da entrevista com Beto Richa (65 min.)

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Distribuição de cargos virou motor na política brasileira
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Fernando Rodrigues

Ajuste fiscal dilmista usa fisiologia para ter apoio no Congresso

Prática se instalou em todos os governos civis pós-ditadura

Os próximos dias serão marcados pela fisiologia aberta que o Palácio do Planalto fará para obter apoio ao ajuste fiscal, em votação no Congresso (leia tudo o que será votado no drive político da semana).

A “ferramenta” principal de convencimento de deputados e de senadores é a distribuição de cargos federais nos segundo e terceiro escalões da administração pública. Comissionado pela presidente Dilma Rousseff, o vice-presidente da República, Michel Temer, será o “distribuidor-geral da nação” nesta semana e nas seguintes.

Infelizmente, não existe um controle público sobre as carteiras de nomeações de cada político. O que está disponível é o noticiário de cada período mostrando que o tempo passa, mas os costumes são quase imutáveis.

Agora, Michel Temer e o ministro da Casa Civil, Aloizio Mercadante, afirmam que os aliados fiéis no Congresso vão ganhar cargos. A franqueza de Temer e de Mercadante pode revelar algo impróprio, mas a fisiologia aberta não tem nada de surpreendente.

No final de 1998, o Brasil entrou em crise econômica por conta da conjuntura internacional (um pouco como hoje) e o então presidente da República reeleito, Fernando Henrique Cardoso (PSDB), deu uma entrevista para anunciar a composição de seu ministério para o segundo mandato. Era 23 de dezembro de 1998. O tucano disse de maneira explícita que demitiria os ministros de cujos partidos os deputados e senadores não apoiassem o ajuste fiscal em análise no Congresso.

Os jornais publicaram tudo o que FHC declarou. Eis as reportagens da época (clique nas imagens para ampliar):

Estado-24dez1998

 

Folha-1a-pagina-24dez1998

 

Folha-5a-pagina-24dez1998

 

Folha-7a-pagina-24dez1998

 

 

Agora está sendo a vez de o PT dar cargos e cobrar apoio no Congresso (clique na imagem para ampliar):

Estadao-4a-pagina-9maio2015

Estadao-1a-pagina-9maio2015

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1 ano depois, PSDB dá o troco ao PT e usa o discurso do medo na TV
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Fernando Rodrigues

Tucanos usam o clima de incerteza na economia contra Dilma

Petistas fizeram comercial parecido na pré-campanha em 2014

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Cena de comercial do PSDB de 10.mai.2015 acusa PT de deixar eleitores em momento difícil e…

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…repete estética do PT, de 13.mai.2014, quando sigla dizia que oposição traria o caos ao Brasil

Há 1 ano o PT usou na TV o “discurso do medo” para alavancar a reeleição de Dilma Rousseff. Foi em 13 de maio de 2014. Agora, 12 meses depois, quase na mesma data, o PSDB dá o troco: faz um comercial com linguagem semelhante e mostra eleitores desolados com os problemas pelos quais passa o país.

Ambos os filmes, do PT e do PSDB, usam o conhecido recurso de deixar pessoas com expressão de desalento sob uma chuva inclemente, como se estivessem desprotegidas. O cliché é manjado, mas eficaz muitas vezes quando se pretende “viralizar” uma ideia numa propaganda curta.

Muito criticado à época até por petistas, o comercial do PT apareceu na TV em maio de 2014. Teve o impacto desejado, ajudando na pré-campanha de Dilma Rousseff à reeleição. Foi produzido pela empresa Polis, do marqueteiro João Santana, com criação de Antonio Meirelles, Marcelo Kertész e do próprio João Santana. A direção da propaganda de 1 minuto foi de Henry Meziat, com fotografia de Franco Pinochi. A locução ficou para o ator Antonio Grassi, historicamente ligado ao petismo.

O filme do PSDB é mais curto. Tem 30 segundos. Será exibido amanhã, domingo, dia 10, e também nos dias 17 e 24 de maio. Passará 5 vezes por dia em todas as emissoras de TV nessas datas. No dia 19 de maio, uma terça-feira, os tucanos exibem o seu programa partidário semestral em rede de rádio e de TV, com 10 minutos de duração –e o comercial de 30 segundos com o discurso do medo contra o PT deve ser aproveitado.

A direção do filme do PSDB é do publicitário e músico Jarbas Agnelli, que nesta semana postou em sua página numa rede social o seguinte comentário: “Uma frase que talvez ajude a explicar esta década de mediocridade, com líderes incultos e pobres de espírito: o que você consegue imaginar depende daquilo que você sabe”.

A criação da peça do PSDB ficou a cargo de Guillermo Raffo e de Marcelo Arbex. O marqueteiro argentino Guillermo Raffo trabalhou na campanha presidencial do tucano Aécio Neves em 2014. Raffo também tem trabalhos prestados ao PT –em 2004, comandou a campanha vitoriosa do petista Fernando Pimentel à Prefeitura de Belo Horizonte.

O roteiro mostra uma família (pai, mãe e filha) sob chuva durante a noite. O narrador vai dizendo que as coisas estão piorando no país. Aí, subitamente, aparece uma mão na tela e arranca o guarda-chuva que protege os protagonistas do comercial.

Na narrativa pessedebista, a mão do “maldoso” que arrancou o guarda-chuva da família é uma alusão à mão do “governo” do PT que estaria desamparando os brasileiros. Aí entra o locutor da cena:

“Quando você mais precisa, o governo aumenta os impostos, a luz, os juros, a gasolina e quer cortar o seguro-desemprego… Quando você mais precisa, o governo quer que você pague a conta dos erros que ele cometeu”.

O comercial tucano termina com uma grande inscrição, toda em letras maiúsculas: “CHEGA”. E identificação da autoria da peça surge no final: “PSDB, oposição a favor do Brasil”.

Eis, a seguir, alguns quadros da propaganda tucana:

PSDB-video-frame1PSDB-video-frame2PSDB-video-frame3PSDB-video-frame4PSDB-video-frame5PSDB-video-frame6

Aqui, o comercial tucano postado na página do partido:

E o comercial do PT de maio de 2014 (em smartphones, clique aqui):

p.s. 1 às 17h15 de 09.mai.2015: a versão original deste post informou que a direção do filme do PSDB foi do argentino Guillermo Raffo. Na realidade, a direção foi de Jarbas Agnelli. A criação da peça é que ficou ficou a cargo de Guillermo Raffo e de Marcelo Arbex.

p.s. 2 às 9h00 de 11.mai.2015: no fim de semana, o PSDB agregou um outro filme de 30 segundos, também atacando o governo de Dilma Rousseff pelos atuais problemas que o país enfrenta com corrupção e estagnação econômica. O comercial tem o mesmo tom do “discurso do medo”, com imagens escuras e música de fundo soturna, usando linguagem parecida à de comerciais do PT de maio de 2014. Eis o vídeo tucano, que foi ao ar nas TVs no domingo (10.mai.2015):

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